Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte VI

Na zona baixa dos jardins da Regaleira os caminhos levam-nos ao encontro de pensamentos esotéricos, filosóficos e religiosos, conforme os encontros que vamos tendo. Os simbolismos são muitos que nos levam desde a mitologia das primeiras civilizações (Grécia e Roma), ao secretismo ligado às práticas maçónicas ou ao encontro da belíssima Capela da Regaleira, que nos devolve à fé cristã.

Caminha-se em direção da Capela da Quinta. Do lado direito observa-se a parte baixa dos jardins da Regaleira. É ali que está situada a Fonte dos Íbis que tem ao lado o seu bonito lago. É no patamar superior deste Lago dos Íbis, que se acede ao troço inferior dos túneis da Regaleira e onde podemos encontrar as entradas para as Grutas do Labirinto.

Estas Grutas do Labirinto são também grutas artificiais e cheias de simbolismos, totalmente imaginadas e construídas por Luigi Manini e Carvalho Monteiro. Nestas grutas, os caminhos que nos levam ao interior do labirinto são livres, mas também nos remetem para a mitologia, convidando-nos a uma viagem subterrânea numa procura insistente da nossa espiritualidade.

Esta primeira parte dos túneis funciona como um labirinto, pelo seu carácter intrincado, que obriga o visitante a percorrer voltas e voltas, quase sobre o mesmo local, dificultando a sua orientação. A forma deste Labirinto é uma combinação entre uma espiral e uma trança, pelo que pode ser entendido como uma figuração do infinito num caso perpétuo, e noutro do eterno retorno. É também uma figuração da viagem das trevas à luz, portanto podendo representar o caminho iniciático, sob a forma exclusivamente interior, que conduz à morte simbólica do profano e à ressurreição do iniciado, como um homem novo.

O outro elemento evidente deste troço de túneis é o Lago, o qual é por vezes apresentado como simbolizando o "Olho da Terra", pelo qual os habitantes do mundo subterrâneo podem visualizar o que existe neste nosso mundo exterior, sem esquecer a referência às águas genesíacas e ao nascimento do Homem através das águas do ventre materno.

Na zona mais baixa dos jardins da Regaleira, junto do muro que separa a Quinta do exterior, tem lugar uma alameda que liga a Loggia de Pisões ao Palácio. Antes de se entrar na alameda que nos liga ao Patamar dos Deuses, podemos encontrar um Leão, que remonta à época da Baronesa da Regaleira. Este leão tem o intuito de representar a monarquia, principalmente o Rei.

Entra-se depois no Patamar dos Deuses, uma zona é marcada pelo alinhamento de estátuas de divindades greco-romanas, onde figuram a Fortuna, a deusa da boa sorte; Orfeu, que representa todos os seres humanos que iniciam a busca pela salvação; Vénus, a deusa do amor e da beleza; Flora, a potência da natureza, que faz florir as árvores e preside a “tudo que floresce”. É a deusa das flores, com grande importância para Carvalho Monteiro, uma vez que este era botânico; Ceres, a deusa das plantas que brotam, que germinam (particularmente os grãos) e do amor maternal,  tendo um grande papel na explicação mitológica das quatro estações do ano; , o deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores, representado metade homem e metade bode, tem uma grande aparência animal, simbolizando a parte activa da natureza, assumindo geralmente um contexto fálico, na medida em que era um grande sedutor das ninfas, tentando fecundá-las; Dionísio, o deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insânia; Vulcano, o deus do fogo, o que remete para o gosto de Carvalho Monteiro pela alquimia e novamente para o contexto iniciático, com uma noção em que a matéria tem de morrer para renascer, mais pura, das próprias cinzas; e Hermes, o deus da fertilidade, dos rebanhos, da magia, da divinação, entre outros atributos.

Fonte: http://www.rlmad.net/ http://www.gifi.pt/ Plano-guia da Quinta da Regaleira  / Wikipédia.org

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte V

A viagem subterrânea termina, terminando também naquele dia, a procura da nossa espiritualidade. Nela estão presentes de forma evidente, três dos quatro elementos fundamentais do conhecimento esotérico e da mitologia: a terra, a água e o ar.
A terra, porque ao seu interior descemos e é dentro dela que os túneis são percorridos; a água, porque existem quer lagos exteriores, quer interiores; o ar, porque as aberturas são múltiplas, permitindo que a brisa nos surpreenda. O quarto elemento é mais subtil, o sol (a luz/a sombra - as trevas), tendo em conta que só com uma tocha ou uma vela é que outrora era possível, percorrer os túneis completamente escuros e cheios de sobressaltos (outrora cheios de morcegos). Temos sempre na Regaleira a dualidade luz/sombra, passando de uma para a outra com rapidez, como na vida e no conhecimento, pois a luz representaria a sabedoria e o conhecimento, enquanto a escuridão representaria a ignorância.

Ao chegarmos ao exterior através do Lago da Cascata, espera-nos a luz e os cenários minuciosamente construídos a partir dali.
O caminho que se toma é em direção à Fonte da Abundância. Para a direita contornando um muro amuralhado de onde se destacam ameias, encontra-se a Gruta do Oriente, a entrada mais distante para os percursos subterrâneos, com ligação ao portal inferior do Poço Iniciático.
Pelo caminho os jardins continuam a oferecer paisagens deslumbrantes, com recantos estranhos, feitos de lendas e saudade. Um deles é o Patamar do Ténis, onde outrora se jogava ténis e que hoje é um largo em terra batida onde se fazem durante o verão apresentações teatrais, estando o espaço munido a toda a volta de bancadas metálicas pré-fabricadas.
Caminha-se para a Fonte da Abundância. Em frente à Fonte da Abundância encontramos um espaço de reunião (talvez maçónico), com um grande banco disposto em semicírculo, com um trono no meio em frente a um altar. Este seria um espaço de encontro, algo “sagrado”, em que todas as pessoas no banco têm a mesma importância, à exceção daquele que se sentava no trono.

À frente deste espaço, encontra-se uma fonte que faz lembrar o batismo e, essencialmente, a purificação. Por cima da bica do fontanário observa-se um painel de mosaico circular com as iniciais “CM”, as iniciais de Carvalho Monteiro ou os nomes de Cristo e Maria, pois por baixo, entre a letra "C e M", estão representados dois peixes, que era um símbolo de Jesus e dos seus apóstolos, bem como dos primeiros cristãos. Debaixo destas iniciais, encontramos uma concha que está por cima de uma balança, que representaria o equilíbrio natural entre as coisas. Ora, para nos conhecermos a nós mesmos, teria de haver um equilíbrio, que permitiria a busca pelo autoconhecimento. Esta busca, consistia numa procura pelo interior de cada um de nós, procura esta possível na Quinta da Regaleira.
No caminho rodeado de verdejante e frondosa vegetação, variadíssima estatuária nos acompanha, com animais fantásticos, artifícios de água, passagens de pedra que parecem flutuar à superfície dos lagos, ou nuvens silenciosas de vapor que dissimulam as entradas para este universo singular.
Fonte: http://www.rlmad.net/ http://www.gifi.pt/ Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira  

José Hermano Saraiva



O historiador José Hermano Saraiva morreu hoje aos 92 anos. José António Crespo, produtor do historiador, confirmou à RTP que o falecimento aconteceu, ao final da manhã, na sua casa no distrito de Setúbal, de doença prolongada.


"Ardeu uma biblioteca", afirmou José António Crespo, que trabalhou ao longo de 20 anos com o historiador.

José Hermano Saraiva nasceu em Leiria, no dia três de Outubro de 1919, terceiro filho de José Leonardo Venâncio Saraiva e de sua mulher Maria da Ressurreição Baptista.

Era professor e historiador, tendo-se licenciado na Universidade de Lisboa, em Ciências Histórico-Filosóficas em 1941 e em Ciências Jurídicas, em 1942. Foi ministro da Educação entre 1968 e 1970, período durante o qual enfrentou a crise académica de 1969. Seguidamente foi embaixador de Portugal no Brasil, entre 1972 e 1974.

José Hermano Saraiva iniciou a vida profissional como professor no ensino liceal, tendo sido diretor do Instituto de Assistência aos Menores e reitor do Liceu Nacional D. João de Castro, em Lisboa.

Foi ainda professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, tendo acumulado a vida letiva com a advocacia. Deputado à Assembleia Nacional durante o Estado Novo foi ainda procurador à Camara Corporativa.

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte IV

Ao entrarmos no Poço Iniciático, não é preciso muita imaginação para sentimos que aquele é o símbolo perfeito da descida ao interior da Terra (talvez ao mais fundo de nós próprios?), que desencadeia o processo irreversível do Homem em busca de si mesmo.
E depois, uma vez vencidos todos os obstáculos, continua a ser ele o símbolo perfeito, no seu percurso de subida ou continuação por outro caminho em direção ao exterior, a iluminação do peregrino que conseguiu ser mais forte que a viagem que se propôs fazer.
As pedras amontoadas à entrada, em forma de menir, sugerem logo um túmulo ou a morte simbólica, iniciática, que precede a descida. A descida propriamente dita é feita de 15 em 15 degraus, até se percorrerem os nove patamares que trazem à memória os nove círculos do Inferno, os nove céus do Paraíso e as nove secções do Purgatório da Divina Comédia de Dante.
O percurso descendente contínua, levando-nos cada vez mais fundo, até ao interior da terra. Pelo caminho e sempre que olhamos para baixo vai-se aproximando a estrela de oito pontas, onde está gravada a Cruz dos Templários, que nela se esconde, e que vai crescendo a olhos vistos, até que os nossos pés toquem no fundo do poço. Esta estrela de oito pontas, é o símbolo heráldico de Carvalho Monteiro e também o símbolo da harmonia e o símbolo da Cavalaria Espiritual da maçonaria escocesa.
Chegados lá abaixo, várias possibilidades estão em aberto, pois ali se abre a entrada para o labirinto subterrâneo que se segue, sendo nele que se podem fazer as múltiplas escolhas, tal como na vida. Um dos caminhos vai dar a um beco sem saída (que é aquilo que acontece a quem recusa a viagem); outro vai ter ao Poço Inacabado, que recebe a luz do dia, mas que não dá acesso ao exterior, representando os que optam pelo menor esforço e acabam por se perder a meio do percurso.
No entanto nesta gruta labiríntica, há outros caminhos mais compensadores, tal como na vida. Ainda existem mais duas opções, muito mais valiosas. Nas galerias subterrâneas o caminho a escolher é-nos dado a conhecer por um fio de néon iluminado. Num desses percursos, o fio conduz-nos ao magnífico Lago da Cascata, de uma beleza espetacular que sobe para o exterior. Esta é a melhor recompensa final. É a surpresa completa no processo de iniciação, quase como nos dizendo: “O processo está completo. Custou, mas valeu a pena!…” Como aliás, na vida, quando percebermos que fomos capazes de superar os nossos limites… Nesta gruta espetacular do Lago da Cascata, que é sem dúvida o melhor dos caminhos escolhidos, a água aparece como elemento purificador, no final da caminhada iniciática.
No meio das galerias subterrâneas quando se escolhe o caminho mais longo,  para a saída da esquerda (o contrário da saída para o Lago da Cascata), vê-se um longo túnel que nos leva até à Gruta do Oriente. É também um caminho com saída e luz, mas mais comprido que os outros e que no final não tem água, mostrando-nos que na vida, nem sempre o caminho mais longo e penoso é a melhor opção.

Fonte: Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira  http://templars.wordpress.com/ http://atracoessintra.no.sapo.pt/

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte III

A partir da Torre da Regaleira podem ser tomados três caminhos. Se optarmos por virar à direita vamos ter às antigas, cocheiras, cavalariças e vacaria, por onde se sai ao exterior da quinta, pelo Portão das Cocheiras. Se escolhermos ir em frente, iremos ter à Oficina das Artes (núcleo que outrora era destinado às dependências dos funcionários, onde existia a garagem e a casa do gerador, que produzia a eletricidade para toda a propriedade), estando hoje destinada a exposições, workshops, projeção de curtas-metragens ou conversas temáticas de tertúlia…
Por trás da Oficina das Artes encontra-se a Inceneradora, que tal como o nome indica era o lugar destinado à queima do lixo.
Da Torre da Regaleira, virámos à esquerda e subindo um pouco deparasse-nos do lado direito o Lago da Cascata, um lugar mágico, onde grutas, pontes e um lago que tudo liga e que nos surpreende a cada momento, quando perscrutamos os seus recantos.
Pelos recantos deste lago, continuamos a subir, contornando a gigantesca Cisterna, onde é armazenada toda a água para regar o sumptuoso jardim, assim como alimentar as fontes. No topo encontramos os Terraços Celestes, em frente do Portal dos Guardiães, uma estrutura cénica rematada por dois torreões laterais e por um mirante central, que nos oferece magníficas vistas s obre o Palácio e os jardins em redor.


O Portal dos Guardiães é um espaço amplo, uma espécie de terraço, que proporcionou a Carvalho Monteiro a criação de um teatro na sua própria propriedade. Segundo consta, havia um espaço destinado à plateia, criando um anfiteatro, com uma acústica adequada.



Sob o Portal dos Guardiães está dissimulada uma das entradas onde começa o circuito que conduz até ao Poço Iniciático. Este portal consiste assim, num túnel que leva a meio do Poço Iniciático, que está guardado por dois tritões. Surgem novamente aqui as referências à mitologia uma vez que, na Divina Comédia, Cérbero aparece como guardião da entrada no Inferno. Neste Portal, o  Poço Iniciático inferior, à semelhança da obra clássica, possui guardiões a proteger esta entrada.

À nossa volta observa-se que este magnífico jardim é constituído por inúmeras árvores exóticas e vegetação abundante integrada de forma harmoniosa com a vegetação autóctone, que nos vai acompanhando de forma exuberante, compondo o curioso percurso de características marcadamente cenográficas e que nos dá a ideia de uma real viagem de cariz iniciático, isto é, a passagem de uma a outra dimensão.
Esta iniciação opera-se em “cerimónias” de iniciação, por meio de encenações e rituais de carácter mágico, nos quais o neófito (principiante), recebe o segredo da transmutação, aceitando a filiação no grupo de companheiros, para aceder a um nível espiritual superior.

Sobe-se agora com mais dificuldade, uma vez que a caminhada se torna mais ingreme, e lá em cima parece que todos os caminhos nos conduzem a um aglomerado de pedras erguidas, com a aparência de um menir, situado num dos locais mais belos da mata. Uma porta de pedra  bem disfarçada de qualquer olhar menos atento, está no meio de um amontoado de outras pedras, como que perdido entre a vegetação. Rejubilamos... É a entrada para o Poço Iniciático...
A entrada é feita por uma curiosa porta de pedra giratória, que  passa facilmente despercebida e que roda impulsionada por um qualquer mecanismo oculto, facultndo-nos a entrada para "outro mundo". Esta é a entrada superior do Poço Iniciático, e é ali, precisamente, mais do que em qualquer outro local dos jardins da Quinta da Regaleira, que ganham vida os ideais dos mestres maçónicos e as demandas em nome da fé, levadas a cabo pelos cavaleiros templários.

Depois de breve descanso após a subida, entra-se no surpreendente Poço Iniciático. Trata-se de uma galeria subterrânea em espiral, de 27 metros, por onde descem nove patamares até às “profundezas da terra”. No Poço Iniciático pode optar-se por se descer ou subir, dependendo do percurso iniciático escolhido.
Os nove patamares lembram os nove círculos do Inferno, as nove secções do Purgatório e os nove céus do Paraíso, segundo a “Divina Comédia” de Dante Alighieri. A principal ideia por detrás deste poço, é a de morrer e voltar a nascer num rito de iniciação ligado à terra, uma vez que esta representa o útero materno de onde provem a vida, mas também a sepultura para onde se voltará, quando a vida se apagar.
Fonte: Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira / http://www.historiadeportugal.info/ http://atracoessintra.no.sapo.pt/ http://www.lifecooler.com/

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte II

Escolhida a modalidade de visita livre à Quinta da Regaleira, iniciámos em primeiro lugar o percurso pelos seus mágicos jardins, com a ajuda de um plano-guia, para com liberdade e calma, podermos descobrir os seus vários recantos mágicos, os seus ambientes ou edifícios de exuberante arquitetura, como as torres, lagos, poços ou as demais dependências acessíveis à visita, bem como os seus misteriosos percursos subterrâneos de enigmático simbolismo.
Sobem-se as escadinhas para o Terraço das Quimeras, onde está situado o bar ao ar livre e compra-se uma garrafa de água fresca, não vá o calor tece-las… E inicia-se a visita...

Caminha-se em direção ao edifício da Estufa, que foi outrora a paixão de Carvalho Monteiro, que também gostava de “botanizar”. O edifício comprido e estreito é um templo dedicado à deusa Flora. A fachada ostenta um painel de azulejos que representa seis sacerdotisas num ritual de fertilidade.
Segue-se-lhe a Gruta da Leda, que se encontra situada por baixo de uma ampla estrutura em pedra, formando um semicírculo, construída para fazer lembrar uma muralha, onde não faltam nem as ameias.

Por baixo desta estrutura existe uma escultura simbolicamente enigmática, com a figura de uma dama (a Leda) que segura uma pomba e está acompanhada de um cisne (que aparentemente parece estar a mordê-la). Trata-se da representação de uma mortal por quem Zeus se apaixona, e na impossibilidade de existir uma relação entre ambos, este assume a forma de um belo cisne, para assim se poder aproximar da sedutora mulher. De destacar nesta escultura, a presença de uma pomba na mão de Leda (representação do espírito da pureza), que nos remete para o culto ao feminino e também à Imaculada Conceição.
Já depois de se sair deste labirinto, deparamo-nos com a Torre da Regaleira que se assemelha a um observatório astronómico, o que não deixa de ser interessante por se contrapor ao mundo subterrâneo (visto que uma das saídas do Poço Iniciático nos leva à torre). Foi, não esta torre, mas uma semelhante que deu inicialmente o nome à Quinta.

Sobe-se por uma escadaria para o patamar superior, por cima da Gruta da Leda a caminho da entrada para a Torre da Regaleira. O patamar encontrado é um miradouro de onde se desfruta de uma magnífica vista sobre a zona mais baixa dos jardins.
Entra-se na Torre da Regaleira e percebe-se que esta foi construída para dar a quem a sobe a ilusão de se encontrar no eixo do mundo.

Dali para cima, o passeio pelos jardins e pelo bosque faz-se por caminhos de ascensão, partindo das zonas delicadas e subindo até à floresta espontânea, onde a vegetação é plantada sem ordem aparente, tão ao gosto da sensibilidade romântica vigente durante o séc. XIX.

Fonte: Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira / http://www.historiadeportugal.info/ http://atracoessintra.no.sapo.pt/

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Parte I

Depois de um apetituso lanche e de estarmos sentados algum tempo numa das esplanadas do Centro de Sintra, seguimos a pé para a belíssima Quinta da Regaleira, que possui um jardim e um Palácio, dos mais surpreendentes da Serra de Sintra.

Esta quinta fica situada no termo do centro histórico da vila, sendo por isso muito fácil chegar até ela a pé. Foi construída entre 1904 e 1910, no derradeiro período da monarquia e os seus domínios românticos, outrora pertencentes à Baronesa da Regaleira, foram transformados por esta num refúgio estival, conhecida por Quinta da Torre da Regaleira. Mais tarde foram adquiridos e ampliados pelo Dr. António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), homem muito rico de ascendência portuguesa, mas nascido no Rio de Janeiro, na época do Brasil Imperial.
Detentor de uma fortuna prodigiosa, que lhe valeu a alcunha de Monteiro dos Milhões, associou ao seu singular projeto de arquitetura e paisagem, o génio criativo do arquiteto e cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936), aproveitando também a mestria dos escultores, canteiros e entalhadores que com Manini, haviam trabalhado no Palace Hotel do Buçaco.

A Quinta da Regaleira hoje propriedade da Câmara Municipal de Sintra, é o resultado de uma criação única, cheia de recantos mágicos e pormenores que não escondem a união entre a história nacional e o lado mítico e esotérico, inevitavelmente associado à Serra de Sintra.
No seu todo de uma enorme beleza harmoniosa, esta maravilhosa quinta foi cenicamente concebida num contexto onde sobressai a predominância dos estilos gótico, neomanuelino e renascentista.  

Passa-se o velho portão da entrada da Quinta, e desde o início da visita se sente que aquele é um lugar único, que nos vai proporcionando uma viagem entre o sonho e a realidade, que só se pode verdadeiramente explicar quando temos o privilégio de a visitar e viver esta experiência.
A nossa visita começou pelo jardim, uma vez que o palácio ainda se encontrava com muitos visitantes, pelo que optamos por fazer a sua visita no final do passeio pelo jardim.

Iniciámos assim a visita ao jardim, que foi concebido com o fim de representar um microcosmo, que nos é revelado aos poucos numa sucessão de lugares imbuídos de magia e mistério, ao longo de uma empolgante caminhada bem planeada, ajudada por um magnífico mapa impresso no panfleto distribuído à entrada.
Neste magnífico e empolgante jardim, o paraíso é materializado em coexistência com um dantesco mundo subterrâneo, com grutas e compridas galerias, poços em espiral e lagos, aos quais o neófito (principiante), seria conduzido pelo fio de Ariadne (que segundo a mitologia grega, foi a filha de Minos, rei de Creta, que desapareceu para sempre na montanha Drius),  ali representado por um fio de luz, que nos orienta pelo interior da "montanha".

Fonte: Panfleto da Quinta da Regaleira / http://www.cm-sintra.pt/ http://www.regaleira.pt/ Wikipédia.org

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Parte VIII

Deixa-se a Sala Árabe e em seguida entramos no Quarto de Hóspedes. Este quarto possui uma decoração que remonta a 1940. O seu nome deve-se ao facto de ter sido preparado para alojar o duque de Kent, aquando das comemorações centenárias da nacionalidade e da independência, quando o duque veio representar o seu irmão, o rei Jorge VI de Inglaterra, não tendo na realidade, sido utilizado pelo ilustre convidado.
Tendo sido a Trascâmara de D. João, com oratório e quarto de vestir, foi a última dependência e a mais íntima dos aposentos reais à qual só acedia o monarca. A porta nascente foi aberta já no século XX, para permitir a circulação dos visitantes do palácio.
Segue-se-lhe a Cozinha, que originariamente estava separada do resto do paço. A sua construção deve-se ao rei D. João I, tendo como elementos a destacar, duas monumentais chaminés cónicas com base octogonal, divididas por um arco em ogiva. Desde a sua construção estas chaminés de trinta e três metros de altura, tornaram-se célebres, tornaram no ex-libris da vila de Sintra.
O revestimento das paredes é em azulejo datado de 1895, com as armas reais de Portugal e de Saboia, de finais do séc. XIX, que testemunham o último período de habitação da família real neste palácio. Nela também se destaca o brasão de D. Maria Pia, com as armas de Portugal e de Saboia, com a legenda: “Lusos às Armas, pela Fé, pelo Rei e pela Pátria”.

Em seguida passa-se à Sala Manuelina. Situada na ala manuelina do palácio, dai o seu nome, é uma sala que sofreu modificações já este século, como é evidente pelas cópias de azulejos antigos que cobrem as paredes. Anteriormente, e já nos finais da monarquia, este espaço esteve dividido em três compartimentos que foram utilizados como aposentos do rei D. Luís.
É a Salão Nobre do Paço, mandado construir por D. Manuel I, no início do séc. XVI. Esta ala marca a ultima grande campanha construtiva do Palácio, tendo sido restaurada nos anos 30 do séc. XX.
Após a descida por uma escada em espiral, construída no séc. XVI (reinado de D. João III), depara-se com uma robusta grade de ferro forjado, junto à qual se encontra uma lanterna que recorda o costume da época de D. Afonso V, que impunha esse dispositivo na primeira divisão dos paços. É ali que foi finalizada a visita, sendo nesta sala que outrora estava a Guarda Real dos Archeiros.
Mas para deixarmos o palácio, ainda se desce uma escadaria, que nos leva ao pátio interior da entrada do Paço, onde se rasgam para o exterior quatro arcadas góticas, cadenciadas mas algo austeras, que fazem a transição com o exterior e nos separam do Largo Rainha D. Amélia.

Uma vez neste Largo, caminha-se para o Centro de Sintra, deixando-se para traz a fachada joanina do Paço a caminho de uma esplanada, onde se pudesse tomar um leve lanche e uma refrescante bebida.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palaciodesintra.paginas.sapo.pt/Visita.htm
"Toda a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o indivíduo mas sim a família."

Victor Hugo


O último patamar

Todos nós já reparámos, com toda a certeza, nos ataques – violentos e constantes – que são feitos contra a instituição familiar nos tempos que correm.
A família apanha pancada a torto e a direito. Apeteceria ter pena dela, se fosse uma pessoa.
Basta passar os olhos num jornal ou numa revista, ligar a televisão, reparar nas propostas de lei que, insistentemente, sobem e voltam a subir – mesmo depois de anteriormente derrotadas – aos parlamentos dos vários países.
Tudo é útil.
Tudo aquilo que, de uma forma ou de outra, possa servir para corromper a família e contribuir para a eliminar da face da terra é incrementado, com meios poderosíssimos, em nome de qualquer coisa mal explicada que pretendem vestir de modernidade.
E apresentam-nos, em alternativa à família, como sendo as últimas conquistas do progresso humano, coisas que não são senão roupagens que pretendem tornar apresentáveis as mais antigas podridões humanas.
Como se a família fosse algo que pertencesse a uma época da história que estamos prestes a ultrapassar. Como se ela se pudesse abandonar, para dar lugar a algo mais actual, da mesma forma que se abandonaram as máquinas de escrever à medida que se foram generalizando os computadores.
Vamos assistindo a esses ataques…
É a intenção clara de impor na sociedade o aborto. A coabitação. O “casamento” de homossexuais e a possibilidade de adotarem crianças. A atividade sexual desregrada, arrancada ao âmbito que lhe é próprio.
São as leis que favorecem o divórcio, e a ausência de leis que defendam e promovam as famílias com filhos.
É a criação de um ambiente de comodidade material e de egoísmo – “Segurança!… Segurança!”… – no qual os filhos não têm lugar, porque nada se opõe tanto ao egoísmo e à comodidade como os filhos.
É a tentativa de fazer passar – como sendo um facto moderno e racional – a ideia de um “planeamento familiar” que, no fim de contas (não é tão fácil reparar na contradição?), consiste em aprender as técnicas de não construir uma família.
E a outra ideia, a de que as crianças – não passam, para eles, de brinquedos vivos… – existem para os pais, e não os pais para as crianças (é talvez por isso que se avança tanto na investigação em embriões, de forma a que, qualquer dia, se possa escolher o sexo, as características, os pormenores do aspeto físico dos filhos… assim como quem vai à loja escolher uma boneca).
São, ainda, muitas outras coisas. Tantas, que uma família normal, com muitos filhos, já é olhada como um bicho estranho quando passa na rua (sucede como quando alguém passa conduzindo um daqueles carros de museu que funcionam a manivela…).
No entanto, apesar de todos os ataques, e dos rios de dinheiro – não podemos ser ingénuos – que organizações poderosas gastam neles, a família não deixará de existir como aquilo que é: um nó de laços indestrutíveis, fundamentado na união – assumida em forma de compromisso livre – de um homem com uma mulher para sempre.
E todas essas campanhas são uma batalha antecipadamente perdida. E todo esse dinheiro é inutilmente gasto.
É que a família pertence à natureza humana, e não está na mão de ninguém mudar isso. Não é um estágio da evolução da humanidade, uma fase que depois se ultrapassa para se chegar a um patamar superior.
A seguir à família não há mais nenhum patamar: só o abismo.
Se não houvesse a família, não haveria homens, mas sim monstros (às vezes encontramos por aí alguns que não chegaram bem a ter uma família, nem nada parecido, e aquilo que neles vemos faz-nos pensar precisamente nisto).
Não acontecerá, evidentemente, aquilo que vou imaginar a seguir.
Mas se alguém muito poderoso e sábio, num dia muito futuro em que isto estivesse tudo perdido – num dia em que as orientações que agora se tenta impor tivessem vingado e conduzido ao desconcerto e ao isolamento gerais – se esse alguém se pusesse a magicar numa forma de organizar a sociedade de maneira a reconstrui-la; se quisesse arquitetar um sistema de formar novos homens que possuíssem firme consistência; se procurasse uma maneira de os homens estarem ligados uns aos outros por laços inquebráveis que os acompanhassem ao longo de toda a existência; se pretendesse que os homens nunca mais estivessem sozinhos; se desejasse inventar um caminho que de novo conduzisse à felicidade…
Então esse alguém, se fosse capaz, começaria por formar pequenas células, sãs e inquebráveis, que, depois de se juntarem a outras, viessem a constituir o tecido da sociedade dos homens.
Esse alguém, se fosse capaz, inventaria… a família!
Nós, que ainda a temos, devemos prezá-la como se preza um tesouro.