Do Tédio ao Respeito de Si


Yves de La Taille é Professor Titular do Instituto de Psicologia da USP, Cadeira de Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Genética no Instituto de Psicologia. Recebeu o Prêmio Jabuti Educação, Psicologia e Psicanálise em 2007 com o livro "Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas". Além deste livro  Yves de La Taille é autor de outras diversas obras.

Nesta palestra do Café Filosófico fala-nos de Educação Moral e Formação Ética, com o tema "Do Tédio ao Respeito de Si".



Fonte: http://www.youtube.com/

Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte III



O centro da cidade de Amarante está aliado a uma beleza natural sem igual que se une na perfeição com um amplo património histórico, fazendo desta cidade uma caixinha de surpresas, pronta a despertar os nossos cinco sentidos.
 
Amarante é por tudo isto um lugar perdido no tempo que guarda em cada pedaço da cidade muito da nossa essência como povo. A descoberta desta cidade é assim a descoberta da nossa ancestral cultura. Tradições que achávamos perdidas são ali reencontradas e de novo apaixonamo-nos por uma cultura que são as raízes de todos nós.
Contemporânea da formação de Portugal e com íntima ligação às gentes e famílias que protagonizaram a fundação da nossa Nacionalidade, Amarante é também um testemunho do papel relevante que este território outrora desempenhou na história da nobreza e das ordens religiosas em Portugal.
Antes de deixarmos a cidade, queríamos comprar e provar alguns dos seus famosos doces amarantinos. A história de Amarante é indissociável da história da doçaria conventual do nosso país. Estas iguarias, com origem no Convento de Santa Clara, o mais antigo da cidade hoje em ruinas, são uma das referências locais, onde a oferta é bastante variada.
Para os encontrarmos bastou entrar no Café S. Gonçalo, onde tínhamos estado sentados na esplanada a observar o vai e vem das gentes, na Praça da Republica. Lá dentro os doces tradicionais esperavam-nos, sendo os mais emblemáticos os papos de anjo, as lérias, os bolos de S. Gonçalo, os foguetes e as brisas do Tâmega. De todos eles os mais interessantes pela história associada são os bolos de S. Gonçalo, mais conhecidos na região por “Ferramentas de S. Gonçalo”, por terem a forma de um falo.
São Gonçalo é o santo protetor das “velhas” e as preces a este santo, acredita-se, que curam os problemas de fertilidade masculina. Segundo reza a lenda, este santo teria casado em segredo alguns habitantes de uma aldeia chamada “Ovelha”, que a Igreja não queria casar por já viverem maritalmente há algum tempo. Entre estes encontravam-se novos e velhos, e assim o povo passou a dizer que São Gonçalo era o "casamenteiro dos de Ovelha". Este dizer popular foi ao longo do tempo sendo abreviado ou transformado, dando "casamenteiro das Velhas". Das questões sentimentais a ele associadas rapidamente o povo passou para as questões de ordem sexual. Assim para as festas e romarias de Amarante começaram a ser feitos bolos em forma de falo, com a mesma massa das cavacas das Caldas da Rainha, que os noivos ofereciam às noivas.
E foi assim que o santo homem vê uma parte da sua fisiologia que de pouco lhe teria servido, transformada em bolo brejeiro através do carinho do povo: as Ferramentas de São Gonçalo, doces de massa de farinha e açúcar, com ou sem recheio, semelhantes às galhofas e às cavacas. Diz-se ainda que este bolo seria uma homenagem ao papel conciliador das desavenças matrimoniais, feito pelo beato. Quem o come são sobretudo as mulheres, em geral como oferta amorosa do companheiro.
Esteve este doce proibido por indecente durante o Estado Novo, embora se tenha sempre portado como bolo da “resistência”, sendo confecionado na clandestinidade e vendido à socapa. Ainda hoje, nas barracas e nas pastelarias mais tradicionais de Amarante, podem encontrar-se estes bolos fálicos.
Fonte: http://myguide.iol.pt/ http://www.rotadoromanico.com/ http://cozinhaeliteratura.blogspot.pt/ http://conversasamesa.blogs.sapo.pt/

Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte II



Depois da visita à Igreja de S. Gonçalo, sai-se para a Praça da Republica caminhando em direção ao Café/Bar S. Gonçalo, com uma boa esplanada de onde se pode apreciar bem o movimento e a dinâmica da Praça.
Dali também se observa bem a Ponte de S. Gonçalo, que juntamente com a Igreja do mesmo nome representam o epicentro do centro histórico da cidade de Amarante.
Primitivamente supõe-se ter existido neste local da atual ponte uma outra de origem romana, dado ser esse o traçado da estrada romana que passaria em Amarante em direção a Guimarães e Braga.
No entanto, por volta do ano 1250, e segundo uma antiga lenda existente na cidade, São Gonçalo terá construído ou reconstruído essa ponte, que mais tarde desmoronou devido a uma cheia do rio Tâmega. Nela havia um cruzeiro com o Senhor da Boa Passagem, que foi retirado uma hora antes do histórico desmoronamento da ponte e mais tarde colocado num nicho a um recanto da Igreja de São Gonçalo, ficando a imagem de Nossa Senhora da Ponte a proteger o trânsito.

A atual Ponte de S. Gonçalo é uma bela construção construída em granito no final do séc. XVII e é uma das imagens de marca da cidade. A placa de mármore fixada num dos obeliscos que guardam a entrada da ponte recorda a defesa e a vitória do general Silveira, futuro conde de Amarante, que a 2 de Maio de 1809 defrontou as tropas napoleónicas.
 
Esta ponte permite contemplar as calmas águas do Tâmega e a paisagem em redor. Descendo para o Museu Municipal Amadeu de Souza Cardoso, que naquele dia infelizmente por ser feriado se encontrava fechado, o visitante depara-se com uma estátua de Teixeira de Pascoaes, grande poeta oriundo da cidade. Não muito longe daqui está a agradável Praia Fluvial da Aurora e o Mercado Municipal.

Sobranceiro ao rio, e junto à igreja de São Gonçalo, encontra-se um templo de pequenas dimensões dedicado a Nosso Senhor dos Aflitos. Contudo, a designação mais comum é a de Capela de São Domingos, por ter sido fundado pela Venerável Ordem Terceira do Patriarca São Domingos.
 
Dali também se observa uma fonte integrada na parede exterior da Igreja de S. Gonçalo, num vão pouco profundo em arco pleno, confrontando com o terreiro do Convento.
Do lado Norte observa-se a Igreja dos Clérigos de São Pedro, que o IPPAR classificou de Imóvel de Interesse Público. É um edifício erigido em finais do séc. XVIII, que se encontra em posição altaneira em relação à Praça da Republica, com a torre sineira incorporada na frontaria. Apresenta na sua arquitetura motivos barrocos mas, já com influências neoclássicas e possui no seu interior, talha barroca, de estilo joanino.

Fonte: http://www.ruadireita.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://amaranteportal.com/

Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte I




No 4º dia de viagem (2º em Amarante) após o almoço, fomos de autocaravana até à cidade para percorrermos o centro histórico, antes da partida rumo ao vale do Douro.
 

Amarante é uma calma e bonita cidade, situada no verdejante vale do rio Tâmega, fundada na mesma época da formação de Portugal. Segundo reza a história a cidade nasceu no séc. XIII, quando S. Gonçalo, um pregador com fama de santo decidiu construir ali uma ermida. A fama desse homem de Deus foi o mote para logo ali se começarem a juntar pessoas para naquele lugar residirem, sendo iniciado assim o desenvolvimento da cidade que hoje reflete sobremaneira o carácter religioso da sua fundação.

Poder-se-á dizer então que o povoado se desenvolveu sob o aspeto religioso e a Natureza envolvente fez o resto. Mais tarde ali foi fundado o Convento de S. Gonçalo envolto pelo bucolismo das margens do rio Tâmega, à volta do qual foi crescendo o povoado.

O centro histórico da cidade encontra-se hoje situado em volta da Praça da República, que alberga a imponência da Igreja e Convento de S. Gonçalo, mandado edificar em 1540 pelo rei D. João III, o Pio e sua esposa, a rainha D. Catarina de Áustria, infanta de Espanha e irmã mais nova do imperador Carlos V.

O Convento que demorou oitenta anos a ser construído, constitui um dos monumentos com maior expressão do Norte do país e tem agregada uma bonita igreja de fachada grandiosa com três andares, um deles barroco e os outros dois renascentistas. O portal lateral de três andares tem colunelos em estilo renascentista italiano, rematados por um frontão branco, com a estátua do Beato S. Gonçalo de Amarante, o padroeiro da cidade, colocada no nicho central do primeiro andar.

No conjunto conventual destaca-se à esquerda do portal principal, a Varanda dos Reis, com as estátuas dos monarcas que patrocinaram a sua construção numa atitude provável de homenagem - D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e D. Filipe I.
O interior é de três naves, onde sobressai um magnífico retábulo barroco em talha dourada e, claro, a importante Capela de São Gonçalo onde repousa o santo, situada à esquerda da capela-mor, sobre uma estátua tumular de calcário finamente trabalhada.
 
 
De relevo no conjunto monástico é a Galeria dos Reis, a Capela de Santa Rita de Cássia, o Órgão do século XVIII, a Varanda dos Reis, a barroca Torre Sineira, os dois belos claustros e o monumental chafariz.

Além da Igreja e Convento de S. Gonçalo, ainda encontramos no centro histórico as igrejas de S. Pedro e de S. Domingos (que atualmente acolhe o Museu de Arte Sacra), o Solar dos Magalhães e a Casa da Cerca (onde funciona a Biblioteca Municipal). Por ser feriado só se encontrava aberta para a missa a Igreja de S. Gonçalo, encontrando-se as restantes fechadas. Naquele dia a Igreja de S. Gonçalo estava cheia, uma vez que era Sexta-feira Santa e os fiéis tinham vindo assistir à missa.

No exterior na parede da Igreja de S. Gonçalo já a caminho da Ponte de S. Gonçalo sobre o Tâmega, vemos num nicho Nossa Senhora da Ponte (séc. XIV) uma imagem medieval, atualmente venerada na igreja conventual.

Fonte: http://www.ruadireita.com/ http://www.lifecooler.com/ http://www.guiadacidade.pt/

Ler mais sobre a vida do Beato S. Gonçalo de Amarante em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_de_Amarante

Jean-Paul Sartre


O “Caminho para a Liberdade” é o terceiro episódio da série Human all too Human da BBC, feita em 1999. Neste episódio, são abordadas, a vida e a obra do mais famoso filósofo existencialista europeu, Jean-Paul Sartre (1905-1980).

O homem que passou a vida desafiando a lógica convencional amava os paradoxos. O documentário expõe estes paradoxos de sua vida e obra, ao mesmo tempo em que questiona ambos. A pergunta central colocada é: Se o ser humano é livre para fazer o que quiser, como postula Sartre, então como devemos viver nossas vidas no dia-a-dia?

Curiosamente, Sartre foi vítima da mesma acusação que custou a vida de Sócrates (469-399) na antiga Atenas: Ateísmo e corrupção da juventude. Sócrates teve a opção de ir para o exílio (e, portanto, desistir de sua vocação filosófica) ou ser condenado à morte, no entanto escolheu a morte. As acusações eram absurdas e tendenciosas, mas Sócrates preferiu não abrir mão dos seus princípios e ainda deu uma lição de moral e de ética aos juízes. (Ler mais em: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1587383/o-que-estou-lendo-socrates-a-filosofia-e-a-arte-de-pensar-de-duvidar-de-aprender-e-de-ensinar-parte-ii)

Parece que nos anos 50 e 60, a filosofia ainda não era muito bem vista pelas pessoas em geral. Os filósofos eram vistos ainda, como seres que ameaçavam a moral e os bons costumes, ou o que quer que isto signifique. Felizmente, Sartre não foi condenado a beber cicuta como Sócrates.

A data de legendagem, 14 de julho de 2011, é uma homenagem à Queda da Bastilha e à Revolução Francesa.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rKH_plmvHIQ

Amarante - 3º Dia - Jantar em Amarante


O acordar no dia seguinte ao da chegada a Amarante, foi muito calmo e saboroso, a olhar o correr da água do rio Tâmega e a ouvir o cair da chuva, que persistiu teimosa quase durante todo o dia.
Aquele dia foi quase todo passado no Parque de Campismo, numa sossega reconfortante. A maior parte da manhã foi passada a ler, por baixo do toldo da autocaravana, a sentir o cheiro a terra molhada e a observar no rio a passagem de alguns praticantes de canoagem.
 
No início da tarde a chuva amainou e podemos percorrer os caminhos florestais do parque de campismo, que sobem a encosta serpenteando por entre luxuriante arvoredo.
 
Na verdade, a sua privilegiada localização, elevando-se em acentuado desnível desde a margem direita do rio Tâmega, a 60 m de altitude até ao cimo de uma elevação florestal em que atinge os 128 m, o Parque proporciona aos utentes recantos de maravilhosa beleza, face ao seu enquadramento natural.
Possui muitas sombras disponíveis devido à abundante vegetação, com choupos, abetos, carvalhos, pinheiros, sobreiros, plátanos, castanheiros, etc., que nos proporcionam refrescantes pausas durante o passeio pelo parque.
Quando começou a chover novamente, foi a vez de voltar à autocaravana, para se fazer um lanche almoçarado, seguido de uma boa sesta no quentinho do interior, num divinal sossego, que dificilmente se esquece. No final da sesta, quando a noite começou a cair, fomos de mota até à cidade, para se procurar um bom local onde se pudesse saborear a deliciosa gastronomia da região. A gastronomia é outro dos vários motivos de deleite para quem visita Amarante, e foi esse o motivo que nos levou naquela noite à cidade.  
Lá chegados e antes de se procurar um bom restaurante para o jantar, fomos dar uma vista de olhos pelo centro histórico da cidade, pois é belíssimo aquela hora.
Junto da ponte sobre o Tâmega, é quase imperativo observar-se o Românico, espalhado um pouco por todo o lado nas ruas do centro histórico, onde se podem admirar pórticos, arcos, tímpanos e capitéis, com toda a sua ornamentação.
Podem distinguir-se, em Amarante, dois núcleos de Românico bem diferenciados, um em cada margem do rio. Na margem direita, existem construções mais exuberantes, como por exemplo a bela Igreja de São Gonçalo, pertencente ao Convento dominicano com o mesmo nome. Na margem esquerda, com menores recursos económicos e de matéria-prima, os monumentos são mais modestos, merecendo ainda assim uma visita pelas suas ruelas empedradas, cheias de belo e antigo casario com terraços virados ao rio.

Foi ali um pouco antes da ponte, que encontrámos o pequeno restaurante típico onde jantámos, a “Tasquinha da Ponte”, que nos serviu excelentes iguarias típicas da região, como uma entrada de Papas de Serrabulho e ótimos pratos de Polvo Frito e Rojões à Moda do Minho.
Fonte: http://www.baixotamega.pt/ http://www.rotadoromanico.com/ http://igrejas-catedrais.blogspot.pt/ http://www.amarante.pt/

A Inveja

 
"1. «A inveja é um mecanismo de defesa que pomos em atuação quando nos sentimos diminuídos no confronto com alguém, com aquilo que tem, com o que conseguiu fazer. É uma tentativa desajeitada de recuperar a confiança, a estima de nós próprios, minimizando o outro, escreveu FRANCESCO ALBERONI, no seu “Os Invejosos”.

2. Na inveja há um confronto, subsequente a uma necessidade interior de defesa e resposta, com deformação ética. Um confronto interior com terrível dispêndio de energias. É que, afinal, o terreno onde germina a inveja parece ser o mesmo onde germina a competitividade; mas, depois, tudo se tolda: o invejoso perde-se e perde dentro da sujidade da inveja, desviando a energia positiva da competição para o pântano confuso e trapalhão da cólera, do ódio, da tristeza ou da renúncia interiores, iluminado pela frustração e pela mesquinhez disfarçada de distância. No entanto, esta artificial distância do invejoso em relação ao invejado enfrenta uma contradição insanável: a necessidade de julgar o outro. É que quando o invejoso julga, ele está a evitar a auto-humilhação da inveja, pois nesse momento ela é um recuo estratégico para fugir à evidência que o corrói; e o invejado é, à vista do invejoso, melhor do que ele. Mas, uma vez mais, o invejoso falha: o seu próprio veneno, com que agride, sufoca e intoxica o outro (o invejado, o ambiente), esse veneno também o miserabilisa mais cedo ou mais tarde, porque o invejoso também vai respirar o ódio ou a troça com que agride os outro. É que, mais cedo ou mais tarde, a condenação social descobre o invejoso (aquele que involuntariamente se sente menos) e, por isso, se vicia num ódio intermitente, num zombar ou numa distância artificiais em relação às vítimas da sua inveja, com a consciência do mal que quer fazer ao outro quando a “paixão” da inveja o atinge; é isto o que, afinal, define o invejoso. A inveja é, assim, um mal que o invejoso sente que recebeu, mas que ninguém lhe fez, em que a experiência interna do invejoso não se coordena bem com o juízo moral da sociedade sobre as virtualidades das comparações, donde brota a inveja competitiva, ou depressiva, ou obsessiva, ou maldosa, ou avarenta ou iniciadora.



3. Na inveja, o invejoso revela a sua covardia interior. Ele foge às regras sociais da sã competição. Não quer “jogar” social e lealmente. Como se sente diminuído, convence-se de que naquela arena irá sofrer; então, cria uma arena artificial, a sua, para onde procura transportar outros, de forma a se sentir “social” e moralmente “normal”: aí odeia, zomba, “despreza”, finge que não vê ou que não ouve, tenta fugir ao invejado, àquele que ele pensa ser a causa da sua diminuição, que, afinal, é autoinfligida por uma mente primitiva.


4. Mas, a inveja também é parente da admiração pelo invejado? É na medida em que o invejoso luta contra a vitalidade, a força do invejado. Este, de que o invejoso não faz parte, representa um eu separado, distante, intangível para o invejoso. Este descobriu que também ele tem de conquistar; e é neste momento que algo no invejoso o impele à energia descendente da inveja e não à força ascendente do respeito ou da admiração pelos outros. E isto é assim por quê? Porque o invejoso não quer ser como o invejado. Ele quer os resultados e o poder deste, seja a realização pessoal ou profissional, a autossatisfação, a força ascendente, próxima da noção de energia vital de que tantos filósofos do século XIX e XX falaram. Nada mais! Na inveja existe uma desarmonia entre a vida e a vontade nobre de poder. O invejoso não quer ser como o invejado, ele quer antes acabar com o seu sofrimento interior de diferença em relação ao outro que ele vê como diferente e bem-sucedido; o outro, que o invejoso, no fundo, sabe que vale mais; mas que não pode compreender, porque não o vê bem, já que a cegueira do invejoso só lhe dá luz sobre si mesmo e não sobre a humanidade do objeto da sua inveja. O invejoso desconhece o ser do invejado. E é por isso que não suporta ouvir falar ou ver o ser invejado. Daí que: «A inveja não procura, afirma. Não escuta, murmura. Não vai para o objeto, diferencia-se dele, atira-o para longe como que ofuscada pelo esplendor que entreviu e pelo qual foi perturbada. É esta a transfiguração invejosa». A negação das coisas e dos atos do invejado pelo invejoso existe, como tal, quando não há ameaça à fé, mas sim ao valor pessoal que o invejoso dá a si próprio, de molde a que nada possa ou consiga aprender com o invejado. E este pobre quadro floresce se a sociedade não estiver bem organizada coletivamente, assente em valores ascendentes e fortes, porque nesse tipo de sociedade os seus valores são frágeis, discutíveis, podendo todo e qualquer ser humano querer ter o mesmo valor social do outro, abrindo assim caminho à triste paixão da inveja. Esta é, assim, tanto mais forte quanto mais fracas forem a sociedade e as raízes pessoais e intelectuais de cada um.


5. Um dos maiores segredos da vida é saber como reduzir a força da inveja. Tal redução passa sempre pela distância e pela força vital do movimento progressista do invejado. Este deve ter sempre presente a possibilidade de “viajar com saúde vital” ao longo da vida.”


Francesco Alberoni, in Os Invejosos

 
Publicado por António Aly Silva, em http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/

Chegada a Amarante - 3º Dia - Parte III



Depois da visita ao final da tarde ao belo cabeço silencioso, de largas vistas e ambiente bucólico do alto do Monte de São Romão, onde se encontra a Citânia de Briteiros, partimos com rumo a Amarante.

Pelo caminho a estrada vai alternando entre o vale e a montanha, decorrendo ora por entre culturas e pastagens, ora por entre matagais e pequenos bosques de pinheiros, sobreiros e castanheiros, o itinerário integra, não apenas uma fauna e flora ricas e variadas, mas também vão sendo observados vários exemplares do património histórico-cultural da região.
A chegada a Amarante já de noite fez com que depois de uma passagem pelo centro da cidade, fossemos logo para o Parque de Campismo Municipal do Penedo da Rainha, situado a 1 Km a Este da cidade, entre frondoso arvoredo na margem direita do rio Tâmega.
Na receção uma simpática senhora mostra-nos o plano do parque e nele descobrimos o lugar ideal para a pernoita e estadia em Amarante. A escolha recaiu numa plataforma em terra batida, bem servida de ligações de luz, com um bom balneário, rodeada de belo arvoredo e como não podia deixar de ser, a beijar o Tâmega.
Este parque de campismo com uma privilegiada localização oferece recantos de maravilhosa beleza, onde não faltam espaços com sombras e vegetação abundante. Dispõe de inúmeras facilidades e tem como principais atrativos a praia fluvial, situada a 50 metros, possuindo ainda uma pequena piscina que se situa na parte mais alta do parque. Único senão, são os chuveiros a precisar de serem trocados, uma vez que a água espirra para todos os lados menos para baixo, obrigando o banhista a colocar uma mão permanentemente no chuveiro, para melhor direcionar a água.
"Para quem viaja em busca de valores culturais ou de uma estadia em comunhão com a Natureza, mais tarde ou mais cedo acaba por fazer de Amarante um destino óbvio." Amarante é uma cidade pequena e acolhedora, sendo fácil nela "construir a leitura pessoal da cidade: o religioso, o aristocrático, o peso da serra e do rio... Lida de uma maneira ou outra, Amarante é uma verdadeira encruzilhada, mostrando-nos com facilidade e sem grande procura, a sua história, os seus monumentos e as suas tradições."
“Descobrir a cidade e o concelho, é uma aventura que apetece viver. Se é a natureza que chama, o destino é o rio Tâmega, ou são as serras da Abobobeira e do Marão, oferecendo ambas paisagens de sonho e aldeias de gente afável, acolhedora, ricas de tradições e com uma arquitetura marcada de granito e xisto.” (in, Portal de Turismo de Amarante)




Fonte:https://maps.google.pt/ http://aconquistadabolina.blogspot.pt/http://www.amarante.pt/ http://www.amarante.pt/ http://www.igogo.pt/

A nova lógica “PRECrisiana”…


“Os ricos que paguem a crise!!!”
Devido à recente crise, este antigo slogan parece estar outra vez na moda!... Esta é talvez a frase mais demagógica e invejosa que pode ser proferida nos dias que vivemos. Por isso quando a ouço de alguém, o carimbo é de invejoso. Ainda mais quando sabemos que vivíamos e ainda vivemos, querendo ser proprietários de alguma coisa. Não foi por isso que as famílias portuguesas se endividaram até à ponta dos cabelos, querendo ter o que não podiam?
Se a memória não me falha, este slogan foi popularizado nos anos 70 pelo então deputado da UDP, o já falecido Acácio Barreiros, na época do PREC, o processo revolucionário então em curso.  
Segundo nos diz o Presidente da APEMIP e julgo que muitos concordam, Num país onde se construiu mais nos últimos 30 anos do que durante os mais de oito séculos da nossa nacionalidade, a propriedade imobiliária deixou de ser um sinal exterior de riqueza”. Mas no entender também de muitos outros, isso só é assim para os devedores desses imóveis.
Para aqueles que realmente os possuem (isto é, que já não os devem), esses são “ricos” e como na época do PREC, os seus bens de preferência deveriam ser “nacionalizados”, devendo os impostos também de preferência só recair sobre esses, porque os outros coitadinhos só podem ir pagando aquilo que devem.
Os outros, os reais proprietários, são para a sociedade em CRISE, “aqueles que devem pagar a crise”. Até porque são uns desalmados, por não partilharem as suas propriedades com os mais pobres, não dando um quartinho ou um anexo de suas casas às famílias que coitadas, por algum motivo perderam as suas casas ou sofreram "desapropriações", por falta de pagamento das prestações do crédito imobiliário. Estes na “nova” lógica “PRECrisiana” são uns verdadeiros malandros, porque guardam aquilo que é seu somente para si.
É nesta lógica que os políticos nunca são punidos por usarem os dinheiros públicos a seu belo prazer, gastando com mordomias o dinheiro dos nossos impostos, não se preocupando em criar riqueza para o seu País. Porque afinal são “os ricos”, que sempre pagaram os seus impostos, que “devem pagar a crise!”

Citânia de Briteiros - 3º Dia - Parte II




Depois de se visitar demoradamente o Parque e o Santuário da Penha, seguimos rumo à Citânia de Briteiros, um sítio arqueológico situado no alto do Monte de São Romão, na freguesia de Salvador de Briteiros, a cerca de 15 km de distância a Noroeste da cidade de Guimarães.
As suas ruínas foram descobertas pelo arqueólogo vimaranense Martins Sarmento, em 1875. Trata-se de um lugar habitado pelos celtas na Idade do Ferro, que permaneceu ocupado até à época da invasão romana da Península Ibérica.


A influência da romanização neste povoado, no séc. I a.C., é evidenciada em numerosos vestígios, tais como inscrições latinas, moedas encontradas no local, da República e do Império Romano, bem como fragmentos de cerâmica importada (terra de sigillata), vidros, e outros.
 
Como se sabe, a Idade do Ferro trouxe os celtas e com eles surgiram os Castros ou Citânias, ou ainda, como o povo lhes chama, os Crastos. Estas são cons­truções fortificadas no cimo dos montes com carácter marcadamente defensivo.

Podem ser encontradas em todo o Norte de Portugal e mais do que rudimentares fortalezas, cada Citâ­nia e cada Castro seria uma espécie de observatório, uma vez que se encontram situados na sua grande maioria, em zonas altas e de vistas largas.
O espólio geralmente encontrado nos Castros escavados, têm carac­terísticas neolíticas, como por exemplo os machados polidos, a cerâmica, as lâminas de sílex e mós do tipo primitivo.

A visita leva-nos por estreitos caminhos em pedra, com valas em pedra onde corria água, numa espécie de sistema de canalização. Os caminhos serpenteiam à volta do morro, os restos de uma grande povoação murada. Na realidade existem três muralhas, que teriam cerca de dois metros de largura, em média, e cinco metros de altura.
Revela-se nesta cultura traços da influência indígena no dispositivo topográfico da povoação, no traçado das muralhas, na planta circular das casas, no processo da sua construção e na decoração com motivos geométricos.

Um dos monumentos pré-romanos mais curiosos é um Balneário, constando de uma pequena câmara redonda ligada a um recinto quadrangular. Os dois compartimentos eram divididos por uma estela de forma pentagonal, com uma pequena abertura no fundo, para se poder passar de um para o outro. Uma das câmaras servia para se tomarem banhos de vapor, a outra para se tomarem banhos de água fria. Durante algum tempo, pensou-se que este Balneário fosse um edifício de carácter funerário.
Esta citânia deve ter sido definitivamente abandonada no séc. III e estudos recentes permitem atribuir-lhe o papel de capital política dos "Callaeci Bracari" no início do século I, onde se reuniria o respetivo "consilium gentis", na grande casa circular de bancos adossados às paredes, situada no cimo do povoado, bem perto das três casas circulares reconstruidas.

Como testemunho do primitivismo das origens da Citânia de Briteiros existem os vários achados, que revelam instrumentos de pedra polida ou de bronze inicial. Por outro lado, as "mamoas" nas vizinhanças da citânia e as gravuras rupestres nas encostas dos montes, mostram a existência de uma cultura autóctone anterior à romana.
 
Encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910, e nela o pôr-do-sol é formidável.
Fonte: http://comunidade.sol.pt/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.guiadacidade.pt/