Chegada a Sevilha

Depois de deixarmos Aracena, fizemos de esticão a viagem até Sevilha. Chegámos por volta das 21h00 e já todos os parques de campismo estavam fechados. Os parques de campismo de Sevilha são todos longe da cidade, o que dificulta as idas e vindas para a mesma.

Tentámos encontrar lugar para a pernoita num parque de estacionamento automóvel junto à zona da última Expo, mas o parque estava repleto pois a cidade encontrava-se a abarrotar de visitantes.

O lugar também não nos pareceu o mais adequado, uma vez que os inúmeros "arrumadores", não nos pareceram ser os vizinhos mais seguros, o que não é de estranhar porque nos dias que correm nem em nossa casa estamos seguros. Segurança é coisa de outros tempos...

À noite em Sevilha não se deve pernoitar em qualquer lado e em especial em lugares escuros e não vigiados. Assim e depois de darmos várias voltas ao local, passámos sem querer pelos portões ainda abertos da zona do Parque Tecnológico de Sevilha, que logo de seguida foram fechados. Mais uma vez a sorte esteve do nosso lado, uma vez que encontrámos o lugar mais fortemente vigiado e seguro para a primeira pernoita em Sevilha.

A zona dentro do vedado Parque Tecnológico, na ex-expo, fechado e guardado 24 horas por polícia e gratuito, tem um único senão..., entre as 24h00 e as 8h00 da manhã, só se pode entrar e sair a pé.

Depois de se petiscar qualquer coisita, deixámos a autocaravana num dos parques de estacionamento automóvel do Parque Tecnológico e fomos a pé até à cidade. A hora já era tardia, mas mesmo assim muitos jovens deambulavam pela cidade e entre eles alguns encapuçados provenientes das procissões. Sentámo-nos ainda durante algum tempo na avenida junto ao rio Guadalquivir, mas já cansados, resolvemos voltar para a autocaravana.

Quando chegámos à portaria do Parque Tecnológico, e depois de passarmos as suas cancelas, vimos um casal de espanhóis autocaravanistas que estavam estacionados numa rua junto à portaria, e que com trajes de dormir, inspeccionavam por fora o seu veículo.

O homem estava aterrado com medo, por certo devido ao trauma de alguns roubos já sofridos. Dizia ter sofrido, ali mesmo, uma tentativa de roubo da sua bateria automóvel, o que em nosso entender seria praticamente impossível, uma vez que o seu carro se encontrava mesmo em frente da portaria, cheia de seguranças.

Vivem-se hoje tempos difíceis, vive-se uma crise de segurança generalizada, em que tudo parece ser permitido como se “consumir objectos de desejo” fosse o mesmo que “satisfazer desejos” (Freire Costa, 1999).

"... o respeito a regras sociais, na crença secreta de que estas não se aplicam a eles. Gananciosos, no sentido de que os seus desejos, não têm limites. Não acumulam bens e provisões para o futuro, como faziam os gananciosos individualistas da economia do século dezanove, mas exigem para si uma imediata gratificação e vivem em estado de desejo, desassossegado e perpetuamente insatisfeito", com diz Lasch (1983, p.15).

Resta-lhes por isso, a "liberdade" de exigir para si o alheio, sem consideração pelos outros!...

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