Natal Partilhado

 

Nasci em Angola (na cidade litoral de Benguela), e vivi lá toda a minha infância. Aos três anos fui viver para a bonita cidade do Lobito, também no litoral atlântico, e lá permaneci até vir para Portugal.

No Lobito durante vários anos, tive por vizinhas três meninas, a Manuela da idade da minha irmã, mais velha do que eu seis anos, a Quiti com menos um ano do que eu e minha companheira preferida de brincadeiras, e a pequena Inês, com menos três anos.

Por terem vários familiares a viver também no Lobito, uma avó, tios e o padrinho da Quiti, que gostava dela como de uma filha, a sua casa era muito afortunada, e as meninas recebiam muitos presentes e brinquedos pelo Natal.

Ao lado delas vivíamos nós, eu e a minha irmã com meus pais. Como não tínhamos familiares a viver nesta cidade (apenas três primos e os seus pais, meus tios em Benguela), apenas recebíamos um presente cada uma, dos meus pais, que era sempre recebido com muito agrado, grande euforia e felicidade.

Os presentes tal como é prática em algumas casas e em “terras lusas”, eram recebidos há meia-noite, na véspera do dia de Natal. Assim depois da missa do galo e após a meia-noite, era habitual abrirmos os presentes e invadirmos as casas umas das outras para comermos as guloseimas que quiséssemos. Depois era para nós obrigatório a partilha dos presentes recebidos, tendo todas a autorização dos nossos pais para brincarmos com os novos presentes, até à uma ou duas da madrugada.

Não me lembro de alguma vez sentir inveja e também nunca a notei na minha irmã, em relação ao número elevado de presentes recebidos pelas minhas vizinhas. O que realmente era importante e por isso habitual, era estes andarem de mão em mão com a maior das naturalidades entre todas nós, brincado euforicamente e misturando os brinquedos sem qualquer constrangimento de parte a parte. O que importava era a partilha e a brincadeira com os novos brinquedos durante aquelas horas felizes.

Todos os anos no Natal, os numerosos presentes das nossas vizinhas, eram simplesmente um dado adquirido, sendo estes esperados quer por nós, quer por elas com muita ansiedade, o que se repetia em todos os Natais. A compreensão desse facto era fácil, em primeiro lugar porque elas eram três e em segundo lugar porque os seus familiares eram mais do que os nossos, o que resultava como era lógico, num maior número de brinquedos.

Não me lembro também das minhas vizinhas se vangloriarem por terem mais brinquedos do que nós, ou de acharem que os nossos eram poucos. O que interessava era a partilha naquelas horas e nos dias seguintes ao Natal, o que me faz lembrar com muita saudade as minhas três vizinhas, a sua amorosa e numerosa família, e aqueles felizes Natais passados em Angola.

Passados muitos anos o hábito da partilha continua em mim, quase que a perpetuar aquelas brincadeiras de infância, havendo até um ditado popular que isso confirma, “O hábito faz o monge”. Afinal a felicidade só é realmente conseguida, quando partilhada!...

Albert Einstein dizia que “a compreensão de outrem somente progredirá com a partilha de alegrias e sofrimentos”. Como eu entendo esta simples, mas tão significativa frase… No entanto parece que essa Partilha é hoje incómoda para muitos e recebida com desconfiança, havendo até quem a confunda com vaidade, petulância ou intromissão.

E se nada mudar? Eu vou ter que conviver com este sentimento só dentro de mim? Até quando? A vida é curta demais, para se deixar para amanhã aquilo que deve ser feito agora!...

 

Pablo Picasso (1881 – 1973)




 Málaga, Espanha, 25 de outubro de 1881 — Mougins, França, 8 de abril de 1973
 
Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso, ou simplesmente Pablo Picasso, foi um contemporâneo pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido a poesia.

Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do séc. XX. É considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas e cerâmica, usando, para o efeito todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como sendo o cofundador do Cubismo, juntamente com Georges Braque.

Para ver de preferência em tela cheia



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=sh70SiwjNNw

Num Mundo mais justo…


"A Natureza tem perfeições que mostram que é a imagem de Deus, e defeitos que mostram que é apenas a sua imagem.”

Blaise Pascal
 
[…] Eram seis horas da manhã. Chovia suavemente. Eram as primeiras chuvas de Setembro. As suas gotas finíssimas eram ainda tímidas, mas cristalinas, o que me encantava. Assemelhavam-se a pequenos cristais de diamantes, o que criou à minha volta uma atmosfera de melancolia que me convidou à reflexão sobre o que observava. Com efeito, estávamos no início de mais uma estação das chuvas. A transição que se operava de uma estação à outra fazia-se sem sobressaltos. Tranquilamente e com doçura. A terra molhada libertava um imenso perfume que purificava a minha alma, levando-me a um certo recolhimento. Era agradável a sensação de paz que me transmitia o quadro que tinha à minha volta. Uma profunda sensação de rejuvenescimento espiritual invadiu a minha alma.

À medida que os minutos passavam, procurei observar com mais atenção as plantas e as flores perfumadas que rejuvenesciam ao redor da minha casa de capim. Eram lindas as cores vivas das pétalas das flores que espalhavam o seu perfume pela floresta adentro, enquanto à minha volta ouvia o zumbir incansável de milhares de abelhas, que libavam atarefadas o suco das flores numa relação eterna de amor profundo. Na realidade, estas abelhas viviam seguramente num mundo mais justo, dentro do seu ecossistema. As relações de interdependência, que estabeleciam entre si, eram de facto construtivas e equilibradas concorrendo para a consolidação dos laços de cooperação que estabeleciam no seu seio durante este processo de produção das suas necessidades básicas.

Pensei profundamente no que observava e fiquei impressionado com o tipo de relações simples que as abelhas mantinham entre si, num quadro de estruturas complexas, decorrentes da sua divisão de trabalho. Era de facto uma lição que eu aprendia com os fenómenos simples da natureza. Talvez os homens pudessem aprender alguma coisa com o quadro que tinha diante de mim. Teríamos certamente relações humanas mais equilibradas. Este quadro proporcionou-me uma nova visão de vida, uma base de reflexão sobre o direito à vida e o valor dos equilíbrios sociais que devem reger as sociedades como substrato de fundamentação das relações humanas num mundo cheio de contradições, às vezes antagónicas, e em mutação permanente. O que observava era o ideal, mas utópico, dada a própria natureza humana […].
 
Alcides Sakala

Alcides Sakala é um político e diplomata angolano, que atualmente é deputado à Assembleia Nacional de Angola e presidente do Grupo Parlamentar da UNITA. Este é um excerto do seu livro “Memórias de Um Guerrilheiro”, páginas 121 e 122, ed. Publicações D. Quixote, 2006.

Serra do Gerês - Rio Caldo - Santuário de S. Bento da Porta Aberta - 3º Dia - Parte IV


 
Chegados ao Rio Caldo parámos, não só para descansarmos, mas também para ali gozarmos por alguns momentos a beleza do local.
Rio Caldo é sede de uma freguesia constituída por pequenas aldeolas ou aglomerados de casas, como Raposeira, Paço, Granja, Outeiro, S. Pedro, Parada, S. Bento, Seara… e que se descortinam entre a paisagem montanhosa de S. Isabel do Monte, espelhando-se nas águas da Albufeira da Caniçada, conferindo uma fisionomia paisagística de extrema beleza.
Ali o Centro Náutico, a Marina de Rio Caldo e o Santuário do São Bento da Porta Aberta (situado a poucos metros de Rio Caldo, a caminho de Campo do Gerês), constituem os principais espaços de grande atração turística.

Seguimos depois pela N304 subindo sempre, para perfazer os 3 Km que separam Rio Caldo do belíssimo Santuário de S. Bento da Porta Aberta, situado em zona alta, de onde se desfruta de belíssimas paisagens.
O culto a S. Bento, deve a sua origem à influência dos monges de Santa Maria de Bouro. Em 1640, é construída a primitiva ermida, dedicada a S. Bento, numa pequena elevação. Segundo a tradição esta possuía um alpendre, como a maioria das capelas erigidas no alto dos montes, e tinha sempre as portas abertas, servindo de abrigo a quem passava... Peregrinos ou viajantes. Daí lhe terá advindo a designação de S. Bento da Porta Aberta.
São Bento*, foi o fundador da Ordem Beneditina e um santo milagreiro do séc. V, infatigável combatente do mal e muito querido entre os fiéis pelos seus múltiplos talentos, que incluem a proteção de animais domésticos e viajantes.
A antiga capela com o tempo foi ficando pequena para abrigar o número crescente de fiéis, forçando a Irmandade a construir um novo templo. O atual Santuário é relativamente recente. Foi iniciada a sua reconstrução em 1880 e concluiu-se em 1895.

No entanto e atendendo às diminutas dimensões da Igreja hoje ainda ali existente, foi decidido no ano de 1994, erigir um novo espaço muito próximo do primeiro, tendo sido entregue ao arquiteto Luís Cunha a preparação do projeto. A construção ficou concluída, incluindo as zonas envolventes, no ano de 2002.

O belo templo de S. Bento da Porta Aberta e a nova Cripta, atribuem uma notoriedade religiosa ao local. Implantado na encosta, o novo edifício surpreende pelo arrojo e modernidade.

São Bento da Porta Aberta situa-se num local privilegiado. Rodeado pelas belas montanhas do Parque Nacional da Peneda-Gerês e o lago da Albufeira da Caniçada, onde o contacto com a natureza é constante.
Chegados ao Largo da Igreja de S. Bento, estacionámos a mota e fomos primeiro visitar a Igreja mais antiga. O interior da Igreja é de nave única e de uma simplicidade encantadora. São dignos de realce os painéis de azulejos da capela-mor, que retratam a vida de S. Bento, assim como o retábulo de talha coberto a ouro.
Encaminhamo-nos depois para o novo templo, situado num nível mais baixo, em relação à Igreja superior. Do lado esquerdo do Largo da Igreja, vê-se logo o telhado do novo templo (cripta) e um obelisco de vidro, inaugurado em outubro de 1998.
Descendo pelos elevadores, ou pelas escadarias, entra-se num amplo templo, com uma nave grandiosa, com paredes de vidro, teto de madeira clara, colunas de betão enfeitadas com mosaicos de cores suaves e altar de design sofisticado, onde não falta uma grande imagem de S. Bento. Percebe-se a funcionalidade e a nobreza dos materiais, que formam um conjunto moderno de grande beleza arquitetónica.
Ladeando o templo, passa-se por uma galeria com azulejos contemporâneos, representando cenas da vida de São Bento e dos monges beneditinos, pintados por Querubim Lapa. O conjunto de painéis de azulejo é, no mínimo inesperado, onde não falta uma alusão aos monges brancos da Ordem de Cister, num painel que tem como fundo o belo e emblemático Mosteiro de Alcobaça.
S. Bento da Porta Aberta é venerado por milhares de devotos ao longo do ano, que concentram a sua maior afluência em julho e agosto, quando se celebra a festa litúrgica de São Bento. A romaria principal é realizada de 10 a 15 de agosto, e tem outras festas em 21 de março e 11 de julho.
 


Fonte: http://www.memoriaportuguesa.com/ http://faustinovieira.blogspot.pt/ http://www.sbento.pt/ http://sbento.pt/santuario.php http://www.sbento.pt/ http://www.igogo.pt/ http://sbento.pt/


* São Bento de Núrsia, nascido Benedetto da Núrsia (Núrsia, c. 480 — Abadia do Monte Cassino, c. 547) foi um monge italiano, fundador da Ordem dos Beneditinos, uma das maiores ordens monásticas do mundo. Foi o criador da Regra de São Bento, um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica, inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Era irmão gémeo de Santa Escolástica. Foi designado patrono da Europa pelo Papa Paulo VI em 1964, sendo também patrono da Alemanha. É venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos. Foi o fundador da Abadia do Monte Cassino, na Itália, destruída durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente restaurada. É comemorado no calendário católico a 11 de Julho, data em que suas relíquias foram trasladadas para a Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire.

Mercúrio e Vénus: Os Planetas Interiores

 
Mercúrio e Vénus: Os Planetas Interiores, é 5ºepisódio de uma série de 12 documentários relativos ao tema geral “O Universo”.

Estes são os dois primeiros planetas interiores também chamados de planetas telúricos ou terrestres, que são os quatro planetas mais próximos do Sol. Por sequência crescente temos: Mercúrio, Vénus, Terra e Marte. São corpos de elevada densidade (entre 3 a 5 g/cm³) formados essencialmente por materiais rochosos e metálicos, com uma estrutura interna bem definida e com tamanhos comparáveis.





Fonte: http://www.youtube.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Planetas_interiores

Serra do Gerês - A caminho de Rio Caldo - 3º Dia - Parte III





Acabada a visita às Termas do Gerês é tempo de se tentar espreitar o afamado Parque das Termas, que reúne de certo modo a beleza cuidada da Natureza do Gerês.
 
Situado junto ao edifício das Termas do Gerês, este é um ótimo local para relaxar. É um parque muito bonito, com zonas de vegetação espontânea e zonas ajardinadas. Tem um lago com patos, onde se pode andar de barco. Dispõe ainda de piscinas, um bar e um parque infantil.

O Parque das Termas dedicado a Tude Martins de Sousa (famoso Regente Agrícola, jornalista e escritor português, que desde 1904 a 1914 foi "Regente Florestal" da Serra do Gerês e autor de muitas obras sobre o Gerês), é como que um aperitivo para o Parque Nacional da Peneda-Gerês que se desenvolve a partir daqui, ao longo de 70 mil hectares, para Norte, Leste e Oeste.

Com cerca de dois hectares, o parque termal é atravessado pelo rio Gerês. As ruas são ladeadas por enormes árvores centenárias, cuja folhagem cobre o solo com mil cores.
Duas pontes permitem passar de uma, para a outra margem do rio. Uma piscina moderna, uma gruta artificial junto a um lago com barcos a remos e um circuito de manutenção são outros dos atrativos deste parque.
Mas o que verdadeiramente o torna especial é a atmosfera quase mágica das longas alamedas sombreadas e o rumorejar das águas geladas do rio Gerês, vindas do alto da serra. É, de facto, o sítio ideal para um passeio ao começo do dia, ou para a leitura de um livro, seja na esplanada do bar, seja num dos muitos bancos espalhados ao longo do parque. O acesso é pago, exceto para os hóspedes do Hotel das Águas do Gerês.
Deixa-se a pequena e acolhedora, a vila de Caldas do Gerês, que tem as montanhas como pano de fundo e segue-se viagem a caminho de Rio Caldo, pela estrada N308.
A estrada vai descendo até ao vale e segue depois junto à margem norte do grande lago, acompanhando o belíssimo vale, onde se espraiam as águas da Albufeira da Caniçada.
A Albufeira da Caniçada é procurada, quer pela sua beleza paisagística, quer pelas excelentes condições para a prática desportiva. Possui várias praias fluviais de um sossego encantador e algumas marinas, sendo a mais importante a Marina de Rio Caldo. É composta por 689 hectares de espelho de água navegável, onde uma embarcação de recreio, com início no Rio Caldo, oferece uma viagem original de carácter turístico-ambiental. Uma maneira divertida de conhecer a paisagem envolvente, todo o ano!
Enquanto a viagem se fazia lentamente, em convívio direto com as riquezas naturais e patrimoniais destas terras e observando de perto os altos cumes que envolvem toda a sua imensa beleza paisagística, vem-nos à memória a escrita de Miguel Torga, um dos grandes talentos da literatura portuguesa que ao longo de quatro décadas, explorou as paisagens do Gerês, que tantas vezes lhe serviram de inspiração à sua poética.

Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se acalma…
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra
E alma.

Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés a fraga dura,
E o bico a picar estrelas verdadeiras…

 Miguel Torga, in Diário II

Fonte: http://www.anossaterra.pt/ http://tiago.pinhal.com/blogue/o-regresso/; http://pt.wikipedia.org/; http://www.anossaterra.pt/

Serra do Gerês - Caldas do Gerês - Termas do Gerês - 3º Dia - Parte II





Depois do belo passeio explorando o vale do rio Gerês, agarramos na mota a fim de iniciarmos um longo passeio pela zona sul da Serra do Gerês.
 
A primeira paragem foi feita logo à entrada da vila de Caldas do Gerês, para a visita às Termas. Deixamos a mota estacionada na Praceta Honório de Lima, junto da Capela das Termas e seguimos a pé para a visita ao edifício termal.
 
A estância termal é constituída fundamentalmente por uma avenida densamente arborizada aconchegada a uma encosta abrupta de vegetação exuberante e fronteira a uma montanha com uma densíssima mata de pinheiros. No topo da avenida abre-se um frondoso parque rico em espécies arbóreas e com canteiros ajardinados.
 
Há mais de dois mil anos que os Romanos descobriram os benefícios da água das Termas do Gerês. Nesse tempo, as Termas do Gerês encontravam-se num local considerado remoto e de acesso difícil, mas apesar desta dificuldade, a fama da água do Gerês rapidamente atravessou serras e vales.
 
Durante séculos estas águas singulares foram dando provas dos seus poderosos efeitos curativos que são resultado das suas características únicas. Por isso está incrustada no maciço granítico junto à Fonte da Bica, a inscrição em latim “AEGRI SURGUNT SANI”“Os Doentes Saem Sãos”.
 
As nascentes termais brotam do lado leste da terra, no sopé de uma escarpa alta quase vertical, constituída por um granito porfiróide de cor rósea. Há ali quatro fontes, cada uma com um nome particular. As duas mais importantes são a Fonte Forte onde a água brota a 42ºC e a Fonte da Bica, com água à temperatura de 42,5ºC esta é notável sobretudo pela sua fluoretação sódica, sendo administrada por via oral. As outras duas são a da Figueira, porque por cima dela cresce das rochas uma figueira, a do Bispo. Por cima de cada uma delas foi construída uma casinha quadrada em cujo centro se encontra uma cavidade que se emparedou para o banho. Antigamente só se ia ali banhar uma pessoa de cada vez. Em vez da porta existia um simples cortinado. Se este estivesse descido é porque alguém se encontrava no banho, as mulheres no entanto não confiam o bastante nos olhares masculinos e punham uma criada à porta.
 
A água também se bebe, recolhendo-se então aquela que brota da rocha, em vez daquela que corre na cavidade onde se toma banho. Uma destas fontes tem notoriamente sulfureto de hidrogénio, mas em pouca quantidade; as outras têm ainda muito menos e uma das fontes não mostra sequer quaisquer vestígios dele.
 
O tratamento termal, que implica cuidada vigilância médica, está indicado nas doenças de fígado e vesícula biliar, obesidade, diabetes e hipertensão arterial, incluindo a litíase.
 
Mas as termas do Gerês proporcionam também programas específicos para reeducação dietética, emagrecimento, relaxamento físico e psicológico, recuperação física e antisstress. Possui um centro termal muito agradável, onde o visitante é convidado a descontrair, ao mesmo tempo que interage com a Natureza, que envolve toda a vila.
 
Hoje o estabelecimento termal encontra-se remodelado e reequipado e dotado das mais modernas técnicas termais e de bem-estar, possibilitando assim dar resposta às expectativas dos termalistas que as frequentam. Desta forma o estabelecimento termal criou novas valências, de onde se destacam a Piscina Dinâmica, os duches de Cuba, Pulverização de 3 essências sequenciais e ainda uma vasta área de gabinetes de massagem e estética termal, bem como um moderno ginásio.
 
Contíguas ao estabelecimento termal foram também criadas diversas áreas de serviços e comércio. Todo este conjunto modernamente edificado constitui, hoje, um grande Complexo Turístico-Termal, localizado bem no centro da Estância Termal do Gerês.
 



A época termal vai de 15 de maio a 15 de outubro.

Fonte: http://www.termasdogeres.pt/ http://www.cm-terrasdebouro.pt/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.serra-do-geres.com/
Ler mais sobre a história das Caldas do Gerês em: http://www.serra-do-geres.com/cidades_vilas_e_aldeias/ficheiros/caldas_do_geres_ficheiros/caldas_do_geres_historia_ficheiros/texto_historia/caldas_do_geres_historia.htm

Serra do Gerês - Caldas do Gerês - Explorando o vale do rio Gerês - 3º Dia - Parte I




O dia seguinte ao da chegada a Caldas do Gerês acordou ensolarado. Os raios de sol tentavam teimosamente penetrar entre a folhagem, fazendo as cores do vale luxuriante ficarem mais vivas, o que convidava a um longo passeio de reconhecimento, pelo estreito vale onde corre o rio Gerês.

O lugar onde se situa o parque de campismo é de uma rara e impressionante beleza paisagística e de enorme valor ecológico.
Caminhou-se devagar, bem devagarinho, para se olhar tudo, não querendo deixar nada que não se tivesse visto, para trás. Não se ouvia nada, a não ser o leve ondular da folhagem, o chilrear dos pássaros e claro, a agradável turbulência do correr das águas do rio Gerês, que por ali passa sem pedir licença.
A não ser os poucos utentes do parque naquela época, não havia vivalma, quase parecendo abandonado. Que maravilha a sensação de se estar só… E temos sorte, muita sorte: É ali bem chegadinha a nós que se encontra a tão afamada Natureza do Gerês.
O lugar é de uma enorme beleza cénica e a câmara não se cansa de disparar. Entre o plano A e o plano B o coração balança. É tudo tão imensamente belo, que é impossível guarda-lo numa caixa tão pequena… até porque sabemos que será realmente impossível copiar toda a beleza do lugar!
A mata pujante que nos envolve dá-nos a observar arvoredo alto, que por vezes atinge entre 15 e 20 metros, o que não sucede noutro lugar em Portugal, procurando avidamente encontrar a rara luminosidade. Ali encontramos o teixo, os vidoeiros e os pinheiros, mas também várias espécies arbóreas, como o carvalho, o azereiro e o medronheiro, entre outras.
Para aqueles que amam a botânica este é um lugar magnífico. Ali também encontrámos a Iris boissieii, um lírio violáceo que apenas se vê no Gerês; e uma outra flor violácea (que quando acordámos nos deu os bons dias, por se encontrar mesmo em frente do nosso para-brisas, quando abrimos as cortinas pela manhã) e também rosácea, que é a Prythroninca deuscanis, produzida por uma árvore muito elegante, bela e rara; mas também a Hypericum androsaemum, de flor amarela, que constitui o hipericão-do-Gerês, usado com fins medicinais.
Durante toda a expedição, a água é quem impera. O seu som acompanha-nos durante toda a caminhada. De vários lugares brotam veios de água cristalina, que se reúnem ao veio maior, de águas límpidas e borbulhantes do rio Gerês, que apressadas seguem por terrenos declivosos, procurando passar entre grandes calhaus rolados, cobertos por musgos esverdeados, que se encavalitam uns sobre os outros.
Junto das margens do rio Gerês, quase a beijar as águas, crescem belos fetos, heras de folha larga e alguns rebentos de Quercus faginea, que ali crescem rapidamente dando lugar a belas árvores. Mas junto das águas destacam-se sobretudo muitos Carrascos (Quercus coccifera), que ali parecem ser os guardiães das águas doces, tirando o lugar a Enki, que na antiga Suméria era o deus dos rios, dos canais e da chuva.
 
Fonte: http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.pt/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.serra-do-geres.com/

Vincent van Gogh (1853 – 1890)



Zundert, 30 de Março de 1853 — Auvers-sur-Oise, 29 de Julho de 1890

Vincent Willem van Gogh, foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.

A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspetos importantes no mundo da sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter facilmente contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.

A sua fama póstuma, cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.

Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do séc. XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.

O Museu Van Gogh em Amsterdã é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.



Fonte: http://www.youtube.com/share_popup?v=Rve77XDdK0I

Mesmo que chova...

 

É evidente que as escolas devem ser dirigidas por professores, pois as escolas são centros educativos e os professores é que entendem de educação. Mas é igualmente certo que, sendo possível, as escolas devem ser geridas por gestores profissionais, visto que, apesar de serem centros educativos, a tarefa que está em causa é uma tarefa de gestão. E os professores pouco entendem de gestão.

Dirigir e gerir são tarefas muito diferentes. Dirigir é orientar, é ser chefe: encaminhar outras pessoas por um caminho que é bom para elas; encontrar os declives que conduzem ao bem comum e ao bem de cada um; ter maior preocupação com as pessoas do que com as coisas. Gerir é fazer contas e tratar da manutenção dos meios materiais. E é uma tarefa menor, embora necessária, numa escola.

É um erro colocar educadores a fazer contas, e é outro erro confiar a gestores a orientação de pessoas.

Se uma eventual má experiência de ter professores a gerir as escolas conduzir à decisão de passarmos a ter gestores a dirigi-las, trocaremos um erro por outro erro. Certamente um erro menor por um erro maior.

Uma escola devia ser dirigida por professores, que deviam ser educadores. E poderia ser gerida por gestores, de modo a libertar os educadores para as tarefas que lhes são próprias.

Há muito tempo que a tarefa de governar se tornou quase só na tarefa de gerir dinheiros públicos. E, por isso, há muito também que a educação passou a ser para os governantes - tal como a saúde, por exemplo - fundamentalmente uma questão de dinheiro. Não é de estranhar, portanto, que se fale em entregar a direcção das escolas a gestores profissionais...

Quando falam de gestores profissionais para as escolas estão a falar de um assunto da área económica e não de uma questão educativa. E seria interessante que se falasse de questões educativas quando se fala de educação.

As verdadeiras questões da educação resultam de que nas escolas há pessoas jovens, que devem ser ajudadas, tanto quanto possível, a serem felizes. E em que a felicidade dessas pessoas, como a de todas as outras, consiste em satisfazerem a ânsia profunda que têm de verdade, de bem e de beleza. Não em terem coisas e conforto.

As escolas não são - e é essa a visão da economia - caixotes cinzentos cheios de equipamentos e estruturas, como cadeiras, mesas, computadores, bares e cantinas. São lugares sempre bonitos porque estão cheios de crianças, e as crianças, em grande parte, têm ainda os olhos limpos e a alma limpa. Têm aquela ingenuidade encantadora que lhes permite pensarem que nós, os adultos, somos bons...

"A melhor escola onde estive - disse-me uma vez uma colega - era uma espécie de barracão com salas onde chovia e entrava vento quase como na rua". A melhor escola não é a que tem boas condições materiais e é bem gerida. É, antes, aquela onde às crianças capazes de pensarem que os adultos são bons se juntam adultos que querem ser bons e sonham com tornar felizes as crianças. Nessa escola, mesmo que chova, há alegria e sonhos; aprende-se muito e aprendem-se coisas daquelas que são importantes.

Pode ser que a escola precise de gestores; mas precisa, muito principalmente, de educadores. Essa é que é a grande questão, na qual todos têm evitado tocar. Educadores são as pessoas raras que é preciso encontrar. Não há muitos educadores. O que há é aquilo a que chamamos professores e deveríamos chamar instrutores, porque se limitam quase todos a transmitir informação técnica das suas áreas específicas, sem tocarem na formação dos alunos como pessoas, em colaboração com os pais.

Se quiserem, coloquem nas escolas uma pessoa que faça as contas da cantina e do bar, substitua as lâmpadas fundidas e controle os gastos com detergente. Só não entendo é por que razão devemos entender que estão a ser tomadas, dessa forma, medidas educativas.


Paulo Geraldo, in A Aldeia (http://professor.aaldeia.net/mesmoquechova.htm)

Círculo vicioso

 

Há nas nossas escolas um problema crónico: o da falta de disciplina.

É frequente que os alunos não se sintam bem dentro das salas de aula. Que não tenham o comportamento adequado a esses locais. Que, inquietos ou turbulentos, não permitam o ambiente de sossego necessário à aprendizagem dos colegas.

Existe uma causa que pode justificar o mau ambiente dentro das salas de aula. É que elas não são, nem podem ser, um oásis no meio do ambiente mais vasto que as rodeia: o pátio da escola, as famílias, a localidade, o país, o mundo. O mundo está cheio de guerras e crimes, as famílias estão desunidas ou quebradas, as televisões transmitem constantemente violência e pornografia.
 
Existe ainda outra causa, essa mais natural e compreensível: os jovens não foram feitos para estarem sentados em sossego durante largos minutos, escutando discursos muitas vezes aborrecidos. Sentem-se melhor correndo, brincando, convivendo. E lá vão tentando que as aulas se transformem em lugar de convivência, de brincadeira ou... de corrida.

Um professor pouco pode fazer para modificar isto.

Mas deve lembrar-se de que se o ambiente exterior influencia o ambiente da aula, também é certo que o ambiente da aula pode influenciar - e de facto influencia - o ambiente exterior.

As aulas não correm bem porque as coisas no mundo correm mal, mas as coisas no mundo correm mal também porque as aulas não correm bem.

O professor tem nas mãos, de algum modo, as chaves que podem contribuir para quebrar este círculo vicioso. São os homens os agentes de quase tudo o que no mundo corre mal, mas a educação desses homens passa, em parte, pela escola. Reside nos professores uma das grandes esperanças da humanidade.

Pede-se ao professor que seja educador, que não se limite a transmitir - melhor ou pior - os conteúdos da sua disciplina. Que actue positivamente nos seus alunos, nas famílias, no mundo.

Pede-se ao professor que, primeiro, seja exigente consigo mesmo. Que se esforce por ser uma pessoa melhor, que dê melhor as suas aulas. São do Diário de Sebastião da Gama as palavras seguintes: «Lembro agora a primeira vez que, em Setúbal, a meio do ano, me julguei forçado a pôr fora da aula um aluno: fiquei tão doente que parti o giz que tinha nas mãos e já não fui capaz de continuar a aula. Esse desgosto era sobretudo um desgosto de coração. O de hoje é diferente: o Fosco saiu, porque fez barulho - e fez barulho, porque a aula lhe não interessou - e não lhe interessou "talvez", porque ela não tinha interesse nenhum - e quem devia ir para a rua era eu».

Desta exigência do professor consigo mesmo, da sua intenção educativa, do nível de seriedade profissional que dá às suas aulas nasce inevitavelmente qualquer coisa que é semelhante a... um oásis. Um aqui, outro além... até que inundem o mundo.


Paulo Jorge Geraldo , in http://professor.aaldeia.net/

A Lua - o único satélite natural da Terra

A Lua é 4º episódio de uma série de 12 documentários relativos ao tema geral “O Universo”.
 
A Lua (do latim Luna) é o único satélite natural da Terra, situando-se a uma distância de cerca de 384.405 km do nosso planeta. Seu perigeu máximo é de 356.577 km, e seu apogeu máximo é de 406.655 km.
 
Segundo a última contagem, mais de 150 luas povoam o sistema solar: Neptuno é cercado por 13 delas; Urano por 27; Saturno tem 60; Júpiter é o que tem mais até então e possui 64. A Lua terrestre não é a maior de todo o Sistema Solar - Ganimedes, uma das luas de Júpiter, é a maior - mas nossa Lua continua sendo a maior proporcionalmente em relação ao seu planeta. Com mais de 1/4 do tamanho da Terra e 1/6 de sua gravidade, é o único corpo celeste visitado por seres humanos e onde a NASA pretende implantar bases permanentes.

Visto da Terra, o satélite apresenta fases e exibe sempre a mesma face (situação designada como acoplamento de maré), fato que gerou inúmeras especulações a respeito do teórico lado escuro da Lua, que na verdade fica iluminado quando estamos no período chamado de Lua nova. Seu período de rotação é igual ao período de translação. A Lua não tem atmosfera e apresenta, embora muito escassa, água no estado sólido (em forma de cristais de gelo). Não tendo atmosfera, não há erosão e a superfície da Lua mantém-se intacta durante milhões de anos. É apenas afetada pelas colisões com meteoritos.
  


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=gTmKUl2IorE; http://pt.wikipedia.org/wiki/Lua