Um dia de sol acordou-nos e depois do almoço, lá fomos nós para Avis, visitar a vila, que ficava a uns escassos quilómetros da zona de lazer, onde deixámos a autocaravana. O percurso foi feito de mota, o que deu muito jeito, pois a vila ficava lá no alto.
Quem chega a Avis é surpreendido pela imponência de uma vila cuja brancura se destaca altiva, do verde da paisagem envolvente e que tem um brilho especial conferido pelas águas da albufeira e das ribeiras que se estendem a seus pés.
Erigida sobre um morro de granito que atinge os 201 metros de altitude, Avis oferece aos visitantes paisagens deslumbrantes e inesquecíveis. Do cimo dos seus miradouros, o vento traz-nos sussurros da sua história e das torres do Castelo que ainda existem ou da varanda do Jardim do Mestre é possível perder o olhar nos vastos campos que rodeiam
Avis, até ao longínquo horizonte.
Com o seu gracioso traçado medieval, de ruas estreitas e tortuosas e pequenas casas que exibem a típica chaminé dianteira,
Avis ainda preserva alguns dos seus traços originais, mas o inevitável desenvolvimento trouxe novos bairros bem menos característicos.
O centro histórico, de traçado medieval, constituído por um bonito casario branco, com faixas coloridas de amarelo ou azul, respira história e tem muito para mostrar. Destacam-se nele as ruínas do Convento de S. Bento de Avis, cuja origem remonta a 1211. Parte do edifício é hoje ocupado pelos Paços do Concelho, que fez outrora parte da residência dos Mestres da Ordem de Avis.
A sua Igreja Matriz e o seu bonito Pelourinho, mostram orgulhosos o encanto próprio da arquitectura do Alto Alentejo. Do Castelo de Avis subsistem ainda três das suas seis torres. A Torre da Rainha ou do Convento (junto às portas do Anjo e do Arco), Torre de Santo António (a ocidente) e a Torre de S. Roque (a nordeste).
O castelo encontra-se agora em ruínas, mas o enorme convento igualmente fundado pela Ordem de Avis, embora parte dele abandonado e com grandes estragos, é ainda o monumento mais imponente da vila. Do castelo ainda restam alguns pedaços de muralha, aproveitados como paredes de fundo para algumas construções mais recentes.
O povoamento primitivo do território que corresponde ao actual concelho de Avis é bastante remoto, tendo sido encontrados vários vestígios arqueológicos que comprovam a sua ancestralidade por todo o concelho, com vários monumentos megalíticos e vestígios de populações bem antigas.
A vila de Avis desempenhou um papel de destaque na história do nosso País, por ter sido a sede de uma das mais importantes Ordens Militares e ter dado nome à mais emblemática dinastia portuguesa, iniciada por D. João, Mestre de Avis, (filho bastado de D. Pedro). O que resta do seu Castelo conta-nos hoje em dia a história destes outros tempos, em que as ordens militares povoavam, defendiam e construíam cidades.
A primeira referência ao lugar de Avis em documentação medieval portuguesa data do século XIII, quando, no âmbito da Reconquista, ali foi sedeada uma importante Ordem Militar que adoptou o mesmo nome, a Ordem Militar de Avis.
O origem do nome da Ordem de Avis bem como do seu castelo, estão ligados a uma lenda, que conta que alguns frades andavam a procurar o local ideal para a construção de uma fortaleza, e num monte, frente ao território ainda sob domínio muçulmano, viram duas águias pousadas num sobreiro. Esta observação das águias foi considerada como um sinal favorável e decidiram a construção do castelo naquele local, a que chamaram Avis, uma vez que em latim significa ave. As águias tornaram-se assim parte integrante do símbolo da Ordem.
A vila foi fundada em 1214 pelo mestre da Ordem Militar de Avis, e segundo reza a lenda, o seu castelo foi construído em segredo durante a noite, para que os mouros na vizinhança não fossem alertados, e em cada manhã as muralhas meio construídas eram tapadas com ramos.
Esta ordem usufruía, de um forte poder secular e religioso na vila, não tendo sido permitida a instalação de qualquer outra entidade religiosa, de forma a evitar a existência de mais um concorrente na posse de bens e direitos.
A definição da origem de Avis não é, no entanto, consensual, uma vez que alguns documentos apontam para a preexistência desta localidade em relação à Ordem Militar que ali se instalou, fazendo referência à doação destas terras por Afonso II aos frades de Évora, em 1211, para que aí construíssem uma fortaleza e formassem uma povoação.
Na vila de Avis, o passado, o presente e futuro abraçam-se num jogo constante em que não se confrontam mas se unem para proporcionar uma riqueza única. O passado deixou as suas marcas nos monumentos, nas histórias e nas tradições que se mantêm ainda vivas, pela sabedoria popular e pela memória das gentes que, com a sua arte e engenho, as transpõem para o artesanato, que nasce da sua dedicação, e para a gastronomia, que reflecte as riquezas e os hábitos locais...
Após a visita à vila de Avis que nos deixou encantados, fomos para o parque de campismo já ao final da tarde. O jantar ao pôr-do-sol e a quietude do lugar, fez deste momento um dos muitos episódios de viagem, que se tornam para sempre inolvidáveis.
Sites: Viajar.clix / Câmara Municipal de Avis
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