Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte IV

Ao entrarmos no Poço Iniciático, não é preciso muita imaginação para sentimos que aquele é o símbolo perfeito da descida ao interior da Terra (talvez ao mais fundo de nós próprios?), que desencadeia o processo irreversível do Homem em busca de si mesmo.
E depois, uma vez vencidos todos os obstáculos, continua a ser ele o símbolo perfeito, no seu percurso de subida ou continuação por outro caminho em direção ao exterior, a iluminação do peregrino que conseguiu ser mais forte que a viagem que se propôs fazer.
As pedras amontoadas à entrada, em forma de menir, sugerem logo um túmulo ou a morte simbólica, iniciática, que precede a descida. A descida propriamente dita é feita de 15 em 15 degraus, até se percorrerem os nove patamares que trazem à memória os nove círculos do Inferno, os nove céus do Paraíso e as nove secções do Purgatório da Divina Comédia de Dante.
O percurso descendente contínua, levando-nos cada vez mais fundo, até ao interior da terra. Pelo caminho e sempre que olhamos para baixo vai-se aproximando a estrela de oito pontas, onde está gravada a Cruz dos Templários, que nela se esconde, e que vai crescendo a olhos vistos, até que os nossos pés toquem no fundo do poço. Esta estrela de oito pontas, é o símbolo heráldico de Carvalho Monteiro e também o símbolo da harmonia e o símbolo da Cavalaria Espiritual da maçonaria escocesa.
Chegados lá abaixo, várias possibilidades estão em aberto, pois ali se abre a entrada para o labirinto subterrâneo que se segue, sendo nele que se podem fazer as múltiplas escolhas, tal como na vida. Um dos caminhos vai dar a um beco sem saída (que é aquilo que acontece a quem recusa a viagem); outro vai ter ao Poço Inacabado, que recebe a luz do dia, mas que não dá acesso ao exterior, representando os que optam pelo menor esforço e acabam por se perder a meio do percurso.
No entanto nesta gruta labiríntica, há outros caminhos mais compensadores, tal como na vida. Ainda existem mais duas opções, muito mais valiosas. Nas galerias subterrâneas o caminho a escolher é-nos dado a conhecer por um fio de néon iluminado. Num desses percursos, o fio conduz-nos ao magnífico Lago da Cascata, de uma beleza espetacular que sobe para o exterior. Esta é a melhor recompensa final. É a surpresa completa no processo de iniciação, quase como nos dizendo: “O processo está completo. Custou, mas valeu a pena!…” Como aliás, na vida, quando percebermos que fomos capazes de superar os nossos limites… Nesta gruta espetacular do Lago da Cascata, que é sem dúvida o melhor dos caminhos escolhidos, a água aparece como elemento purificador, no final da caminhada iniciática.
No meio das galerias subterrâneas quando se escolhe o caminho mais longo,  para a saída da esquerda (o contrário da saída para o Lago da Cascata), vê-se um longo túnel que nos leva até à Gruta do Oriente. É também um caminho com saída e luz, mas mais comprido que os outros e que no final não tem água, mostrando-nos que na vida, nem sempre o caminho mais longo e penoso é a melhor opção.

Fonte: Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira  http://templars.wordpress.com/ http://atracoessintra.no.sapo.pt/

Nenhum comentário: