Sintra - 2º Dia (Parte IV) - Visita ao Palácio da Pena - Parte I

Chegados ao Páteo de Entrada do Palácio da Pena, deixamos o pequeno autocarro e ali mesmo olhando em redor, podemos observar que quase todo o Palácio assenta em enormes rochedos, e que a sua magnífica arquitetura foi realizada com uma enorme mistura de estilos que produzem um surpreendente cenário "das mil e uma noites". Essas influências que vão desde o neogótico, neomanuelino, islâmico, neorrenascentista, entre outras sugestões artísticas como a indiana, que foi absolutamente intencional, como era moda na época, devido à mentalidade romântica do século XIX, dedicada ao fascínio pelo invulgar e pelo exotismo.
Estruturalmente o Palácio da Pena divide-se em quatro áreas principais: A couraça e muralhas envolventes (que serviram para consolidar a implantação da construção), com duas monumentais portas, uma das quais provida de ponte levadiça; O corpo, restaurado na íntegra, do Convento antigo, ligeiramente em ângulo, no topo da colina, completamente ameado e com a Torre do Relógio; O Pátio dos Arcos frente à capela, com a sua parede de arcos mouriscos; A zona palaciana propriamente dita com o seu baluarte cilíndrico de grande porte, com um interior decorado em estilo cathédrale, segundo preceitos em voga e motivando intervenções decorativas importantes ao nível do mobiliário e ornamentação em geral.
Passados os dois fabulosos arcos das portas de entrada, inicia-se a visita que nos leva a uma viagem de descoberta ao interior do Palácio da Pena, ao longo da qual é efetuado todo o enquadramento histórico que levou à sua criação pelo rei consorte D. Fernando II, de acordo com as manifestações artísticas da época cultural em que se insere, o Romantismo.
Logo depois de passada a primeira porta, sobe-se um pouco por um pequeno troço de estrada em paralelepípedos e depara-se-nos a segunda porta, que nos leva a um pequeno Páteo em frente à porta de entrada para o interior do Paço. Por cima desta porta, observa-se no arco ladeado por duas torres, uma singular e profusa decoração em relevo a imitar corais. Sobre ela, uma janela, a "bow window", que tem na sua base em relevo, uma figura de Tritão, um ser híbrido, meio-peixe, meio-homem, saindo de uma concha com a cabeça coberta por cabelos, que se transformam num tronco de videira cujos ramos são sustentados pela enigmática personagem. Este conjunto, conhecido por “Pórtico do Tritão”, foi projetado pelo próprio D. Fernando II, que o desenhou como um "Pórtico alegórico à Criação do Mundo", e que parece condensar, em termos simbólicos, a "teoria dos quatro elementos", pretendendo ainda relembrar o homem barbado da janela da Sala do Coro do Convento de Cristo em Tomar, transformado ali num ser monstruoso de carácter quase demoníaco.
Em seguida entra-se nos reais aposentos do Palácio, a residência de verão que a família real valorizou com excelentes trabalhos em estuque, pinturas murais e diversos revestimentos em azulejo do século XIX, que integra as inúmeras coleções reais, em ambientes onde o gosto pelo bricabraque e pelo colecionismo são bem evidentes.

A genética discriminação das mulheres...

O mulherio, ainda

O desrespeito é uma forma de discriminação. 

Quando, no início deste mês, li a notícia sobre o afastamento de Dalila Rodrigues da Casa das Histórias de Paula Rego, a segunda coisa que me ocorreu foi: este descarado desrespeito só acontece às mulheres. A primeira foi mais óbvia e menos sexista: mais uma pessoa competente e com provas dadas a ser enxotada, não vá a sua competência fazer sombra a alguém. Num país pequeno por dentro (a grandeza dos países é coisa mental), o sol de um é sempre a sombra dos outros. Eu não gosto de ser sexista e gostava de não ter de responder que sim sempre que me perguntam sobre medidas de discriminação positiva para as mulheres na política. Gastei algum tempo da minha vida, que já vai adiantada para o que ainda quero fazer com ela, a lutar, num movimento de cidadania, por iguais direitos de parentalidade para homens e mulheres, porque me parecia - e continua a parecer, apesar de algumas alterações legais que conseguimos - que a paternidade deve ter exactamente os mesmos direitos que a maternidade. Um pai não é menos importante para o desenvolvimento de uma criança do que uma mãe. Mas a igualdade ainda não entrou na nossa cabeça.

Nas fotografias publicadas na imprensa sobre a tomada de posse do governo, só se viam homens - as cinco ministras ficaram fora do enquadramento. Apareceriam nos dias seguintes artigos biográficos sobre elas, sublinhando-lhes, consoante os casos, a beleza, a delicadeza suspeita ou o sindicalismo excessivo. Há anos que aguardo artigos sobre a beleza e a capacidade de sedução dos ministros de qualquer governo. O fenómeno não é só nacional: antes de Angela Merkel ser eleita pela primeira vez, li muito (em português, mas não só) sobre a sua vida privada, a sua falta de gosto para se vestir e até - inesquecível momento - as marcas de suor visíveis, certa vez, num vestido de gala. Repetiam esses artigos (alguns assinados por mulheres) que, por carência de atributos de sedução, a senhora não tinha carisma. Na Alemanha, já não se escreve nem se pensa assim. O inferno alemão do século XX serviu para alguma coisa, afinal. Os alemães aprenderam a lição que os países com uma história de ditaduras moles e sinuosas, como o nosso, demoram a aprender.

Apesar da coragem das nossas cinco ministras - é preciso coragem para ir contra a cultura instalada do poder dos homens, que se protegem mutuamente na defesa dos seus territórios e prerrogativas -, Portugal perdeu pontos, de 2008 para 2009, no que se refere à igualdade de género. As conclusões do "Global Gender Gap Index 2009", recentemente apresentadas no Fórum Económico Mundial em Nova Iorque, colocam o nosso país em 46º lugar (numa tabela de 134 países), o que representa uma descida de cinco posições em relação a 2008. Portugal sofreu uma quebra na igualdade de salários para a mesma função, bem como no acesso a cargos de topo nas empresas e na justiça. A liderar a tabela estão os países do costume: Islândia, Finlândia e Noruega. Países pioneiros, há muitas décadas, em medidas de discriminação positiva que geraram uma nova mentalidade.

Sempre que a economia entra em crise, a carreira profissional das mulheres é posta em causa: surge imediatamente uma miríade de 'estudos', por esse mundo fora, pretendendo provar que o futuro das crianças depende de terem a mãe em casa, 24 horas, ao seu dispor. Esses 'estudos' nunca se dedicam a contabilizar coisas tão simples e reais como o nível académico e a carreira profissional das mães e dos pais dos delinquentes juvenis - não convém, porque os resultados seriam exactamente opostos aos conseguidos através dos casos exemplares de mulheres que abandonam carreiras de astrofísicas para se dedicarem, abnegadamente, a alimentar o sucesso profissional do marido e o futuro radioso da prole. Uma análise estatística ao ambiente familiar infantil das grandes figuras do século XX, homens e mulheres, seria de extrema utilidade para desfazer o mito da boa mãe. Mas não convém à economia.

As mulheres que regressam a casa não contam nas estatísticas do desemprego. Depois criam-se mais uns 'estudos' declarando que as mulheres hoje se dizem mais infelizes do que na década de 70 do século passado. Claro que esses 'estudos' não contemplam a diferença entre as definições de felicidade de época para época. Quem nada espera menos desespera. O problema é que agora as mulheres têm o direito a ser tão infelizes como os homens. Felizmente.

Inês Pedrosa

Texto publicado na Revista Única, da edição do Expresso de 21 de Novembro de 2009

Ler mais: http://www2.unesp.br/revista/?p=2577 / http://cinemaeoutrasartes.blogspot.pt/2010/10/no-brasil-debate-sobre-questao-de.html http://expresso.sapo.pt/o-mulherio-ainda=f548330 (ler comentários)

Nota final: Haverá sempre descriminação em relação a mulher, pois aos olhos da sociedade existe e parece que existirá sempre um padrão a ser seguido, e quando não é seguido, é considerado inferior ou intolerado. Temos que parar de taxar as pessoas ou, nunca nos veremos livres da discriminação.

Sintra - 2º Dia - Castelo dos Mouros e Palácio da Pena - Parte III

Depois da visita e compra de vinhos da Adega Cooperativa de Colares, seguimos a caminho da Serra de Sintra, onde se situa quer o Castelo dos Mouros, quer o belo Palácio da Pena.
Durante o trajeto sempre a subir, o percurso é feito por estradas estreitas e sinuosas tendo que se parar e estacionar a autocaravana no parque do Centro de Atendimento ao Visitante do Castelo dos Mouros, uma vez que a partir daí as autocaravanas não conseguem subir as ingremes curvas do último troço que nos faz aceder ao Parque e Palácio da Pena.
O Castelo de Sintra, popularmente conhecido como Castelo dos Mouros, é a sentinela da Serra de Sintra. Ergue-se sobre um maciço rochoso, isolado num dos cumes da Serra de Sintra e é um verdadeiro prazer subir as suas muralhas serpenteantes e do alto destas, descortinar a maravilhosa e privilegiada vista, sobre a Vila de Sintra e de toda a sua envolvência rural que se estende até ao Oceano Atlântico.
Este castelo remonta ao período do domínio islâmico e às conquistas de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Além das muralhas ameadas, torres e adarves, o conjunto é completado por diversas rampas e escadarias de acesso. Um outro elemento digno de nota é a sua Porta Árabe de arco em ferradura. A muralha apresenta ainda cinco torres: quatro de planta retangular e uma de planta circular, encimadas por merlões piramidais. A torre na cota mais elevada do terreno, é conhecida por Torre Real e é acedida através de uma escadaria de 500 degraus. No período islâmico constituiu-se na alcáçova e no período cristão consta que lá terá vivido Bernardim Ribeiro, escritor português do século XVI.
Hoje este castelo mouro está transformado numa verdadeira atração turística, graças ao rei consorte, D. Fernando II, marido de D. Maria II (1834-1853), melhorando as suas imediações ao gosto imaginativo da época (o Romantismo), sendo-lhe adicionados locais de contemplação, caminhos de acesso e vegetação abundante.
Depois a pé foram feitos os cerca de 250 m, até ao portão de entrada do Parque do Palácio da Pena. Lá bem no alto, aninhado na mais alta escarpa da Serra de Sintra, um Palácio de Conto de Fadas espreita, envolto num imenso parque que alia a busca do exotismo ao fascínio pela natureza.
Depois dos bilhetes comprados a viagem até ao Palácio da Pena, é feita ou a pé (uma subida "dificil" feita entre árvores exóticas e espécies nativas, onde se descobrem diversos monumentos que formam um conjunto imperdível e dos quais o Palácio da Pena se destaca de forma incomparável) ou em pequenos e antigos autocarros de tração às quatro rodas, que por estrada estreita, ingreme e sinuosa, nos levam  lentamente até à entrada do palácio.

À chegada olha-se o Palácio e a sensação é de total deslumbramento. Para a descrever o ideal é usar as palavras do compositor e maestro alemão Richard Strauss, aquando da sua visita a Sintra que disse: ”Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto, e nunca vi nada que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor – e, lá no alto, está o Castelo do Santo Graal”.

Fonte: http://eglportugal.blogspot.pt/ http://www.parquesdesintra.pt/Wikipédia.org

Colares - 2º Dia - Parte II

Mesmo acordando cedo é fácil passar-se toda a manhã no Cabo da Roca, namorando as visões magníficas proporcionadas pelo imenso Atlântico que ali se encontra com as altas arribas verticais do seu promontório, que se elevam a mais de uma centena de metros acima do nível do mar. No entanto neste belo Cabo não é só do mar que provêm as paisagens mais belas, bastando olhar o Farol da Roca, ou as arribas que formam a Praia da Adraga, bem como os outros vales fluviais cavados nos calcários existentes nas suas imediações, que formam também belas falésias atlânticas.
Após o almoço segue-se em direção a Sintra. Neste percurso que nos leva por planaltos de largas vistas, descendo e subindo num percurso onde contrastam as velhas aldeias do litoral com as novas mansões, símbolos de novos poderes bem distantes da conquista dos mares. A ruralidade e a urbanidade, o mar e a terra num percurso desafiante, tanto a nível físico, como ao nível das emoções, onde se descobrem imagens de pleno fascínio natural.


De Sintra seguimos em direção a Colares, por uma estrada muito pitoresca e cheia de curvinhas, ladeada por um frondoso arvoredo, bonito de se ver num início de tarde, quando a luz dá um tom quente à folhagem, que nos filtra a o sol para nos dar amáveis sombras e recantos admiráveis.
Acompanhando esta estrada existe uma antiga linha de caminho-de-ferro (dos antigos elétricos), que está a ser reabilitada para fins turísticos, e que outrora levava os veraneantes e os habitantes de Sintra à Praia das Maçãs.


Chegados a Colares, percorre-se a estrada em direção às praias e logo nos aparece a antiga, mas bem conservada fachada da Adega Cooperativa de Colares, que foi fundada em 1931, sendo por isso a cooperativa mais antiga do país, e uma das mais antigas regiões demarcadas de Portugal.
Limitada a oeste pelo Oceano Atlântico e a sul pela Serra de Sintra, a Região Demarcada de Colares compreende as freguesias de Colares, São João das Lampas e São Martinho, do concelho de Sintra. Colares é Denominação de Origem Controlada desde 1908, a Região Demarcada mais ocidental da Europa Continental e a mais pequena região produtora de vinhos tranquilos do país.


Na Adega a prova de vinhos é fundamental e destacamos da ampla gama de vinhos as nossas escolhas nos clássicos, o Ramisco e Malvasia (DOP Colares), nos modernos, o Chão Rijo (Regional Lisboa), importando ainda provar os versáteis Saloio e Serra da Lua (de Mesa).

Perto da costa atlântica e fazendo barreira aos ventos marítimos, a Serra de Sintra encerra um microclima que confere propriedades naturais únicas, para a produção dos famosos vinhos tintos de Colares. Cultivados numa das encostas mais bonitas desta verde Serra - classificada pela UNESCO como Paisagem Cultural da Humanidade – estes vinhos já foram considerados os melhores do país e são hoje protegidos a todo o custo.


As características únicas dos vinhos de Colares devem-se às castas, solo e clima temperado e húmido no verão e, ainda, ao facto de 80% da vinha estar instalada em chão de areia, estendendo-se praticamente até às praias.
Foi a especificidade das vinhas típicas de Colares, instaladas sobre “chão de areia” de duna do litoral, que fizeram com que a região fosse a única a escapar à praga de filoxera que assolou a vinicultura europeia, em finais do séc. XIX. Aquilo que para a generalidade dos produtores representou uma catástrofe foi para Colares a oportunidade de crescimento. A cultura da vinha em “chão de areia” é trabalhosa e dispendiosa, sendo a produtividade menor devido sobretudo à pobreza dos solos e aos gastos tidos com abrigos para combater os efeitos de uma localização à beira-mar.

O tinto de Colares apresenta uma cor rubi e, com o envelhecimento, ganha um aveludado e bouquet excecionais. O vinho de Colares só atinge a sua máxima qualidade passados vários anos, embora o estágio mínimo seja de 18 meses. Dado este longo estágio a que o vinho é obrigado, a comercialização é muito limitada, sendo a região de Colares uma espécie de “santuário” para os conhecedores.
Fonte: http://www.fidalguia.pt/ http://www.sal.pt/ http://www.infovini.com/ http://www.chefesdecozinha.com/

Família e Educação

Observa o teu culto à família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens.
Pitágoras

A escola pode aperfeiçoar o artista, criá-lo, nunca; porque não se melhora senão o que já existe.
Paolo Mantegazza

Navegar é Preciso, Viver não é Preciso…

Parta à descoberta de uma experiência sem igual... Porque viver é acima de tudo im[preciso]

LIMITES - BARREIRA OU ESTÍMULO?


Fonte: http://www.youtube.com/ http://www.uc.pt/

Ler mais em: Aula sobre limites dada ao grupo de estudos por Sophie Farhi ...

Cabo da Roca -1º e 2º Dia - Parte I

A partida de casa a caminho de Sintra foi iniciada num feriado de quarta-feira, que fazia daquele início de dezembro, um final de semana prolongado e por isso ótimo para uma pequena viagem ao relembrar de saberes e sabores, que nos vão concretizando o conhecimento.

Caía a noite quando fizemos a primeira paragem para o jantar, no lugar do costume quando por aquelas bandas se passa, o Restaurante Trás d’Orelha, em Catefica, junto da saída sul da autoestrada A8, para Torres Vedras, para se degustar desta feita, um belíssimo cabritinho assado no forno com batata à padeiro e arroz de miúdos.

Já de noite se partiu para o lugar de pernoita, o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa continental (Latitude, 38º 47´ Norte; Longitude, 9º 30´ Oeste) ou, como escreveu Luís Vaz de Camões, o local “Donde a Terra se acaba e o mar começa” (in Os Lusíadas, Canto VIII).

Lá chegados a noite era de breu e com muita ventania, que fazia do “Focinho da Roca”, como lhe chamam as gentes ligadas às coisas do mar, um lugar aparentemente pouco convidativo à pernoita. No entanto lá pela meia-noite o vento acalmou e apenas se fazia sentir uma leve brisa, que de vez em quando nos trazia um inconfundível cheirinho a maresia. Naqueles momentos antes de adormecer de janela aberta, me pareceu mais adequado senti-lo intensamente como “Promontório da Lua”, o poético segundo nome porque é também conhecido.

Devo ainda referir que é um privilégio adormecer sobre este Promontório da Lua, sentindo que naquele ponto, um maciço e enorme mar de pedra, se impõe às profundas águas do Atlântico, fazendo-se ouvir o incessante ribombar das vagas que nele se quebravam, como que celebrando esse encontro.


Na manhã seguinte o acordar foi bem cedo, com camionetas com turistas a chegarem a todo o momento. O fresco da manhã a entrar pela janela e a própria paisagem envolta em neblina entrava-nos pela alma, quase despertando em nós uma nostalgia idêntica à do anoitecer. Seria da vegetação rasteira devastada pelos ventos marítimos impregnados de maresia, de onde sobressem tufos de «armeria pseudoarmeria», tentando sobreviver entre os penhascos de rocha crua?

De um lado o farol altaneiro, do outro a presença de alguma civilização, com um restaurante e loja de recordações. Em frente ao longe o elegante padrão em pedra, com a lápide que assinala a sua particularidade geográfica, a todos quanto visitam este local. Lá adiante junto da enorme e funda parede escarpada do promontório, o confronto de peito aberto com o mar.

No seu topo a ventania é forte e respira-se a custo, sentindo-se nas costas todo o peso do continente, enquanto os olhos se abrem para o convite do oceano. É no Cabo da Roca que a expressão "jangada de pedra" de José Saramago, ganha todo o seu significado, com a vantagem de cada um poder sentir-se timoneiro, comandante ou náufrago da embarcação. Ali o nostálgico do mar, pode ser um símbolo de partida e da esperança de um eterno recomeço, em especial para aqueles que partiam de Portugal por mar.


Como podemos ler no site da CMS, que se refere ao Cabo da Roca, “Certo, certo é que ninguém de lá sai como chegou, e para franquear o portal mágico do Cabo da Roca não é preciso password. Basta ir, fazer uma pausa nos fins-de-semana consagrados aos templos do consumismo e recuperar um pouco, nem que seja só um bocadinho, daquela ligação ancestral à terra, à natureza e a tudo o que sensibiliza e enobrece.”

Fonte: http://www.guiadacidade.pt/ http://www.cm-sintra.pt/Wikipédia.org

Outono 2011 - Cabo da Roca, Sintra, Lisboa (Belém)


O final de semana de 1 (feriado), 2, 3 e 4 de dezembro de 2011 foi destinado a Sintra e Lisboa. Em Sintra queríamos pelo menos passar mais um dia, a fim de ser efetuada a visita ao encantado e belíssimo Palácio da Pena, que não tínhamos podido visitar em setembro e que constitui o mais completo e notável exemplar da arquitetura portuguesa do romantismo.

Os restantes dias iriam ser passados em Lisboa, na zona ribeirinha de Belém, o bairro mais paradigmático em termos de património relacionado com os descobrimentos. É uma das zonas mais emblemáticas de Lisboa, sendo na sua praia, que partiram as naus do navegador Vasco da Gama à descoberta do caminho marítimo para a Índia, e onde por todo o lado se respira ainda, a grandeza do antigo Império.

Na viagem com rumo a Sintra e Lisboa, e porque existem várias maneiras de lá chegar, preferimos dar uma volta maior e passar pelo ponto mais ocidental do continente europeu, o Cabo da Roca, que reúne uma admirável beleza paisagística, com um excecional valor ambiental.

Do Cabo da Roca a Sintra a estrada acompanha um dos mais bonitos percursos que se podem fazer, contornando a Serra de Sintra pelo norte, em direção a Colares, para uma visita às caves e compra dos seus famosos vinhos.


O percurso feito para ir e voltar foi:

1º Dia – Casa; Cabo da Roca;

2º Dia – Cabo da Roca; Colares; Sintra (Palácio da Pena);

3º Dia – Lisboa (Belém);

4º Dia – Lisboa; Casa.

Sintra - Noite do 3º Dia - Caminho da Luz, Lumina IV




Ponto 12 - Escadinhas Félix Nunes - Título da obra: “não fosse, desde já, um admirável e surpreendente esforço chegar aqui… prossigo!”

Embora fora dos percursos habituais no centro da vila, mas sempre aliciantes de se fazerem, são as ruelas e escadinhas da vila antiga. Foi ali no meio do labiríntico seio da vila velha, que encontrámos no cimo das Escadinhas de Félix Nunes, um gigante luminoso, que mais parecia estar “chorando” e uma de suas lágrimas, escorresse com luz própria por aquelas escadinhas abaixo. Esta ‘lágrima de luz’ fazia parte de uma escultura de André Banha em madeira, iluminada no seu interior, criando uma aura muito especial na ruela inclinada.

Ponto 13 – Igreja de São Martinho“Lumières d’aveugles”
Logo a seguir e no meio do emaranhado de ruelas, aparece a Igreja procurada. Entrando na Igreja de São Martinho, observavam-se logo vários monitores que nos mostravam relatos extraordinários de cegos que testemunhavam a exploração das suas perceções. Este era um trabalho da artista francesa Pierrine Lacroix, que pretendia ser uma viagem a um outro tipo de perceção sensorial, que demonstrava uma espécie de mundo paralelo ao de quem vê, construído com reflexos de luz percecionados por cegos.

Ponto 14 – Finalmente caminha-se ao encontro da última projeção marcada no Caminho da Luz, que nos esperava no Edifício do Turismo. Com o nome de “Moon Mountain” e já explicada na descrição da primeira noite da Lumina – Festival de Luz, esta projeção multimédia, tinha como tema principal a evocação Monte da Lua, como ali é chamada a Serra de Sintra. Era uma projeção também feita sobre a fachada principal deste edifício, tendo como base a inspiração da envolvência mística e da sua vegetação verde, demonstrando como a luz da Lua nos pode guiar através do nosso inconsciente e mostrar-nos novas ideias, que nos podem enriquecer neste mundo, em que somos meros convidados durante os anos da nossa sobrevivência.

Ponto 15 – No interior do Edifício do Turismo, também podíamos brincar com a nossa própria sombra, que era repetida indefinidamente. Funcionando como uma “mise en abysme” que repetia uma obra dentro de outra infinitamente, esta projeção (“Shadow in Depth - Sombra em profundidade”) utilizava em tempo real, apenas branco e o negro, que lhe conferia um sentimento de intemporalidade no qual nos podemos perder. A interatividade desta obra não passava por nenhum interface, não havendo barreiras entre ela e o utilizador.

Findo o Caminho da Luz, voltámos à autocaravana, e como esta já estava sem baterias, resolvemos regressar a casa, para no dia seguinte ainda termos um dia de descanso, antes de se iniciar uma nova semana de trabalho.

Fonte: http://www.sintraromantica.net/ http://www.streetartportugal.com/

Sintra - Noite do 3º Dia - Caminho da Luz, Lumina


Ponto 9 – Projeção interativa – “Parque dos Castanheiros”
Já bem perto da Vila Velha, uma projeção interativa chama a nossa atenção, é o Parque, uma instalação com uma forte mensagem ecológica em que o crescimento de uma floresta virtual é determinado pela atenção que recebe por parte do público. Ao fazer movimentos positivos com o corpo, o público pode gerar novas árvores ou fazer crescer as já existentes. Se uma árvore for deixada sem atenção durante muito tempo vai minguar e eventualmente desaparecer. Este trabalho pretendia demonstrar a relação direta entre a ação humana e a preservação da natureza.

Ponto 10 – Edifício do Museu do Brinquedo – Nome: “Pin-Ball Os Plasticos”
À entrada do centro histórico esperava-nos uma projeção interativa, que transformava a fachada o Museu do Brinquedo num brinquedo gigante. Era uma máquina de flippers (pinball) gigante, em que a própria traça do prédio era uma parte do jogo. Janelas, colunas, etc. são obstáculos para a bola.

Tal e qual como nas máquinas de flippers, aqui também existe uma história, inspirada numas personagens criadas por Nuno Maya e Carole Purnelle com lixo que o mar devolve para as praias. Com a bola de flippers, pretendia-se que se destruíssem esses bonecos, que apareciam projetados durante o jogo, sensibilizando daquela forma os espectadores para uma causa ecológica. O próprio público controlava o jogo, através de uma plataforma idêntica a uma verdadeira máquina de flippers, situada na rua em frente do edifício do Museu do Brinquedo.
Ponto 11 – Mais à frente em pleno Centro da Vila, novamente podemos ouvir Ruy de Carvalho, projetado no Palácio Nacional de Sintra, recitando os velhos versos, mas sempre atuais do Poema “Camões” (1825), de Almeida Garret.
“Oh! nobres paços da risonha Sintra
Não sobre a roca erguidos, mas poisados
Na planície tranquila, — que memórias
Não estais recordando saudosas
Dos bons tempos de Lísia!”…

Fonte: http://www.sintraromantica.net/ http://www.streetartportugal.com/