A caminho de Marrakech


A nossa 8ª etapa, tinha como rumo a cidade de Marrakech. Ao sairmos de Marrakech, Seguimos a estrada da mesquita, junto ao mar, e a poucos quilómetros de Casablanca, situa-se a estância balnear de Ain- Diab, próxima de uma ponta de onde se observa uma bela vista sobre o oceano e a costa, com uma praia de 3 km. Aqui próximo fica o marabout, muito frequentado, de Sidi-Abd-er-Rahmane, e assente num pitoresco rochedo acessível apenas na maré baixa. Regressámos à estrada S 114, e a partir daqui o percurso tornou-se monótono e muito rápido, sobre boas estradas até Berrechid, e depois ascendendo ligeiramente até Settat, a 361 m de altitude. Berrechid, a primeira cidade que encontrámos no caminho é uma cidade industrial, que fica a 30 km ao sul de Casablanca.
A cidade seguinte, Settat, é uma cidade situada na região centro-norte de Marrocos com cerca de 120000 habitantes, sobre a Chaouia, planície costeira, e que fica a cerca de 57 km de Casablanca.Settat foi a maior zona de paisagem agrícola, vista por nós. É uma zona onde se produz muito algodão, o que deu origem a uma excelente indústria de produção de tecidos e roupas de algodão. Settat está bem conectada com outros centros urbanos através do transporte ferroviário e rodoviário, em especial com as cidades de Casablanca e Marrakech, o que facilita o escoamento das suas produções. É uma das cidades mais ricas de Marrocos, o que se reflecte na sua atraente arquitectura e na existência de uma universidade.

Marrocos é um país predominantemente agrícola, e mais de metade da população vive do cultivo da terra. Nas montanhas criam-se grandes rebanhos de gado ovino e caprino. Apesar de tudo, profundas diferenças separam os níveis de vida da população e existe muita pobreza. A maioria dos agricultores possui apenas uma pequena parcela de terra do qual extrai o sustento para si e para os seus familiares.

Casablanca, uma Cidade Cosmopolita







Casablanca (Dhar-al-Bayda) é a maior cidade de Marrocos, na costa atlântica do país. Tem cerca de 3,7 milhões de habitantes e é o maior porto e o maior centro industrial e comercial de Marrocos. Símbolo da hospitalidade marroquina, é a capital económica do país e um dos portos mais activos de África. Casablanca parece mais uma cidade comum da Europa, do que uma cidade Árabe, contudo, mantém as características que a tornaram uma das cidades mais apreciadas do reino de Marrocos.
A cidade possui uma praça principal, da qual irradiam todas as avenidas. Na generalidade, os edifícios constituem uma versão francesa da arquitectura árabe-andaluza, brancos com linhas simples, sendo de especial interesse a área da Praça das Nações Unidas, onde se localizam as maiores infra-estruturas. Dinâmica e próspera, alberga toda uma miscelânea de culturas, conjugando tradição e modernidade, proporciona um ambiente único e especial, seduzindo irresistivelmente os forasteiros.

Mais conhecida mundialmente, pelo famoso filme «Casablanca», contudo, não deixa de ter laços íntimos com os Portugueses. Conquistada por estes, em 1468 e 1515, a então cidade conhecida pelo nome de Anfa, foi destruída também pelos portugueses em 1468, que em 1515 fundaram a actual cidade com o nome de Casa Branca. A cidade foi definitivamente anexada ao reino de Marrocos no século XVIII, passando-se a chamar-se Dhar Bayda (tradução literal de Casa Branca).

Destruída novamente pelo terramoto de 1755, foi reconstruída pelo sultão de Marrocos em 1757. Nessa época instalaram-se na cidade muitos mercadores espanhóis passando Casa Branca a ser conhecida como Casablanca. Foi ocupada em 1907, pelos franceses que promoveram o seu desenvolvimento.

A crescente actividade mercantil atraiu um grande número de comerciantes e artesãos que se instalam na Medina Velha - um mundo que vive de cores e cheiros únicos e fascinantes. No início do século XX, chegam os franceses que lhe dão um toque mais parisiense - surgem largas avenidas, ladeadas por brancos edifícios que albergam lojas e residências e servem de sede às grandes empresas acabadas de chegar a Marrocos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, em Janeiro de 1943, foi o palco de uma conferência entre o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill.

Casablanca possui um dos maiores portos artificiais do mundo, sendo um local importante de negócios e comércio. As principais indústrias são a pesqueira, a vidreira, a de mobiliário, a de materiais de construção e a do tabaco. Existem várias áreas de comércio, onde são vendidos vários tipos de produtos, nomeadamente o artesanato.

Com uma forte influência ocidental, especialmente francesa, Casablanca apresenta-se como uma cidade moderna, diferente das outras cidades do país. Aqui, o uso do véu por parte das mulheres é praticamente inexistente, sendo usado apenas por mulheres tradicionalistas ou algumas mulheres mais velhas. As jovens, além de andarem com o rosto descoberto, preferem roupas mais ao estilo europeu.

Mas não pense que a cidade perdeu a sua identidade! Nas ruas ainda impera o uso do djellaba, fato tradicional marroquino usado por homens e mulheres que nos pés trazem calçados os belgha, espécie de chinelos em pele, bastante confortáveis. E atenção, quando se pretende fotografar alguém, deve-se pedir autorização antes, porque se não, poderemos passar por situações um pouco embaraçosas!

Como monumento mais importante, existe a Mesquita Hassan II, (concluida recentemente à data da nossa viagem), e que parece flutuar no oceano, é um dos edifícios mais altos do mundo. O seu minarete ergue-se a uma altura de 200m. A Mesquita Hassan II, a segunda maior do mundo, com espaço para abrigar 20 mil pessoas na suntuosa sala de orações feita inteiramente de mármore e granito. Na esplanada externa, há vagas para 80 mil pessoas. Mais de 2.500 artesãos de todo o país trabalharam em turnos ininterruptos para que a mesquita fosse inaugurada em agosto de 1993. O templo está aberto aos não-muçulmanos.
Seguindo o Islamismo como religião oficial do reino, o dia rege-se pelos cinco chamamentos à oração, anunciados pelo muezzin (sacerdote) do cimo do minarete das mesquitas. Mas a coexistência com outras religiões é perfeita, sendo autorizada pela Constituição a prática de outras crenças. A igreja cristã de Notre Dame de Lourdes, com os seus belíssimos vitrais, é disso exemplo.

Ao longo da La Corniche (Avenida Marginal) de Casablanca pode apreciar-se o mar que ali surge com todo o seu esplendor. No Verão a agitação é permanente, com as praias cheias de gente que ali vai descansar, apanhar sol ou nadar numa das várias piscinas naturais que ali foram construídas. Hotéis, bares e restaurantes rodeiam a larga avenida, dando-lhe vida durante todo o ano. Se se perguntar a um marroquino qual a zona mais animada da cidade, de certeza que a resposta será La Corniche!...

Marrocos e a sua capital - Rabat



Situado no extremo ocidental da África do Norte, numa região designada Magreb, Marrocos possui um litoral que se estende do Mediterrâneo ao Atlântico. A costa mediterrânica é muito acidentada contrariamente à do Atlântico que oferece numerosas praias. Uma imensa planície fértil com inúmeros vales e colinas estende-se entre o Atlântico e a cordilheira do Grande Atlas que atinge, no cume de Toubkal, a Sul de Marrakech, 4.165 m de altitude.

A cerca de cinco mil metros de altitude, o reino de Marrocos parece uma manta de retalhos, alternando entre verde, castanho e vermelho. Em Marrocos, a terra é de um vermelho absorvente, tal como as bandeiras que ondulam ao vento por todos os caminhos das cidades imperiais.

As cidades imperiais são quatro: Rabat, Meknes, Fez e Marrakech, distanciadas por 1047 quilómetros, foram erigidas para deslumbrar. Atravessando séculos de História, os monumentos e a agitação destas cidades encantam qualquer visitante.
Nas ruas estreitas das medinas, centenas de pequenos bazares, alojados nos soukes (mercados), oferecem um espectáculo de aromas e cor, típico destas paragens. Faquires, encantadores de serpentes, vendedores de remédios, corretores de apostas, dentistas e aguadeiros, invadem as praças numa mescla agitada. Balak-balak - cuidado, cuidado,... é o aviso constante a quem impede a passagem.
Todas as cidades marroquinas têm sua cor própria nas construções, que as personalizam e identificam: Marrakech é a cidade vermelha, Meknes é verde; Fez é amarela e Rabat, a cidade branca do litoral do Oceano Atlântico.
Em todas as cidades imperiais há palácios imperiais. Em Rabat porém, ergue-se o maior deles todos e que é a residência oficial do rei, o Palácio Real. Rabat é também a sede do Governo Marroquino, dos ministérios e da administração central. Nela se encontra a maior universidade do país, diversos armazéns, livrarias, cinemas e teatros.
Abrigada no ocre das muralhas, a capital Rabat é uma cidade em que a cor branca é a mais utilizada nos edifícios da cidade, muitos dos quais possuem inúmeros pátios floridos e jardins encantadores. A tudo isto dever-se-á juntar as extensas praias de areia dourada e as florestas de sobreiros da Mamora.
A necrópole de Chellah, (necrópole construída fora das muralhas pelos Merenidas no século XIII, abriga as ruínas da antiga cidade), construída sobre a antiga colónia romana de Sala é hoje refúgio de cegonhas. O café mouro das Oudaías, para saborear a pâtisserie e o típico chá de menta, são lugares a não perder, bem como o Mausoléu Mohamed V, (belo e luxuoso mausoléu, que contém os restos mortais do avô do actual rei, e pai do rei Hassan II, que governava Marrocos à data da nossa viagem), com os olhos postos na Torre Hassan (enorme torre de 44 metros, é o que resta de uma antiga mesquita, que desmoronou aquando do terramoto de Lisboa -1755).
A capital Rabat encanta e inspira. Outrora porto de escala de navegadores fenícios e cartagineses, foi mais tarde refúgio de corsários. A sua história leva-nos a viajar no tempo, na era pré-romana, quando a instalação de Chellah foi estabelecida na boca do rio Bou Regred. A sua fortaleza, juntamente com o seu Kasbah e Oudayas são provas do passado grandioso de Rabat.
Rabat tornou-se capital de Marrocos em 1912, e desde esta altura, passou a ser a cidade moderna e dinâmica de hoje. Rabat é uma cidade do século XXI, com todas as conveniências e entretenimento dos nossos dias.
Como a maioria das culturas árabes, a população de Rabat é famosa pela hospitalidade. Os marroquinos adoram visitantes internacionais e ficam sempre empolgados em dividir sua cultura connosco.

Tanger

No inicio da tarde, deixámos Sevilha com rumo a Algeciras, percorrendo a auto-estrada de Cádiz. Chegados a Algeciras, fomos de imediato para o porto, afim de comprarmos bilhetes e procedermos ao embarque com destino a Tanger, uma vez que a travessia para África, nesta zona (Estreito de Gibralter), leva cerca de 02h30m a 03h00.

Quando chegámos a Tanger, já estava a anoitecer, e logo que desembarcámos, fomos procurar hotel. A procura foi longa, porque nesta época há sempre grande quantidade de emigrantes do norte de África, em viagem do seu país de origem, onde passaram as suas férias, para o país de emigração, ou a caminho das suas férias, na terra natal.

Situada num belo anfiteatro de colinas de onde se domina o Estreito de Gibralter, Tanger é uma cidade cheia de atractivos, não só devido às suas características marroquinas, mas também pela atmosfera cosmopolita que aí se respira. A sua posição estratégica, porta da Europa e de África, valeu-lhe o ser cobiçada durante muitos anos.

Tanger tem aquele encanto melancólico das cidades portuárias. "Veio das planícies nórdicas no bico de uma ave e foi largada em pleno voo no continente africano"... Diz a lenda. Onde dois oceanos se fundem, é encruzilhada de mitos, culturas e religiões. Viu passar caravanas, peregrinos, conquistadores e aventureiros. Fugitivos e desenraizados elegeram-na como lugar de exílio.
Cidade fronteiriça e misteriosa, calhou-lhe um estranho destino. Em Tanger cruzaram-se civilizações diversas, que deixaram algumas marcas na arquitectura, mas que nunca lograram desvanecer sinais relevantes da sua identidade marroquina.
Os Gregos, Fenícios e Romanos construíram cidades neste local. A cidade romana, Tingis, foi sucessivamente conquistada pelos Vândalos (no século V), Bizantinos (no século VI) e Árabes (no século VIII). Em 711, foi o ponto de partida da invasão árabe da Península Ibérica. Outros ocupantes de Tânger foram os Portugueses (1471-1580; 1656-1662), os Espanhóis (1580-1656) e os Ingleses (1662-1684), antes da cidade ser reintegrada no Marrocos Árabe.
Tanger é uma interessante cidade que guarda uma especial atmosfera do passado com o seu bairro mais antigo, o "Kasbah", a Medina e o seu movimentado Socco, mercado público onde os naturais do Rif expõem os seus produtos, especiarias, plantas medicinais, artesanato...
O Grande Socco, é o centro de Tanger, e fica situado junto à cidade antiga, que é dominada pelo seu Kasbah (cidadela), onde fica o Dar al Makhzen (o Palácio do Sultão), cujas salas foram transformadas num museu de arte marroquina, organizado por regiões. Contrastando com a agitação do Socco e do kasbah, estão os jardins da Mendoubia, verdadeiros oásis de paz.

O Museu de Antiguidades Marroquinas fica no Palácio Dar Shorfa. Na cidade antiga ergue-se ainda a Grande Mesquita, do século XVII, construída por Mulay Ismail (1672-1727), o governante que pacificou as tribos guerreiras de Marrocos e expulsou os ocupantes europeus.
A leste e a oeste de Tanger ficam o cabo Malabata, (de onde se pode contemplar a junção do Oceano Atlântico com o mar Mediterrâneo, bem como desfrutar de uma panorâmica sobre a baia de Tanger) e o cabo Spartel, providos de faróis. Entre ambos, numa extensão de cerca de 22 Km, alinham-se praias e baías rochosas de onde se avista Espanha, do outro lado do estreito. Destacam-se ainda, a Porta Dar Niaba e as Grutas de Hércules, junto ao oceano no cabo Spartel.

Sevilha

A paisagem andaluza, com extensas planícies pintalgadas aqui e ali por aglomerações de casas brancas exibindo ferro forjado, tem seu ponto alto em Sevilha, cidade que personifica a imagem mais universal do espírito espanhol.
Quando chegámos a Sevilha já era noite, e fomos de imediato procurar hotel. Cansados da viagem dormimos cedo, e só no dia seguinte fomos ver a cidade, já por nós sobejamente conhecida.

Sevilha é uma cidade espanhola situada a sudoeste da Península Ibérica, e capital da província homónima, na Comunidade Autónoma da Andaluzia. É a quarta maior cidade de Espanha (699.145 habitantes) e quarta maior área metropolitana por número de habitantes.

É a cidade dramática do flamengo e da tourada, boémia dos estudantes e bons vivants, mas também popular nos seus bairros mais castiços. Tão exótica quanto tradicionalista, é cenário de um quotidiano que parece ensaiado e em que nós, seus visitantes, somos os espectadores.

Em Sevilha a tradição anda muito perto do que sempre foi. Feita de alegria, religiosidade, flamengo, touros, cavalos e convívio. E, claro, do Guadalquivir, Bairro de Santa Cruz, Praça de Espanha, da Catedral,(imensa, cuja construção foi adaptada a partir de uma antiga mesquita) e Giralda,(a torre símbolo da cidade que faz parte da Catedral) da Plaza de la Maestranza e dos Alcazares Reais.
É uma cidade de movimentos lentos, mas intensos, diria mesmo, teatrais. Um palco onde os protagonistas, seus habitantes, teimam em perpetuar uma alma muito própria - a alma andaluza.

Povo autêntico, zeloso dos seus hábitos e cultura, é caloroso sem procurar agradar. Cede devagarinho ao ritmo uniformizador da globalização, pelo que a música é cantada em castelhano; nas montras, um belo traje à sevilhana é mais cobiçado que qualquer Prada ou Dior; e as tapas, saboreadas lentamente, mantêm-se como o sustento de eleição.

Em Sevilha, pressa é palavra desconhecida: todos vivem num compasso morno. Diria que de espera, para explodir em dias de "fiesta". Não adianta procurar saber porquê. Afinal, os tartéssicos, gregos, romanos, visigodos, árabes e cristãos levaram 2700 anos a costurar uma cidade assim. Podemos observar nela as marcas deixadas pelos seus primeiros povoadores, os Tartéssicos, que além de possuírem uma cultura muito elevada era um povo pacífico e culto; a sua existência chegou até nós através das crónicas gregas e dos achados arqueológicos.
Descobrir esta cidade é conhecer o seu estilo de vida, a personalidade das suas gentes, respeitar o seu ritmo e deixarmo-nos enredar no bulício do seu quotidiano.

Passar as primeiras horas da manhã no tranquilo Parque Maria Luísa, o pulmão da cidade, é uma alternativa deliciosa ao alvoroço das artérias que passam, quase por milagre, mesmo ali ao lado.

À saída do Jardim, a caminho da Catedral encontramos a Praça de Espanha, um dos símbolos da Sevilha actual. Esta majestosa praça, foi projectada para a Exposição Ibero-Americana de 1929, por Anibal González, um dos arquitectos mais célebres da cidade no século passado.

Construída em tijolo e cerâmica, em forma semicircular, rematada por uma torre em cada ponta, parece estar de braços abertos, a acolher todos os que por lá passam. Para que de perto observem os seus painéis de azulejaria, dedicados a cada uma das províncias espanholas.

Durante a caminhada, tropeçamos, em edifícios e monumentos, que nos seus estilos arquitectónicos diversos, gótico, renascentista, clássico e modernista, testemunham a antiguidade de Sevilha, e lhe conferem o carisma, comum apenas às cidades com história.

Não devemos deixar Sevilha sem visitar Triana, um bairro histórico, mas operário, onde nasceu o flamengo e onde o enorme número de turistas, ainda não desfigurou o ambiente castiço, sendo por esse motivo, uma boa opção - Triana, o bairro do flamengo. Foi neste arrabalde marinheiro que nasceram toureiros, cantoras e bailarinas de flamengo, e onde a dança surge, ainda hoje, de forma espontânea. É nesta zona que se concentra grande parte da animação nocturna de Sevilha e alguns dos melhores bares de tapas.
Esta cidade proporciona em vários recantos momentos floridos: os Jardins Murillo que dão para o Alcazar, o Valle na zona histórica, o Parque dos Príncipes em Triana, ou a margem direita do Guadalquivir toda ajardinada por ocasião da Expo 92. Afinal, Sevilha é a cidade das laranjeiras, onde os árabes que aí se estabeleceram, do século VIII ao XIII, deixaram entre vários legados o culto pela natureza, evidente nos seus jardins, repletos de cascatas e canais, jasmins e buganvílias.

Os espectáculos de flamengo, ficam do outro lado do Guadalquivir. Atravessada a Ponte San Telmo, devemos percorrer a colorida Calle Bétis, experimentando as esplanadas à beira-rio, enquanto ensaiamos a arte de "tapear" - vocábulo indispensável na Andaluzia que se refere à habilidade de ir parando de bar em bar a saborear pratinhos de petiscos, acompanhados por uma cerveja ou o típico manzanilla, vinho fino e seco.

Os sevilhanos afirmam que daqui se desfruta de uma das melhores vistas da cidade, pelo que é a altura ideal para aproveitar o panorama: à nossa frente fica o Bairro do Arenal e a Plaza de la Maestranza, e ao fundo a Giralda, à direita a Torre do Ouro, (do século XIII), reluzente sob sol quente do Mediterrâneo.

Badajoz










Badajoz fica na região da Estremadura colada à fronteira com Portugal, que é talvez a região espanhola, menos explorada pelo turismo. Badajoz, embora seja uma cidade muito interessante, rodeada por belas serras arborizadas, vales verdejantes e espectaculares ruínas romanas a tornarem-na fascinante para quem pretender descobrir esta parte genuína de Espanha.

É a capital do Sul da Estremadura, a apenas quatro quilómetros de Portugal, é agora uma moderna cidade industrializada.

A parte antiga, merece uma visita cuidada, nomeadamente a zona em redor da Catedral de San Juan Bautista, dos séculos XIII-XVIII e com um interior rico e um belo claustro.

As obras de construção da Catedral de San Juan Bautista de Badajoz iniciaram-se em 1232, embora só em 1276 tenha sido inaugurada e consagrada a São João Baptista; a construção prolongou-se até ao século XV, embora tenha havido acrescentos no século XVIII.

A catedral possui três portais notáveis: a Puerta de San Juan, a Puerta del Cordero e a Puerta de San Blas. Vista do exterior, a catedral assemelha-se a uma fortaleza, com paredes grossas, ameias e uma poderosa torre-campanário de 11 metros de largura, que é o seu elemento mais destacado, com 41 metros de altura; o projecto original previa duas torres, uma de cada lado do templo, mas só uma foi construída.

Badajoz, foi fundada em 875 pelos mouros e tornou-se na capital do poderoso reino taifa, muçulmano. Passou para a soberania de Castela em 1230. Foi ao longo dos séculos prejudicada pelas lutas entre Portugal e Espanha, tendo sido ocupada pelos portugueses em 1386 e quase completamente destruída num cerco em 1705. É hoje um importante centro económico espanhol.

Elvas






A fronteira Elvas/Badajoz era a mais usada por quem se dirigia para o sul de Espanha. Elvas é uma cidade do Distrito de Portalegre, região do Alto Alentejo, que não faz excepção em relação à monotonia das características alentejanas.

Às portas de Espanha, distando a apenas 15 quilómetros de Badajoz (cidade fronteiriça espanhola), Elvas é uma linda cidade amuralhada, sendo a praça-forte mais importante da fronteira portuguesa, tendo sido por isso cognominada "Rainha da Fronteira".

Os Godos e os Celtas terão sido os primeiros povoadores desta autentica "cidade-fortaleza", que hoje se estende para alem das suas muralhas em forma de estrela.

Os Romanos deram-lhe o nome “Helvas” e por cá andaram até ao ano de 714, altura em que os Árabes a dominaram, deixando tantas marcas da sua presença, que algumas ainda perduram até aos nossos dias.

No reinado de D. Afonso Henriques, mais precisamente em 1166, Elvas foi conquistada aos Mouros pela primeira vez; posteriormente foi reconquistada e perdida de novo, sendo integrada definitivamente em território português por D. Sancho II de Portugal, em 1229.

O primeiro foral foi-lhe outorgado no mesmo ano, por D. Sancho II; teve um novo foral em 1513, concedido por D. Manuel I de Portugal, que marcou a elevação de Elvas à categoria de cidade.

A 14 de Janeiro de 1659, as suas linhas de muralhas e os fortes de Santa Luzia e da Graça tiveram um papel defensivo e importante no desfecho da Guerra da Restauração, na Batalha das Linhas de Elvas.

A caminho de Marrocos

Os preparativos para a viagem começaram com alguma antecedência, uma vez que, eram necessários passaportes e vistos de entrada em Marrocos.
O percurso para ir e voltar foi decidido:
1º Dia - Partida de casa/Elvas/Badajoz/Sevilha;
2º Dia - Sevilha/Algeciras/Tanger;
3º Dia - Tanger;
4º Dia - Tanger/Rabat;
5º Dia - Rabat;
6º Dia - Rabat/Casablanca;
7º Dia - Casablanca;
8º Dia - Casablanca/Berrechid/Settat/Marrakech;
9º e 10º Dia - MarraKech;
11º Dia - Marrakech/Beni-Mellal/Azrou/Ifrane/Fez;
12º Dia - Fez;
13º Dia - Fez/Meknes/Tetouan;
14º Dia - Tetouan/Ceuta;
15º Dia - Ceuta;
16º Dia -Ceuta/Algeciras/Sevilha;
17º Dia - Sevilha/Chegada a casa.

Agosto de 1988 em Marrocos


Recordar esta viagem, vai ser como rejuvenescer 20 anos, pois foi à precisamente 20 anos que a fizemos. Marrocos é um país quente, e em Agosto é de um calor quase insuportável.

Ao pensar nisto e na inicial ideia de rejuvenescimento, lembrei-me de um mito da antiga cultura mediterrânea sobre o rejuvenescimento das águias. De tempos a tempos, reza o mito, a águia, como a fénix egípcia, se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então as penas incendeiam-se e toda ela começa a arder. Quando chega a este ponto, precipita-se do céu e lança-se qual flecha nas águas frias de um lago. Através desta experiência de fogo e de água, a velha águia rejuvenesce totalmente (fénix renascida). Volta a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude. Seguramente este mito constitui o substrato de um salmo da bíblia, que diz: "O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia". Assim sendo, vamos ver se depois de recordar esta viagem, e ao olhar para o espelho, verei novamente os olhos brilhantes da menina mulher que fui.

Dos mares às montanhas, passando pela imensidão do deserto do Sahara e seus belos oásis, Marrocos é um país de contrastes com as suas enormes praias e suas cidades ao mesmo tempo históricas e cosmopolitas. Aqui se fundem o Oriente e o Ocidente, a África e o mundo Mediterrâneo, não só na arquitectura, mas também na gastronomia, no folclore, no artesanato e em tantos outros aspectos da vida deste país.

Partida para o final da viagem

O dia 3 de Janeiro de 2007, foi o último dia de mais uma viagem inesquecível. A caminho de Portugal, percorrendo terras de Espanha, com pouco tempo para parar, assaltaram-me vários pensamentos que me deram algumas certezas.
Quando se viaja não se deve ter qualquer receio. Estar fora do nosso país é como estar no nosso, pois toda a gente nos entende. Mesmo que não se fale a nossa língua, não se deve ter medo: já estivemos em muitos lugares onde não havia maneira de facilmente nos comunicarmos através de palavras, e terminamos sempre encontrando apoio, orientação, e sugestões importantes, e até mesmo pessoas com quem gesticular e trocar, aqui e além algumas frases e palavras com mistura linguistica. E nunca nos perdemos, se tomarmos algumas precauções. Basta ter o cartão do hotel no bolso, e, numa situação extrema, devemos tomar um táxi e mostra-lo ao motorista.
Comprar muito não é uma boa opção. Em viagem só se deve gastar com coisas que não vai precisar de levar, bons espectáculos, peças de teatro, restaurantes, passeios...e só algumas lembranças, que se levam num pequeno saco. Hoje em dia, com o mercado global e a Internet, pode ter-se tudo, em nossa casa, sem precisar carregar o carro ou pagar excesso de peso.

Não se deve querer ver o mundo num mês. Mais vale ficar numa cidade quatro a cinco dias, que visitar cinco cidades numa semana. Uma cidade é como uma pessoa caprichosa, precisa de tempo para ser seduzida e mostrar-se completamente.
Uma viagem é uma aventura. Henry Miller dizia que: "É muito mais importante descobrir uma igreja que ninguém ouviu falar, que ir a Roma e sentir-se obrigado a visitar a Capela Sistina", com demasiados turistas gritando nos nossos ouvidos. Deve ir-se sim à "capela Sistina", mas devemo-nos perder pelas ruas, andar pelos becos, sentir a liberdade de estar à procura de algo que não se sabe o que é, mas que com toda certeza, iremos encontrar, e isso mudará a nossa vida, pois nunca mais o esqueceremos.
E finalmente, não comparar o país visitado com o nosso. Não se deve comparar nada, nem preços, nem limpeza, nem qualidade de vida, nem meios de transporte, nada! Não se viaja para se provar que vivemos melhor que os outros; a nossa procura, na verdade, é saber como os outros vivem, o que nos podem ensinar, como enfrentam a sua realidade e como vivem o extraordinário da vida.