A viagem
subterrânea termina, terminando também naquele dia, a procura da nossa espiritualidade. Nela
estão presentes de forma evidente, três dos quatro elementos fundamentais do
conhecimento esotérico e da mitologia: a terra, a água e o ar.
A terra, porque
ao seu interior descemos e é dentro dela que os túneis são percorridos; a água, porque existem quer lagos
exteriores, quer interiores; o ar, porque as aberturas são múltiplas,
permitindo que a brisa nos surpreenda. O quarto elemento é mais subtil, o sol (a luz/a
sombra - as trevas), tendo em conta que só com uma tocha ou uma vela é que
outrora era possível, percorrer os túneis completamente escuros e cheios de
sobressaltos (outrora cheios de morcegos). Temos sempre na Regaleira a dualidade luz/sombra, passando de uma
para a outra com rapidez, como na vida e no conhecimento, pois a luz representaria a sabedoria e o conhecimento, enquanto a escuridão representaria a ignorância.
Ao chegarmos ao
exterior através do Lago da Cascata,
espera-nos a luz e os cenários minuciosamente construídos a partir dali.
Pelo
caminho os jardins continuam a oferecer paisagens deslumbrantes, com recantos estranhos, feitos de lendas e
saudade. Um
deles é o Patamar do Ténis, onde
outrora se jogava ténis e que hoje é um largo em terra batida onde se fazem durante
o verão apresentações teatrais, estando o espaço munido a toda a volta de
bancadas metálicas pré-fabricadas.
Caminha-se
para a Fonte da Abundância. Em frente à Fonte da Abundância
encontramos um espaço de reunião (talvez maçónico), com um grande banco disposto em semicírculo,
com um trono no meio em frente a um altar. Este seria um espaço de encontro,
algo “sagrado”, em que todas as pessoas no banco têm a mesma importância, à
exceção daquele que se sentava no trono.
À frente deste
espaço, encontra-se uma fonte que faz lembrar o batismo e, essencialmente, a
purificação. Por cima da bica do fontanário observa-se um painel de mosaico circular
com as iniciais “CM”, as iniciais de Carvalho
Monteiro ou os nomes de Cristo e
Maria, pois por baixo, entre a letra "C e M", estão
representados dois peixes, que era um símbolo de Jesus e dos seus apóstolos, bem como dos primeiros cristãos. Debaixo
destas iniciais, encontramos uma concha que está por cima de uma balança, que
representaria o equilíbrio natural entre as coisas. Ora, para nos conhecermos a
nós mesmos, teria de haver um equilíbrio, que permitiria a busca pelo
autoconhecimento. Esta busca, consistia numa procura pelo interior de cada um de nós,
procura esta possível na Quinta da Regaleira.
No caminho rodeado de
verdejante e frondosa vegetação, variadíssima estatuária nos
acompanha, com animais fantásticos, artifícios de água, passagens de pedra que
parecem flutuar à superfície dos lagos, ou nuvens silenciosas de
vapor que dissimulam as entradas para este universo singular.
Fonte:
http://www.rlmad.net/
http://www.gifi.pt/ Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira
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