"Barão de Forrester, Razão e Sentimento, uma História do Douro (1831 - 1861)"

A melhor das surpresas para nós, foi a presença de uma exposição sobre um homem impar para a região do Douro Vinhateiro, o Barão de Forrester, de seu nome, Joseph James Forrester. Já por várias vezes tinha ouvido falar e lido sobre a excepcional mas curta vida deste escocês notável, que pelo Douro se apaixonou, e que nele morreu, mas desconhecia parte da sua vida e até de alguma da sua enorme cultura, realmente versátil para a sua época. Foi por isso com muitíssimo prazer e interesse que visitei a exposição de homenagem a este homem do Douro.

A exposição no Museu do Douro intitulada "Barão de Forrester, Razão e Sentimento, uma História do Douro (1831 - 1861)", estava composta por uma mostra apresentada em onze núcleos: A chegada de Joseph James Forrester ao Porto; o Cerco do Porto e as lutas liberais; As origens do escocês e uma das suas primeiras obras de pintura retratando o Porto Marítimo de Hull, sua cidade natal; Forrester e a comunidade inglesa na cidade do Porto; Um jantar na Régua e a problemática da adulteração dos vinhos; As amizades electivas de Forrester, que ele retratou sem excepção; A obra pictórica de Forrester durante o Romantismo; Forrester um amador de fotografia em Portugal; Exposições Universais de 1851 e 1855; A morte do Barão de Forrester; Bibliografia do Barão; A ligação de Forrester à cartografia do Douro, um trabalho absolutamente notável.

Nesta exposição tomei o real conhecimento, do muito que deve o Vinho do Porto a Joseph James Forrester. Em 1844 publicou "Uma palavra ou duas sobre o Vinho do Porto", obra em que declarou guerra a todos aqueles que adulteravam o vinho, o que lhe granjeou muitos inimigos. Foi também um estudioso do oídio da vinha (Oidium tuckeri), e foi um exímio cartografo tendo desenhado notáveis mapas do Vale do Douro. Foi ainda poeta, desenhista e aguarelista.

Joseph James Forrester nasceu na Escócia a 21 de Maio de 1809 e morreu misteriosamente no rio Douro em 12 de Maio de 1861.Veio muito novo viver para o Porto, para a casa de um tio, negociante muito abastado, que comprava as pipas de vinho do Porto por dez mil réis e depois as vendia na Inglaterra por mais de setenta. Educou o sobrinho para lhe continuar o negócio, mas ao jovem aconteceu algo de belo e imprevisível: apaixonou-se pelo rio Douro.

A compra e venda da produção dos lavradores eram para ele apenas um pretexto para viver no rio. Tal era a paixão fluvial, que mandou construir um barco do estilo rabelo, para aí poder permanecer por longos períodos e receber os seus amigos e pessoas importantes da época, aos quais oferecia jantares esplêndidos. Conta a história que este barco, de tão requintado e luxuoso que era, impressionou na época, não só pela magnífica tripulação rigorosamente uniformizada, mas também por já dispor de magnificas condições, tais como: cozinha, sala de jantar, leitos e retrete.

Acompanhado pelos mais valentes marinheiros, o barão navegava desde o Porto até Barca de Alva, ficando horas e horas ancorado no fundo do rio, a desenhar os pormenores das margens, as encostas a descer em catarata até ás arribas rochosas, os cachões sinuosos que a água fazia entre as valeiras, e redigia notas para os seus trabalhos sobre o Douro.

A coroa de glória a que aspirava, conseguiu completá-la: o Mapa do Douro, um minucioso levantamento reduzido a um desenho de três metros de comprido e 68 cm de largo, nunca o tendo comercializado, mas sim oferecido a quem se mostrasse interessado, independentemente da classe social a que pertencesse. Nunca um rio português tinha sido estudado com tanto amor, tanto rigor científico, tanta despreocupação material. Este trabalho esplendoroso, adicionado aos vários mapas da região demarcada, fez com que o rei D. Pedro V, em 1855, lhe concede-se o título de Barão, o que constituiu um feito inédito até então, conseguido por um estrangeiro.

Em Maio de 1861, o Barão de Forrester foi visitar D. Antónia Adelaide Ferreira, a uma das de mais de meia centena de quintas de que a famosa Ferreirinha era proprietária: A Quinta do Vesúvio. Esta quinta, situada na Horta de Numão, entre a Pesqueira e Foz Côa, e que contém dentro dos seus muros sete montes e trinta vales, era uma das propriedades preferidas de D. Antónia.Ali a detentora de uma das maiores fortunas do Douro primava em receber as suas visitas, debaixo de uma frondosa palmeira que ainda hoje lá existe. Ao instalar-se o Barão no Vesúvio, aumentou assim o número de visitantes que já ali se encontravam, a saber, a filha de D. Antónia, o genro (o jovem Conde de Azambuja) e ainda o juiz de direito da comarca, que apreciava muito não se sabe se a quinta, se o famoso vinho, se a Ferreirinha.

D. Adelaide, ao ver-se ladeada de toda esta gente, e talvez um pouco saturada de tantas visitas, decide anunciar a sua partida no dia seguinte para a Régua. O barão disponibiliza-se de imediato para a acompanhar, ao que recebeu resposta negativa da proprietária, alegando que o mesmo não tinha lá o seu barco. Num gesto de galanteio e contra resposta, o barão fez questão de a acompanhar, porque era conhecedor do percurso e seria o governador do barco da enérgica Senhora.

Separava-os da "Princesa do Douro" (Cidade da Régua), a distância de cinquenta e seis quilómetros e haviam que passar pela pior garganta do curso: o Cachão da Valeira. Era este o local que mais impressionava o barão, e que por ele foi desenhado várias vezes. Foi precisamente aí que a tragédia caiu sobre os viajantes.

Os remadoures não puderam evitar a força da corrente, o barco afundou-se e todos os ocupantes foram atirados para as águas revoltosas do rio. As grandes saias de balão que então se usavam seriam motivo de salvação das senhoras. Os cavalheiros tiveram outra sorte. Desapareceram dois criados de D. Adelaide, e os cadáveres encontraram-se dias depois nas imediações da Régua. Até um caixote com pratas que a Ferreirinha levava para a Quinta de Travassos em Loureiro, veio a aparecer longe, entalado na roda de uma azenha.

Só do Barão não houve mais notícias. Vieram mergulhadores, na esperança de encontrar o corpo, sendo todas as tentativas infrutíferas. O Barão, que sempre usava um grande cinto de cabedal atulhado de libras de ouro, tinha nesse dia calçado grandes botas pretas, que chegavam ao cimo da anca, e segundo se consta tudo aquilo era ouro escondido.

O Barão de Forrester desapareceria para sempre, nas profundezas deste rio, amante sôfrego, que o abraçou para sempre e o não deixou mais partir. Sentida e merecida homenagem a este amante do Douro Vinhateiro e do seu rio.

Sílvia Hestnes Ferreira, um Mundo de Abstracção

A pintura de Sílvia Hestnes Ferreira também se encontrava exposta no Museu do Douro, e foi com agrado que observei o seu trabalho cheio de cor e simbolismos. Além da pintura Sílvia Hestnes dedica-se também ao desenho, à escultura e à escrita. A pintura, o desenho e a escultura são para a artista, tanto experimentação como anotação.

Sobre a sua obra Philippe Cyroulnik (Director of Centre d'Art Contemporain, Montbéliard), diz: "Algumas das suas notas escritas, deslocam-se do texto ao desenho. Como a vida tem os seus nós, as suas alegrias e a sua gravidade, os materiais e as formas, os traços e as cores remetem por vezes a um sentimento do mundo ou a uma maneira de o experimentar. Eles são aqui o território duma translação que entrelaça as ligações entre o vivido e o imaginário, o sensível e o pensamento. (...)"
A sua obra, à medida das palavras e ao longo dos desenhos e outros trabalhos, convida-nos a um vai e vem subtil e perturbador entre o mundo e os objectos, entre as formas e os sentidos. Sílvia Hestnes conduz-nos da extremidade da pena e das suas mãos a deixar-nos invadir pela sua maneira de sentir e ressentir. Ela faz-nos entrar num universo onde o sorriso tem também a cor da melancolia e a tristeza a voz da felicidade de um dia.

Sílvia Hestnes Ferreira, ao escrever sobre o seu trabalho acrescenta: "(...) O meu trabalho em objectos/esculturas começou por ser a recolha de materiais diversos e de cores – cores sob a forma de pigmentos puros espalhados sobre tiras de papel. Os objectos/esculturas surgiram dos materiais como são na origem, segundo jogos de formas, de recortes, ou então segundo ideias iniciais, reformuladas ou sonhadas. (...) Há uma ligação entre os objectos/esculturas e os desenhos-pinturas. Uma passagem que é feita pela fotografia e a memória. E então desencadeiam-se as coisas. Uma ideia que se exprime pode desenvolver-se, alastrar-se, crescer e materializar-se de todas as maneiras de que falei até agora. Assim há uma continuidade. Mas essa continuidade é logo quebrada quando há repetição. Tento, pois, ensaiar diferentes tópicos, encontrar variantes, imaginar e construir."

Dessa imaginação e construção resulta um trabalho sem dúvida muito agradável, levando-nos para um Mundo imaginário e ao mesmo tempo real, a partir das formas e dos sentidos captados pelo observador.

Tito Roboredo, Um Corpo na Primavera

De 20 de Dezembro a 1 de Fevereiro de 2009, podemos observar a excepcional pintura de Tito Roboredo na sede do Museu do Douro no Peso da Régua. O Museu do Douro ao expor a obra de Tito Roboredo, veio dar a conhecer ao público interessado em pintura, a obra praticamente desconhecida deste pintor.

O pintor ultrapassou as fronteiras agrestes da sua terra natal, Mêda que, na simplicidade da sua beleza e das vivências das suas gentes, influenciou em grande parte a sua obra. Primeiro, os lugares familiares são importantes nas narrativas do passado do artista. Os lugares entre Alto Douro e Beira Alta, a Quinta do Barrocal, as propriedades agrícolas, a caça, a adega onde, durante as férias, fazia vinho com os irmãos, os montes, expressão que habitualmente usava para se referir a esses lugares da infância a que voltava.

A obra de Tito Roboredo apresenta uma composição intrincada e muito densa, uma figuração complexa, onde se detectam seres que geram muitos outros seres, planos que se sobrepõem, numa demanda incessante e obscura que se agudiza para entender o que se afigura como uma relação entre diferentes mundos. A sua pintura, não é uma pintura fácil, pelo contrário, força o espectador a uma procura de sentido.

A sua obra integra plenamente a figuração e a abstracção, pela via de uma sensibilidade absolutamente surreal. Não é fácil encontrar-lhe parentescos próximos na grande família da pintura portuguesa saída dos meados do século XX. Mas, se quiséssemos procurá-los, talvez fosse algures nesse intervalo entre mundo concreto e onírico, entre real e fantástico. E assim, iniciar-se-ia essa difícil leitura de formas que se diluem nos fundos, de fundos onde se geram formas, de nebulosas que engendram figuras. Enfim um estilo e uma pintura realmente conseguida. Adorei... Pena as câmaras não poderem ser usadas.

A exposição sobre "Tito Roboredo (1934-1980). Um Corpo na Primavera", deu uma imagem completa do trabalho que este pintor realizou ao longo dos vinte e cinco anos da sua carreira. Esta exposição contou com cerca de 90 obras do pintor, que teve como principal objectivo consolidar o conhecimento sobre o período agitado da prática artística que foram as décadas de 60 e de 70, bem como para definir com rigor o posicionamento do artista nesse período.

Tito Roboredo nasceu na Mêda em 4 de Junho de 1934 e, cinco anos depois, a família muda-se para Leça da Palmeira. Em 1955 inicia os estudos de Desenho e Pintura na Academia Alvarez, em 1958 inscreve-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), onde frequenta o Curso Geral de Pintura e participa na III Exposição da Academia Alvarez.

Em 1960 frequenta o Curso Geral de Escultura e, entre este ano e 1968, participa em seis edições das Exposições Magnas da ESBAP. Em 1963 conclui o Curso Geral de Pintura, um ano depois viaja para França e Inglaterra e casa com Madalena Von Hafe.

Em 1965 conclui o Curso Complementar de Pintura com a classificação de 20 valores e ocupa um lugar de professor eventual no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, e colabora com o Teatro Experimental do Porto fazendo a cenografia para a peça "O Guiché" de Jean Tardieu, com encenação de João Guedes.

Em 1966 é convidado para segundo Assistente do 5º Grupo (pintura) da ESBAP, em 1971 presta provas públicas para professor Agregado do 7º Grupo (desenho), em 1974 é suspenso da actividade de professor e três anos mais tarde é readmitido na ESBAP. Morre no Porto a 23 de Outubro de 1980...

1º Dia - Peso da Régua

No dia 22 de Janeiro, após o almoço partimos a caminho do norte, com uma breve paragem na "Campilusa", afim de se fazerem algumas correcções necessárias ao pleno funcionamento da nossa autocaravana. Após a compra de Leitão da Bairrada num restaurante vizinho da Campilusa, partimos para pararmos mais tarde em Penacova, em zona alta a ver a vila e seu vale, para jantar o saboroso leitão.

Depois de percorridos muitos quilómetros, parámos na cidade de Peso da Régua, onde passámos a noite de 22 para 23 de Janeiro. Estacionada a autocaravana em frente da Marina da cidade e a ver o Douro, a pernoita foi repousante e o acordar reconfortante, pela beleza da paisagem observada.

Aqui nesta zona privilegiada onde pernoitámos, fica o cais fluvial de Peso da Régua de onde partem e chegam muitos dos famosos Cruzeiros que cruzam o seu bonito rio, possuindo igualmente várias infra-estruturas de lazer como uma área pedonal, campos de ténis, piscinas e equipamentos para pesca, lojas de artesanato, restaurantes e bares.

Foi precisamente no bar junto à Marina, o "Bar do Cais", que depois do banho matinal foi tomado o pequeno almoço, que nos serviu de almoço por a hora já ser tardia. O vento forte que se fazia sentir e alguma chuva, encurtou o passeio que pertendíamos fazer pela área pedonal junto ao rio Douro.
O Museu do Douro foi o local escolhido por nós para passarmos a tarde do dia 23, na cidade da Régua. O Museu que reconverteu a antiga sede da Casa da Real Companhia Velha, tinha sido inaugurado pelo Primeiro-ministro José Sócrates, no passado dia 20 de Dezembro, como um projecto de desenvolvimento regional âncora, para o Alto Douro Vinhateiro.
Esta estrutura tinha como principal exposição uma homenagem ao Homem que ajudou a construir a paisagem vinhateira do Alto Douro, designada por "Barão de Forrester, Razão e Sentimento, uma História do Douro (1831 - 1861)". Além desta exposição ainda podemos ver uma excelente exposição do artista plástico Tito Roboredo (1934 - 1980), intitulada «Tito Roboredo. Um corpo na Primavera» e outra da artista plástica Sílvia Hestnes Ferreira.

Peso da Régua, visitada por nós tantas vezes, também conhecida apenas por “Régua”, é uma cidade sede de concelho, junto ao Rio Douro, conhecida por ser a capital da região demarcada que produz o célebre vinho do Porto. Não existem certezas das origens da localidade, mas pensa-se aqui ter existido uma casa Romana denominada “Villa Reguela”, que teria dado o nome à cidade.

O Peso da Régua desde sempre deu a conhecer ao Mundo a grandeza dos homens que a criaram. O sacrifício, a coragem e a paixão de um povo que esculpiu, com mestria, um berço de prodigiosa beleza. A região distingue-se das imediatas não pela topografia do terreno, ou pelos cursos de água ou até pelo património artístico, mas sim pela modelação que o homem operou nela ao longo de vários séculos, visando a sua utilização agrícola e a melhoria da sua qualidade de vida.

O produto por excelência da região é o vinho (generoso ou licoroso e de vinho de mesa), introduzido na Idade Média pelas comunidades cistercienses, como aconteceu, aliás, com outras zonas demarcadas de produção vitivinícola, nomeadamente a do Dão. A qualidade do produto duriense era já reconhecida na Europa no século XVI, surgindo a denominação “Vinho do Porto” num documento de 1675, onde se refere a sua exportação para a Holanda.
Da riqueza patrimonial do concelho destacam-se as muitas casas senhoriais, pequenos palacetes e grandes quintas rurais dos “senhores do vinho”, muitas delas abertas ao público, demonstrando a riqueza que esta produção trouxe à terra, mas também outros monumentos, como a Igreja Matriz de S. Faustino, construída no local onde outrora existiu a capela do Espírito Santo, a Capela do Senhor do Cruzeiro do século XVIII, a Igreja do Asilo Vasques Osório, as Capelas do Espírito Santo, a de Nossa Senhora do Desterro, a de São João ou a de Nossa Senhora da Boa Morte, entre tantos outros.

As paisagens naturais da região são, pois, lindíssimas e especiais, estando o Alto Douro classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, provendo panoramas espectaculares tanto observados do próprio Rio Douro, ou no alto, nos muitos miradouros da zona, destacando-se o de São Leonardo e o de Santo António do Loureiro.

Fim-de-Semana em Trás-os-Montes e Alto Douro


Para o fim de semana de 22, 23, 24 e 25 de Janeiro de 2009, escolhemos a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, uma das regiões de Portugal com maior número de emigrantes e uma das que mais sofre com o despovoamento. O seu isolamento secular permitiu porém a sobrevivência de tradições culturais que marcam a identidade portuguesa.

No entanto a sua beleza natural, que é objecto "fetiche" do cinema português, é razão mais que suficiente para a visitarmos muitas vezes, sendo já um hábito nosso quase todos os anos, mais que não seja para escapar do bulício diário e aproveitar toda a calma profunda desta excepcional região, para refazer energias.

O seu relevo é caracterizado por terrenos planos a Este, vales junto ao Rio Douro e zonas montanhosas a Oeste, tendo como rochas predominantes, o granito, o xisto e o quartzo. As suas principais produções agrícolas são a amendoeira, que em Fevereiro se encontra em flor, e a vinha, sendo de realçar a cultura do vinho do Porto, até porque esta foi a primeira região demarcada de vinhos do mundo, "região demarcada do vinho do Porto".

Culturalmente é uma região rica em dialectos como por exemplo o sendinês, o gualdramilês e o riodonorês. É também nesta região que se fala o mirandês, oficializado como língua em 1989.

Aqui também se pode encontrar uma cozinha rica e deliciosa. Como as "alheiras" que se fazem por toda a região, particularmente populares no Inverno, o "cosido à transmontana" só com carnes de fumeiro e a "feijoada à transmontana" de Vila Real ou pela muito famosa "bola de carne" de Lamego. Se por lá se passa devemos provar os excelentes presuntos e perdizes do Pinhel e as enguias e trutas do Sabugal. O cabrito cozido no forno com arroz sobre o molho da carne e as "morcelas" que são muito típicos das zonas baixas da região das montanhas. E não se pode esquecer de colocar no topo da lista, os vinhos mais populares da região, como os do Porto da província do Alto Douro.

Quando a Viagem Acaba...

Quando me aproximo do fim de qualquer viagem que faço, dou-me sempre conta que penso sempre no caminho de volta a casa, na viagem que acabo de fazer. Descobri qual é o problema mais grave de viajar muito. Acabo sempre por sentir que não vi tudo, ou que a experiência foi tão boa que acabo sempre por querer voltar.

Quero sempre voltar para praticamente todos os países que já visitei. porque houve pessoas que deixei para trás, porque houve cenários que não conheci, porque simplesmente foi maravilhoso, enfim, as desculpas para voltar são sempre imensas.

A recordação das primeiras viagens, quando nos atiramos de caras ao total desconhecido, querendo guardar avidamente tudo o que vimos, ou em registo fotográfico ou filme. Em qualquer viagem os primeiros dias da aventura, põem-nos cheios de energias para gastar...

Recordo sempre com muita saudade, as vezes que fomos bem tratados, com a indiferença natural de quem não sabe a história do outro. Há algo que para mim é grandioso e que satisfaz imensas das minhas dúvidas, pois quando comunicamos com as pessoas dos países visitados, o trocar as primeiras impressões relativamente a lugares e sua história, ou termos simplesmente uma conversa breve e comum, acaba por ser simplesmente normal, bastando que nos entendam.

Nesses momentos em que cada um não tem a ideia da história do outro, dá origem a momentos de sublime entendimento. E se formos a pensar bem, nestas alturas, nem nós próprios temos uma ideia bem concreta da nossa história, porque a esquecemos também naquele momento...

"Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver sómente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsea de o conseguir!
Viajar assim é viagem
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu"

Fernando Pessoa

Sanxenxo

Sanxenxo é uma bela vila que se tornou num dos destinos turísticos mas importantes de Galiza, graças ao microclima morno do sul do Vale de Salnés (zona que constitui um dos mais importantes enclaves turísticos da Galiza, que está compreendido entre a ria de Arousa pelo norte e a ria de Pontevedra pelo sul, formando parte das denominadas Rías Baixas), e pelas suas praias de areias brancas e águas límpidas mas frias, mesmo no Verão.

A região costeira onde se encontra Sanxenxo, tem duas zonas de características distintas. Uma é de litoral rochoso e recolhida na foz do estuário, enquanto que a outra, na maior parte em mar aberto, é arenosa de ensiadas arqueadas, numa sucessão de praias que penetram no mar, formando por vezes penhascos íngremes.
A zona é composta por 17 quilómetros de litoral, onde se encontra a praia de A Lanzada, uma das mais famosas, com um areal com mais de 4 km, pertencente aos municípios de O Grove e Sanxenxo, onde a regeneração do sistema de dunas propiciou a existência de uma das praias mais visitadas da Galiza. Associadas a esta praia aparecem belas lendas, como a dos banhos de "nove ondas" para encontrar parceiro ou parceira, e para assegurar a descendência.

Sanxenxo está dotado de várias infra-estruturas adaptadas para as mais exigentes veraneantes e tem um vasto número de possibilidades de diversão, de entretenimento e lazer, que é acompanhado por uma gastronomia excelente.
Em Sanxenxo podem ser visitados vários monumentos históricos, restos arqueológicos, fazer pequenos cruzeiros em catamarã, viagens para as Ilhas Ons e Cies (Parque natural das Ilhas Atlânticas), e várias possibilidades para praticar actividades de lazer activo, tais como, golfe, karting, passeios a cavalo, canoagem, rotas de senderismo em motas 4x4, e uma grande quantidade de jogos desportivos náuticos como, surf, pesca submarina ou pesca desportiva.As suas noites de Verão são conhecidas como as mais cumpridas e divertidas da Galíza, onde se pode começar de “tapeo” (expressão típica espanhola para "ir de tasca em tasca", beber vinhos e comer vários petiscos ou tapas) nos balcões dos bares da vila até Portonovo, vila que está colada a Sanxenxo, passando por todos os bares até altas horas do amanhecer, sendo depois habitual a festa continuar nas discotecas que estejam alí perto e que são o ponto de encontro da juventude das Rias Baixas.
A vila tem um grande número de praias de areia branca dentro da ria, destacando-se a de Sanxenxo pela sua importância turística, cuja povoação se multiplica no Verão. A sua paisagem é encantadora deslumbrando qualquer pessoa que por ali passe. As novas construções, no entanto, apagaram os restos da povoação antiga, pois tudo em Sanxenxo é moderno.




Fonte: Wikipédia.org / http://www.turismodesanxenxo.com/

A Ilha da Toxa


La Isla de la Toja ou Ilha de Louxo é uma ilha galega da província de Pontevedra situada a poente da vila de O Grove, à qual está unida por uma ponte. É uma ilha turística famosa pelas suas águas curativas e tem uma superfície de 110 hectares. Durante séculos foi utilizada pelos vizinhos de O Grove, como lugar de pastoreio do seu gado, que transportavam em barcas.

O termalismo é moda em toda a Europa, mas provavelmente onde esta tendência tem vindo a ganhar maior protagonismo é na Galiza. Nesta zona encontra-se uma boa parte da oferta termal da geografia espanhola e o balneário de A Toxa, como se diz em galego, é um dos mais conhecidos dentro e fora das fronteiras espanholas, fazendo parte de um complexo que constitui O Gran Hotel Hesperia La Toja. Além dos balneários o complexo tem uma excelente loja com produtos de beleza naturais, que são fabricados com as suas águas termais.

A fábrica de produtos de beleza naturais, onde o sabonete de La Toja é o seu melhor representante, é actualmente um museu. A fábrica continua a laborar em La Coruña, numa nova unidade fabril que faz transportar a água de La Toja em camiões cisterna. Além do seu famoso sabonete de cor negra, esta fábrica produz uma linha de produtos naturais feitos com água termal, como loções, vários sabonetes, champôs e outros produtos que fazem as delícias de qualquer mulher e até de alguns homens.
A descoberta no século XIX das suas águas termais e lama medicinais fez da ilha um local muito visitado. A ilha é uma propriedade privada que explora as propriedades térmicas das suas águas, constituindo um dos mais antigos spas. O centro da ilha ainda mantém um denso pinhal virgem que faz as delícias dos visitantes no Verão.

O Casino de A Toxa (em castelhano La Toja), tem as suas raízes nesta paradisíaca ilha. Este edifício evoca a sociedade romântica do séc. XIX e completa sem dúvida, a oferta turística que O Grove oferece aos seus visitantes. Passar uma noite pelo Casino, quer se joge ou não, é uma experiência que não se deve desperdiçar, até porque quem pernoitar num dos hotéis da ilha, tem entrada gratuita.
Este casino ao longo do ano acolhe diversos visitantes de todas as partes de Espanha, bem como de todo o mundo, e oferece também várias exposições e outros actos culturais, durante todo o ano. Este casino junta ao fim-de-semana um conjunto interessante de carros desportivos e de alta cilindrada à sua porta.

O Hotel Louxo La Toja ****, o Gran Hotel Hesperia La Toja***** e ainda o Hotel Balneario Hesperia Isla La Toja**** , são as belísimas unidades hoteleiras da ilha, tendo-nos o primeiro, prestado um óptimo serviço quando lá pernoitámos.
A ermida da ilha de A Toxa, dedicada a São Caralampio e à Virgem do Carmo, conserva o seu culto desde o séc. XII. É uma das mais singulares igrejas de toda a Galiza, toda recoberta de conchas de vieira, chamando a atenção no centro da ilha, embora o seu interior seja modesto e com um certo ar marinheiro.

Fonte: Wikipédia.org / http://tochinha.blog.pt/tag/espanha/

O Grove


O Grove fica numa península cheia de praias de areia branca. As suas águas termais e os produtos do mar, convertem a vila de O Grove num dos pontos de interesse turístico mais conhecidos da Galiza.
Os 10 quilómetros de praias de O Grove oferecem a calma das pequenas enseadas da Ria de Arousa e o mar aberto das praias atlânticas. Todos os amantes da natureza podem encontrar nesta península cantos cheios de uma beleza inegável.

A península está cheia de belezas naturais e espaços protegidos como a Enseada de O Vao, uma das zonas húmidas mais importantes da Galiza, a formosa Lagoa de A Bodeira, miradouros como os de A Siradella ou Con da Hedra, de onde se pode observar toda a península, o istmo de A Lanzada, o parque natural das Ilhas Atlânticas e as várias rotas pedestres que nos conduzem por paisagens de grande beleza.
O mar é o principal tesouro da vila de O Grove. Tudo aqui gira à volta do Atlântico, que nos acolhe na entrada da ria de Arousa. A riqueza destas águas faz de O Grove um dos principais portos pesqueiros e marisqueiros do país. Nelas são extraídos os melhores produtos que em cada dia são leiloados publicamente no Mercado do Peixe, que podemos visitar de segunda a sexta a partir das 17h00.

O Grove é uma vila que fez da gastronomia marinha um culto que se pode "praticar" nos diferentes tascos, tabernas e restaurantes que oferecem os mais esquisitos mariscos e peixes, apresentando-nos uma variada oferta gastronómica de mariscos da ria (ostras, mexilhões, berbigão, navalheiras, amêijoas, lagostins, vieiras, camarões, carangueijo real, lagostins, percebes...) além de rodovalho, polvo e arroz de marisco, que podem ser degustados em todos os restaurantes locais a um preço moderado.
Tanto a cozinha tradicional como a "nova cozinha" ganham uma nova dimensão nesta terra. Contando sempre com a inegável qualidade das matérias primas, são elaborados autênticos manjares que não devem deixar de ser provados quando visitamos a zona. Como complemento ideal, os vinhos da região como o Albariño ou o tinto de Barrantes, regam da melhor maneira estes preparados gastronómicos.
Junto ao Grove e a modo de apêndice, encontra-se a ilha de A Toxa, um esplêndido recinto que conta com magníficas instalações hoteleiras, construídas no início do século. Das noites de A Toxa dizia Álvaro Cunqueiro Mora (1911 /1981, foi um novelista, poeta, dramaturgo, jornalista e gastrónomo espanhol, considerando um dos grandes autores da literatura galega), que existe "um silêncio estranho e consolado, apenas perturbado pelo vento nos pinheiros ou pelo canto do mar na vizinha praia da Lanzada".

Fonte: Wikipédia.org / http://www.minube.pt/ / http://blogimagens.blogspot.com/

Os Caminhos de Santiago

Os Caminhos de Santiago são os percursos percorridos pelos peregrinos que afluem a Santiago de Compostela desde o Século IX. Estes são chamados de Peregrinos, do latim "Per Agros", "aquele que atravessa os campos". Têm como símbolo uma concha, normalmente uma vieira designada localmente por "venera", costume que já vinha do tempo em que os povos ancestrais peregrinavam a Finisterra. Os caminhos espalham-se por toda a Europa e vão todos desaguar aos caminhos franceses que posteriormente se ligam aos espanhóis, com excepção das várias vias do Caminho Português, que têm origem a sul, e do Caminho Inglês que vinha do norte por mar.
O Caminho de Santiago tem sete rotas históricas: o Caminho Francês, o Caminho do Norte, a Vía de la Plata, a Rota Marítimo fluvial, o Caminho Inglês, o Caminho Primitivo e o Caminho Português. Para alem destas rotas existe ainda o Caminho de Finisterra que faz a ligação entre a cidade de Santiago e Finisterra. Os Caminho Francês e Aragonês entram em Espanha nos Pirinéus e cruzam o norte de Espanha passando por Pamplona, Burgos e León.
O Caminho do Norte entra em Espanha em Irún no País Basco e traça um percurso paralelo ao Caminho Francês, mas pela costa passando por San Sebastian, Santander e Luarca.
O Caminho Primitivo é provavelmente o primeiro Caminho Jacobeu sai de León e sobe para Oviedo passando entre o Caminho do Norte e o Caminho Francês. A Vía de la Plata também chamada de Caminho do Sudoeste ou Caminho Leonês sai de Sevilha e traça uma linha vertical paralela a Portugal. Antes de chegar a Zamora existem duas alternativas, uma primeira contorna o nosso país, e uma segunda entra em Portugal em Alcanices, passa por Bragança e junta-se de novo ao Caminho Leonês em Ourense.A Rota Marítimo/fluvial entra em Espanha pela Ria de Arousa e pelo Rio Ulla. Em Padrón junta-se ao Caminho Português. Esta rota pretende recriar a viagem feita pelos discípulos até Santiago com o corpo do apóstolo depois do seu martírio.O Caminho Inglês entra em Espanha por mar nos portos de Ferrol ou de A Coruña e segue numa linha vertical para Santiago.

O Caminho Português - Em rigor não se pode apontar apenas um Caminho Português, antes da marcação do Caminho pelas várias associações e entidades competentes, o que só começou a acontecer nos últimos anos. Não havia no início um percurso definido e o “verdadeiro Caminho”, em rigor não existe. Os percursos identificados como os mais seguidos (marcados ou em processo de marcação), a partir de vários relatos de peregrinos que viajaram para Santiago a partir do sul do nosso país, e embora não tenha sido feito o levantamento de nenhum percurso a Sul de Lisboa, sabe-se que eles existiam.

A partir de Lisboa podemos falar de dois grandes Caminhos que atravessam o país de Sul a Norte, um na costa e um no interior. De Lisboa seguem em direcção a Coimbra (existem duas variantes, uma por Tomar, que corresponde até Santarém ao Caminho do Tejo, ou por Leiria, passando junto ao litoral e segundo a lenda na terra onde vivo, o caminho passava junto a nossa casa, no Caminho Real, em terra batida, por onde terá passado a Rainha Santa Isabel, a caminho de Santiago).
Em Coimbra existem também duas alternativas, pelo interior (por Viseu e Chaves que sai de Portugal em Feces de Abaixo e se junta à Via da Prata em Verin), ou pela costa em direcção ao Porto. No Porto temos opção entre Barcelos e Braga. Em Braga segue para Ponte de Lima ou para a Portela do Homem, em Barcelos segue para Viana do Castelo ou para Ponte de Lima. De Ponte de Lima segue para Ponte da Barca e Vilarinho das Furnas ou para Valença. Existe ainda uma outra alternativa entre Caminha e Vila Nova de Cerveira.

A sinalização do Caminho é feita com setas ou vieiras amarelas e placas de identificação (não confundir com as setas azuis que marcam o Caminho de Fátima).

A via da Prata passa também por Portugal mas não podemos considerar o Caminho Leonês como um Caminho Português embora fosse também utilizado por peregrinos portugueses que moravam nas imediações do Caminho.