Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte V

A viagem subterrânea termina, terminando também naquele dia, a procura da nossa espiritualidade. Nela estão presentes de forma evidente, três dos quatro elementos fundamentais do conhecimento esotérico e da mitologia: a terra, a água e o ar.
A terra, porque ao seu interior descemos e é dentro dela que os túneis são percorridos; a água, porque existem quer lagos exteriores, quer interiores; o ar, porque as aberturas são múltiplas, permitindo que a brisa nos surpreenda. O quarto elemento é mais subtil, o sol (a luz/a sombra - as trevas), tendo em conta que só com uma tocha ou uma vela é que outrora era possível, percorrer os túneis completamente escuros e cheios de sobressaltos (outrora cheios de morcegos). Temos sempre na Regaleira a dualidade luz/sombra, passando de uma para a outra com rapidez, como na vida e no conhecimento, pois a luz representaria a sabedoria e o conhecimento, enquanto a escuridão representaria a ignorância.

Ao chegarmos ao exterior através do Lago da Cascata, espera-nos a luz e os cenários minuciosamente construídos a partir dali.
O caminho que se toma é em direção à Fonte da Abundância. Para a direita contornando um muro amuralhado de onde se destacam ameias, encontra-se a Gruta do Oriente, a entrada mais distante para os percursos subterrâneos, com ligação ao portal inferior do Poço Iniciático.
Pelo caminho os jardins continuam a oferecer paisagens deslumbrantes, com recantos estranhos, feitos de lendas e saudade. Um deles é o Patamar do Ténis, onde outrora se jogava ténis e que hoje é um largo em terra batida onde se fazem durante o verão apresentações teatrais, estando o espaço munido a toda a volta de bancadas metálicas pré-fabricadas.
Caminha-se para a Fonte da Abundância. Em frente à Fonte da Abundância encontramos um espaço de reunião (talvez maçónico), com um grande banco disposto em semicírculo, com um trono no meio em frente a um altar. Este seria um espaço de encontro, algo “sagrado”, em que todas as pessoas no banco têm a mesma importância, à exceção daquele que se sentava no trono.

À frente deste espaço, encontra-se uma fonte que faz lembrar o batismo e, essencialmente, a purificação. Por cima da bica do fontanário observa-se um painel de mosaico circular com as iniciais “CM”, as iniciais de Carvalho Monteiro ou os nomes de Cristo e Maria, pois por baixo, entre a letra "C e M", estão representados dois peixes, que era um símbolo de Jesus e dos seus apóstolos, bem como dos primeiros cristãos. Debaixo destas iniciais, encontramos uma concha que está por cima de uma balança, que representaria o equilíbrio natural entre as coisas. Ora, para nos conhecermos a nós mesmos, teria de haver um equilíbrio, que permitiria a busca pelo autoconhecimento. Esta busca, consistia numa procura pelo interior de cada um de nós, procura esta possível na Quinta da Regaleira.
No caminho rodeado de verdejante e frondosa vegetação, variadíssima estatuária nos acompanha, com animais fantásticos, artifícios de água, passagens de pedra que parecem flutuar à superfície dos lagos, ou nuvens silenciosas de vapor que dissimulam as entradas para este universo singular.
Fonte: http://www.rlmad.net/ http://www.gifi.pt/ Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira  

Nenhum comentário: