O
dia seguinte ao da chegada a Caldas do
Gerês acordou ensolarado. Os raios de sol tentavam teimosamente penetrar
entre a folhagem, fazendo as cores do vale luxuriante ficarem mais vivas, o que
convidava a um longo passeio de reconhecimento, pelo estreito vale onde corre o
rio Gerês.
O lugar onde se situa o parque de campismo é de uma rara e impressionante beleza paisagística e de enorme valor ecológico.
Caminhou-se devagar, bem
devagarinho, para se olhar tudo, não querendo deixar nada que não se tivesse
visto, para trás. Não se ouvia nada, a não ser
o leve ondular da folhagem, o chilrear dos pássaros e claro, a agradável
turbulência do correr das águas do rio
Gerês, que por ali passa sem pedir licença.
A
não ser os poucos utentes do parque naquela época, não havia vivalma, quase
parecendo abandonado. Que maravilha a sensação de se estar só… E temos sorte,
muita sorte: É ali bem chegadinha a nós que se encontra a tão afamada Natureza do Gerês.
O
lugar é de uma enorme beleza cénica e a câmara não se cansa de disparar. Entre
o plano A e o plano B o coração balança. É tudo tão imensamente belo, que é
impossível guarda-lo numa caixa tão pequena… até porque sabemos que será
realmente impossível copiar toda a beleza do lugar!
A
mata pujante que nos envolve dá-nos a observar arvoredo
alto, que por vezes atinge entre 15 e 20 metros,
o que não sucede noutro lugar em Portugal, procurando avidamente encontrar
a rara luminosidade. Ali encontramos o teixo, os vidoeiros e os pinheiros, mas
também várias espécies arbóreas, como o carvalho, o azereiro e o medronheiro,
entre outras.
Para aqueles que amam a botânica este é um lugar magnífico. Ali também
encontrámos a Iris boissieii, um lírio violáceo que apenas se vê no Gerês; e uma outra flor violácea (que
quando acordámos nos deu os bons dias, por se encontrar mesmo em frente do
nosso para-brisas, quando abrimos as cortinas pela manhã) e também rosácea, que
é a Prythroninca deuscanis, produzida
por uma árvore muito elegante, bela e rara; mas também a Hypericum androsaemum, de flor
amarela, que constitui o hipericão-do-Gerês,
usado com fins medicinais.
Durante toda a expedição, a água é quem impera. O seu som acompanha-nos durante
toda a caminhada. De vários lugares brotam veios de água cristalina, que se
reúnem ao veio maior, de águas límpidas e borbulhantes do rio Gerês, que apressadas seguem por terrenos declivosos,
procurando passar entre grandes calhaus rolados, cobertos por musgos
esverdeados, que se encavalitam uns sobre os outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário