O Parque María Luiza
Os terrenos do Parque foram doados a Sevilha pela infanta Maria Luísa Fernanda de Orleans, em 1893, tendo sido recuperado e planeado pelo arquitecto francês Jean Forestier, director do Bois de Boulogne, que criou um ambiente verdejante para a Exposição Ibero - Americana de 1929.



Afinal, Sevilha é a cidade das laranjeiras, onde os árabes que aí se estabeleceram, do século VIII ao XIII, deixaram entre vários legados o culto pela natureza, evidente nos seus jardins, repletos de cascatas e canais, jasmins e buganvílias…
2º Dia de Visita a Sevilha




No final da noite, e já bastante cansados, fomos a pé até à zona marginal para apanharmos um táxi para o Prado, onde havíamos de apanhar o autocarro de volta ao parque de campismo de Dos Hermanas, e eis que neste percurso fomos novamente apanhados por mais uma procissão, o que nos obrigou a desviar caminho.
Site: folhaonline.com.br
1º Dia de Visita a Sevilha
O parque de campismo escolhido, foi o Parque Wilson, em Dos Hermanas, que ficava a 12 Km de Sevilha. Embora longe de Sevilha este parque de campismo é bem servido de transportes públicos, havendo autocarros de hora a hora. O parque é um lugar tranquilo e bem frequentado, tendo havido algum e são convívio, entre nós e outros utentes do parque, na ocasião.
Após a saída do parque de campismo, apanhamos o autocarro para a cidade de Sevilha. A chegada a Sevilha, na zona do Prado, fez com que facilmente toma-se-mos um dos autocarros turísticos, afim de se fazer a habitual visita de reconhecimento à cidade. A volta pela cidade, feita por nós já várias vezes, noutras anteriores visitas, continua sempre a surpreender-nos. Sevilha é uma cidade maravilhosa!...

O passeio turístico proporcionado por estes autocarros é muito agradável, embora de curta duração. Mostrando o essencial da cidade, permite que os turistas saiam ou entrem quando quiserem, facilitando assim a visita à cidade. O bilhete tirado por 3 dias é o recomendado, não só por ficar mais em conta, mas também porque proporciona ao visitante maior mobilidade.
Depois o autocarro voltou para Norte e passou a ponte para a outra margem, onde se encontra o lindo bairro da Triana. Depois de se percorrer este bairro, o autocarro encaminha-se para a zona da Exposição Universal de Sevilha, de 1992. Ali podemos encontrar ainda, alguns dos mais emblemáticos pavilhões dessa exposição.

Ali nos terrenos da Expo 92, como é mais conhecida actualmente esta zona, encontra-se o Parque Tecnológico e o parque de diversões La Isla Mágica. Ali passa-se novamente uma ponte para a margem direita. Esta ponte junto à Expo 92, a Ponte do V Centenário, foi construída por ocasião da Exposição Universal e dá um toque de modernidade à cidade.
Ali há paragens para uma visita a pé da Catedral e do Alcazar. No entanto na Páscoa, só se pode visitar estes locais no domingo de Páscoa. Para quem quizer fazer a volta completa, visitará em seguida o bairro de Santa Cruz e após este, voltamos novamente ao ponto de partida, o Prado de San Sebastian.
No Prado, estamos perto quer da belíssima Plaza Mayor, quer do lindo Parque Maria Luiza, um dos pulmões da cidade, que originariamente fazia parte dos jardins que rodeavam o Palácio de San Telmo.


Apesar de um ditado popular afirmar, que "em Sevilha, o ano inteiro é como se fosse Semana Santa", esta sensação olfactiva é única e inesquecível e acompanha quem caminha pelas ruas e ruelas ao longo desses dias.
Ao caminharmos pelas ruas da cidade, ainda nos primeiros momentos da tarde, cruzamo-nos com vários penitentes já vestidos de túnica e com o capuz posto, que se dirigiam para a igreja de onde sairia a procissão da sua confraria.
Alguns vestidos inteiramente de negro, com cilício de corda por cima da túnica, outros de branco, ou com o capuz e o escapulário de distintas cores. Bom número deles caminhavam descalços, outros apenas com umas simples sandálias e assim, iriam caminhar durante horas, até que a sua procissão acabasse...
Site: sevillacard
Sevilha e a sua História
As tropas romanas entram em Sevilha no ano 206 a.C., comandadas pelo general Escipio, derrotam os cartagineses, que habitavam e defendiam a região, e convertem-se em seus sucessores no Sul peninsular.
Os romanos latinizaram o nome da cidade (Sevilha) e chamaram-lhe Hispalis. Durante este período foi um dos conventos jurídicos da Bética, o Hispalense.
"Embora Sevilha tenha tido grandes e sumptuosos templos, circos e anfiteatros, tudo acabou por desaparecer...", afirmava Rodrigo Caro já no século XVII. Depois dos romanos, os árabes conquistaram Sevilha, em 713, e governaram-na até à reconquista cristã.


As inúmeras esplanadas, bares e cafés, não devem ser esquecidos, uma vez que é ali que se pratica a mais arraigada de todas as tradições, o "Tapeo" (refeições ligeiras, feitas de uma prova de várias tapas saborosíssimas).
Site: sevillacard / esalgarvivo.com
*Mais sobre Sevilha em: Sevilha
Sevilha na Semana Santa

No entanto a procissão volta à sua igreja, numa rota diferente à inicial, a "recogía", percorrida até à Catedral da cidade. No caminho as "saetas" são os momentos mais emocionais das procissões, com canções flamencas e récitas a partir das varandas, em honra das imagens nos andores.

Um terço da população participa nas confrarias como irmãos da luz, também designados de "costaleros" ou simplesmente como membros de uma banda que acompanha a procissão.
Sevilha conta com 59 irmandades, das quais muitos sevilhanos fazem parte, percorrendo a cidade, ano após ano, acompanhando as imagens. Procissões, imagens, andores, pequenas capelas, nazarenos, todos eles, entre outros, constituem o conjunto da Semana Santa de Sevilha, que decorre entre a Paixão, as "saetas" e, sobretudo, o respeito pelas imagens dos Santos.
São 8 dias de procissões, a partir de Domingo de Ramos terminando no Domingo de Ressureição (Domingo de Páscoa), em que o dia mais importante é a Sexta-Feira Santa, dia no qual se vive a "Madruga", quando as procissões duram toda a noite até de manhã, fazendo dela uma noite especial. A "Madruga" é na noite de passagem da Quinta-Feira Santa para a Sexta-Feira Santa, sendo o ponto alto da Semana Santa de Sevilha.
Nesta noite, algumas das mais veneradas imagens fazem o seu caminho pelas ruas da cidade, tais como Jesús del Gran Poder, a Virgem de la Macarena, la Esperanza de Triana e el Cristo de los Gitanos.
As ruas da cidade enchem-se de turistas, e sevilhanos que se vestem de luto, uma vez que se celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo, e que com devoção e emoção vivem toda a noite até à manhã seguinte. No entanto é necessário ter muita paciência, porque a espera para admirar estas confrarias em procissão e as belas imagens dos seus padroeiros, tendem a ser longas...

Chegada a Sevilha
Tentámos encontrar lugar para a pernoita num parque de estacionamento automóvel junto à zona da última Expo, mas o parque estava repleto pois a cidade encontrava-se a abarrotar de visitantes.

O lugar também não nos pareceu o mais adequado, uma vez que os inúmeros "arrumadores", não nos pareceram ser os vizinhos mais seguros, o que não é de estranhar porque nos dias que correm nem em nossa casa estamos seguros. Segurança é coisa de outros tempos...
À noite em Sevilha não se deve pernoitar em qualquer lado e em especial em lugares escuros e não vigiados. Assim e depois de darmos várias voltas ao local, passámos sem querer pelos portões ainda abertos da zona do Parque Tecnológico de Sevilha, que logo de seguida foram fechados. Mais uma vez a sorte esteve do nosso lado, uma vez que encontrámos o lugar mais fortemente vigiado e seguro para a primeira pernoita em Sevilha.
A zona dentro do vedado Parque Tecnológico, na ex-expo, fechado e guardado 24 horas por polícia e gratuito, tem um único senão..., entre as 24h00 e as 8h00 da manhã, só se pode entrar e sair a pé.

Depois de se petiscar qualquer coisita, deixámos a autocaravana num dos parques de estacionamento automóvel do Parque Tecnológico e fomos a pé até à cidade. A hora já era tardia, mas mesmo assim muitos jovens deambulavam pela cidade e entre eles alguns encapuçados provenientes das procissões. Sentámo-nos ainda durante algum tempo na avenida junto ao rio Guadalquivir, mas já cansados, resolvemos voltar para a autocaravana.
Quando chegámos à portaria do Parque Tecnológico, e depois de passarmos as suas cancelas, vimos um casal de espanhóis autocaravanistas que estavam estacionados numa rua junto à portaria, e que com trajes de dormir, inspeccionavam por fora o seu veículo.
O homem estava aterrado com medo, por certo devido ao trauma de alguns roubos já sofridos. Dizia ter sofrido, ali mesmo, uma tentativa de roubo da sua bateria automóvel, o que em nosso entender seria praticamente impossível, uma vez que o seu carro se encontrava mesmo em frente da portaria, cheia de seguranças.

Vivem-se hoje tempos difíceis, vive-se uma crise de segurança generalizada, em que tudo parece ser permitido como se “consumir objectos de desejo” fosse o mesmo que “satisfazer desejos” (Freire Costa, 1999).
"... o respeito a regras sociais, na crença secreta de que estas não se aplicam a eles. Gananciosos, no sentido de que os seus desejos, não têm limites. Não acumulam bens e provisões para o futuro, como faziam os gananciosos individualistas da economia do século dezanove, mas exigem para si uma imediata gratificação e vivem em estado de desejo, desassossegado e perpetuamente insatisfeito", com diz Lasch (1983, p.15).
Resta-lhes por isso, a "liberdade" de exigir para si o alheio, sem consideração pelos outros!...