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Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte III

A partir da Torre da Regaleira podem ser tomados três caminhos. Se optarmos por virar à direita vamos ter às antigas, cocheiras, cavalariças e vacaria, por onde se sai ao exterior da quinta, pelo Portão das Cocheiras. Se escolhermos ir em frente, iremos ter à Oficina das Artes (núcleo que outrora era destinado às dependências dos funcionários, onde existia a garagem e a casa do gerador, que produzia a eletricidade para toda a propriedade), estando hoje destinada a exposições, workshops, projeção de curtas-metragens ou conversas temáticas de tertúlia…
Por trás da Oficina das Artes encontra-se a Inceneradora, que tal como o nome indica era o lugar destinado à queima do lixo.
Da Torre da Regaleira, virámos à esquerda e subindo um pouco deparasse-nos do lado direito o Lago da Cascata, um lugar mágico, onde grutas, pontes e um lago que tudo liga e que nos surpreende a cada momento, quando perscrutamos os seus recantos.
Pelos recantos deste lago, continuamos a subir, contornando a gigantesca Cisterna, onde é armazenada toda a água para regar o sumptuoso jardim, assim como alimentar as fontes. No topo encontramos os Terraços Celestes, em frente do Portal dos Guardiães, uma estrutura cénica rematada por dois torreões laterais e por um mirante central, que nos oferece magníficas vistas s obre o Palácio e os jardins em redor.


O Portal dos Guardiães é um espaço amplo, uma espécie de terraço, que proporcionou a Carvalho Monteiro a criação de um teatro na sua própria propriedade. Segundo consta, havia um espaço destinado à plateia, criando um anfiteatro, com uma acústica adequada.



Sob o Portal dos Guardiães está dissimulada uma das entradas onde começa o circuito que conduz até ao Poço Iniciático. Este portal consiste assim, num túnel que leva a meio do Poço Iniciático, que está guardado por dois tritões. Surgem novamente aqui as referências à mitologia uma vez que, na Divina Comédia, Cérbero aparece como guardião da entrada no Inferno. Neste Portal, o  Poço Iniciático inferior, à semelhança da obra clássica, possui guardiões a proteger esta entrada.

À nossa volta observa-se que este magnífico jardim é constituído por inúmeras árvores exóticas e vegetação abundante integrada de forma harmoniosa com a vegetação autóctone, que nos vai acompanhando de forma exuberante, compondo o curioso percurso de características marcadamente cenográficas e que nos dá a ideia de uma real viagem de cariz iniciático, isto é, a passagem de uma a outra dimensão.
Esta iniciação opera-se em “cerimónias” de iniciação, por meio de encenações e rituais de carácter mágico, nos quais o neófito (principiante), recebe o segredo da transmutação, aceitando a filiação no grupo de companheiros, para aceder a um nível espiritual superior.

Sobe-se agora com mais dificuldade, uma vez que a caminhada se torna mais ingreme, e lá em cima parece que todos os caminhos nos conduzem a um aglomerado de pedras erguidas, com a aparência de um menir, situado num dos locais mais belos da mata. Uma porta de pedra  bem disfarçada de qualquer olhar menos atento, está no meio de um amontoado de outras pedras, como que perdido entre a vegetação. Rejubilamos... É a entrada para o Poço Iniciático...
A entrada é feita por uma curiosa porta de pedra giratória, que  passa facilmente despercebida e que roda impulsionada por um qualquer mecanismo oculto, facultndo-nos a entrada para "outro mundo". Esta é a entrada superior do Poço Iniciático, e é ali, precisamente, mais do que em qualquer outro local dos jardins da Quinta da Regaleira, que ganham vida os ideais dos mestres maçónicos e as demandas em nome da fé, levadas a cabo pelos cavaleiros templários.

Depois de breve descanso após a subida, entra-se no surpreendente Poço Iniciático. Trata-se de uma galeria subterrânea em espiral, de 27 metros, por onde descem nove patamares até às “profundezas da terra”. No Poço Iniciático pode optar-se por se descer ou subir, dependendo do percurso iniciático escolhido.
Os nove patamares lembram os nove círculos do Inferno, as nove secções do Purgatório e os nove céus do Paraíso, segundo a “Divina Comédia” de Dante Alighieri. A principal ideia por detrás deste poço, é a de morrer e voltar a nascer num rito de iniciação ligado à terra, uma vez que esta representa o útero materno de onde provem a vida, mas também a sepultura para onde se voltará, quando a vida se apagar.
Fonte: Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira / http://www.historiadeportugal.info/ http://atracoessintra.no.sapo.pt/ http://www.lifecooler.com/

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Jardins - Parte II

Escolhida a modalidade de visita livre à Quinta da Regaleira, iniciámos em primeiro lugar o percurso pelos seus mágicos jardins, com a ajuda de um plano-guia, para com liberdade e calma, podermos descobrir os seus vários recantos mágicos, os seus ambientes ou edifícios de exuberante arquitetura, como as torres, lagos, poços ou as demais dependências acessíveis à visita, bem como os seus misteriosos percursos subterrâneos de enigmático simbolismo.
Sobem-se as escadinhas para o Terraço das Quimeras, onde está situado o bar ao ar livre e compra-se uma garrafa de água fresca, não vá o calor tece-las… E inicia-se a visita...

Caminha-se em direção ao edifício da Estufa, que foi outrora a paixão de Carvalho Monteiro, que também gostava de “botanizar”. O edifício comprido e estreito é um templo dedicado à deusa Flora. A fachada ostenta um painel de azulejos que representa seis sacerdotisas num ritual de fertilidade.
Segue-se-lhe a Gruta da Leda, que se encontra situada por baixo de uma ampla estrutura em pedra, formando um semicírculo, construída para fazer lembrar uma muralha, onde não faltam nem as ameias.

Por baixo desta estrutura existe uma escultura simbolicamente enigmática, com a figura de uma dama (a Leda) que segura uma pomba e está acompanhada de um cisne (que aparentemente parece estar a mordê-la). Trata-se da representação de uma mortal por quem Zeus se apaixona, e na impossibilidade de existir uma relação entre ambos, este assume a forma de um belo cisne, para assim se poder aproximar da sedutora mulher. De destacar nesta escultura, a presença de uma pomba na mão de Leda (representação do espírito da pureza), que nos remete para o culto ao feminino e também à Imaculada Conceição.
Já depois de se sair deste labirinto, deparamo-nos com a Torre da Regaleira que se assemelha a um observatório astronómico, o que não deixa de ser interessante por se contrapor ao mundo subterrâneo (visto que uma das saídas do Poço Iniciático nos leva à torre). Foi, não esta torre, mas uma semelhante que deu inicialmente o nome à Quinta.

Sobe-se por uma escadaria para o patamar superior, por cima da Gruta da Leda a caminho da entrada para a Torre da Regaleira. O patamar encontrado é um miradouro de onde se desfruta de uma magnífica vista sobre a zona mais baixa dos jardins.
Entra-se na Torre da Regaleira e percebe-se que esta foi construída para dar a quem a sobe a ilusão de se encontrar no eixo do mundo.

Dali para cima, o passeio pelos jardins e pelo bosque faz-se por caminhos de ascensão, partindo das zonas delicadas e subindo até à floresta espontânea, onde a vegetação é plantada sem ordem aparente, tão ao gosto da sensibilidade romântica vigente durante o séc. XIX.

Fonte: Panfleto com o plano-guia da Quinta da Regaleira / http://www.historiadeportugal.info/ http://atracoessintra.no.sapo.pt/

Sintra - 3º Dia - Quinta da Regaleira - Parte I

Depois de um apetituso lanche e de estarmos sentados algum tempo numa das esplanadas do Centro de Sintra, seguimos a pé para a belíssima Quinta da Regaleira, que possui um jardim e um Palácio, dos mais surpreendentes da Serra de Sintra.

Esta quinta fica situada no termo do centro histórico da vila, sendo por isso muito fácil chegar até ela a pé. Foi construída entre 1904 e 1910, no derradeiro período da monarquia e os seus domínios românticos, outrora pertencentes à Baronesa da Regaleira, foram transformados por esta num refúgio estival, conhecida por Quinta da Torre da Regaleira. Mais tarde foram adquiridos e ampliados pelo Dr. António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), homem muito rico de ascendência portuguesa, mas nascido no Rio de Janeiro, na época do Brasil Imperial.
Detentor de uma fortuna prodigiosa, que lhe valeu a alcunha de Monteiro dos Milhões, associou ao seu singular projeto de arquitetura e paisagem, o génio criativo do arquiteto e cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936), aproveitando também a mestria dos escultores, canteiros e entalhadores que com Manini, haviam trabalhado no Palace Hotel do Buçaco.

A Quinta da Regaleira hoje propriedade da Câmara Municipal de Sintra, é o resultado de uma criação única, cheia de recantos mágicos e pormenores que não escondem a união entre a história nacional e o lado mítico e esotérico, inevitavelmente associado à Serra de Sintra.
No seu todo de uma enorme beleza harmoniosa, esta maravilhosa quinta foi cenicamente concebida num contexto onde sobressai a predominância dos estilos gótico, neomanuelino e renascentista.  

Passa-se o velho portão da entrada da Quinta, e desde o início da visita se sente que aquele é um lugar único, que nos vai proporcionando uma viagem entre o sonho e a realidade, que só se pode verdadeiramente explicar quando temos o privilégio de a visitar e viver esta experiência.
A nossa visita começou pelo jardim, uma vez que o palácio ainda se encontrava com muitos visitantes, pelo que optamos por fazer a sua visita no final do passeio pelo jardim.

Iniciámos assim a visita ao jardim, que foi concebido com o fim de representar um microcosmo, que nos é revelado aos poucos numa sucessão de lugares imbuídos de magia e mistério, ao longo de uma empolgante caminhada bem planeada, ajudada por um magnífico mapa impresso no panfleto distribuído à entrada.
Neste magnífico e empolgante jardim, o paraíso é materializado em coexistência com um dantesco mundo subterrâneo, com grutas e compridas galerias, poços em espiral e lagos, aos quais o neófito (principiante), seria conduzido pelo fio de Ariadne (que segundo a mitologia grega, foi a filha de Minos, rei de Creta, que desapareceu para sempre na montanha Drius),  ali representado por um fio de luz, que nos orienta pelo interior da "montanha".

Fonte: Panfleto da Quinta da Regaleira / http://www.cm-sintra.pt/ http://www.regaleira.pt/ Wikipédia.org

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Parte VIII

Deixa-se a Sala Árabe e em seguida entramos no Quarto de Hóspedes. Este quarto possui uma decoração que remonta a 1940. O seu nome deve-se ao facto de ter sido preparado para alojar o duque de Kent, aquando das comemorações centenárias da nacionalidade e da independência, quando o duque veio representar o seu irmão, o rei Jorge VI de Inglaterra, não tendo na realidade, sido utilizado pelo ilustre convidado.
Tendo sido a Trascâmara de D. João, com oratório e quarto de vestir, foi a última dependência e a mais íntima dos aposentos reais à qual só acedia o monarca. A porta nascente foi aberta já no século XX, para permitir a circulação dos visitantes do palácio.
Segue-se-lhe a Cozinha, que originariamente estava separada do resto do paço. A sua construção deve-se ao rei D. João I, tendo como elementos a destacar, duas monumentais chaminés cónicas com base octogonal, divididas por um arco em ogiva. Desde a sua construção estas chaminés de trinta e três metros de altura, tornaram-se célebres, tornaram no ex-libris da vila de Sintra.
O revestimento das paredes é em azulejo datado de 1895, com as armas reais de Portugal e de Saboia, de finais do séc. XIX, que testemunham o último período de habitação da família real neste palácio. Nela também se destaca o brasão de D. Maria Pia, com as armas de Portugal e de Saboia, com a legenda: “Lusos às Armas, pela Fé, pelo Rei e pela Pátria”.

Em seguida passa-se à Sala Manuelina. Situada na ala manuelina do palácio, dai o seu nome, é uma sala que sofreu modificações já este século, como é evidente pelas cópias de azulejos antigos que cobrem as paredes. Anteriormente, e já nos finais da monarquia, este espaço esteve dividido em três compartimentos que foram utilizados como aposentos do rei D. Luís.
É a Salão Nobre do Paço, mandado construir por D. Manuel I, no início do séc. XVI. Esta ala marca a ultima grande campanha construtiva do Palácio, tendo sido restaurada nos anos 30 do séc. XX.
Após a descida por uma escada em espiral, construída no séc. XVI (reinado de D. João III), depara-se com uma robusta grade de ferro forjado, junto à qual se encontra uma lanterna que recorda o costume da época de D. Afonso V, que impunha esse dispositivo na primeira divisão dos paços. É ali que foi finalizada a visita, sendo nesta sala que outrora estava a Guarda Real dos Archeiros.
Mas para deixarmos o palácio, ainda se desce uma escadaria, que nos leva ao pátio interior da entrada do Paço, onde se rasgam para o exterior quatro arcadas góticas, cadenciadas mas algo austeras, que fazem a transição com o exterior e nos separam do Largo Rainha D. Amélia.

Uma vez neste Largo, caminha-se para o Centro de Sintra, deixando-se para traz a fachada joanina do Paço a caminho de uma esplanada, onde se pudesse tomar um leve lanche e uma refrescante bebida.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palaciodesintra.paginas.sapo.pt/Visita.htm

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Do Quarto/Prisão de D. Afonso VI à Capela Palatina - Parte VII

A visita ao Palácio Nacional de Sintra continuou. Caminhando para oeste a partir da Sala dos Brasões,  encontramos, uma pequena sala à esquerda, cuja tradição a identifica como o Quarto/Prisão de D. Afonso VI, que ali viveu fechado nove anos em seus aposentos (ele havia sido rei e foi levado a abdicar, e quando quis tentar voltar ao poder foi tomado como traidor, e seu irmão, futuro D. Pedro II, mandou-o prender neste Palácio, quando D. Afonso IV regressou do seu desterro na Ilha Terceira) e onde viria a falecer em 1683.


Mais do que esta ocasional hipótese, interessa-nos aqui observar o carater simples deste reduzido espaço, com a sua pequena porta ogivada e o seu pavimento de velhas tijoleiras, pontilhado, aqui e ali, por azulejos mudéjares. A propósito deste quarto o embaixador de Carlos II (rei de Inglaterra e cunhado de D. Afonso VI) em Portugal, comentou que este quarto parecia ter sido escolhido “…mais para enterro do que para habitação.” No entanto deve referir-se que este quarto mesmo que simples para um rei, seria considerado luxuoso, quer para o povo da sua época, quer para muitos de nós na época atual.
Passa-se em seguida para a Sala Chinesa. Fazendo ainda parte do antigo Paço da época de D. Dinis, esta sala foi utilizada como quarto de dormir de D. João I, antes da grande campanha de obras promovidas por este monarca, nos inícios do séc. XV. Deve o seu nome atual ao lindo pagode chinês em marfim do séc. XVIII, que ali se encontra.

Deixamos a Sala Chinesa e ultrapassado mais um pátio, entra-se na rica Capela Palatina, consagrada ao Divino Espírito Santo. Remontando à primeira campanha de construções, esta capela foi edificada no reinado de D. Dinis, no início de século XIV, sofrendo ao longo do século XV várias alterações. Um retábulo maneirista que substituiu o original é da autoria de Diogo Teixeira.
Antes do altar-mor desenvolve-se, sobre o pavimento, um longo tapete policromo de azulejos alicatados, que alguns autores dizem ser do domínio muçulmano, mas que será mais legítimo colocar nos inícios do século XV. As paredes da capela estão inteiramente pintadas e preenchidas por um sem número de cartelas quadradas inclinadas, dentro das quais nos surge representada, sobre fundo vermelho e em variadas posições a pomba branca do Espírito Santo, segurando no bico o símbolo pacifista e religioso do ramo de oliveira.

Segundo a guia que nos acompanhou, obras recentes puseram a descoberto, ao fundo do altar-mor desta capela, raros vestígios de pinturas góticas, que terão precedido ao retábulo original.
Segue-se a Câmara (Quarto de Dormir) do rei D. João I, agora chamado de Sala Árabe. A atual decoração foi feita no reinado de D. Manuel I, inclui silhares revestidos de azulejos geométricos dispostos de modo a criarem uma ilusão ótica rematados por frisos de azulejos relevados, com maçarocas inseridas em flores-de-lis.

Esta sala apresenta também uma fonte colocada no centro da divisão, e aqui reina totalmente o mudejarismo, que segundo a nossa guia refletem a forte impressão causada pelas visitas efetuadas por D. Manuel e pela sua primeira mulher, D. Isabel, filha dos Reis Católicos, às cidades de Granada, Guadalupe, Toledo, Guadalajara e Saragoça, durante a sua viagem por várias regiões de Espanha em 1498.
O pavimento da Sala Árabe é constituído por um entrançado de tijoleiras retangulares. A meio, surge uma fonte em mármore branco, de planta circular, inscrita num quadrado de azulejos. Ao centro desta singela fonte ergue-se caprichosa uma escultura, de sabor vincadamente exótico, que alguns autores classificam como um trabalho provavelmente indiano, ali mandado colocar por D. Manuel I.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palaciodesintra.paginas.sapo.pt/Visita.htm

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Da Câmara do Ouro à Sala dos Brasões - Parte VI

À Sala das Pegas seguem-se a Câmara do Ouro e a Sala das Sereias, onde continuam a ver-se exuberantes painéis de azulejos mudéjares, que ali dominam todo o ambiente.
A chamada Câmara do Ouro é uma sala do início do séc. XV. Foi nos finais do séc. XVI, o quarto de dormir do rei D. Sebastião, cujo retrato se observa na sala. Nela pode-se admirar uma cama em ébano de dimensões pouco comuns, e ornamentada com pinturas sobre cobre. O seu revestimento azulejar único, é constituindo por motivos de parra em alto-relevo do início do séc. XVI.

Na sala seguinte, a Sala das Sereias cuja designação provém da pintura do teto. Há a destacar nesse curioso teto apainelado e pintado, uma nau portuguesa que se vê ao centro, e dos lados sereias tangendo instrumentos musicais, que data de finais do séc. XVII ou inícios do séc. XVIII. No início do século XV estava aqui instalado o guarda-roupa.
Passa-se em seguida pela Sala Júlio César, uma pequena sala íntima, cuja designação é proveniente de uma tapeçaria flamenga do século XVI, representando uma cena de vida do general romano.

Alcançamos depois a Sala da Coroa, de novo revestida por preciosos azulejos mudéjares. Daqui se sai para o Pátio de Diana, forrado com belos azulejos manuelinos de parra e cacho, situando-se aí uma interessante fonte renascentista.
Sobre este pátio alonga-se a Sala das Galés, para a qual se sobe através de uma escadaria geminada. Trata-se de um acrescento de finais do século XVI, que dá acesso a um jardim denominado “Jardim dos Príncipes”, que até nós chegou na sua feição barroca. A Sala das Galés ostenta um teto de madeira em berço semicircular, que data de meados do séc. XVII, no qual vemos pintada a Barra de Lisboa, com múltiplas embarcações e várias perspetivas de fortalezas e de casario costeiro.

Em tempos dividida por paredes de tabique e com um teto falso, esta Sala das Galés foi utilizada como aposentos do príncipe D. Afonso (irmão de D. Luís I) conhecido como "O Arreda". Mais tarde foi recuperada pelo arquiteto português Raúl Lino e utilizada como sala de exposições temporárias. Hoje é mais um espaço museológico onde são exibidas algumas pinturas, contadores e louça de boa qualidade hispano-mourisca.
Em seguida entra-se na Sala dos Brasões, uma sala soberba também conhecida como Sala de Armas, foi mandada edificar por D. Manuel I (1495-1521), e é um dos melhores exemplos da afirmação do poder real. Esta sala situa-se numa torre do palácio, no local da antiga Casa da Meca.


O belíssimo teto em talha dourada ostenta no topo as armas régias, rodeadas por setenta e dois brasões de famílias nobres. No teto, abaixo dos brasões do rei e dos infantes e infantas, podem-se ver setenta e dois outros brasões da mais notável nobreza da época, dispostos por ordem de importância. Os painéis de azulejo com cenas galantes e de caça que cobrem as paredes são do séc. XVIII, e fabricados na antiga Fábrica Real do Rato.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palaciodesintra.paginas.sapo.pt/Visita.htm

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Sala das Pegas - Parte V

Saindo da Sala dos Cisnes e seguindo para norte, encontramos o chamado Pátio dos Cisnes, também designado por Pátio Central, para o qual se desce através de uma elegante galeria. A sul, um vasto tanque, exteriormente forrado por largos painéis de azulejos mudéjares. Ao centro, sobre o pavimento de lajes, ergue-se uma curiosa coluna em estilo manuelino. O seu remate é constituído por uma série de figuras humanas de cariz exótico, eventual alegoria ao domínio que Portugal exercia então nos quatro cantos do Mundo.

Voltando à Sala dos Cisnes e continuando para noroeste, entramos na Sala das Pegas. A designação de Sala das Pegas, remonta ao séc. XV e manteve-se ao longo dos séculos, devendo-se o seu nome à pintura do teto, onde as 136 pegas representadas segurando no bico uma serpenteante banda sobre a qual se pode ler a divisa de D. João I, Por Bem”, e nas patas agarram uma rosa, que poderá ser uma alusão à Casa de Lancastre, à qual pertencia a Rainha D. Filipa de Lencastre, mãe da Ínclita Geração.

No manuscrito Medições das Casas de Sintra, inserido no Livro da Cartuxa, o rei D. Duarte referiu-se a esta Sala como Câmara do Paramento (do francês “se parer”, que significa “mostrar-se”) onde eram recebidos os notáveis do reino e embaixadores estrangeiros. Neste seu apontamento o rei fez também uma descrição detalhada de várias dependências do Paço, onde incluiu dimensões e funções de alguns espaços.
Relativamente a esta sala, existe uma lenda do Palácio Nacional de Sintra, com várias versões existentes, que atribui a todas elas o facto – ou o suposto facto – de D. João I ter sido ali uma vez apanhado a dar um (talvez inocente) beijo a uma dama da rainha. Este facto foi motivo de imediato de grande coscuvilhice palaciana, por parte das outras damas da corte.

Segundo a nossa guia, as damas da corte com inveja de não terem também sido escolhidas e beijadas pelo rei D. João I, deram origem a grande e mordaz falatório na corte. Foi devido a todo este alarido palaciano que a situação provocou, que o rei mandou gravar a mensagem “Por Bem”, (como quem diz: “envergonhe-se quem nisso vê malícia”) que ficou inscrita nos bicos das pegas, que ali ficaram a representar "as coscuvilheiras". As pegas são aves, como se sabe, que devido ao seu piar (ou não fossem elas da família dos corvos, considerados barulhentos e de mau agoiro), fazem-se com facilidade ecoar de forma frenética pela floresta ou qualquer lugar onde estejam...
Nesta sala também se observam belos azulejos hispano-árabes que decoram as paredes, com motivos estrelados de grande impacto, que datam de inícios do séc. XVI. Do mesmo período, embora alguns fossem colocados posteriormente, são os que emolduram as portas e enquadram a lareira de mármore de Carrara, oferta do Papa Leão X ao rei D. Manuel I.

Em 1885, o rei D. Luís I ofereceu nesta sala um banquete em honra dos exploradores do continente africano Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens. Aqui decorreu também em 1905 o jantar oferecido ao Kaiser Guilherme II da Alemanha.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palacio-de-sintra.blogspot.pt/

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Sala dos Cisnes - Parte IV

Entra-se no Palácio Nacional de Sintra e após a compra dos bilhetes iniciou-se a visita guiada ao interior do paço.

Com fundação árabe, o Palácio de Sintra torna-se, a partir do séc. XII e por cerca de oito séculos, a residência da Família Real Portuguesa. Único sobrevivente dos Paços Reais medievais, a sua configuração atual não se alterou substancialmente desde meados do séc. XVI, resultando de campanhas de obras sucessivas de D. Dinis, D. João I e D. Manuel I. Reunindo vários estilos arquitetónicos - gótico, mudéjar e manuelino - foi muito utilizado na Idade Média como refúgio da Corte durante os meses de verão e para a prática da caça.

Mundialmente reconhecido pelo perfil das duas monumentais chaminés cónicas das suas cozinhas, exibe no seu interior um acervo único de azulejaria hispano-mourisca e coleções de artes decorativas do séc. XVI ao séc. XVIII.
Após a subida de escadas para o primeiro piso, dirigindo-nos para oeste e penetramos na imponente Sala dos Cisnes, a maior sala do Palácio, tendo também sido outrora designada por Sala Grande no reinado de D. João I, e Sala dos Infantes a partir do reinado de D. Manuel I.

O seu nome atual de Sala dos Cisnes deve-se à decoração do seu teto, ao gosto da Renascença italiana, datado de finais do séc. XVI. Este teto, é formado por 27 caixotões octogonais (exceptuando os quatro de canto), emoldurados por talha predominantemente dourada. Dentro de cada caixotão está pintado um cisne com a sua gargantilha de ouro com campainhas, variando as suas formas e atitudes de painel para painel, sem que se encontrem dois idênticos. O teto desta sala foi referido por Luís Pereira Brandão, em cerca de 1570, em versos de louvor às maravilhas do Paço de Sintra.
Ali tinham lugar os acontecimentos mais relevantes, tais como receções a várias embaixadas, banquetes e celebrações e, no tempo de D. Manuel I, e de acordo com o seu cronista Damião de Góis, ali eram realizados saraus de música e dança todos os domingos e dias feriados. Nestes participava frequentemente o monarca acompanhado pelos seus músicos mouros, enquanto a corte dançava e assistia a representações que incluíam os autos de Gil Vicente, com a presença do próprio autor, considerado o pai do teatro português.

Na sequência dos danos causados pelo terramoto de 1755, o Palácio foi restaurado “à maneira antiga” por ordem do rei D. José I, sendo restauradas as pinturas do teto e os revestimentos de azulejos do séc. XVI, tendo sido recolocados outros já do séc. XVIII. Sobre as molduras das portas e janelas foram também aplicados azulejos do séc. XVI, esgrafitados, representando pequenas fortalezas e o brasão real de D. José I.

Atualmente nesta sala têm lugar receções e banquetes oficiais - como os realizados por ocasião de visitas oficiais de chefes de estado estrangeiros e concertos de que se destacam os do prestigiado Festival de Música de Sintra e colóquios, assim como outros eventos no âmbito da cedência de espaços.
Fonte: http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://www.cm-sintra.pt/