4º Dia - Visita a Bragança (Parte I)



Bragança, é uma cidade repleta de história e com um rico património, merecendo por isso, uma visita mais atenta que nos permite descobrir as verdadeiras riquezas desta cidade tipicamente transmontana.
A cidade encontra-se encaixada nas montanhas do Nordeste transmontano, a cerca de 700 m de altitude, cercada pelas Serras de Milhão, Montesinho e Nogueira. A velha "Brigantia" foi povoação importante quando da ocupação romana, e foi mais tarde baptizada "Juliobriga" pelo Imperador Augusto, em homenagem ao seu tio Júlio César.

Destruída durante as guerras entre cristãos e mouros, encontrava-se em território pertencente ao mosteiro Benedito de Castro de Avelãs quando D. Fernão Mendes de Bragança, cunhado de D. Afonso Henriques, a adquiriu, por troca, em 1130.

O 4º dia, foi assim destinado à visita da cidade de Bragança. Bragança já foi para nós muitas vezes local de destino, em fins-de-semana e até em férias curtas. Recordo com muita saudade o magnífico Fim de Ano de 2003, que ali passámos na Pousada de São Bartolomeu.

Recordo também o acordar no nosso quarto e olhar pela varanda, para a cidade entre muralhas, sem dúvida uma das mais idílicas formas de observar a cidade, graças ao nevoeiro que quase em todas as manhãs de Inverno, cobre as casas e o Castelo que se ergue no horizonte.

A velha urbe, apesar dos laivos de juventude e modernidade que recebeu nos últimos anos, primeiro consequência dos seus pólos universitários e depois resultado do programa Polis, continua a ser precisamente a sua parte histórica que deixa mais marcas nos visitantes.

Saímos do parque de campismo depois do almoço e fomos de mota até Bragança. Parámos a mota, perto da porta Este da muralha, e entrámos na cidadela. A cidadela, situada no topo da cidade e é um bem conservado recinto fortificado onde se destaca o Castelo, de construção medieval e as suas muralhas, além de ser igualmente um dos mais interessantes miradouros de Bragança, que oferece um enquadramento paisagístico fabuloso da Serra de Montesinho.
Este núcleo murado e acastelado foi edificado no século XII no lugar da Benquerença e foi propriedade dos frades beneditinos do Mosteiro do Castro de Avelãs. Esta fortaleza de raízes Afonsinas, reconstruída e reforçada por D. João I nos finais do século XIV, tem muito para mostrar dentro das muralhas, destacando-se a Torre de Menagem, a Torre da Princesa e também, a “Domus Municipalis”, a Igreja de Santa Maria e o Pelourinho. Destacam ainda dentro de muralhas as ruas estreitas com as suas típicas casas medievais.

A Domus Municipalis é o símbolo de Bragança e é o único edifício do país de arquitectura civil românica. Não se sabe exactamente a sua data de construção, mas existem documentos que indicam que foi edificada nos primeiros anos do século XV, coincidindo com a construção do castelo, no recinto amuralhado da cidade.

Tem forma de um pentágono irregular composto por um depósito de água subterrânea e uma ampla galeria com janelas a toda a volta. Era o lugar onde se reuniam os membros do concelho, para debater os negócios do governo e a administração de justiça.

A Igreja de Santa Maria, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora do Sardão, situa-se também como já se disse no interior das muralhas do castelo. É um templo de origem românica, considerado um dos mais antigos da cidade, com motivos barrocos devido a sua restauração no século XVIII.
A sua porta principal barroca encontra-se ladeada por colunas salomónicas e o seu interior, está dividido em três naves com colunas que sustentam arcos de meio ponto, merecendo especial destaque uma pintura do século XVIII, a imagem de Santa Maria Madalena situada no altar-mor e o retábulo do século XVII da Capela de S. Estêvão.

Após a visita da cidadela, saímos e fomos de mota visitar o resto da cidade fora de muralhas. A Catedral de Bragança constitui uma visita obrigatória. Construída no século XVI, esteve durante um tempo ocupada por padres Jesuítas, que lá instalaram um colégio. Depois dos Jesuítas terem sido expulsos, a reverteu à coroa e foi, mais tarde, doada à mitra de Miranda, sendo depois transferida para Bragança.

É também recomendada a visita ao Museu do Abade de Baçal, que se encontra situado entre a cidadela e a Sé Catedral, na Rua Abílio Beça. Encerra uma colecção de peças de arte sacra e pinturas em aguarela de Alberto Souza, bem como a apresentação de vários quadros em tamanho real, com os costumes locais.

Em seguida tivemos também a oportunidade de visitar o Centro Cultural de Bragança, situado do lado esquerdo da Sé Catedral, onde podemos visitar uma belíssima e inesquecível exposição de trabalhos do fotógrafo António Sá, natural de Espinho. De uma forma singela e cheia de criatividade, aliada à arte da sua técnica fotográfica, o autor, retratou para esta exposição o nosso belo património natural e monumental.
Fonte: Rotas&Destinos.xl.pt / aportugal.com

3º Dia - 3ª etapa - Passeio pelo Parque Nacional de Montesinho

Ao final da tarde, foi o momento do regresso a Bragança. Ao pé da nossa mota, uma placa indica Espanha e Puebla de Sanábria, o local de onde viemos e outra indica Bragança. É por aqui que seguimos.

A estrada sobe até ao planalto e por este segue por longos quilómetros, deambulando pela crista da Serra do Montesinho. Neste percurso pode admirar-se o enquadramento, paisagístico da região pois a Serra de Montesinho ergue-se imponente a noroeste e a Alta Lombada a leste.
É ali que se podem observar com alguma regularidade, o açor e a águia-real, que sobrevoam estas paragens em busca de alimento.

A breve trecho a paisagem agreste das encostas desnudadas vai aos poucos dando lugar a uma paisagem que varia desde as elevações planálticas da chamada Lama Grande, mais a norte, aos lameiros (campos mantidos sempre verdes e reservados ao pasto do gado) lá mais para baixo.
É ali que se encontra Varge, a única povoação que se encontra à beira da estrada, desde que se deixou Rio de Onor. É nesta aldeia que se pode saborear a famosa “posta mirandesa”, no restaurante “o Careto”, recomendado por vários sites gastronómicos. Mas ainda não tínhamos apetite, pelo que seguimos viagem.

Saindo de Varge, a paisagem ondulada de campo aberto, onde o lameiro e as terras de cereal são a tónica dominante. Mais para baixo, as matas, estão igualmente presentes e incluem carvalhais, soutos, pinheiros e vidoeiros.

Na estrada e do lado esquerdo, o rio de Onor acompanha-nos, num vale verdejante, sombreado por alto arvoredo. Quando chegamos ao cruzamento do aeroporto, que fica do lado direito da estrada, seguimos para a esquerda em direcção a Bragança.

Na direcção oposta, a estrada leva-nos à aldeia típica de Baçal, berço do erudito Abade de Baçal e às aldeias de Sacoias e Aveleda, mais adiante.

Começamos a descer lentamente e dali pode-se admirar o belo panorama da cidade de Bragança e da Serra de Nogueira que ficam em direcção ao sul.

Depois a paragem para o jantar, no restaurante “o Javali”, do lado direito da estrada, a caminho de Bragança, recomendado pela Michelin e onde se degustou um excelente javali estufado.

3º Dia - 2ª etapa (Parte III) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho - Visita a Rio de Onor


Pela estrada vinda de Espanha, chegamos a um vale luxuriante, com campos de altas ervas, entre figueiras e cerejeiras, até que se vislumbram as primeiras casas de Rihonor de Castilla.

Quando olhamos os caminhos, estes parecem querer levar-nos ao firmamento, mas não, eles estão ali para nos levar aos cantos e recantos dos campos cultivados de Rihonor de Arriba ou de Castilla, o lado espanhol da aldeia de Rio de Onor.

Do outro lado do rio, Rio de Onor é o ar puro, o canto dos pássaros, o ruído das águas e as paisagens de encantar…

O verde cerca-nos de todos os lados, as casas confundem-se na paisagem devido à cor do xisto. Algumas parecem abandonadas, outras recuperadas como deve ser, onde as tradições e materiais foram mantidos. São toscas estas construções mas ao mesmo tempo belas diante da sua simplicidade arquitectónica, onde invariavelmente o xisto é utilizado nas paredes e a lousa nos telhados.

Nestas casas de arquitectura genuína, a loja no rés-do-chão, estava destinada aos animais e no andar de cima alojavam-se os proprietários. Assim mantinham a casa aquecida no Inverno, já que o calor imanado pelos animais aquecia também os seus donos. As portas baixas e janelas minúsculas ajudavam na tarefa, pois as reduzidas dimensões dessas aberturas não deixavam escapar o calor que advinha dos animais.

Junto às casas as vassouras de junco! Sempre adorei estas vassouras, antigas, ancestrais vassouras de galhos, de matos, de bruxa... Como lhes queiramos chamar. E elas ali estavam, quase em todas as portas das lindas casas de Rio de Onor.

Em passeio por Rio de Onor é permitido vislumbrar as fainas campestres, o deambular de bois por caminhos, a silhueta do cavador e os gestos integrais de dedos trabalhadores e rostos maduros e soberbos, colocando em nosso olhar imagens absolutamente subtis e quase etéreas!

Nos campos de cultivo, as hortas predominam. As vinhas em latada, marginam os campos de cultivo e as árvores e arbustos encontram-se por lá, um pouco por todo o lado. Não podemos dizer que se erguem, de tão baixas, ao alcance da mão de qualquer criança. Não podemos dizer que se escondem, de tão abertas de pernadas. Não podemos dizer que se recolhem, porque os quintais não tem sebe. E os campos ali estão, para serem partilhados e cultivados por todos...

A vegetação cerca-nos de todos os lados. Está à mão do nosso olhar, para que possamos enfrentar as imagens verdes do folhedo. Verdes, de um verde tenro e húmido, estão à mão da nossa mão, para que as toquemos.

Os excertos fotográficos que ali são captados, evidenciam a variedade de paisagens ao longo do curso do rio de Onor pela aldeia, e que proporciona ora, o conhecimento da natureza agreste e "bravia" do rio, ora, o contacto íntimo com o ambiente calmo e tranquilo das suas águas "mansas". É assim possível, experimentar sensações desencadeadas pelo ambiente aprazível e pela beleza natural destes lugares ímpares.

No final (ou começo da aldeia, dependendo do lado em que se entra), encontra-se a casa de Deus. Ao fim do dia, tocam os sinos da torre da igreja e até parece haver rosmaninho e alecrim pelo chão!...

3º Dia - 2ª etapa (Parte II) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho - Rio de Onor

Após visitarmos Rihonor de Castilla, a parte espanhola da aldeia passámos a antiga ponte medieval de alvenaria e três arcos, sobre o Rio de Onor e encaminhámo-nos para o lado português da aldeia.

A estrada do lado espanhol, em alcatrão, deu lugar a uma estrada de paralelepípedos em pedra, bem regularizada, como nos fez notar um casal de agricultores, que simpaticamente nos recebeu do outro lado da ponte. Estávamos agora na parte portuguesa da aldeia de Rio de Onor!...

Do lado português, continuamos a apreciar as casinhas típicas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, mas agora encontramos mais gente e as casas estão bem recuperadas.

A aldeia de Rio de Onor fica num vale luxuriante, onde corre esperto o rio com o mesmo nome, com soutos verdejantes, recoberto de culturas hortícolas em contraste óbvio com a aridez dos grandes planaltos circundantes.

É uma aldeia de fronteira, incluída no perímetro do Parque Natural de Montesinho e protegida pelas imponentes Serras de Montesinho (a poente), Sanábria (a norte) e Guadramil (a nascente).

As habitações perfilam-se ao longo de duas ruas paralelas, de cada um dos lados do rio de Onor. A aldeia de Rio de Onor é um caso emblemático, reforçado pela sua posição fronteiriça, com a sua homónima espanhola, Rihonor de Castilla.

A do lado espanhol chama-se Rihonor de Castilla ou Rihonor de Arriba e a parte do lado português é chamada de Rionor de Abajo ou oficialmente, Rio de Onor.

Os habitantes chamam-lhe simplesmente “al lugar”, quando se exprimem no seu dialecto próprio, uma das muitas características ímpares desta aldeia. O rionorês é um dialecto muito antigo, baseado na velha língua leonesa, uma vez que estas terras pertenceram outrora ao Reino de Leão, hoje fortemente influenciado pelas línguas ibéricas modernas e não muito diferente do guadramilês, praticamente esquecido, que era falado na aldeia vizinha.
Apesar dos documentos mais antigos que referem Rio de Onor datarem do tempo de Afonso III, presume-se que a sua origem é muito mais antiga, talvez anterior à fundação da nacionalidade, tendo a aldeia sido cortada em duas quando se definiram as fronteiras na região.
A estreita relação existente entre os dois núcleos da aldeia (impensável no caso de povoações separadas, para mais pertencentes a reinos distintos e rivais), parece confirmar esta tese. Houve em Trás-os-Montes outras aldeias cortadas pela linha divisória dos dois países, mas apenas Rio de Onor chegou assim, aos nossos dias.

As tradições comunitárias ainda se conservam vivas, sob a forma da posse colectiva de alguns bens, como os campos, os moinhos e os rebanhos. O modo de administração rural, é ainda hoje, levada a cabo por dois mordomos, designados pelo conselho, uma assembleia que reúne representantes de todas as famílias da aldeia.

Outrora os mordomos eram eleitos, mas actualmente existe um esquema de rotação cíclica, de modo a que todos possam exercer as funções. De salientar que a organização social da aldeia portuguesa se conservou mais ao jeito tradicional do que a da sua gémea castelhana.
Fonte: aboutportugal-dylan.blogspot.com

3º Dia - 2ª etapa (Parte I) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho

Após a saída de Puebla de Sanábria, rumámos a Rio de Onor, uma linda e típica aldeia portuguesa situada junto à fronteira e integrada no Parque Natural de Montesinho.

A estrada sobe a Serra de Sanábria, imediatamente a partir de Puebla de Sanábria e rapidamente se atinge grande altitude. Lá em cima é o momento de parar e contemplar a vista esplendorosa que o local nos oferece.

O panorama é maravilhoso. Puebla de Sanábria destaca-se lá em baixo, no meio de uma planície verdejante, banhada pelo rio Tera que a serpenteia majestoso.

Depois continuamos a subir a estrada estreita que segue para a fronteira portuguesa até Ungilde, que encontramos à esquerda. Ungilde é uma povoação situada a meia encosta, da qual pouco reza a história e que se presume que, tal como as restantes terras de Sanábria, teria sido ocupada ao longo dos tempos, por celtas, romanos, suevos e visigodos.
Foram terras que estiveram muito tempo sob a alçada do Mosteiro de San Martín de Castañeda, tendo as povoações que pagar dotação anual aos monges. Mais tarde passaram a pertencer ao Bispo de Lugo, um facto citado em vários documentos.

Sempre a subir são percorridos muitos quilómetros, onde predominam os matos pobres abrangendo uma área considerável. Depois sempre pela crista da serra, chega-se a um alto planalto e ali paramos, para descansar e admirar a paisagem.

Ali estende-se à nossa frente, um lugar de paz imensa, ar saudável e luz intensa, com vegetação arbórea e arbustiva, onde o pinheiro, a urze, as giestas e a carqueja em flor, marcam a paisagem.

Após o descanso, seguimos viagem e a partir de certa altura vai-se descendo muito lentamente até se atingir o vale. É nele que encontramos as primeiras casas e campos de cultivo de Rihonor de Castilla, também designada de Rihonor de Arriba, que encostada à linha de fronteira nos recebe silenciosa.

À distância de uns passos, do lado de lá da ponte e separada apenas pelo rio, a parte portuguesa da aldeia, que toma o nome de Rio de Onor.

O rio, não chega a ser ali um real obstáculo, uma vez que não serve de fronteira. Esta é feita através de uma linha imaginária, que divide a aldeia a meio.

Junto da ponte, ainda do lado espanhol, parámos numa sombra junto ao rio. Estacionamos a mota e caminhamos para o interior da aldeia da parte espanhola. Com as suas típicas casas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, a aldeia parece estar abandonada.

Toda a aldeia, preserva um carácter bastante arcaico e rústico, “casando” perfeitamente com a belíssima paisagem natural. No deambular pelas ruelas da aldeia do lado espanhol, observamos algumas casas de construção recente, mas na sua grande maioria, as casas estão efectivamente abandonadas, encontrando-se até algumas já em ruinas.

Junto ao rio, encontrámos três mulheres, que conversavam falando um estranho castelhano, sentadas em cadeiras à porta de casa. Foram estas as únicas pessoas que vimos do lado espanhol.

3º Dia - 1ª Etapa (Parte II) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho

Pelo vale passamos a fronteira e encaminhamo-nos para a pequena aldeia de Calabor, onde parámos para um pequeno descanso e lanche num café / loja, onde degustámos tapas de queijo e presunto serranos.

Ao balcão a proprietária, uma portuguesa muito bonita, da fronteira, casada com um espanhol da aldeia, sendo em seu dizer, vulgar este tipo de casamentos por aquelas paragens. Pelos vistos ali não se aplica o velho ditado português: “De Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos” e ainda bem, até porque eu acredito mais no também velho ditado português, muito acertado por sinal, que diz: “Santos da casa não fazem milagres”.

A seguir começa-se a subir acentuadamente, por estrada sinuosa até ao alto da serra. Lá em cima, a cerca de 1350 a 1400 metros de altitude, abre-se uma forte radiação solar e ar fresco e muito vivo. Ali a estrada atravessa locais de rara beleza, disfrutando-se de magníficos panoramas, que não se devem deixar de contemplar demoradamente.

Olhando lá de cima, quer para norte, quer para oeste, podemos verificar o desenvolvimento ondulado da Serra de Montesinho, numa sucessão de formas arredondadas, aqui e ali separadas pelos vales de rios profundamente encaixados.

Para nordeste a cordilheira da Serra de Sanábria, para leste a alta e baixa Lombada e para sul a cidade de Bragança e a Serra de Nogueira. É uma autêntica vista aérea, onde não se vê o fim à paisagem.

Tínhamos subido tudo o que tínhamos de subir. Da estrada no alto da serra, vão-se observando as serranias à nossa volta, sendo ali facilmente observados milhafres reais, que em busca de alimento sobrevoam aquelas paragens. A descida de início é mais íngreme, mas torna-se aos poucos mais suave.
Ainda na descida e depois de um troço de muitas e acentuadas curvas, a estrada toma o rumo Este, aparecendo do lado esquerdo, rebaixada em relação ao nível da estrada, a primeira povoação do lado Norte da serra, a aldeia de Pedralba de la Paderia.

Passado algum tempo chegamos a Lobeznos e a partir dali, é um vale que nos acompanha até Puebla de Sanábria, que de longe nos acolhe e que nos aparece um pouco mais à frente, em todo o seu esplendor, após uma leve curva da estrada.

Puebla de Sanábria fica situada em cima de um promontório rochoso, que se destaca ao longe e onde se encontra o burgo antigo. É uma pequena cidade de origem medieval, cujas construções mais recentes lhe foram descaracterizando os flancos.

No entanto o velho burgo continua a merecer uma visita atenta. O monte onde se empoleira é encimado pelo Castelo dos Condes de Benavente, cuja possante torre central é chamada de “El Macho”. O burgo derrama-se por ruas empedradas, estreitas e íngremes, ladeadas de edifícios antigos, muitos deles de traça solarenga.

A visita atenta e demorada, não foi possível desta feita, mas ficou prometido que ali voltaríamos, pois tínhamos de fazer a viagem de regresso a tempo de visitarmos a bonita aldeia de Rio de Onor.

3º Dia - 1ª Etapa ( Parte I) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho

A zona do Parque Natural de Montesinho, a visitar naquele dia, é a mais setentrional, localizando-se junto à orla fronteiriça e abarcando uma ampla parcela do parque e ainda parte da Serra de Sanábria.
A primeira etapa foi feita ao início da tarde, de mota, desde o parque de campismo, em Bragança, a caminho de França até Puebla de Sanábria. Puebla fica já em Espanha, a cerca de 40 quilómetros a Norte e para lá chegarmos fizemos a estrada (103-7), afim de se atravessar a fronteira em Portelo.

O caminho faz-se por uma estrada que sobe muito levemente, com algumas curvas acentuadas até à povoação de Rabal. Depois da aldeia de Rabal estende-se mais um troço, com características de relevo semelhantes ao torço anterior.

A estrada vai subindo lentamente, e mais à frente quando a subida acaba, estende-se à nossa frente uma zona plana que, por entre prados, ali chamados lameiros, campos de cereais e aqui e além, pequenas hortas delimitadas por escassos vinhedos em latada, entrecortados por sebes de silva ou linhas de arvoredo e bosques, que nos levam sem grandes sobressaltos à aldeia de França.

Na última curva antes de chegar à aldeia de França, deparamo-nos com um soberbo espectáculo. A aldeia de França, aninha-se no seu maravilhoso vale, numa prega de terreno, em posição baixa, tendo como pano de fundo os contrafortes da Serra de Montesinho.

Junto ao casario estende-se uma vasta campina, planura verdejante retalhada em pastagens e campos de cultivo, alternância também ela dominante na rústica economia local, dividida entre a pastorícia e o amanho dos solos. Tomando um desvio de terra a seguir à ponte, valerá a pena dar um pulo ao Centro Hípico e apreciar os belos animais ali existentes.

Para além dos apreciáveis trechos de paisagem, uma outra excepcional riqueza jaz oculta no subsolo desta freguesia. As antigas minas de estanho, de ouro e de prata, hoje estão abandonadas por já não possuirem filões produtivos. Destes, os de ouro e prata localizam-se junto a França e os filões de estanho localizam-se próximo do Portelo.
As terras à volta da aldeia, estendem-se numa alargada superfície montanhosa e planáltica, em plena Serra de Montesinho, sendo este território cortado pelo rio Sabor e pela ribeira das Andorinhas.

Passa-se agora por um vale verdejante entre a aldeia de França e a pequena aldeia de Portelo, onde as casas rurais em granito e lousa, bem como a marcante vida rural podem ser facilmente observadas.
Fonte: ecodanoticia.net