Sintra - 2º Dia (Parte IV) - Visita ao Palácio da Pena - Parte I

Chegados ao Páteo de Entrada do Palácio da Pena, deixamos o pequeno autocarro e ali mesmo olhando em redor, podemos observar que quase todo o Palácio assenta em enormes rochedos, e que a sua magnífica arquitetura foi realizada com uma enorme mistura de estilos que produzem um surpreendente cenário "das mil e uma noites". Essas influências que vão desde o neogótico, neomanuelino, islâmico, neorrenascentista, entre outras sugestões artísticas como a indiana, que foi absolutamente intencional, como era moda na época, devido à mentalidade romântica do século XIX, dedicada ao fascínio pelo invulgar e pelo exotismo.
Estruturalmente o Palácio da Pena divide-se em quatro áreas principais: A couraça e muralhas envolventes (que serviram para consolidar a implantação da construção), com duas monumentais portas, uma das quais provida de ponte levadiça; O corpo, restaurado na íntegra, do Convento antigo, ligeiramente em ângulo, no topo da colina, completamente ameado e com a Torre do Relógio; O Pátio dos Arcos frente à capela, com a sua parede de arcos mouriscos; A zona palaciana propriamente dita com o seu baluarte cilíndrico de grande porte, com um interior decorado em estilo cathédrale, segundo preceitos em voga e motivando intervenções decorativas importantes ao nível do mobiliário e ornamentação em geral.
Passados os dois fabulosos arcos das portas de entrada, inicia-se a visita que nos leva a uma viagem de descoberta ao interior do Palácio da Pena, ao longo da qual é efetuado todo o enquadramento histórico que levou à sua criação pelo rei consorte D. Fernando II, de acordo com as manifestações artísticas da época cultural em que se insere, o Romantismo.
Logo depois de passada a primeira porta, sobe-se um pouco por um pequeno troço de estrada em paralelepípedos e depara-se-nos a segunda porta, que nos leva a um pequeno Páteo em frente à porta de entrada para o interior do Paço. Por cima desta porta, observa-se no arco ladeado por duas torres, uma singular e profusa decoração em relevo a imitar corais. Sobre ela, uma janela, a "bow window", que tem na sua base em relevo, uma figura de Tritão, um ser híbrido, meio-peixe, meio-homem, saindo de uma concha com a cabeça coberta por cabelos, que se transformam num tronco de videira cujos ramos são sustentados pela enigmática personagem. Este conjunto, conhecido por “Pórtico do Tritão”, foi projetado pelo próprio D. Fernando II, que o desenhou como um "Pórtico alegórico à Criação do Mundo", e que parece condensar, em termos simbólicos, a "teoria dos quatro elementos", pretendendo ainda relembrar o homem barbado da janela da Sala do Coro do Convento de Cristo em Tomar, transformado ali num ser monstruoso de carácter quase demoníaco.
Em seguida entra-se nos reais aposentos do Palácio, a residência de verão que a família real valorizou com excelentes trabalhos em estuque, pinturas murais e diversos revestimentos em azulejo do século XIX, que integra as inúmeras coleções reais, em ambientes onde o gosto pelo bricabraque e pelo colecionismo são bem evidentes.

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