Quando olhamos os caminhos, estes parecem querer levar-nos ao firmamento, mas não, eles estão ali para nos levar aos cantos e recantos dos campos cultivados de Rihonor de Arriba ou de Castilla, o lado espanhol da aldeia de Rio de Onor.
Do outro lado do rio, Rio de Onor é o ar puro, o canto dos pássaros, o ruído das águas e as paisagens de encantar…
O verde cerca-nos de todos os lados, as casas confundem-se na paisagem devido à cor do xisto. Algumas parecem abandonadas, outras recuperadas como deve ser, onde as tradições e materiais foram mantidos. São toscas estas construções mas ao mesmo tempo belas diante da sua simplicidade arquitectónica, onde invariavelmente o xisto é utilizado nas paredes e a lousa nos telhados.
Nestas casas de arquitectura genuína, a loja no rés-do-chão, estava destinada aos animais e no andar de cima alojavam-se os proprietários. Assim mantinham a casa aquecida no Inverno, já que o calor imanado pelos animais aquecia também os seus donos. As portas baixas e janelas minúsculas ajudavam na tarefa, pois as reduzidas dimensões dessas aberturas não deixavam escapar o calor que advinha dos animais.
Junto às casas as vassouras de junco! Sempre adorei estas vassouras, antigas, ancestrais vassouras de galhos, de matos, de bruxa... Como lhes queiramos chamar. E elas ali estavam, quase em todas as portas das lindas casas de Rio de Onor.
Em passeio por Rio de Onor é permitido vislumbrar as fainas campestres, o deambular de bois por caminhos, a silhueta do cavador e os gestos integrais de dedos trabalhadores e rostos maduros e soberbos, colocando em nosso olhar imagens absolutamente subtis e quase etéreas!
Nos campos de cultivo, as hortas predominam. As vinhas em latada, marginam os campos de cultivo e as árvores e arbustos encontram-se por lá, um pouco por todo o lado. Não podemos dizer que se erguem, de tão baixas, ao alcance da mão de qualquer criança. Não podemos dizer que se escondem, de tão abertas de pernadas. Não podemos dizer que se recolhem, porque os quintais não tem sebe. E os campos ali estão, para serem partilhados e cultivados por todos...
A vegetação cerca-nos de todos os lados. Está à mão do nosso olhar, para que possamos enfrentar as imagens verdes do folhedo. Verdes, de um verde tenro e húmido, estão à mão da nossa mão, para que as toquemos.
Os excertos fotográficos que ali são captados, evidenciam a variedade de paisagens ao longo do curso do rio de Onor pela aldeia, e que proporciona ora, o conhecimento da natureza agreste e "bravia" do rio, ora, o contacto íntimo com o ambiente calmo e tranquilo das suas águas "mansas". É assim possível, experimentar sensações desencadeadas pelo ambiente aprazível e pela beleza natural destes lugares ímpares.
Após visitarmos Rihonor de Castilla, a parte espanhola da aldeia passámos a antiga ponte medieval de alvenaria e três arcos, sobre o Rio de Onor e encaminhámo-nos para o lado português da aldeia.
Foram terras que estiveram muito tempo sob a alçada do Mosteiro de San Martín de Castañeda, tendo as povoações que pagar dotação anual aos monges. Mais tarde passaram a pertencer ao Bispo de Lugo, um facto citado em vários documentos.
Ali estende-se à nossa frente, um lugar de paz imensa, ar saudável e luz intensa, com vegetação arbórea e arbustiva, onde o pinheiro, a urze, as giestas e a carqueja em flor, marcam a paisagem.
À distância de uns passos, do lado de lá da ponte e separada apenas pelo rio, a parte portuguesa da aldeia, que toma o nome de Rio de Onor.
Junto da ponte, ainda do lado espanhol, parámos numa sombra junto ao rio. Estacionamos a mota e caminhamos para o interior da aldeia da parte espanhola. Com as suas típicas casas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, a aldeia parece estar abandonada.
Junto ao rio, encontrámos três mulheres, que conversavam falando um estranho castelhano, sentadas em cadeiras à porta de casa. Foram estas as únicas pessoas que vimos do lado espanhol.
Ao balcão a proprietária, uma portuguesa muito bonita, da fronteira, casada com um espanhol da aldeia, sendo em seu dizer, vulgar este tipo de casamentos por aquelas paragens. Pelos vistos ali não se aplica o velho ditado português: “De Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos” e ainda bem, até porque eu acredito mais no também velho ditado português, muito acertado por sinal, que diz: “Santos da casa não fazem milagres”.
Tínhamos subido tudo o que tínhamos de subir. Da estrada no alto da serra, vão-se observando as serranias à nossa volta, sendo ali facilmente observados milhafres reais, que em busca de alimento sobrevoam aquelas paragens. A descida de início é mais íngreme, mas torna-se aos poucos mais suave.


A primeira etapa foi feita ao início da tarde, de mota, desde o parque de campismo, em Bragança, a caminho de França até Puebla de Sanábria. Puebla fica já em Espanha, a cerca de 40 quilómetros a Norte e para lá chegarmos fizemos a estrada (103-7), afim de se atravessar a fronteira em Portelo.
Junto ao casario estende-se uma vasta campina, planura verdejante retalhada em pastagens e campos de cultivo, alternância também ela dominante na rústica economia local, dividida entre a pastorícia e o amanho dos solos. Tomando um desvio de terra a seguir à ponte, valerá a pena dar um pulo ao Centro Hípico e apreciar os belos animais ali existentes.

É um parque que nos proporciona momentos de descanso muito relaxantes, em comunhão com a Natureza e onde é possível meditar e sentir de perto essa mesma Natureza em todo o seu esplendor. Depois é o poiso seguro, para a partir dele se fazerem as incursões pelo Parque Natural do Montesinho.
Todo o percurso foi feito com bastante lentidão e com algumas paragens pelo caminho, para se poder descansar os olhos em paisagens indescritíveis e ficar deslumbrado com terras de uma autenticidade difícil de igualar.
No caminho contemplam-se belas paisagens da região xistosa do Alto Douro (conhecida por "terra quente"), que oferecem cenários inesquecíveis, onde pequenas aldeias surgem em terraços nas encostas, com as suas quintas de casas brancas e igrejas típicas. Por todo o concelho existem aldeias rurais xistosas, onde a tradição e costumes ainda imperam.
No percurso, a partir da Barragem do Pocinho, admiram-se várias quintas centenárias, naquela que é a mais antiga região demarcada de vinho do Mundo. Nesta região de paisagem única, interrompida pelos vales do rio Douro e seus afluentes, no troço superior do rio, rodeada de vinha, olivais, amendoais e pombais perdidos, encaminhámo-nos para a Albufeira do Azibo.
A Barragem foi construída em finais dos anos 80, para abastecer Macedo de Cavaleiros e regar os campos agrícolas e é uma das maiores barragens em terra da Península Ibérica.
