Zafra


A meio caminho entre Olivença e Córdoba, no meio de um espaçoso vale pouco profundo, entre as colinas de Los Santos e Castellar, aparece-nos a pequena e típica cidade de Zafra. A cidade está centrada no castelo do séc. XV, que outrora foi uma fortaleza moura.
Ali parámos para o jantar, aproveitando depois para uma boa caminhada para a breve mas relaxante visita á cidade. As ruas estavam cheias de gente, algum comércio ainda estava aberto e as pessoas faziam ainda as compras para os presentes de Natal, pois como se sabe, em Espanha é no Dia de Reis que se recebem os presentes.

Zafra é uma localidade extremeña, cuja origem ou fundação é citada pela história, ao assinalá-la como a antiga aldeia de “Segeda”, fundada por tribos lusitanas.

Com a queda do Califato de Córdoba, "Segeda" ficava entre os limites dos reinos de Badajoz e Sevilha, pelo que no alto da serra se ergueu outrora um castelo, do qual hoje só restam exíguos testemunhos.
O seu nome actual deriva do árabe “Safra” e o gentílico que distingue a seus habitantes é o de "segedanos".
Em 1394, Gómez Suárez de Figueroa, filho do Grão-Mestre da Ordem de Santiago e uma das personagens mais importantes da sua história, recebe a cidade do rei Henrique III.

Pela mão desta nobre família, é feito o repovoamento e a população surge com força e pujança. Fortifica-se de forma notável, criam-se instituições sociais e religiosas e levanta-se o seu poderoso Alcázar (Palácio de los Duques de Feria), hoje o Parador Nacional de Turismo.

O Parador está situado numa praça e possui uma torre cónica em cada canto. A entrada principal para o castelo é um portão protegido por duas pequenas torres. O valor deste castelo/palácio é expresso por uma espectacular fachada com um aspecto ideal. Nove torres com ameias zelosamente guardam um interior grandioso e digno da realeza, com bonitos tectos com painéis bem conservados, grandes arcadas, trabalhos em ferro forjado, corrimãos e outros detalhes decorativos pertencentes ao palácio inicial.

Zafra converte-se na época, num importante foco político, cultural e económico de grande relevância, sendo berço de um grande número de personagens ilustres e numerosos grémios artesanais.

Alfonso IX de Leão, conquistou-a em 1229, perdendo-a pouco depois, até que em 1241, os exércitos de Fernando III, o Santo, a incorporam definitivamente na coroa de Castela e Leão.

O casco antigo conserva monumentos muito interessantes, entre os quais se destacam, o Alcázar, a Colegiata e as suas belas praças Grande e Chica, que são o coração da cidade, conferindo-lhe junto com as igrejas, conventos e casas solarengas, com numerosos detalhes de arte mudéjar, um perfil muito especial.

Uma das áreas mais pitorescas da cidade é a praça principal, ou Plaza Grande, cujos edifícios são adornados por arcadas, o que lhe dá uma configuração incomum. Esta praça tem ligada uma segunda praça, mais pequena, a Plaza Chica, que se junta à sua irmã maior, através de um dos mencionados arcos, o "Arquillo del Pan", que significa "o naco de pão", devido à sua forma incomum. Destas praças contíguas a mais antiga é a Plaza Chica, que era o centro da cidade medieval, do município e do mercado.

Ao longo da história, Zafra sempre conservou seu carácter comercial, passando a ser um importante foco industrial e de criação de gado, avalizado por suas antigas e prestigiosas feiras de San Miguel, tradição que hoje tem seu melhor exemplo, ao materializar-se na sua famosa Feira Internacional de Gado, que se celebra todos os anos na primeira semana de Outubro.

Visita a Olivença



A visita a Olivença (Olivenza, em castelhano), foi iniciada no dia seguinte à nossa chegada à cidade. É um prazer caminhar pela cidade dentro de muralhas. Os sinais da antiga vila portuguesa ainda lá estão e são até hoje preservados.

Mas, sem qualquer espécie de complexo, outros elementos foram, entretanto, acrescentados e que marcam bem a diferença quando a comparamos com outras cidades espanholas. Alguns passeios e largos foram pavimentados por calceteiros portugueses, com a característica calçada portuguesa.

Na parte antiga da povoação, cingida pelas muralhas seiscentistas, muitas casas apresentam uma traça nitidamente portuguesa, como o conjunto que se encontra frente à Igreja de Santa Maria del Castillo, o Palácio dos Duques de Cadaval, ocupado pelo Ayuntamiento (Câmara Municipal) com a sua porta manuelina, o edifício da Misericórdia, a única existente em Espanha, que é inconfundível por causa dos seus painéis de azulejos azuis e brancos.

É uma terra onde a existência do elevado poder económico de algumas famílias, se manifestava na opulência de alguns dos seus edifícios, como casas importantes e imponentes, como a casa da Condessa de Marialva.

Também dentro de muralhas se encontra a bela Igreja de Santa Maria Magdalena, que se encontrava encerrada, mesmo ao domingo, que possui belas colunas em espiral em estilo manuelino.


Hoje, mesmo dentro da antiga cidade amuralhada notam-se já algumas alterações no conjunto urbano, sobretudo nas ruas com função comercial predominante, com casas com um estilo arquitectónico mais de acordo com o gosto espanhol. Nestas, já são muito vulgares as “cristaleras” ou “miradores” (varandas envidraçadas), designadas por “balcones”, e até as janelas e portas de rés-do-chão, gradeadas com ferro forjado, que outrora eram raras em Olivença, mas que são hoje já bastante comuns.

Na Plaza de la Constituición, uma pequena e bela praça tipicamente portuguesa, onde o chão coberto por calçada portuguesa, nos mostra desenhada a planta da cidade, com o casco urbano rodeado de muralhas, baluartes construídos após a Restauração da Independência, no século XVII.

Esta praça, não é mais que um alargamento de uma rua onde que se situa o Palácio dos Duques de Cadaval, onde podemos admirar a porta manuelina nos agora Paços do Concelho. Actualmente, esta praça, não tem nada a ver com a antiga Plaza de España, que foi pavimentada, com calçada portuguesa, arborizada e dotada de mobiliário urbano que não possuía.

Passando o arco contíguo ao palácio dos Duques de Cadaval e seguindo a rua do mesmo nome, encontra-se a Igreja de Santa Maria do Castelo.

Saindo também desta praça, a caminho da praça maior ou principal da cidade, e já bem perto dela, encontramos do lado esquerdo a Pastelaria Fuentes, que não se deve deixar de visitar e que nos oferece uma pastelaria fina e diversificada, com herança conventual, onde se destacam os grandes e divinais bolos “Pécula Mécula”, de amêndoa ralada e doce de ovos.

A expansão da cidade fez-se à custa da destruição de um troço da sua muralha seiscentista, entre o baluarte de S. Francisco e o baluarte da Cortadura. Este baluarte foi aproveitado para nele ser construída a Praça de Touros.



Olivença, a Portuguesa

«Olivença é uma pérola portuguesa incrustada na Extremadura espanhola» (“El Pais”).

A frase é verdadeira, e Olivença é para nós portugueses uma espécie de cordão umbilical que se guardou durante muito tempo e que sem se saber como, se perdeu!...
A nossa passagem por Olivença foi propositada e já há bastante tempo que a queríamos visitar. Era nossa intenção passar a noite em Olivença e no dia seguinte visitarmos com calma a cidade.
No caminho desde casa até Olivença, fizemos uma só paragem, para o jantar no afamado restaurante "Bar Alentejano", em Montemor-o-Novo, onde a boa gastronomia alentejana é o prato da casa. O jantar de "Migas de espargos com carne de porco preto", seguido de óptima doçaria conventual, deu-nos a energia mais do que suficiente para realizar o resto do percurso.
A chegada à cidade de Olivença fez-se por volta das 22h00, pelo que ainda fomos visitar a zona mais movimentada, junto à praça do mercado e espreitar a cidade antiga, dentro de muralhas. Era sábado à noite e a juventude enchia a cidade, onde portugueses e espanholas faziam facilmente par, nas discotecas e bares que convidavam a entrar.
Após o passeio nocturno pela cidade e por volta da meia-noite regressámos à A.C. A pernoita foi feita num lugar bastante sossegado, junto ao terminal rodoviário e da Casa de Saúde de Olivença.

Olivença está situada na margem esquerda do rio Guadiana e o seu território tem uma forma aproximadamente triangular, com dois dos seus vértices a tocar o Guadiana.

A cidade é mística, pela sua história, passada e presente, por ser ainda um estranho mas real ponto de encontro entre as culturas de Portugal e Espanha e ainda pela sua estrutura sem igual, pois é uma cidade fortificada situada numa peneplanície árida da Extremadura espanhola.

A Vila de Olivença foi conquistada pelos portugueses aos mouros, pela primeira vez, em 1166. A sua posse definitiva foi reconhecida em 1297, no Tratado de Alcanises, quando foram fixadas as fronteiras entre Portugal e Castela.
Durante mais de 600 anos a sua heróica população bateu-se contra as investidas de Castela e depois da Espanha (a partir de 1492), para preservar a sua identidade nacional.
No dia 20 de Maio de 1801, o exército espanhol, num acto de pura traição, toma o concelho de Olivença, usurpando 750 km2 do território de Portugal, incluindo uma das suas vilas mais importantes. Esta usurpação ocorre num momento particularmente dramático para Portugal, dado que se vivia sob a ameaça de uma invasão pelo exército francês.
A Espanha aproveita-se desta fragilidade de Portugal, e declara-lhe guerra e num acto de traição, pela força das armas, usurpa um território que não lhe pertencia subjugando uma população indefesa.
A história de Olivença é conturbada!… O Tratado de Alcanizes de 1297, estabelecia Olivença como parte de Portugal. Em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, o território foi anexado a Espanha.
No entanto, em 1815, após inúmeras manobras negociais a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815, comprometendo-se à restituição do território o mais prontamente possível, mas acabou por nunca o fazer!…

O português é ainda falado pelos mais idosos e nos estratos socioeconómicos com mais baixo nível de escolaridade. Ainda hoje, mesmo os que já só falam o castelhano, entendem perfeitamente o português e distinguem-se pela entoação do seu castelhano. Usam por vezes palavras e expressões de origem portuguesa, algo incompreensíveis para os espanhóis, mas que para nós são vocábulos familiares.
É vulgar os jovens de Olivença revestirem os bancos dianteiros dos seus carros, com as bandeiras de ambos os países, numa atitude de respeito pela cultura que os criou e a cultura que os gerou...
Fonte: Wikipédia

Na Andaluzia profunda

O Sul de Espanha, facilmente acessível a partir de Portugal, tem quase sempre a nossa preferência, em especial nas férias curtas, como estas de Natal.

Esta é a região mais variada de Espanha, que nos oferece os mais dramáticos cenários. Desta vez pretendíamos visitar a região interior da Andaluzia, por ser uma região que para além de um bom clima e de uma luminosidade muito especial, nos dá a oportunidade da descoberta constante de lugares e povoados belíssimos.

O destino era atingir o coração desta bela região, começando por Córdoba e Granada com a sua espectacular herança mourisca e depois a Garganta del Chorro, uma maravilha geológica, perto de três belos lagos de cor turquesa, surpreendentemente rodeados por florestas de pinheiros.
Para acabar, os "Pueblos Blancos" da Serra de Grazalema, já no caminho da Costa do Sol e bem perto de Cádiz e Algeciras, como Gaucin, Grazalema e Ronda, uma bela cidade, localizada á beira de um precipício, acabando na pequena mas tão graciosa e surpreendente Setenil de las Bodegas, com casas construídas a partir da rocha.

O percurso escolhido para ir e voltar, foi o seguinte:

1º Dia (26 de Dezembro) - Olivença;

2º Dia (27 de Dezembro) - Olivença / Zafra / Córdoba;

3º Dia (28 de Dezembro) - Córdoba / Granada;

4º Dia (29 de Dezembro) - Granada;

5º Dia (30 de Dezembro) - Granada / El Chorro;

6º Dia (31 de Dezembro) - El Chorro / Garganta del Chorro / Ronda;

7º Dia (1 de Janeiro) - Ronda / Setenil de las Bodegas;

8º Dia (2 de Janeiro) - Setenil de las Bodegas / Sevilha / Casa.

"Emprenhar pelos ouvidos"...

Há já algum tempo que visito habitualmente o excelente blog “Pronuncia do Norte”, onde geralmente encontro também excelentes divagações. Esta que publico agora, é uma das com que mais me identifico e por isso aqui fica…

“Uma pessoa que "emprenhe pelos ouvidos" é alguém que acredita piamente na primeira patranha que lhe contam, sem questionar a veracidade da mesma, nem tentar ouvir as outras versões de uma mesma história.

A vida já me ensinou que qualquer questão tem sempre duas, ou até mais versões. Muitas vezes, nenhuma delas é verdadeira, mas se as analisarmos a todas conseguimos chegar a uma conclusão que, essa sim, se não for completamente verdadeira, está lá muito próxima.

O grande problema é que o número de "emprenhados pelas orelhas" cresce de forma inversamente proporcional aos cépticos. Cada vez há mais quem "emprenhe pelos ouvidos" e menos quem apenas use os ouvidos para... ouvir.

E, quando finalmente, por um qualquer acaso, um "emprenhado pelos ouvidos", ouve outra coisa completamente diferente daquela que tinha como certa, e essa nova versão dos acontecimentos até tem lógica, fica com um ar muito desalentado e ainda tem coragem de dizer:

"E andei eu a ser enganadinho estes anos todos! Que burro que eu sou!".

E quem sou eu para desmentir alguém?! Não desminto! Não tenho pena! Não lhe passo a mão no pêlo para o consolar!

Os dados estavam lá todos, sem faltar nenhum. Só não viu quem não quis ou... é cego! Só não leu quem não quis ou... não sabe ler!

Ontem, assisti a uma situação que se enquadra perfeitamente no que relatei e me pôs a pensar neste tipo de pessoas.

Extrapolei, do trabalho para o país, e cheguei à conclusão que a maioria dos portugueses... "emprenham pelas orelhas" e depois querem milagres.”
(Publicada por Pronúncia em Quarta-feira, Março 04, 2009 Etiquetas: Reflexões)
Deve-se acrescentar porém, que os comportamentos sociais desde tipo há muito que são analisados e estudados por inúmeros sociólogos e psicólogos do mundo inteiro, pelo que se explicam como vulgares em qualquer sociedade.

Assim sendo, alguns dos que “emprenham pelos ouvidos”, fazem-no porque o querem, direi melhor se acrescentar que fazem-no porque têm necessidade de acreditar. Em especial quando os “contos e ditos” são no sentido de retirarem o brilho e a cor à vida de alguém, sendo esse credito fácil e imediato, uma espécie de compensação para a sua vida limitada e descolorida.

Outros porém, fazem-no porque julgam os outros por si próprios, fazendo a história completa à sua maneira e querendo insistentemente que os outros se comportem como eles se comportariam, usando para isso manhas variadas e variadíssimas cenas tristes.
Esquecem-se no entanto, que nem todos aprenderam a ler pela mesma cartilha. Sugiro então, que tentem fazer o pino até ao infinito...

Toledo, a glória de Espanha

Depois da visita a Cuenca, partimos rumo a Toledo, onde chegámos já tarde. O lugar de pernoita foi num parque vedado situado a Oeste, do lado de fora das muralhas da cidade antiga.

No dia seguinte o acordar foi turbulento! Junto de nós um jovem casal foi cercado por três carros de polícia e o seu carro foi vasculhado até à exaustão. Depois, como nada encontraram, abandonaram o lugar, mas só depois de terem obrigado o jovem casal a faze-lo primeiro.

Até sairmos do local, a polícia visitou o lugar mais algumas vezes, pelo que deduzimos, que este era muito concorrido por "amantes do alheio" durante o dia, que aproveitam a ausência dos turistas que ali deixam os seus carros para irem visitar a cidade.

Assim sendo resolvemos levar a AC para uma zona mais segura, ficando esta perto da porta Sul da muralha da cidade e situada num pequeno parque fora da cidade antiga, frente ao posto da polícia municipal. Descansados fomos então visitar a antiga Toledo, que já conhecíamos de outras paradas. Após esta visita o rumo seguido foi o de casa.

Cervantes descreveu Toledo como a "glória da Espanha". A parte antiga da cidade está situada no topo de uma colina, cercada em três lados por curvas do rio Tejo.

As suas muralhas abrigam uma riquíssima herança cultural, arquitectónica e artística que provém das culturas muçulmana, cristã e judaica, que ali conviveram em relativa harmonia e foram ao longo do tempo expressando um conjunto de influências medievais e renascentistas que perduram até hoje.

Dos numerosos monumentos da cidade, o mais conhecido é a Catedral de Toledo, (Igreja Primaz da Espanha), que se ergue no local onde existiu uma igreja visigótica e uma mesquita.

O exterior desta catedral, com sua grande torre e maciços contrafortes, é melhor apreciada fora da cidade ou nas proximidades, de preferência de um ponto alto como o Parador Nacional de Turismo. De perto, é difícil avaliar a dimensão da catedral, por se encontrar rodeada por uma amálgama de construções habitacionais, mas o seu interior compensa e a sua beleza é mais do que evidente.

Além da Catedral, a cidade possui alguns dos melhores monumentos de Espanha, como o seu Alcázar, o palácio fortificado do século XVI, construído no local de antigas fortalezas visigóticas, romanas e muçulmanas e o Zocodover, o seu mercado central. Outro templo de visita obrigatória é a Igreja de São Tomé, de torre mudéjar, que contém uma obra-prima de El Greco, “O Enterro do Conde de Orgaz”.

E por falar em El Greco, esta também foi a cidade escolhida por este grande mestre da pintura universal, quando chegou de Creta, em 1577, e onde deixou muitas das suas obras, que até hoje conserva.

Esta antiga cidade ainda mantém o seu plano de estradas medievais. É uma cidade com imensas ruelas onde qualquer um se perde com facilidade, devido à torção das suas ruas, que caminham por terrenos irregulares, onde a mudança visual é constante. Nestas ruas estreitas e sinuosas o vento quente traz-nos sons próximos e por ele nos vamos orientando, na esperança de encontrarmos o que procuramos.

Toledo foi a capital da Hispânia visigótica, até à conquista moura da Península Ibérica no século VIII. Sob o Califado de Córdoba, Toledo conheceu uma era de prosperidade e após a decomposição do Califado de Córdoba em 1035, tornou-se capital do Califado de Toledo.

A 25 de Maio de 1085, Afonso VI de Castela ocupou Toledo e estabeleceu o controle directo sobre a cidade, sendo o primeiro passo concreto do reino de Leão e Castela na chamada Reconquista.

Após Filipe II de Espanha mudar a corte de Toledo para Madrid em 1561, a cidade entrou em lento declínio, do qual nunca se recuperou.

Toledo foi outrora famosa por sua produção de aço, especialmente espadas, e a cidade ainda é um centro de manufactura de facas e pequenas ferramentas de aço, bem como uma belíssima produção artesanal de ourivesaria.

A gastronomia de Toledo é imperdível e privilegia a caça. Vale a pena apreciar os pratos de veado, perdiz ou javali, para além do famoso mazapán, típico bolo de maçapão.

Fonte: biztravels-monuments.net / Wikipédia

Cuenca, o ninho das águias

A chegada a Cuenca, depois dos muitos quilómetros percorridos desde os rochedos de Montserrat, foi feita já bastante tarde e o lugar de pernoita foi dificilmente encontrado, pois a cidade não nos pareceu muito segura.

Estivemos para pernoitar junto ao parque da cidade, a ver as casas suspensas, no entanto e depois de vermos vários movimentos suspeitos de carros locais, fomos até à zona nova da cidade.

Ali o ambiente melhorou e rapidamente se encontrou o lugar de pernoita, num parque de estacionamento bastante iluminado, de uma grande superfície comercial.

Na manhã seguinte, fomos conhecer Cuenca, que é uma pequena cidade localizada num penhasco entre dois desfiladeiros, escavados pelos rios Júcar e Huécar.

Esta é a razão pela qual a cidade é conhecida por "ninho das águias” devido à sua posição, no alto de uma colina, separada do vale dos rios Júcar e Huécar, por ravinas profundas no fundo das quais estes rios correm.

A cidade está claramente dividida em duas partes: a antiga e a moderna. A metade da história moderna oferece muito pouco, consistindo principalmente em residências modernas e blocos de apartamentos e várias superfícies comerciais.

A parte antiga constitui um todo, que ao longo do tempo fez desta cidade uma das mais maravilhosas cidades de Espanha, sendo por isso digna, de uma boa exploração turística.

Cuenca é uma cidade histórica muito antiga e fortificada, possuindo muros gigantes a cercá-la. Centro agrícola, pecuário e florestal, a cidade possui um centro histórico belíssimo, cheio das deliciosas ruelas estreitas e com uma bela Plaza Mayor, dominada pela belíssima Catedral Gótica.

Ali perto ainda podemos encontrar o Convento das Carmelitas Descalças e o Ayuntamiento (Câmara Municipal). Também há a salientar as famosas «Casas Colgadas» (casas penduradas ou suspensas).

O conjunto destas casas construídas na beira da encosta íngreme produz um efeito peculiar, propício a belas fotos e ao olhar ávido dos turistas.

O Museu de Arte Abstracta, encontra-se instalado numa das "Casas Suspensas", que se projectam arrojadas na beira do paredão calcário do desfiladeiro, é de visita obrigatória.

Quando os romanos conquistaram a região, Cuenca era um matagal. A cidade só foi construída pelos árabes, quando estes já controlavam Espanha.

Estes fizeram um forte para estabelecer o controle total da região e para isso fizeram-no numa elevação calcária entre os seus dois rios, um lugar na época praticamente inacessível.

Mais tarde após a reconquista, a cidade prosperou e cresceu e algumas das suas muralhas foram usadas pela população para a construção de novas casas, uma vez que estas impediam o crescimento da cidade.

Um dia é mais que o suficiente para explorar os recantos da pequena cidade antiga. Estacionar na cidade de Cuenca é difícil, no entanto subindo até ao belíssimo miradouro de Cuenca, onde não se pode deixar de ir, encontram-se muitos lugares onde estacionar.

Depois é fácil ir até ao centro histórico ou a pé, pois é sempre a descer ou de autocarro urbano, que nos deixa mesmo em frente à inacabada Catedral de Cuenca. Depois do passeio volta-se normalmente de urbana de cor amarela, pois a subida é muito acentuada.
O melhor passeio deve iniciar-se por caminhar pelas ruelas que circundam a Plaza Mayor, não podendo faltar uma visita à Catedral gótica, que domina esta praça e que merece ser apreciada com vagar. Também a rua principal sempre a subir até ao miradouro, com os seus prédios multicores e comércios à moda antiga, não se deve deixar de percorrer.

A cidade velha faz desta uma cidade única, onde a força da tradição religiosa espanhola é aqui fortemente percebida, nos edifícios que abrigam os seminários, capelas e o convento das carmelitas descalças, que se encontram dentro da cidade antiga.A partir das "Casas Suspensas", descendo o caminho, é interessante atravessar a ponte de metal sobre o rio Huécar, que corre tranquilo 100 metros abaixo.

É o melhor lugar para apreciar o conjunto de casas construídas sobre o penhasco. Estando de carro, a descida leva à bela estrada que margeia o rio no fundo do vale e que para os amantes do jogging ou de caminhadas, é um bom lugar para ser percorrido.
Esta estrada também nos leva a outros dois outros lugares de destaque, a "Cidade Encantada", um parque geológico que é constituído por formações geológicas invulgares e caprichosas, a cerca de 30 Km de Cuenca e a nascente do rio Corvo, a cerca de 60 Km, com fabulosas quedas de água, onde não podemos ir por falta de tempo.
Fonte: www.idealspain.com