Fonte: http://www.youtube.com/
Do Tédio ao Respeito de Si
Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte III
O
centro da cidade de Amarante está aliado
a uma beleza natural sem igual que se une na perfeição com um amplo património
histórico, fazendo desta cidade uma caixinha de surpresas, pronta a despertar
os nossos cinco sentidos.
Amarante
é por tudo isto um lugar perdido no tempo que guarda em cada pedaço da cidade
muito da nossa essência como povo. A descoberta desta cidade é assim a descoberta
da nossa ancestral cultura. Tradições que achávamos perdidas são ali
reencontradas e de novo apaixonamo-nos por uma cultura que são as raízes de
todos nós.
Contemporânea
da formação de Portugal e com íntima ligação às gentes e famílias que
protagonizaram a fundação da nossa Nacionalidade, Amarante é também um testemunho do papel relevante que este
território outrora desempenhou na história da nobreza e das ordens religiosas
em Portugal.
Antes de
deixarmos a cidade, queríamos comprar e provar alguns dos seus famosos doces
amarantinos. A história de Amarante
é indissociável da história da doçaria conventual do nosso país. Estas
iguarias, com origem no Convento de
Santa Clara, o mais antigo da cidade hoje em ruinas, são uma das
referências locais, onde a oferta é bastante variada.
Para os
encontrarmos bastou entrar no Café S.
Gonçalo, onde tínhamos estado sentados na esplanada a observar o vai e vem
das gentes, na Praça da Republica.
Lá dentro os doces tradicionais esperavam-nos,
sendo os mais emblemáticos os papos de
anjo, as lérias, os bolos de S. Gonçalo, os foguetes e as brisas do Tâmega. De todos eles os mais interessantes pela história
associada são os bolos de S. Gonçalo,
mais conhecidos na região por “Ferramentas
de S. Gonçalo”, por terem a forma de um falo.
São Gonçalo é o santo protetor das “velhas” e as preces a este santo, acredita-se,
que curam os problemas de fertilidade masculina. Segundo reza a lenda, este santo teria
casado em segredo alguns habitantes de uma aldeia chamada “Ovelha”, que a Igreja não queria casar por já viverem maritalmente há
algum tempo. Entre estes encontravam-se novos e velhos, e assim o povo passou a
dizer que São Gonçalo era o "casamenteiro dos de Ovelha".
Este dizer popular foi ao longo do tempo sendo abreviado ou transformado, dando
"casamenteiro das Velhas".
Das questões sentimentais a ele associadas rapidamente o povo passou para as questões
de ordem sexual. Assim para as festas e romarias de Amarante começaram a ser feitos bolos em forma de falo, com a mesma massa
das cavacas das Caldas da Rainha, que os noivos ofereciam às
noivas.
E foi assim que o santo
homem vê uma parte da sua fisiologia que de pouco lhe teria servido,
transformada em bolo brejeiro através do carinho do povo: as Ferramentas de São Gonçalo, doces de
massa de farinha e açúcar, com ou sem recheio, semelhantes às galhofas e às
cavacas. Diz-se ainda que este bolo seria uma homenagem ao papel conciliador
das desavenças matrimoniais, feito pelo beato. Quem o come são sobretudo as
mulheres, em geral como oferta amorosa do companheiro.
Esteve este doce proibido
por indecente durante o Estado Novo, embora se tenha sempre portado como bolo
da “resistência”, sendo confecionado na clandestinidade e vendido à socapa. Ainda
hoje, nas barracas e nas pastelarias mais tradicionais de Amarante, podem encontrar-se estes bolos fálicos.
Fonte: http://myguide.iol.pt/
http://www.rotadoromanico.com/ http://cozinhaeliteratura.blogspot.pt/ http://conversasamesa.blogs.sapo.pt/
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Primavera 2012 – Entre Douro e Minho
Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte II
Depois da visita à Igreja de S. Gonçalo, sai-se para a Praça da Republica caminhando em direção ao Café/Bar S. Gonçalo, com uma boa esplanada de onde se pode apreciar bem o movimento e a dinâmica da Praça.
Dali
também se observa bem a Ponte de S.
Gonçalo, que juntamente com a Igreja do mesmo
nome representam o epicentro do centro histórico da cidade de Amarante.
Primitivamente
supõe-se ter existido neste local da atual ponte uma outra de origem romana,
dado ser esse o traçado da estrada romana
que passaria em Amarante
em direção a Guimarães e Braga.
No
entanto, por volta do ano 1250, e segundo uma antiga lenda existente na cidade, São Gonçalo
terá construído ou reconstruído essa ponte, que mais tarde desmoronou devido a
uma cheia do rio Tâmega. Nela havia um cruzeiro com
o Senhor da Boa Passagem, que foi
retirado uma hora antes do histórico desmoronamento da ponte e mais tarde
colocado num nicho a um recanto da Igreja de São
Gonçalo, ficando a imagem de Nossa Senhora da Ponte a proteger o trânsito.
A atual Ponte de S. Gonçalo é uma bela construção construída em granito no final do séc. XVII e é uma das imagens de marca da cidade. A placa de mármore fixada num dos obeliscos que guardam a entrada da ponte recorda a defesa e a vitória do general Silveira, futuro conde de Amarante, que a 2 de Maio de 1809 defrontou as tropas napoleónicas.
Esta ponte permite contemplar as calmas águas do Tâmega e a paisagem em redor. Descendo
para o Museu Municipal Amadeu de Souza
Cardoso, que naquele dia infelizmente por ser feriado se encontrava
fechado, o visitante depara-se com uma estátua de Teixeira de Pascoaes,
grande poeta oriundo da cidade. Não muito longe daqui está a agradável Praia Fluvial da Aurora e o Mercado Municipal.
Sobranceiro ao rio, e junto à igreja de São Gonçalo, encontra-se um templo de pequenas dimensões dedicado a Nosso Senhor dos Aflitos. Contudo, a designação mais comum é a de Capela de São Domingos, por ter sido fundado pela Venerável Ordem Terceira do Patriarca São Domingos.
Dali também se observa uma
fonte integrada na parede exterior da Igreja de S. Gonçalo, num vão pouco
profundo em arco pleno, confrontando com o terreiro do Convento.
Do lado Norte observa-se a
Igreja dos Clérigos de São Pedro,
que o IPPAR classificou de Imóvel de
Interesse Público. É um edifício erigido em finais do séc.
XVIII, que se encontra em posição altaneira em
relação à Praça da Republica, com a torre sineira incorporada na frontaria. Apresenta
na sua arquitetura motivos barrocos mas, já com influências neoclássicas e
possui no seu interior, talha barroca, de estilo joanino.
Fonte:
http://www.ruadireita.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://amaranteportal.com/
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Primavera 2012 – Entre Douro e Minho
Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte I
No
4º dia de viagem (2º em Amarante) após o almoço, fomos de autocaravana até à cidade
para percorrermos o centro histórico, antes da partida rumo ao vale do Douro.
Amarante
é uma calma e bonita cidade, situada no verdejante vale do rio Tâmega, fundada na mesma época da formação de Portugal. Segundo
reza a história a cidade nasceu no séc.
XIII, quando S. Gonçalo, um pregador
com fama de santo decidiu construir ali uma ermida. A fama desse homem de Deus
foi o mote para logo ali se começarem a juntar pessoas para naquele lugar
residirem, sendo iniciado assim o desenvolvimento da cidade que hoje reflete
sobremaneira o carácter religioso da sua fundação.
Poder-se-á
dizer então que o povoado se desenvolveu sob o aspeto religioso e a Natureza
envolvente fez o resto. Mais tarde ali foi fundado o Convento de S. Gonçalo envolto pelo bucolismo das margens do rio Tâmega, à volta do qual foi
crescendo o povoado.
O
centro histórico da cidade encontra-se hoje situado em volta da Praça da República, que alberga a
imponência da Igreja e Convento de S. Gonçalo, mandado
edificar em 1540 pelo rei D. João III,
o Pio e sua esposa, a rainha D. Catarina de Áustria, infanta
de Espanha e irmã mais nova do imperador Carlos
V.
O
Convento que demorou oitenta anos a ser construído, constitui um dos monumentos
com maior expressão do Norte do país e tem agregada uma bonita igreja de fachada grandiosa com três andares, um deles barroco e os
outros dois renascentistas.
O portal lateral de três andares tem colunelos em estilo renascentista
italiano, rematados por um frontão branco, com a estátua do Beato S. Gonçalo de Amarante, o
padroeiro da cidade, colocada no nicho central do primeiro andar.
No
conjunto conventual destaca-se à esquerda
do portal principal, a Varanda dos Reis, com as estátuas dos
monarcas que patrocinaram a sua construção numa
atitude provável de homenagem - D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e
D. Filipe I.
O interior é de três naves, onde sobressai um magnífico
retábulo barroco em talha dourada e, claro, a importante Capela de São Gonçalo onde repousa o santo, situada à esquerda da capela-mor, sobre uma estátua tumular de calcário finamente trabalhada.
De relevo no conjunto monástico é a Galeria dos Reis, a
Capela de Santa Rita de Cássia, o Órgão do século XVIII, a Varanda dos Reis, a
barroca Torre Sineira, os dois belos claustros e o monumental chafariz.
Além da Igreja e Convento de S. Gonçalo, ainda encontramos no centro histórico as igrejas de S. Pedro e de S. Domingos (que atualmente acolhe o Museu de Arte Sacra), o Solar dos Magalhães e a Casa da Cerca (onde funciona a Biblioteca Municipal). Por ser feriado só se encontrava aberta para a missa a Igreja de S. Gonçalo, encontrando-se as restantes fechadas. Naquele dia a Igreja de S. Gonçalo estava cheia, uma vez que era Sexta-feira Santa e os fiéis tinham vindo assistir à missa.
No
exterior na parede da Igreja de S. Gonçalo já a caminho da Ponte de S. Gonçalo
sobre o Tâmega, vemos num nicho Nossa Senhora da Ponte (séc. XIV) uma imagem medieval, atualmente venerada na
igreja conventual.
Fonte: http://www.ruadireita.com/ http://www.lifecooler.com/ http://www.guiadacidade.pt/
Ler
mais sobre a vida do Beato S. Gonçalo de
Amarante em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_de_Amarante
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Primavera 2012 – Entre Douro e Minho
Jean-Paul Sartre
O “Caminho para a Liberdade” é o terceiro
episódio da série Human all too Human
da BBC, feita em 1999. Neste
episódio, são abordadas, a vida e a obra do mais famoso filósofo existencialista europeu, Jean-Paul Sartre (1905-1980).
O homem que
passou a vida desafiando a lógica convencional amava os paradoxos. O
documentário expõe estes paradoxos de sua vida e obra, ao mesmo tempo em que
questiona ambos. A pergunta central colocada é: Se o ser humano é livre para
fazer o que quiser, como postula Sartre,
então como devemos viver nossas vidas no dia-a-dia?
Curiosamente,
Sartre foi vítima da mesma acusação
que custou a vida de Sócrates
(469-399) na antiga Atenas: Ateísmo e corrupção
da juventude. Sócrates teve a opção de
ir para o exílio (e, portanto, desistir de sua vocação filosófica) ou ser
condenado à morte, no entanto escolheu a morte. As acusações
eram absurdas e tendenciosas, mas Sócrates preferiu não abrir mão dos seus princípios
e ainda deu uma lição de moral e de ética aos juízes. (Ler mais em: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1587383/o-que-estou-lendo-socrates-a-filosofia-e-a-arte-de-pensar-de-duvidar-de-aprender-e-de-ensinar-parte-ii)
Parece que nos anos 50 e 60, a filosofia ainda não era muito bem vista pelas pessoas em geral. Os filósofos eram vistos ainda, como seres que ameaçavam a moral e os bons costumes, ou o que quer que isto signifique. Felizmente, Sartre não foi condenado a beber cicuta como Sócrates.
Parece que nos anos 50 e 60, a filosofia ainda não era muito bem vista pelas pessoas em geral. Os filósofos eram vistos ainda, como seres que ameaçavam a moral e os bons costumes, ou o que quer que isto signifique. Felizmente, Sartre não foi condenado a beber cicuta como Sócrates.
A data de
legendagem, 14 de julho de 2011, é uma homenagem à Queda da Bastilha e à Revolução
Francesa.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rKH_plmvHIQ
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Amarante - 3º Dia - Jantar em Amarante
O
acordar no dia seguinte ao da chegada a Amarante,
foi muito calmo e saboroso, a olhar o correr da água do rio Tâmega e a ouvir o cair da chuva, que persistiu teimosa quase
durante todo o dia.
Aquele
dia foi quase todo passado no Parque de Campismo, numa sossega reconfortante. A maior parte da
manhã foi passada a ler, por baixo do toldo da autocaravana, a sentir
o cheiro a terra molhada e a observar no rio a passagem de alguns praticantes
de canoagem.
No
início da tarde a chuva amainou e podemos percorrer os caminhos florestais do
parque de campismo, que sobem a encosta serpenteando por entre luxuriante
arvoredo.
Na verdade, a sua
privilegiada localização, elevando-se em acentuado desnível desde a margem
direita do rio Tâmega, a 60 m de
altitude até ao cimo de uma elevação florestal em que atinge os 128 m, o Parque
proporciona aos utentes recantos de maravilhosa beleza, face ao seu
enquadramento natural.
Possui muitas sombras
disponíveis devido à abundante vegetação, com choupos, abetos, carvalhos,
pinheiros, sobreiros, plátanos, castanheiros, etc., que nos proporcionam
refrescantes pausas durante o passeio pelo parque.
Quando começou a chover
novamente, foi a vez de voltar à autocaravana, para se fazer um lanche almoçarado,
seguido de uma boa sesta no quentinho do interior, num divinal
sossego, que dificilmente se esquece. No final da sesta, quando a noite
começou a cair, fomos de mota até à cidade, para se procurar um bom local onde
se pudesse saborear a
deliciosa gastronomia da região. A gastronomia é outro dos
vários motivos de deleite para quem visita Amarante,
e foi esse o motivo que nos levou naquela noite à cidade.
Lá chegados e antes de se
procurar um bom restaurante para o jantar, fomos dar uma vista de olhos pelo
centro histórico da cidade, pois é belíssimo aquela hora.
Junto da ponte sobre o Tâmega, é quase imperativo observar-se
o Românico, espalhado um pouco por todo o lado nas ruas do centro histórico,
onde se podem admirar pórticos, arcos, tímpanos e capitéis, com toda a sua ornamentação.
Podem distinguir-se, em Amarante, dois núcleos de Românico bem
diferenciados, um em cada margem do rio. Na margem direita, existem construções
mais exuberantes, como por exemplo a bela Igreja
de São Gonçalo, pertencente ao Convento dominicano com o mesmo nome. Na
margem esquerda, com menores recursos económicos e de matéria-prima, os
monumentos são mais modestos, merecendo ainda assim uma visita pelas suas
ruelas empedradas, cheias de belo e antigo casario com terraços virados ao rio.
Foi ali um pouco antes da
ponte, que encontrámos o pequeno restaurante típico onde jantámos, a “Tasquinha da Ponte”, que nos serviu excelentes iguarias típicas da
região, como uma entrada de Papas de
Serrabulho e ótimos pratos de Polvo
Frito e Rojões à Moda do Minho.
Fonte: http://www.baixotamega.pt/
http://www.rotadoromanico.com/ http://igrejas-catedrais.blogspot.pt/ http://www.amarante.pt/
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Primavera 2012 – Entre Douro e Minho
A Inveja
"1. «A inveja é um mecanismo de defesa que pomos em atuação quando nos
sentimos diminuídos no confronto com alguém, com aquilo que tem, com o que
conseguiu fazer. É uma tentativa desajeitada de recuperar a confiança, a estima
de nós próprios, minimizando o outro, escreveu FRANCESCO ALBERONI, no seu “Os
Invejosos”.
2. Na inveja há um confronto, subsequente a uma necessidade interior de defesa e resposta, com deformação ética. Um confronto interior com terrível dispêndio de energias. É que, afinal, o terreno onde germina a inveja parece ser o mesmo onde germina a competitividade; mas, depois, tudo se tolda: o invejoso perde-se e perde dentro da sujidade da inveja, desviando a energia positiva da competição para o pântano confuso e trapalhão da cólera, do ódio, da tristeza ou da renúncia interiores, iluminado pela frustração e pela mesquinhez disfarçada de distância. No entanto, esta artificial distância do invejoso em relação ao invejado enfrenta uma contradição insanável: a necessidade de julgar o outro. É que quando o invejoso julga, ele está a evitar a auto-humilhação da inveja, pois nesse momento ela é um recuo estratégico para fugir à evidência que o corrói; e o invejado é, à vista do invejoso, melhor do que ele. Mas, uma vez mais, o invejoso falha: o seu próprio veneno, com que agride, sufoca e intoxica o outro (o invejado, o ambiente), esse veneno também o miserabilisa mais cedo ou mais tarde, porque o invejoso também vai respirar o ódio ou a troça com que agride os outro. É que, mais cedo ou mais tarde, a condenação social descobre o invejoso (aquele que involuntariamente se sente menos) e, por isso, se vicia num ódio intermitente, num zombar ou numa distância artificiais em relação às vítimas da sua inveja, com a consciência do mal que quer fazer ao outro quando a “paixão” da inveja o atinge; é isto o que, afinal, define o invejoso. A inveja é, assim, um mal que o invejoso sente que recebeu, mas que ninguém lhe fez, em que a experiência interna do invejoso não se coordena bem com o juízo moral da sociedade sobre as virtualidades das comparações, donde brota a inveja competitiva, ou depressiva, ou obsessiva, ou maldosa, ou avarenta ou iniciadora.
3. Na inveja, o invejoso revela a sua covardia interior. Ele foge às regras sociais da sã competição. Não quer “jogar” social e lealmente. Como se sente diminuído, convence-se de que naquela arena irá sofrer; então, cria uma arena artificial, a sua, para onde procura transportar outros, de forma a se sentir “social” e moralmente “normal”: aí odeia, zomba, “despreza”, finge que não vê ou que não ouve, tenta fugir ao invejado, àquele que ele pensa ser a causa da sua diminuição, que, afinal, é autoinfligida por uma mente primitiva.
4. Mas, a inveja também é parente da admiração pelo invejado? É na medida em que o invejoso luta contra a vitalidade, a força do invejado. Este, de que o invejoso não faz parte, representa um eu separado, distante, intangível para o invejoso. Este descobriu que também ele tem de conquistar; e é neste momento que algo no invejoso o impele à energia descendente da inveja e não à força ascendente do respeito ou da admiração pelos outros. E isto é assim por quê? Porque o invejoso não quer ser como o invejado. Ele quer os resultados e o poder deste, seja a realização pessoal ou profissional, a autossatisfação, a força ascendente, próxima da noção de energia vital de que tantos filósofos do século XIX e XX falaram. Nada mais! Na inveja existe uma desarmonia entre a vida e a vontade nobre de poder. O invejoso não quer ser como o invejado, ele quer antes acabar com o seu sofrimento interior de diferença em relação ao outro que ele vê como diferente e bem-sucedido; o outro, que o invejoso, no fundo, sabe que vale mais; mas que não pode compreender, porque não o vê bem, já que a cegueira do invejoso só lhe dá luz sobre si mesmo e não sobre a humanidade do objeto da sua inveja. O invejoso desconhece o ser do invejado. E é por isso que não suporta ouvir falar ou ver o ser invejado. Daí que: «A inveja não procura, afirma. Não escuta, murmura. Não vai para o objeto, diferencia-se dele, atira-o para longe como que ofuscada pelo esplendor que entreviu e pelo qual foi perturbada. É esta a transfiguração invejosa». A negação das coisas e dos atos do invejado pelo invejoso existe, como tal, quando não há ameaça à fé, mas sim ao valor pessoal que o invejoso dá a si próprio, de molde a que nada possa ou consiga aprender com o invejado. E este pobre quadro floresce se a sociedade não estiver bem organizada coletivamente, assente em valores ascendentes e fortes, porque nesse tipo de sociedade os seus valores são frágeis, discutíveis, podendo todo e qualquer ser humano querer ter o mesmo valor social do outro, abrindo assim caminho à triste paixão da inveja. Esta é, assim, tanto mais forte quanto mais fracas forem a sociedade e as raízes pessoais e intelectuais de cada um.
5. Um dos maiores segredos da vida é saber como reduzir a força da inveja. Tal redução passa sempre pela distância e pela força vital do movimento progressista do invejado. Este deve ter sempre presente a possibilidade de “viajar com saúde vital” ao longo da vida.”
2. Na inveja há um confronto, subsequente a uma necessidade interior de defesa e resposta, com deformação ética. Um confronto interior com terrível dispêndio de energias. É que, afinal, o terreno onde germina a inveja parece ser o mesmo onde germina a competitividade; mas, depois, tudo se tolda: o invejoso perde-se e perde dentro da sujidade da inveja, desviando a energia positiva da competição para o pântano confuso e trapalhão da cólera, do ódio, da tristeza ou da renúncia interiores, iluminado pela frustração e pela mesquinhez disfarçada de distância. No entanto, esta artificial distância do invejoso em relação ao invejado enfrenta uma contradição insanável: a necessidade de julgar o outro. É que quando o invejoso julga, ele está a evitar a auto-humilhação da inveja, pois nesse momento ela é um recuo estratégico para fugir à evidência que o corrói; e o invejado é, à vista do invejoso, melhor do que ele. Mas, uma vez mais, o invejoso falha: o seu próprio veneno, com que agride, sufoca e intoxica o outro (o invejado, o ambiente), esse veneno também o miserabilisa mais cedo ou mais tarde, porque o invejoso também vai respirar o ódio ou a troça com que agride os outro. É que, mais cedo ou mais tarde, a condenação social descobre o invejoso (aquele que involuntariamente se sente menos) e, por isso, se vicia num ódio intermitente, num zombar ou numa distância artificiais em relação às vítimas da sua inveja, com a consciência do mal que quer fazer ao outro quando a “paixão” da inveja o atinge; é isto o que, afinal, define o invejoso. A inveja é, assim, um mal que o invejoso sente que recebeu, mas que ninguém lhe fez, em que a experiência interna do invejoso não se coordena bem com o juízo moral da sociedade sobre as virtualidades das comparações, donde brota a inveja competitiva, ou depressiva, ou obsessiva, ou maldosa, ou avarenta ou iniciadora.
3. Na inveja, o invejoso revela a sua covardia interior. Ele foge às regras sociais da sã competição. Não quer “jogar” social e lealmente. Como se sente diminuído, convence-se de que naquela arena irá sofrer; então, cria uma arena artificial, a sua, para onde procura transportar outros, de forma a se sentir “social” e moralmente “normal”: aí odeia, zomba, “despreza”, finge que não vê ou que não ouve, tenta fugir ao invejado, àquele que ele pensa ser a causa da sua diminuição, que, afinal, é autoinfligida por uma mente primitiva.
4. Mas, a inveja também é parente da admiração pelo invejado? É na medida em que o invejoso luta contra a vitalidade, a força do invejado. Este, de que o invejoso não faz parte, representa um eu separado, distante, intangível para o invejoso. Este descobriu que também ele tem de conquistar; e é neste momento que algo no invejoso o impele à energia descendente da inveja e não à força ascendente do respeito ou da admiração pelos outros. E isto é assim por quê? Porque o invejoso não quer ser como o invejado. Ele quer os resultados e o poder deste, seja a realização pessoal ou profissional, a autossatisfação, a força ascendente, próxima da noção de energia vital de que tantos filósofos do século XIX e XX falaram. Nada mais! Na inveja existe uma desarmonia entre a vida e a vontade nobre de poder. O invejoso não quer ser como o invejado, ele quer antes acabar com o seu sofrimento interior de diferença em relação ao outro que ele vê como diferente e bem-sucedido; o outro, que o invejoso, no fundo, sabe que vale mais; mas que não pode compreender, porque não o vê bem, já que a cegueira do invejoso só lhe dá luz sobre si mesmo e não sobre a humanidade do objeto da sua inveja. O invejoso desconhece o ser do invejado. E é por isso que não suporta ouvir falar ou ver o ser invejado. Daí que: «A inveja não procura, afirma. Não escuta, murmura. Não vai para o objeto, diferencia-se dele, atira-o para longe como que ofuscada pelo esplendor que entreviu e pelo qual foi perturbada. É esta a transfiguração invejosa». A negação das coisas e dos atos do invejado pelo invejoso existe, como tal, quando não há ameaça à fé, mas sim ao valor pessoal que o invejoso dá a si próprio, de molde a que nada possa ou consiga aprender com o invejado. E este pobre quadro floresce se a sociedade não estiver bem organizada coletivamente, assente em valores ascendentes e fortes, porque nesse tipo de sociedade os seus valores são frágeis, discutíveis, podendo todo e qualquer ser humano querer ter o mesmo valor social do outro, abrindo assim caminho à triste paixão da inveja. Esta é, assim, tanto mais forte quanto mais fracas forem a sociedade e as raízes pessoais e intelectuais de cada um.
5. Um dos maiores segredos da vida é saber como reduzir a força da inveja. Tal redução passa sempre pela distância e pela força vital do movimento progressista do invejado. Este deve ter sempre presente a possibilidade de “viajar com saúde vital” ao longo da vida.”
Francesco Alberoni, in Os Invejosos
Chegada a Amarante - 3º Dia - Parte III
Depois da visita ao final da tarde ao belo cabeço silencioso, de largas vistas e ambiente bucólico do alto do Monte de São Romão, onde se encontra a Citânia de Briteiros, partimos com rumo a Amarante.
Pelo caminho a estrada vai
alternando entre o vale e a montanha, decorrendo ora por entre culturas e
pastagens, ora por entre matagais e pequenos bosques de pinheiros, sobreiros e
castanheiros, o itinerário integra, não apenas uma fauna e flora ricas e
variadas, mas também vão sendo observados vários exemplares do património
histórico-cultural da região.
A chegada a Amarante já de noite fez com que
depois de uma passagem pelo centro da cidade, fossemos logo para o Parque de Campismo
Municipal do Penedo da Rainha, situado
a 1 Km a Este da cidade, entre frondoso arvoredo na margem direita do rio Tâmega.
Na receção uma simpática
senhora mostra-nos o plano do parque e nele descobrimos o lugar ideal para a
pernoita e estadia em Amarante. A escolha recaiu numa
plataforma em terra batida, bem servida de ligações de luz, com um bom
balneário, rodeada de belo arvoredo e como não podia deixar de ser, a beijar o
Tâmega.
Este parque de campismo com uma privilegiada
localização oferece recantos de maravilhosa beleza, onde não faltam espaços com
sombras e vegetação abundante. Dispõe de inúmeras facilidades e tem como
principais atrativos a praia fluvial, situada a 50 metros, possuindo ainda uma
pequena piscina que se situa na parte mais alta do parque. Único senão, são os
chuveiros a precisar de serem trocados, uma vez que a água espirra para todos
os lados menos para baixo, obrigando o banhista a colocar uma mão
permanentemente no chuveiro, para melhor direcionar a água.
"Para quem viaja em busca
de valores culturais ou de uma estadia em comunhão com a Natureza, mais tarde
ou mais cedo acaba por fazer de Amarante
um destino óbvio." Amarante é uma
cidade pequena e acolhedora, sendo fácil nela "construir a leitura pessoal da
cidade: o religioso, o aristocrático, o peso da serra e do rio... Lida de uma
maneira ou outra, Amarante é uma
verdadeira encruzilhada, mostrando-nos com facilidade e sem grande procura, a sua
história, os seus monumentos e as suas tradições."
“Descobrir a
cidade e o concelho, é uma aventura que apetece viver. Se é a natureza que
chama, o destino é o rio Tâmega, ou
são as serras da Abobobeira e do Marão, oferecendo ambas paisagens de
sonho e aldeias de gente afável, acolhedora, ricas de tradições e com uma
arquitetura marcada de granito e xisto.” (in, Portal de Turismo de Amarante)
Fonte:https://maps.google.pt/ http://aconquistadabolina.blogspot.pt/
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Primavera 2012 – Entre Douro e Minho
A nova lógica “PRECrisiana”…
“Os ricos que paguem a crise!!!”
Devido à recente crise,
este antigo slogan parece estar outra vez na moda!... Esta é talvez a frase mais demagógica
e invejosa que pode ser proferida nos dias que vivemos. Por isso quando a ouço
de alguém, o carimbo é de invejoso. Ainda mais quando sabemos que vivíamos e ainda
vivemos, querendo ser proprietários de alguma coisa. Não foi por isso que as
famílias portuguesas se endividaram até à ponta dos cabelos, querendo ter o que
não podiam?
Se a memória não me falha,
este slogan foi popularizado nos anos 70 pelo então deputado da UDP, o já
falecido Acácio Barreiros, na época do PREC,
o processo revolucionário então em curso.
Segundo
nos diz o Presidente da APEMIP e julgo que muitos concordam, “Num país onde se construiu mais nos últimos 30 anos
do que durante os mais de oito séculos da nossa nacionalidade, a propriedade
imobiliária deixou de ser um sinal exterior de riqueza”. Mas no entender também de
muitos outros, isso só é assim para os devedores desses imóveis.
Para
aqueles que realmente os possuem (isto é, que já não os devem), esses são “ricos”
e como na época do PREC, os seus bens de preferência deveriam ser “nacionalizados”, devendo os impostos também de preferência
só recair sobre esses, porque os outros coitadinhos só podem ir pagando aquilo
que devem.
Os
outros, os reais proprietários, são para a sociedade em CRISE, “aqueles que devem
pagar a crise”. Até porque são uns desalmados, por não partilharem as suas
propriedades com os mais pobres, não dando um quartinho ou um anexo de suas
casas às famílias que coitadas, por algum motivo perderam as suas casas ou sofreram
"desapropriações", por falta de pagamento das prestações do crédito imobiliário. Estes na “nova” lógica “PRECrisiana” são uns verdadeiros
malandros, porque guardam aquilo que é seu somente para si.
É
nesta lógica que os políticos nunca são punidos por usarem os dinheiros
públicos a seu belo prazer, gastando com mordomias o dinheiro dos nossos
impostos, não se preocupando em criar riqueza para o seu País. Porque afinal são
“os ricos”, que sempre pagaram os seus impostos, que “devem pagar a crise!”
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Ventanias
Citânia de Briteiros - 3º Dia - Parte II
Depois de se visitar demoradamente o Parque e o Santuário da Penha, seguimos rumo à Citânia de Briteiros, um sítio arqueológico situado no alto do Monte de São Romão, na freguesia de Salvador de Briteiros, a cerca de 15 km de distância a Noroeste da cidade de Guimarães.
As
suas ruínas foram descobertas pelo arqueólogo vimaranense Martins Sarmento, em 1875. Trata-se
de um lugar habitado pelos celtas na Idade do Ferro, que permaneceu ocupado até
à época da invasão romana da Península Ibérica.
A influência da romanização neste povoado, no séc. I a.C., é evidenciada em numerosos vestígios, tais como inscrições latinas, moedas encontradas no local, da República e do Império Romano, bem como fragmentos de cerâmica importada (terra de sigillata), vidros, e outros.
A influência da romanização neste povoado, no séc. I a.C., é evidenciada em numerosos vestígios, tais como inscrições latinas, moedas encontradas no local, da República e do Império Romano, bem como fragmentos de cerâmica importada (terra de sigillata), vidros, e outros.
Como se sabe, a Idade do Ferro trouxe os
celtas e com eles surgiram os Castros ou Citânias, ou ainda, como o povo lhes
chama, os Crastos. Estas são construções
fortificadas no cimo dos montes com carácter marcadamente defensivo.
Podem ser encontradas em todo o Norte de Portugal e mais do que rudimentares fortalezas, cada Citânia e cada Castro seria uma espécie de observatório, uma vez que se encontram situados na sua grande maioria, em zonas altas e de vistas largas.
O espólio geralmente encontrado nos Castros
escavados, têm características neolíticas, como por exemplo os machados
polidos, a cerâmica, as lâminas de sílex e mós do tipo primitivo.
A visita leva-nos por estreitos caminhos em pedra, com valas em pedra onde corria água, numa espécie de sistema de canalização. Os caminhos serpenteiam à volta do morro, os restos de uma grande povoação murada. Na realidade existem três muralhas, que teriam cerca de dois metros de largura, em média, e cinco metros de altura.
Revela-se
nesta cultura traços da influência indígena no dispositivo topográfico da
povoação, no traçado das muralhas, na planta circular das casas, no processo da
sua construção e na decoração com motivos geométricos.
Um dos monumentos pré-romanos mais curiosos é um Balneário, constando de uma pequena câmara redonda ligada a um recinto quadrangular. Os dois compartimentos eram divididos por uma estela de forma pentagonal, com uma pequena abertura no fundo, para se poder passar de um para o outro. Uma das câmaras servia para se tomarem banhos de vapor, a outra para se tomarem banhos de água fria. Durante algum tempo, pensou-se que este Balneário fosse um edifício de carácter funerário.
Esta
citânia deve ter sido definitivamente abandonada no séc. III e estudos recentes
permitem atribuir-lhe o papel de capital política dos "Callaeci Bracari" no início do século I, onde se
reuniria o respetivo "consilium
gentis", na grande casa
circular de bancos adossados às paredes,
situada no cimo do povoado, bem perto das três casas circulares
reconstruidas.
Como testemunho do primitivismo das origens da Citânia de Briteiros existem os vários achados, que revelam instrumentos de pedra polida ou de bronze inicial. Por outro lado, as "mamoas" nas vizinhanças da citânia e as gravuras rupestres nas encostas dos montes, mostram a existência de uma cultura autóctone anterior à romana.
Encontra-se
classificada como Monumento Nacional desde 1910, e nela o pôr-do-sol é formidável.
Fonte: http://comunidade.sol.pt/ http://pt.wikipedia.org/
http://www.guiadacidade.pt/
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Primavera 2012 – Entre Douro e Minho
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