Serra do Gerês - Caldas do Gerês - Explorando o vale do rio Gerês - 3º Dia - Parte I




O dia seguinte ao da chegada a Caldas do Gerês acordou ensolarado. Os raios de sol tentavam teimosamente penetrar entre a folhagem, fazendo as cores do vale luxuriante ficarem mais vivas, o que convidava a um longo passeio de reconhecimento, pelo estreito vale onde corre o rio Gerês.

O lugar onde se situa o parque de campismo é de uma rara e impressionante beleza paisagística e de enorme valor ecológico.
Caminhou-se devagar, bem devagarinho, para se olhar tudo, não querendo deixar nada que não se tivesse visto, para trás. Não se ouvia nada, a não ser o leve ondular da folhagem, o chilrear dos pássaros e claro, a agradável turbulência do correr das águas do rio Gerês, que por ali passa sem pedir licença.
A não ser os poucos utentes do parque naquela época, não havia vivalma, quase parecendo abandonado. Que maravilha a sensação de se estar só… E temos sorte, muita sorte: É ali bem chegadinha a nós que se encontra a tão afamada Natureza do Gerês.
O lugar é de uma enorme beleza cénica e a câmara não se cansa de disparar. Entre o plano A e o plano B o coração balança. É tudo tão imensamente belo, que é impossível guarda-lo numa caixa tão pequena… até porque sabemos que será realmente impossível copiar toda a beleza do lugar!
A mata pujante que nos envolve dá-nos a observar arvoredo alto, que por vezes atinge entre 15 e 20 metros, o que não sucede noutro lugar em Portugal, procurando avidamente encontrar a rara luminosidade. Ali encontramos o teixo, os vidoeiros e os pinheiros, mas também várias espécies arbóreas, como o carvalho, o azereiro e o medronheiro, entre outras.
Para aqueles que amam a botânica este é um lugar magnífico. Ali também encontrámos a Iris boissieii, um lírio violáceo que apenas se vê no Gerês; e uma outra flor violácea (que quando acordámos nos deu os bons dias, por se encontrar mesmo em frente do nosso para-brisas, quando abrimos as cortinas pela manhã) e também rosácea, que é a Prythroninca deuscanis, produzida por uma árvore muito elegante, bela e rara; mas também a Hypericum androsaemum, de flor amarela, que constitui o hipericão-do-Gerês, usado com fins medicinais.
Durante toda a expedição, a água é quem impera. O seu som acompanha-nos durante toda a caminhada. De vários lugares brotam veios de água cristalina, que se reúnem ao veio maior, de águas límpidas e borbulhantes do rio Gerês, que apressadas seguem por terrenos declivosos, procurando passar entre grandes calhaus rolados, cobertos por musgos esverdeados, que se encavalitam uns sobre os outros.
Junto das margens do rio Gerês, quase a beijar as águas, crescem belos fetos, heras de folha larga e alguns rebentos de Quercus faginea, que ali crescem rapidamente dando lugar a belas árvores. Mas junto das águas destacam-se sobretudo muitos Carrascos (Quercus coccifera), que ali parecem ser os guardiães das águas doces, tirando o lugar a Enki, que na antiga Suméria era o deus dos rios, dos canais e da chuva.
 
Fonte: http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.pt/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.serra-do-geres.com/

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