Está bem, pronto. A revolta começa
aqui. As pessoas felizes não sofrem quase nada! Todos agora: Hi! hi! hi!...
Miguel Esteves Cardoso, A
Felicidade, in 'Os Meus Problemas' (ASSÍRIO
& ALVIM, 11ªedição, páginas 125-127)
Mostrando postagens com marcador Divulgação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Divulgação. Mostrar todas as postagens
Ninguém Tem Pena das Pessoas Felizes
Marcadores:
Crítica Social,
Divulgação,
Educação
O mal primordial: o orgulho nosso de cada dia
“Não era a
vaidade que a atraia para o espelho, mas o espanto de descobrir-se.”
Milan Kundera
A vaidade é um
sentimento de todos nós. É um sentimento, mais escondido nuns e mais evidente
noutros, mas é comum a todos, e é ela que na maioria das vezes, nos impulsiona
para a conquista da nossa vida ou mesmo a do mundo. Não quero a última, mas
quero sem dúvida a primeira!...
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo
sabe,
Que tem a inspiração pura e
perfeita
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que
deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e
insatisfeita
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda
curvada!
E quando mais no céu eu vou
sonhando,
E quando mais no alto ando
voando,
Acordo do meu sonho... E não
sou nada!
Florbela Espanca, Vaidade, in Sonetos
Um dia, o mais belo arcanjo, Lúcifer, disse Eu, em
vez de Nós. Surgia o ser individual
que se destacava da criação e buscava um lugar de consciência de si, onde antes
só havia o coletivo da criação. Iniciava-se a história.
Na mitologia religiosa, o mensageiro do Mal preside ao
pecado original da soberba e da vaidade.
O mundo contemporâneo rebatizou a soberba como
autoestima e a necessidade de se amar acima de tudo, como repete o mantra de
quase toda a literatura que vende felicidade em drageas nas bancas dos
aeroportos.
A humildade, o recato e a modéstia, passaram de
virtudes a deficiências de lítio.
Este encontro de mais um Café Filosófico, trata do mais original e primordial de todos os
pecados, o orgulho, capaz de seduzir
a todos, especialmente aqueles que se consideram humílimos.
De atributo maléfico, o orgulho virou parte do mundo
burguês contemporâneo. A virtude/defeito erigiu estátuas, criou biografias e
deleites pessoais. Perdida a inocência/humildade original, resta o anseio pelo Nós, rejeitado pelo pai da mentira, ou
seja, pelo pai de todos nós.
Filhos legítimos do individualismo orgulhoso, lutamos
pela adoção de um mundo humilde e voltado ao outro, ou seja, o mundo oposto a
todos nós.
Apátridas, vagamos fixados na miragem do humilde
modelo criado por nós, que insiste em estar além do espelho borgiano. Parte
deste Aleph pode ser encontrado ao destrinçar-se o fascinante mundo do orgulho.
Esta é mais uma
excelente palestra de Leandro
Karnal, historiador, doutor em História Social pela USP,
professor da UNICAMP e autor de diversos livros.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cpxVd5whW9U http://www.citador.pt/
http://www.cpflcultura.com.br/evento/cafe-filosofico-cpfl-o-mal-primordial-o-orgulho-nosso-de-cada-dia-com-leandro-karnal/
Marcadores:
Café Filosófico,
Divulgação,
Educação,
Partilhar
Viagens no Espaço e no Tempo
Neste oitavo episódio da
série Cosmos, Carl Sagan diz-nos que fomos sempre viajantes dentro da Via Láctea e que as
raízes do presente estão enterradas no passado.
O Cosmos é imenso sem
limites, e nele há mais estrelas que grãos de areia em todas as praias da
Terra. As estrelas que vimos são apenas a menor fração das estrelas que
realmente existem.
Se conseguíssemos observar
os céus durante milhões de anos, as constelações mudariam de forma conforme as
estrelas que as compõem e que ao longo dos tempos se vão movendo e evoluindo.
Assim, os nossos antepassados distantes viram constelações diferentes das
atuais, e os nossos descendentes no futuro, irão ver formatos também diferentes
nos agrupamentos estelares.
Com Carl Sagan, circundamos a Ursa Maior para a vermos sob uma nova
perspetiva. Se fossemos habitantes de um planeta noutro sistema estelar,
veríamos as estrelas agrupadas também de modos diferentes.
Mostra-nos então, a Constelação
de Andrómeda, próxima da constelação de Perseu. Na mitologia grega Andrómeda
era uma donzela filha de Cefeu, que estando aprisionada por um monstro marinho
enviado por Posídon (rei dos mares), foi libertada por Perseu, que com ela
casou. Fala-nos da sua estrela Beta Andrómeda, a segunda estrela mais brilhante
da constelação, a 75 anos-luz da Terra, dizendo-nos que se esta estrela
explodisse amanhã, nós só o saberíamos daqui a 75 anos.
Como viajando numa máquina
do tempo, deduz o que sucederia se pudéssemos alterar o passado e em seguida viajamos
até aos planetas de outros sistemas estelares e quando voltamos encontramos uma
Terra muito mais velha do que aquela de onde havíamos partido.
Mas será que não
conseguiremos viajar a uma velocidade maior do que a velocidade da luz? Carl
Sagan para iniciar a explicação da Teoria da Relatividade, começa por nos
contar como Albert Einstein chegou às conclusões que o levaram a essa teoria.
Leva-nos então à Toscana,
no norte de Itália, que é um lugar intemporal e foi nela que em 1895, um jovem
alemão excluído de uma escola alemã se fixou, encontrando ali um reino livre
para a sua mente explorar.
Foi este jovem que começou
a pensar sobre a luz, e sobre como ela viaja rápido. Mas como todos os corpos
estão em movimento constante, pois a própria Terra gira a mais de 1600 Km por
hora, era difícil para o jovem poder imaginar um padrão absoluto, contra o qual
podia medir todos os outros padrões relativos.
Ele
tinha ficado fascinado pelo Livro Popular
das Ciências Naturais, escrito por Bernstein em 1869. Logo na primeira página
do livro ele encontrou uma descrição sobre a assombrosa velocidade da
eletricidade pelos fios e da luz pelo espaço.
Refaz assim o sonho de adolescente de Albert
Einstein de viajar num feixe de luz, e explica-nos primorosamente a sua Teoria da Relatividade, e as deduções que
preveem que a velocidade da luz produziria estranhos efeitos, mas daria aos
exploradores espaciais a possibilidade de, numa só vida, irem até ao centro da
galáxia. Mas voltariam, contudo, a uma Terra muito mais velha do que aquela de
onde haviam partido.
Carl
Sagan ainda em Itália, na cidade de Vinci, fala-nos também de
Leonardo da Vinci e da sua paixão
por poder um dia voar, que desenhou tantas paisagens aéreas e que fez tantos
projetos e protótipos para que o homem pudesse voar, mas que nunca resultaram, porque
a tecnologia não estava preparada.
Na mesma sala onde estão
algumas das réplicas de protótipos de Leonado
da Vinci, Carl Sagan mostra-nos
projetos de naves espaciais preliminares (Oríon e Dédalo), que nos poderão
levar um dia às estrelas. Diz-nos no entanto que este é um objetivo para mais
de mil anos e os motores dessas naves teriam de ser do tamanho de pequenos
mundos.
Explica-nos em seguida, os
efeitos decorrentes da velocidade da luz e as suas implicações em teóricas
viagens no tempo ou em viagens interestelares.
Para isso compara a
história, com uma multidão complexa de fios profundamente entrelaçados,
representando forças biológicas, económicas e sociais, que não se desembaraçam
com facilidade.
Diz-nos que os gregos
antigos imaginavam que o curso dos eventos humanos eram constituídos por uma
espécie de tapeçaria criada por 3 deusas, as Parcas (Nona, Décima e Morta).
Factos menores aleatórios geralmente não têm grandes consequências, mas alguns
que ocorrem em conjunturas críticas podem alterar a tecedura da história,
podendo até haver casos em que mudanças profundas podem ser feitas por ajustes
relativamente triviais.
Diz-nos também que quanto
mais um facto está no passado, mais poderosa é a sua influência. Por isso para
afetar profundamente o futuro, um viajante no tempo teria que escolher, entre a
probabilidade de intervir em vários factos que estão selecionados muito
cuidadosamente, para poder mudar a tecedura da história.
Parte então a bordo de uma
imaginária Máquina do Tempo de Herbert George Wells, para explorar a fantasia dos mundos
imaginários que nunca existiram.
Diz-nos
que, se, Paulo, o Apostolo ou Pedro, o Grande, ou mesmo Pitágoras não tivessem
existido, o mundo seria muito diferente daquilo que é hoje. Pergunta ainda se
algumas das luzes do florescimento da ciência, como a dos antigos jónios, não
se tivesse apagado, como estaríamos? E outras perguntas são feitas, para
concluir que talvez tivéssemos poupado dez ou vinte séculos e já estivesse-mos indo
às estrelas.
No
final faz uma viagem imaginária para as estrelas e para os mundos à volta delas
que permanentemente nos chamam…
Fala-nos então na evolução
do universo e a da vida na terra, falando-nos também de nós humanos, dizendo
que enfrentamos um ponto de ramificação critico na história.
O que fazemos neste
momento na Terra vai-se propagar pelos séculos e afetar a vida dos nossos
descendentes. Os erros que cometermos agora irão comprometer a nossa
civilização no futuro.
Se nos deixarmos cair na
superstição, na ganância ou na estupidez, poderemos mergulhar o nosso mundo numa
escuridão mais profunda do que o intervalo de tempo entre o colapso da
civilização clássica e o Renascimento italiano.
Mas também somos capazes
de usar a nossa compaixão e a nossa inteligência, a nossa tecnologia e riqueza
para fazermos uma vida plena e significativa para todos os habitantes deste
planeta que é a nossa casa. Para aumentar enormemente o nosso entendimento do
Universo e levar-nos às estrelas…
Fonte:
http://www.youtube.com/watch?v=cqfOU_iRl2U http://pt.wikipedia.org/
Marcadores:
Ciência,
Divulgação,
Educação,
Partilhar
A Perda da Amizade no Mundo Contemporâneo
Num momento em que as
relações de amizade se fazem de acordo com interesses comuns por vezes bastante
dúbios ou mesmo clubísticos, é importante fazer a real diferenciação entre o
sentimento de amizade e a mera junção de partes.
Nesta palestra, de mais um
Café Filosófico, Olgária Matos fala-nos
da perda do sentimento da amizade real no mundo contemporâneo e quais as
consequências desse processo.
Começa no entanto, por
fazer uma abordagem, a partir dos gregos, dizendo-nos como os laços afetivos
eram construídos e quais as consequências da sua rutura, onde a ideia de
amizade estava associada diretamente ao espaço público e regia as relações entre iguais, enquanto cidadãos da Pólis.
A essa visão política da
amizade, os renascentistas acrescentaram a ideia do divino. Para eles, a amizade
é uma experiência sacra e pela amizade o homem se diviniza.
Olgária
Matos é filósofa e professora titular de Teoria das Ciências
Humanas do Departamento de Filosofia da USP e Autora dos livros, “Os Arcanos do
inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução (editora
Brasiliense); O Iluminismo Visionário: Walter Benjamin, leitor de Descartes e
Kant (editora Brasiliense), entre outros.
A não perder!...
Marcadores:
Café Filosófico,
Divulgação,
Educação,
Partilhar
A Coluna Vertebral da Noite
“As estrelas são sois, mas muito distantes. O
sol é uma estrela, mas muito próxima.”
O 7º Episódio da série Cosmos, é sobre o nascimento do
pensamento científico na nossa civilização e em nós mesmos.
Carl
Sagan inicia-o dizendo-nos que se não nos autodestruirmos
iremos um dia viajar até às estrelas distantes. As estrelas que no passado eram
um mistério, passaram a ser entendidas, tal como nós passamos da ignorância ao
conhecimento.
De modo nostálgico,
leva-nos até Brooklyn onde viveu na sua infância e relembra as suas primeiras
indagações sobre as estrelas e a sua primeira ida à biblioteca, na rua 86, onde
pediu um livro sobre estrelas, que pela primeira vez lhe abriu horizontes sobre
o assunto.
Leva-nos também à sala de
aula onde estudou, numa escola de Brooklyn, incentivando os atuais alunos em
relação às então novas descobertas da Astronomia.
O que são as Estrelas?
Tempos houve em que os humanos curiosos imaginaram que as estrelas eram
fogueiras no céu, mantidas acesas por magia. Mostra como a Via Láctea foi
interpretada de diferentes modos ao longo da história, inclusive como a "Coluna Vertebral da Noite",
expressão cunhada pelos ǃKung (povo do deserto do
Kalahari), do Botsuana, que dá título ao episódio. Acreditavam que a Via Láctea
segurava os céus, que se não fosse ela os corpos celestes cairiam em cima de
nós.
Eram tempos difíceis, em
que os homens não entendendo os fenómenos naturais, acreditavam que eram os
deuses que se zangavam por pouco. A Natureza era um mistério, era muito difícil
perceber o mundo. Indefesos perante a Natureza, eles inventaram rituais e
mitos, alguns desesperados e cruéis, outros imaginativos e benignos.
Da África, Carl Sagan segue para a Grécia,
tida como berço
do pensamento racional no ocidente, onde nos apresenta Tales de Mileto e Polícrates. Após comentar sobre vários
pré-socráticos, critica os pensadores do período clássico, na medida da visão
dualista, principalmente de Platão, que teria legitimado aquilo que Marx chamou
modo de produção escravista.
Diz-nos então que há 25
séculos, na ilha grega de Samos, e nas outras colónias gregas que tinham
crescido no apinhado Mar Egeu, houve um glorioso despertar científico. Estes
homens foram os arquitetos que fizeram a ligação do seu mundo, com o nosso.
Havia gente que acreditava que eramos feitos por átomos, que as doenças não
eram causadas por deus enfurecidos, e que a Terra era apenas um planeta que
girava em torno do Sol.
Esta revolução tirou o
Cosmos do caos. Descobriram que a Natureza não era totalmente imprevisível e
que havia regras que até ela tinha que obedecer. Foi o primeiro conflito entre
ciência e misticismo, entre a Natureza e os Deuses.
Mas porque é que isto
aconteceu nestas ilhas remotas do Mediterrâneo oriental? Ali, havia colónias
recém-formadas e o isolamento promovia a diversidade. Embora tivessem contacto
direto com mercadores e marinheiros da África, Ásia e Europa, havia uma
interação vigorosa e impetuosa de tradições, preconceitos e crenças, havendo um
contacto com culturas diversas, trocavam mercadorias, histórias, saberes,
línguas e ideias.
A pesquiza livre tornou-se
possível e como estavam além das fronteiras dos impérios, eram povos que
estavam prontos para experimentar. Quando estamos abertos para questionar
rituais e práticas tradicionais, descobrimos que uma pergunta leva a outra. Se
havia vários deuses para a mesma coisa, porque não adotar os dois? Foi aí que
surgiu a grande ideia, a compreensão de que havia uma forma de compreender o
mundo, sem a hipótese do deus.
Esta foi a grande
revolução que aconteceu entre 600 e 400 a.C., e foi nestas ilhas que nasceu a
ciência. Foi conseguida pelo mesmo povo prático e produtivo que fez a sociedade
funcionar. Os pioneiros da ciência foram os mercadores e os artesãos, sendo o
primeiro deles, Tales de Mileto, um
homem viajado que conhecia a Babilónia e o Egipto.
É aqui que se inicia a
segunda parte deste vídeo e Carl Sagan
fala-nos dos pré-socráticos, como Heráclito,
Tales de Mileto, Anaximandro, Demócrito… Biólogos, geógrafos,
matemáticos, astrónomos, políticos e filósofos. Diz-nos que o legado duradouro dos jónios são as ferramentas e técnicas que eles desenvolveram e que continuam a ser a base da tecnologia moderna. Os práticos e os teóricos eram um só. Deste misto de pensamento abstrato e da experiência do dia-a-dia, nasceu a Ciência. Quando estes homens práticos viraram a atenção para o mundo natural, começaram a descobrir maravilhas ocultas e possibilidades espantosas.
Fala-nos então da abordagem de Tales de Mileto, que era baseada em que o
mundo não era feito pelos deuses, mas sim o resultado de forças materiais
interagindo na Natureza. Tales trousse
dos lugares por onde andara as sementes de novas ciências, a Astronomia e a
Geometria, que iriam germinar no solo fértil da Jónia.
Carl Sagan fala-nos então da geração
de Teodoro, um engenheiro mestre da
época a quem é creditada a invenção da chave, da régua, do quando de
carpinteiro, do nível, do torno e da fundição do bronze.
De Anaximandro, discípulo de Tales de Mileto, que estudou a perfusão de criaturas e viu as suas
inter-relações, concluindo que a vida teve origem na água e na lama,
colonizando em seguida a terra seca. Anaximandro dizia que o ser humano devia
ter evoluído a partir de formas mais simples, e esta magnífica perceção teve
que esperar vinte e quatro séculos para que esta verdade pudesse ser
demonstrada por Charles Darwin.
De Aristarcos, que sugeriu que era o Sol e não a Terra que estava no
centro do sistema solar.
De Demócrito de Abdera, que acreditava que nada
acontecia aleatoriamente, e que tudo tinha uma causa material. É dele uma sábia
frase: “Eu prefiro entender uma causa, do que ser o rei da Pérsia”.
Acreditava que a pobreza numa democracia era melhor que a riqueza numa tirania.
Acreditava que as religiões da sua época eram más e que não existiam almas nem
tão pouco deuses imortais. Felizmente não constam perseguições feitas a Demócrito, talvez por ele ser da
pequena ilha de Abdera, numa altura que se iniciava uma aceitação de ideias diversas
das convencionais.
Nada foi esquecido por
estes ávidos cientistas e até o ar foi objeto de pesquisas detalhadas, mostrando-nos
vários exemplos de objetos e falando-nos de várias conclusões sábias que resultavam
de mentes com os mais altos poderes lógicos e intuitivos.
Na caverna de Pitágoras, em Samos, Carl Sagan descobre também um lado
diverso do pensamento grego, o mundo místico guardado por uma irmandade erudita
que trabalhava para ocultar do povo o conhecimento que possuía.
Fala-nos em seguida de Platão e de Pitágoras (que pela primeira vez usou a palavra “Cosmo” e que
inventou a palavra filosofia – amizade ao saber), dizendo-nos que eram
matemáticos e místicos totais, que testavam ideias contra observação.
Diz-nos que embora estes
homens tenham avançado muito na Ciência, eram ao mesmo tempo muito seletivos,
guardando apenas os saberes para uma pequena elite, o que atrasou de modo
significativo o libertar do esforço humano.
Mas o que é que a Ciência
perdeu? Que apelo é que os saberes de Pitágoras e Platão tinham para os seus
contemporâneos? - Eles proviam justificativas intelectualmente respeitáveis
para uma ordem social corrupta. A democracia Grega era aplicada apenas a alguns
privilegiados, como é próprio de uma sociedade escravocrata. Assim os livros
que guardavam os saberes dos cientistas jónios, foram totalmente perdidos e
suas visões foram suprimidas, ridicularizadas e esquecidas, quer pelos
platónicos, quer pelos cristãos, que adotaram muito da mesma filosofia.
Mas depois de um longo
sono místico em que as ferramentas da pesquisa foram estragadas, a abordagem
científica jónica foi redescoberta. A experimentação e a pesquisa aberta
tornaram-se novamente possíveis e o mundo ocidental despertou novamente, dando
à ciência jónica o valor merecido.
Leonardo D’Vinci,
Copérnico e Colombo, foram também inspirados pela tradição jónica. Foi o
culminar duma tradição, agora amplamente esquecida, segundo a qual leis
naturais e não deuses caprichosos regiam o universo.
É importante procurarmos o
nosso lugar no Cosmos. Onde estamos? Quem somos? – Nós descobrimos que vivemos
num planeta insignificante, perdido no Cosmos, que orbita em torno de uma
estrela trivial, num canto de uma galáxia perdida num Universo onde existem
muito mais galáxias do que seres vivos. Nós tornámos o nosso mundo
significativo pela coragem das nossas perguntas e pela profundidade das nossas
respostas. Nós iniciamos a nossa jornada para as estrelas, com uma pergunta que
foi feita pela primeira vez, na infância da nossa espécie e feita de novo em
cada geração, com assombro renovado: O que são as Estrelas?
No final Carl Sagan leva-nos novamente até Brooklyn,
onde ele próprio se começou a envolver no estudo do Universo, onde podemos
assistir a uma aula por ele dada a alunos atuais da sua antiga escola, sobre
Astronomia.
A exploração está na nossa natureza. Chegou o momento em que estamos prontos para nos aventurarmos no caminho para as Estrelas!...
A exploração está na nossa natureza. Chegou o momento em que estamos prontos para nos aventurarmos no caminho para as Estrelas!...
A Ciência como uma Luz na Escuridão
O
Dia Mundial da Astronomia é
celebrado hoje, dia 8 de abril.
Em todo o mundo, os nossos antepassados de todas as culturas tiveram
conhecimentos próprios de astronomia e as suas vidas disso muito dependiam. Por isso mesmo a astronomia faz parte da história
da humanidade e é uma das ciências mais antigas, tendo sido usada para variados
fins, como medir o tempo, marcar as estações do ano ou navegar nos oceanos.
Mas a caminhada humana desde os mais remotos astrónomos, aos modernos
exploradores do Cosmos, fizeram-nos ver que o peso da astronomia
no futuro da humanidade deverá ser ainda mais marcante do que no passado.
Hoje sabemos que a
necessidade de sobrevivência do Homem, tal como no período mais primitivo da
sua história, irá passar no futuro, mesmo que longínquo, indubitavelmente pela
astronomia.
Dedico este dia à vida e
obra de Carl Sagan, magnífico pensador,
cientista, astrónomo e astrofísico, um homem marcante no mundo
contemporâneo.
Ninguém
se esforçou mais do que Carl Sagan
para mostrar a todos, cientistas e leigos, a importância de tornar acessível a
todos a posse da lanterna do conhecimento. Ninguém, mais do que Sagan, teve a coragem e a iniciativa de
por à prova o pensamento científico, sem preconceitos, sem soberba, sem
arrogância.
Empunhando
magistralmente as palavras e com um domínio invejável de vastas áreas do saber
científico, Sagan duelava
impiedosamente com magos, ufólogos, curandeiros, falsos-profetas de nosso
tempo, e nunca perdia.
Podemo-nos
lembrar dele como um astrónomo de renome internacional; por sua participação em
alguns projetos da NASA; por sua constante aparição nos meios de comunicação de
massa; por seus inúmeros e deliciosos livros e claro pela sua espetacular série
“Cosmos”.
Mas
certamente, para os que conhecem, ainda que superficialmente, a sua obra e as suas
ideias, Carl Sagan será sempre lembrado
como um ser humano muito especial, com uma visão de mundo extremamente
científica e, ao mesmo tempo, sentimentalmente poética: a Ciência era a sua musa; falar
da Ciência era a sua poesia.
Por isto tudo
e como homenagem aqui deixo a última entrevista dada por Carl Sagan antes da sua morte, em 20 de dezembro de 1996. Foi uma
entrevista realizada no âmbito do lançamento do seu último livro “O Mundo Assombrado pelos Demónios”, que estou a ler
neste momento e que foi Prémio
Literário do Los Angeles Times para Ciência e Tecnologia.
Sobre este livro escreveu Richard Dawkins, in The Times, «Ao fechar
este livro extraordinário, recordo o capítulo final de uma das primeiras obras
de Sagan: Cosmos. «Quem responde pela Terra?» é uma pergunta retórica, mas
pretendo responder-lhe. O meu candidato a embaixador planetário não pode ser
outro senão o próprio Carl Sagan. Sagan é inteligente, compassivo, espirituoso,
culto e incapaz de escrever uma frase aborrecida. Quem me dera ter sido eu a
escrever Um Mundo Infestado de Demónios! Não o tendo feito, o mínimo que posso
fazer agora é aconselhá-lo vivamente aos meus amigos. Por favor, leiam este
livro!»
Neste dia, ofereço a possibilidade de poderem
assistir à leitura completa em mp3 deste belo livro “O Mundo Assombrado
pelos Demónios”, em:
4shared - O Mundo
Assombrado Pelos Demôn... - shared folder ...
Fonte:
http://www.youtube.com/ http://www.asterdomus.com.br/ http://www.fnac.pt/ http://www.4shared.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan http://www.calendarr.com/portugal/dia-mundial-da-astronomia/ http://www.dignow.org/
Marcadores:
Biografias,
Dias comemorativos,
Divulgação,
Educação
Nossos Medos e Fantasias da Perfeição
“A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela
afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por
mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para
isso: para que eu não deixe de caminhar.”
O que é ser humano? Um
animal frágil que esconde os seus medos? Um corpo finito preso a uma alma que
observa o infinito? Uma consciência que percebe a tragédia de viver?
Entre a vida e a morte,
entre o céu e o inferno, entre ser e não ser, o ser humano procura por sentido.
A saída pode estar na religião, na ciência, nas utopias… Ou o sentido da vida
pode estar na total ausência de sentido?
Neste excelente episódio
do Café Filosófico, transmitido pela CPFL Cultura, Leandro Karnal, Luiz Felipe
Pondé, Oswaldo Giacóia Jr, Marcelo Coelho, Caterina Koltai e Ricardo
Goldenberg, reúnem-se para tratar o tema “Nossos Medos e Fantasias da Perfeição”.
Nesta multipalestra, filósofos,
historiadores, sociólogos, psicanalistas, reúnem-se para falar sobre a condição
humana, num debate sobre as perguntas que nunca se calam: Quem somos? Para onde
vamos? Como viver no meio de tanta incerteza?
É aí que reside a
importância de “pensar”. O mecanismo de “pensar” é
acionado de cada vez que precisamos encontrar respostas a perguntas
determinadas, e esse é um atributo exclusivo da espécie humana. Por isso esse
deverá ser sempre o nosso principal desafio!...
Dos
nossos medos
nascem
as nossas coragens,
e em
nossas dúvidas
vivem
as nossas certezas.
Os
sonhos anunciam
outra
realidade possível,
e os
delírios outra razão.
Nos
descaminhos
Esperam-nos
surpresas,
Porque
é preciso perder-se
Para
voltar a encontrar-se.
Fonte:
http://pensador.uol.com.br ; http://olharaesquerda.blogspot.pt ; http://www.youtube.com/watch?v=cfaiBKBBzPU&list=PLjbRZ4RvBP9FQXcJJkrUgQT1DEffeyF7Q
Marcadores:
Café Filosófico,
Divulgação,
Educação,
Partilhar
"Escutar o Mundo"
O nome dele é Jonathan, um pequeno e
adorável bebé que nasceu surdo, e que só aos oito meses os pais conseguiram um
implante capaz de o fazer ouvir. No vídeo podemos ver a reação do bebé assim
que o seu implante coclear é ativado e finalmente pôde ouvir pela primeira vez
a voz da mãe.
Não sei se a melhor parte é quando o bebé fica
de boca aberta com o susto e deixa a chupeta cair, ou quase no final, quando
fecha os olhos e parece apreciar os sons. :-)
O que é o implante coclear? O implante coclear é um dispositivo
eletrónico que estimula eletricamente as fibras nervosas, permitindo que um
sinal elétrico seja transmitido ao nervo auditivo, para ser descodificado pelo
córtex cerebral.
Esta verdadeira maravilha
da tecnologia permite que os surdos possam ouvir. O momento em que o
dispositivo se liga, e o bebé ouve, é tão comovente, que pode levar os mais sensíveis
até às lágrimas.
Escutar o mundo pela primeira vez para este
bebé, foi quase como para mim, quando experimentei pela primeira vez, navegar
pelo mundo pela internet, há poucos anos. Fiquei radiante, fiquei estupefacta,
fiquei feliz…
Também foi através da internet que tive a
oportunidade de aprender mais e de ficar melhor como pessoa. A internet tal
como o coclear é também um verdadeiro milagre da técnica e é por isso que
devemos lutar por todos os meios para afastar de todo o que é negativo nela.
Para todos os que pensam como eu, o meu bem
hajam. Boa Páscoa para todos.
Assinar:
Postagens (Atom)