Visita ao Château de Grignan

A visita a Grignan e ao seu belo castelo deixa qualquer um com o sentimento de estar a viver uma espécie de encantamento, pois ali estamos em presença de um Castelo da Renascença, circundado por uma muralha da Idade Média. Uma muralha que não se distingue do próprio rochedo onde está implantada, numa completa fusão das épocas, aliada a um perfeito entrelaçamento da mão do homem e da mão de Deus.

À noite ao chagármos, a visão da cidade é arrebatadora. De dia o encantamento é total, pela visão do povoado no seu todo e pela vista que dele se alcança. Ao longe, uma cadeia de montanhas e, na planície, a luz da vinha, dos campos de girassol e de lavanda, amarelos e roxos.
Mas Grignan também arrebata pela aura literária. Porque no castelo morou Madame de Grignan, a filha e a destinatária de centenas de cartas de Madame de Sévigné, a maior correspondente da literatura francesa.

A visita ao Château de Grignan permite descobrir peças notáveis, como tapeçarias de Aubusson, magníficos móveis e quadros com retratos de familiares dos proprietários do castelo, entre os quais se encontra um de Madame de Sévigné.
A partir do primeiro pátio interior, formando o ângulo oriental da fachada restaurada, dita de Francisco I, encontra-se uma torre ligeiramente em relevo, a Torre Sévigné. Esta torre foi construída em puro estilo renascentista original do século XVI, possuíndo dois andares.

O primeiro andar esteve outrora ocupado pelo gabinete de trabalho da Madame de Sévigné, de onde lhe adveio o nome. A torre escapou ao vandalismo e um dos últimos proprietários do castelo, fê-la consolidar e reparar imediatamente, após a tomada de posse da propriedade.

Não há como fazer a visita ao castelo, sem nos interessarmos por essa grande dama. Quem era Madame de Sévigné e por que escrevia?

Quem lê as cartas fica a saber que o amor maternal é sem dúvida para Madame de Sévigné, o mais sublime de todos, e que a sua filha era a sua musa.

Por ter sido a morada da destinatária dessas cartas de amor maternal e da própria Madame de Sévigné, o Châteaux de Grignan incita a refletir sobre o amor. E quem fica sabendo da história da restauração do castelo não tem como não pensar, que foi mais uma vez o amor, que o salvou...




Grignan


Depois de sairmos de Genéve, viajámos até tarde por terras de França a caminho do Sul. A nossa intenção era ir dormir à pequena vila de Grignan, uma povoação histórica, aonde chegámos por volta das 02h00 da madrugada.

O local de pernoita foi num recatado parque, com vista para o conjunto urbano, constituído pelo castelo e o casario iluminado à sua volta, situado junto de um aromático campo de lavanda, que se estende aos pés do povoado.

A noite decorreu sossegada e o sono correu solto. O dia escaldante que lhe sucedeu acordou-nos relativamente cedo e a sorte foi a AC estar estacionada e protegida debaixo de frondosas árvores centenárias.

Grignan é uma pequena povoação da Provença Francesa, rodeada de campos de lavanda e situada perto de Mont Ventoux, a montanha mais alta da Provença, na região de Ródano-Alpes.


Esta bonita e emblemática povoação de Grignan, desenvolve-se à volta de uma elevação rochosa, que apresenta ainda hoje muitos traços medievais, possuindo no alto do rochedo um magnífico Castelo Renascentista, que é mencionado e imortalizado nas cartas que Madame de Sévigné escreveu para sua filha, Madame de Grignan, no século XVII.
O Château de Grignan, cuja origem remonta ao século XII, foi construído sobre o pico rochoso dominando Grignan, o que permite que seja visível ao longe. O edifício primitivo foi transformado em fortaleza, no século XIII, pela família Adhémar.

Localizada no terraço do castelo, existe uma igreja que foi construída entre 1535 e 1539, a pedido de Luís Adhemar. A fachada renascentista é flanqueada por duas torres quadradas de estilo gótico e possui uma bela rosácea. Dentro desta igreja existe um impressionante altar do século XVII e um órgão. No chão em frente ao altar de mármore há uma pedra funerária que marca a entrada selada para o túmulo de Madame de Sévigné, que ali morreu e foi sepultada em 1696.
Segundo alguns historiadores, no ano 1035, num "cartulaire" (um livro da igreja com títulos de propriedade pertencentes ao mosteiro) da Abadia de Saint-Chaffre de Haute-Loire, faz já menção de um antigo e obscuro "Gradignanum Castellum".

No século seguinte, o nome evoluiu para se tornar no castrum Grainan (1105), sabendo-se muito pouco sobre o real nascimento do castelo ou daqueles que o construíram.

A existência de um certo Christophe de Grignan foi encontrada por volta do ano 1030 e, em 1035, o “cartulaire” de Saint-Chaffre, já fala de um "Château de Grignan".


Um século mais tarde, de acordo com vários documentos, a família Grignan parece ter-se ali definitivamente estabelecido. É justamente nessa época que os Grignans parecem ter perdido a posse do castelo, que ainda hoje sustenta o seu nome. Começando em 1239, os registos mostram que o Château de Grignan deixou de pertencer aos Grignans, passando para a família de Adhémar de Monteil.
A construção no local do actual Château de Grignan, foi originalmente iniciada no século XII, mas no século XIII a família Adhémar expandiu-o transformando-o numa poderosa fortaleza. A expansão do castelo coincidiu com o aumento do poder dos Adhémars de Grignan. A partir do século XIII, os Adhémars, receberam o título de Barões, que mais tarde foi elevado à categoria de Condes através de Henry II, rei da França.

O Château de Grignan progressivamente tornou-se um baluarte imponente e a linha familiar Adhémar terminou, quando Louis Adhémar morreu sem um herdeiro em 1559.


Os títulos e posses de Luís Adhemar, Conde de Grignan, passaram para o seu sobrinho Gaspard de Castellane, filho de uma irmã de Louis Adhémar, Blanche Adhemar. Embora os Adhémars fossem uma família ilustre, em termos de nobreza e glória, rivalizavam com clã Castellane.
Louis Adhemar, governador da Provença, remodelou o castelo medieval de 1545 a 1558. O castelo acabou mais tarde por ser herdado por François de Castellane de Ademar de Monteil de Grignan, que acumulou ao mesmo tempo os títulos de Duque de Termoli, Conde de Grignan, Conde de Campobasso e Barão de Entrecasteaux, bem como o de Cavaleiro a serviço do rei Louis XIV. Foi também governador-geral da Provença, e da cidade de Orange.
Em 1600, François de Ademar de Monteil transformou a fortaleza numa residência de luxo e de 1668 a 1690, François de Castellane-Adhemar transformou-o num sumptuoso palácio renascentista.


François, o último Conde de Grignan, ficou duas vezes viúvo (sua primeira esposa foi Angélique-Clarisse d'Angiennes, filha do marquês de Rambouillet, e a segunda foi Marie-Angélique du-Puy du Fou).


Para o terceiro casamento, François escolheu Marguerite de Sévigné, cujo casamento foi celebrado no dia 27 de Janeiro de 1669. Marguerite de Sévigné, filha da Marquesa do mesmo nome, uma ilustre mulher, com jeito especial para a escrita, imortalizada nas cartas que escreveu, tendo dessa forma perpetuado a memória de seu genro e do seu castelo, até aos nossos dias.
Depois deste casamento o palácio tornou-se num local de encontro da sociedade de elite. Nos seus salões, a Condessa de Grignan, rodeada por prelados, escritores e cortesãos, parecia uma "vice-Rainha da Provença", como lhe chamaram certos autores.


Além das cartas imortais endereçadas à sua filha, a Marquesa de Sévigné expandiu o brilho do seu espírito nessas reuniões faustosas, cujo eco se repercutiu até Paris. Nessa época, Grignan merecia bem o nome que lhe deram, o de “Versailles du Midi”.



Madame de Sévigné estava separada de sua filha, dividindo as suas estadias pela Bertanha, onde possuia uma propriedade e por Paris onde mantinha casa, tendo nas estadias nestas suas propriedades, começado a sua famosa correspondência.
A Marquesa regressou três vezes ao Château de Grignan para passar longas estadias. Assim Madame de Sévigné viajou três vezes de Paris até à Provence, isto é, até Grignan, a fim de passar algum tempo com sua filha e seu genro. Primeiro com uma estadia de 14 meses, com início em 1672, e da segunda vez, 14 meses com início em 1690, antes de uma rápida viagem à Bretanha. A terceira estada foi de 22 meses, acabando esta com a sua morte em 1696.


Madame de Sévigné apenas permaneceu pouco menos de quatro anos no total, nesta zona de França, mas que acabou por ocupar tanto espaço em seu coração e nas memórias imortalizadas nas suas cartas.

As festas luxuosas haviam arruinado o Conde de Grignan, pelo que, logo que ele morreu, no dia 30 de Dezembro de 1714, todos os seus bens foram vendidos.

Um gentil-homem de origem piemontesa, o Conde Félix de Muy adquiriu o palácio com as suas dependências. Depois da Revolução Francesa, o sobrinho do Conde Félix, o general Conde de Muy, fugiu e abandonou o palácio. Foi determinada a demolição do palácio, por uma ordem a 31 de Dezembro de 1793 e durante os primeiros anos que se seguiram à destruição do palácio, o vandalismo reinou entre as suas ruínas.

Depois de passar por vários proprietários, o castelo foi reconstruído no início de 1900 por Madame Fontaine, que o adquiriu em 1912. A sua nova proprietária, gastou toda sua fortuna para o restaurar e o dotar da sua antiga grandeza, transformando-o num lugar importante da história regional da Provença. Actualmente, o castelo pertence ao departamento de Drôme e é hoje uma grande atracção turística.

Fonte: Wikipédia

Catedral de Saint-Pierre


A Catedral de Saint-Pierre de Genéve é uma Igreja Reformada, que foi construída como igreja católica. Foi iniciada no século XII, e inclui uma eclética mistura de estilos. É conhecida como a igreja e lar adoptivo de Jean Calvin, um dos líderes da reforma protestante. Dentro da igreja existe uma cadeira em madeira, que era habitualmente usada por Calvin.
A área abaixo da Catedral foi recentemente escavada por arqueólogos, revelando uma rica história do local, que remonta ao tempo do Império Romano.

A partir dos séculos VIII ao X, foi uma das três catedrais a coexistir no local. O actual edifício tem crescido a partir de uma catedral dedicada ao culto cristão e uso eclesiástico. As outras duas estruturas, são do séc. XII e correspondem ao crescimento do edifício sobrevivente e que eram, aparentemente, para diferentes usos, para sacramentos e para os ensinamentos da igreja.
No início da reforma, os serviços protestantes foram comemorados em celeiros pertencentes aos membros da congregação para o distrito de Saint-Pierre, mas na sequência da assinatura do "Edito de Nantes”, um primeiro templo foi construído em 1606. Este edifício foi queimado em 1626 para evitar que fosse transformado numa igreja católica.

Depois de 1803, devido à "Concordata", em que Napoleão permitiu a liberdade de culto, a Igreja Protestante de Saint-Pierre foi reformada para o culto protestante. Este novo edifício foi inaugurado em 12 de Maio de 1833.
Actualmente, nos cultos de Verão, está presente um pastor protestante alemão, tornando possível a realização de serviços bilingues e reuniões de alemão e francês destinados a fiéis protestantes.
Fonte: Wikipédia

Um dia perfeito em Genebra

Chegámos já bem noite a Genéve e procurámos logo o local para a pernoita. Ao contrário da primeira noite que ali passámos, depois de entrarmos na Suíça, quando a cidade ainda fazia os preparativos para a abertura da Feira de Genéve, que ocorreria a partir de 1 de Agosto, Dia Nacional da Suíça, a cidade encontrava-se agora muito mais movimentada e com muito menos locais de estacionamento.

Depois de estacionarmos bem a AC, à beira lago, no Quai de Cologny, tendo como companhia várias ACs de vários países, observámos que a feira parecia ainda fervilhar de actividade e resolvemos pegar nas bicicletas e ir até lá. Esforço para o engano, pois quando lá chegámos já tudo se preparava para encerrar.
No dia seguinte o agradável acordar à beira lago Lémam, que mais uma vez foi gratificante, tendo ao fundo o seu famoso jacto de água. Depois de um leve pequeno-almoço, mais uma vez pegámos nas bicicletas a fim de conhecermos bem a cidade.

Magnificamente situada nas margens do maior lago da Europa ocidental, o lago Léman ou de Genève, aos pés das montanhas do Jura e às portas dos Alpes, junto do local em que o rio Ródano flui do lago, Genéve é só por si, uma atracção.
Verde e cosmopolita, recordada pelo descanso e tranquilidade mas também pelo espírito de aventura e pela beleza indescritível do entorno natural em pleno anfiteatro dos Alpes, Genève encerra em si todos os segredos de um baú das recordações em cada escalada de uma montanha vizinha, em cada tarde de passeio ou em cada visita ao bucolismo dos campos à sua volta.
Merecedora de uma visita, à volta do seu lago, os visitantes encantam-se com a verdejante moldura da cidade, que atribui um toque diferente a esta desenvolvida metrópole suíça. Estávamos na borda sul da enseada, que é a imagem mais conhecida de Genéve com o seu célebre Jacto de Água, fascinante penacho de espuma branca que ascende a 140 metros de altura.
Pedalando pelos seus cais de canteiros floridos, passando por uma sucessão de parques de plantas raras e palácios antigos do outro lado da rua, com o lago sempre à direita e com a presença da sua abundante fauna aquática, composta com cisnes, gaivotas, patos e mergulhões e as velas multicolores dos seu barcos, que fazem desta baía o quadro perfeito para qualquer visitante regalar a vista.
A Feira de Genéve estava no seu auge, com carrosséis de todo o tipo e restaurantes com comida de todas as partes do mundo, cobrindo grande parte das margens do lago, desde o Quai Gustave Ador até ao Quai du Mont Blanc.

Na margem direita, no Quai du Mont Blanc, pode-se admirar o Monumento Brunswick, que guarda o túmulo do duque de Brunswick, que legou a sua fortuna à cidade, e as fachadas elegantes dos hotéis. Afastado do cais encontra-se o antigo quebra-mar de Pâquis, sinalizado pelo seu farol, onde são os banhos públicos da cidade.

Na margem oposta e já perto da cidade antiga, destaca-se o Jardin Anglais, com o seu Relógio Florido, que todos os meses muda de flores. Mais para o lado do rio Ródano, situa-se a ilha Rousseau, antigo baluarte construído em 1583, dominada pela estátua de Jean-Jacques Rousseau, escritor, filósofo e eloquente filho de Genève.
Fundada pelos Romanos, Genéve tornou-se uma cidade poderosa e independente. Mais tarde foi tomada pela França revolucionária em 1798, mas juntou-se à Confederação Suiça em 1815, após a queda de Napoleão. Ainda hoje é rodeada em três lados por território francês. Genéve foi um dos principais focos da Reforma, tendo implantado politicamente as austeras teorias religiosas de Jean Calvin (1509-1564) no séc. XVI.

Em 1865, Henri Dunant (1828-1910) fundou na cidade a Cruz Vermelha Internacional, e desde então Genéve tem sido um centro de organizações internacionais, como as Nações Unidas, e de negociações relativas à política, comércio, saúde, ciências e paz. Como centro de congressos, proporciona conforto de cinco estrelas num cenário magnífico, com o famoso repuxo, símbolo da cidade, que sobe acima do lago.

O passeio pelas margens do seu lago também oferecem boas alternativas para quem quiser passear algumas horas por Genéve. Uma delas é visitar o Bain de Pâquis, uma espécie de piscina pública, por onde passámos, com área de lazer já perto do coração da cidade.

A caminhada por esta zona da cidade, vendo um dos lagos mais bonitos da Europa, oferece também espaços interessantes como o Parc des Eaux-Vives, (Parque das Águas Vivas) ou, ao lado, o Parc des Granges, (Parque das Granjas).


Em Genéve os passeios são em placas de cimento, as esplanadas assentam no alcatrão das ruas, os jardins encontram-se muito bem tratados, com muitas crianças a brincarem na relva, adultos a namorarem, mães com filhos, carrosséis... é uma cidade repleta de vida.

No bairro antigo há pessoas às janelas, há movimento nas ruas, a cidade palpita, embora haja carros em todas as ruas a circular, ao lado de jovens em patins, muitas bicicletas, muitas scooters, motas, eléctricos rápidos, sempre a circularem cheios de gente.

Em Genéve é fácil encontrar senhores de fato e gravata, pedalando em cima de bicicletas. É uma cidade de liberdade, aberta, tolerante. Há centenas de motas espalhados pelos passeios sem incomodarem os peões, e não são multadas, nem a edilidade precisou de gastar milhões a fazer parqueamentos para motas, embora os haja também. Os polícias não andam à caça à multa e se aparecem é para auxiliar habitantes e turistas.

Depois de entrarmos no bairro antigo, parámos num dos seus muitos e típicos cafés, onde estivemos parados a observar a vida da cidade antiga. Ali mesmo podemos visitar uma bela igreja, l’Église Saint-Maurice, onde fomos muito bem recebidos.

Subimos depois no sentido das montanhas e encontramos a Catedral de Saint-Pierre, que já espreitava lá de cima e que fica lá bem no alto, que é a Igreja de Calvin. Subimos até à Place du Bourg de Four, que se encontrava cheia de turístas, aproveitando para descansar à sombra, nas esplanadas da praça.

Caminhando mais um pouco, fomos até à entrada principal da catedral. A sua fachada principal, mais parece a de um forum ou palácio romano. Por dentro é imponente, com um órgão lindo prateado e dourado e com vitrais maravilhosos a contrastar com a simplicidade do mobiliário, como é próprio de uma igreja protestante. Atrás da Catedral encontra-se o Museu International de la Reforme e ali perto temos um miradouro que nos proporcionam belas vistas do lago e da cidade.

Depois desta visita, descemos pela Rue de l’Hôtel de Ville, onde se encontra a Câmara Municipal (Hotel de Ville), da cidade. Através da Rue de sain-Léger, chegámos ao Parc des Bastions, um enorme parque no centro da cidade antiga e que é uma beleza. Encontrava-se repleto de gente, uns namoravam, outros faziam ginástica, outros ioga, outros ainda jogavam xadrez em enormes tabuleiros desenhados no chão com peças à escala… Neste parque enconra-se o Monumento aos reformadores, o Monument International de la Réformation.

Depois de sairmos do Parc des Bastions, descemos em direcção ao lago, até encontrarmos a Rue du Rhône, junto ao Relógio de Flores que se encontra no Jardin Anglais. Entramos a pedalar em plena Feira, o que a partir de certa altura se tornou impossível, uma vez que a Feira fervilhava de actividade e se encontrava repleta de gente. Depois de nos sentarmos num restaurante árabe e degustarmos "que-babes" acompanhados de batatas fritas, pedalámos até à AC, que nos esperava para rumarmos a França.



Fonte: diplomatatours.pt /Google Maps

Thonon-les-Bains

Depois da visita ao Château de Chillon, partimos rumo à cidade de Genéve, situada no topo oposto do lago Lémam. Decidimos fazer a viagem contornando o lago pela margem sul, até Genéve, para não repetirmos paragens. Assim passaríamos por terras de França, uma vez que a margem sul do lago pertence a este País.
Passámos por aldeias e vilas à beira lago, em tudo idênticas às da Suíça, não se notando a mudança de País, até porque a língua é a mesma e as condições psicossomáticas que influenciam populações e suas vivências, as mesmas são.

A maior e mais animada povoação por onde passámos ainda de dia, foi Thonon-les-Bans, uma bonita vila termal, esmagada por enormes montanhas vizinhas, cobertas de escarpas e florestas de um verde intenso, onde os ventos parecem não incomodar.

Thonon-les-Bans é a capital de Chablais, na região francesa de Rhône-Alpes, e uma vila conhecida pela sua actividade comercial, a sua atmosfera descontraída e pela reputada fama das suas águas termais.

Situada à beira do lago Lémam, na margem sul pertencente a França, Thonon-les-Bans é construída em dois níveis. A parte inferior, com o seu porto de pesca e marina e um passeio ao longo do lago, até à antiga aldeia de Rives. A parte superior está concentrada no centro da cidade, com suas ruas pedonais, as suas muitas lojas, mercados e grandes eventos semanais durante todo o ano.

A vila oferece agradáveis paisagens de verde intenso e canteiros floridos que se abrem em horizontes deslumbrantes, apresentando algumas das melhores vistas do lado francês do lago de Genebra (Lémam). Thonon é assim uma pequena cidade, esmagada pela beleza da natureza que a envolve.

Thonon-les-Bains cultiva a arte de viver com as suas muitas actividades de lazer, gastronomia e inúmeras manifestações culturais e de animação. Os arredores da cidade de Thonon, só reforçam as atracções da cidade. Tudo se encontra preparado para se gozarem excelentes momentos de lazer e a vila no Verão, talvez por este motivo, encontra-se cheia de gente.

Assim, desde as margens do lago Genebra até às altas montanhas que a cercam, podemos ali encontrar uma enorme variedade de ecossistemas, um rico património cultural, além de uma excelente gastronomia regional, desportos de natureza, caminhadas e grande número de desportos náuticos.

Na cidade alta, pode subir-se até às montanhas que a circundam, através de um elevador de cremalheira, que nos leva a ver vistas magnificas da cidade e toda a área envolvente.

Thonon-les-Bains é um paraíso para os amantes de desportos aquáticos, uma vez que Thonon, para além do lago Genebra, possui o caudaloso rio Dranse, com rápidos e águas límpidas, que nasce no coração dos Alpes.
Fonte: thononlesbains.com/ville-thonon.fr

Lord Byron (1788 - 1824)

“Isto é criar, e ao criar vivenciar
Um ser mais intenso, que dotamos
Com a forma que desejamos, e obtemos, dando-lhe vida,
A vida que imaginamos.”

Byron


George Gordon Noel Byron, 6º Barão Byron (Londres, 22 de Janeiro de 1788 - Missolonghi, 19 de Abril de 1824), mais conhecido como Lorde Byron, foi um destacado poeta britânico e uma das figuras mais influentes do Romantismo.

A fama de Byron não se deve somente aos seus escritos, mas também à sua vida, considerada amplamente extravagante, que inclui numerosas amantes, dívidas, separações e alegações de incesto e até bissexualidade.

Apesar de nascer numa família rica, seu pai, o Capitão John Byron, era um "bon vivant" que destruiu toda a riqueza. Sua mãe, Catherine Gordon Byron, vinha da família dos Gordons escocêses, uma família tradicional e rica, muito conhecida pela sua ferocidade e violência.

O seu pai, juntamente com a esposa, imigrou para a França para fugir das cobranças de credores. Porém, a sua mãe não queria que seu rebento nascesse em solo francês e não hesitou em voltar a Inglaterra.

John ficou em França e encontrou abrigo na casa de sua irmã. Em 1791, encontrou-se com a morte, aparentemente por suicídio, aos 36 anos. Logo após o nascimento de Byron, a mãe levou-o para Aberdeen, na Escócia, onde uma deformidade em seu pé, começou a ficar evidente.

Byron possuía um defeito numa das pernas, era coxo. Esta pequena enfermidade marcaria com forte veemência a sua vida. Tal defeito foi um obstáculo enorme no desenvolvimento do garoto, que se sentia envergonhado perante os outros. O tratamento, exaustivo, também o irritava muito. Foram-lhe receitadas botas especiais e passou por inúmeros tratamentos, mas logo deixou estas dolorosas experiências para trás.

O pequeno George Byron apaixonou-se por literatura ao primeiro contacto e vivia mergulhado em leituras, com atenção especial para a história de Roma. Mas sua infância não se resumia a isto. Ele foi desde cedo marcado pelo amor. Aos sete anos, Byron apaixonou-se perdidamente por sua prima, Mary Duff e aos nove anos, a sua ama mostrou-lhe os prazeres da carne.

Com 10 anos, Byron herda o título nobiliárquico de um tio-avô, tornando-se o sexto Lord Byron, mas as suas finanças decresciam. Tudo o que remetia ao nome dos Byron era motivo de processos por dívidas.

Na sua adolescência, Byron foi tomando consciência de seu poder. Possuidor de carisma, beleza e poder de sedução, ele começou a aproveitar os seus dons. Envolveu-se com colegas, empregadas, professores, prostitutas e raparigas que adoravam um título de nobreza.

Apaixonou-se perdidamente por Mary Ann Chaworth, uma vizinha, mas em 1805, Byron teve um grande choque, Mary Ann casou-se. Esse desgosto torna-o mais rebelde ainda. Arranja um emprego em Cambridge, mas nunca trabalhava, como era usual para os membros do Romantismo. Era o ócio, a forma de vida dos românticos e da qual Byron foi o mestre supremo. Escrevia versos e mais versos e gastava muito dinheiro.

Após entrar no Trinity College de Cambridge, em 1807, publica seu primeiro livro de poesia, “Hours of Idleness” (Horas de ócio), mal recebido pela crítica da prestigiosa "Revista de Edimburgo". Byron respondeu com o poema satírico “English Bards and Scotch Reviewers” (Bardos ingleses e críticos escoceses), em 1809.

Em 1811, publica os dois primeiros cantos de “Childe Harold's Pilgrimage”, (Peregrinação de Childe Harold), longo poema em que narra as andanças e amores de um herói desencantado, ao mesmo tempo em que descreve a natureza da Península Ibérica, Grécia e Albânia.

A obra alcançou sucesso imediato e sua fama consolidou-se com outros trabalhos, principalmente “The Corsair”, (O Corsário), em 1814 e “Lara”, no mesmo ano; além de “The Siege of Corinth”, (O Cerco de Corinto), em 1816. Nestes poemas, de enredos exóticos, Byron confirmou o seu talento para a descrição de ambientes.

Em 1815 casa-se com Anne Milbanke, mas o casamento dura pouco. Muda-se para a Suíça em 1816, após o divórcio de Lady Byron, talvez causado pela suspeita de incesto do poeta com sua meia-irmã Augusta Leigh.

Na Suíça escreve o canto III de “Childe Harold's Pilgrimage” e “The Prisoner of Chillon”, (O prisioneiro de Chillon,) e o poema dramático enigmático e demoníaco, “Manfred”.
Em Genebra vive com Claire Clairmont e faz-se amigo de Shelley. Percy Bysshe Shelley foi também um dos mais importantes poetas românticos ingleses, que tal como Byron, morre cedo.

Passam horas discutindo filosofias e poesias. Navegavam pelo lago Genebra e visitam os cenários de “Nova Heloísa”, de Rousseau. E segundo as intrigas da época, chegaram inclusive, a trocar rosas e carícias.

Numa noite chuvosa em Diodati, Byron e um grupo de amigos, decidem compor histórias macabras. Nasce ali Frankenstein de Mary Shelley (companheira de Percy Bysshe Shelley) e “O Vampiro”, de Polidori.

Escreveu em 1818, o canto IV de “Childe Harold's Pilgrimage” e “Beppo - A Venetian Story”, (Beppo - Uma história veneziana), poema em oitava rima, de tom ligeiro e cáustico, em que ridiculariza a alta sociedade de Veneza.

Em 1819 começou o poema heróico cómico “Don Juan”, sátira brilhante e atrevida, à maneira do século XVIII, que deixaria inacabada, devido à sua inesperada morte. No mesmo ano ligou-se à condessa Teresa Guiccioli, seguindo-a a Ravena onde, juntamente com o irmão desta, participou das conspirações dos carbonários.

Em Novembro de 1821, tendo fracassado o movimento revolucionário dos carbonários, Byron partiu para Pisa. Em 1822 fundou, com Leigh Hunt, o periódico “The Liberal”. Foi a seguir para Montenegro e daí para Génova.

Nomeado membro do comité londrino pela independência da Grécia, embarcou para aquele país em 15 de Julho de 1823, a fim de combater ao lado dos gregos, pela sua independência da opressão turca, onde escreveu o drama “The Deformed Transformed”, (O Deformado Transformado), em 1824.

Passou quatro meses em Cefalónia e viajou para Missolonghi, no litoral norte do Golfo de Pratas, Grécia, acompanhado de um adolescente grego, Loukas, a quem dedicou seus últimos poemas. Acometido de uma misteriosa febre, morre em 19 de Abril de 1824, aos 36 anos. Seus restos mortais foram transladados para a Abadia de Westminster, que recusou a abrigar o corpo do poeta, devido à sua reputação de libertino e imoral. Byron foi assim sepultado perto da Abadia de Newstead, onde se encontram também os seus antepassados.

A obra e a personalidade romântica de Lord Byron tiveram, no início do século XIX, grande projecção no panorama literário europeu e exerceram enorme influência nos seus contemporâneos, por representarem o melhor da sensibilidade da época, conferindo-lhe muito de sedução e elegância mundana.

No meio a toda essa agitação existencial, que se tornou no paradigma do homem romântico que busca a liberdade, Byron escreveu uma obra grandiloquente e passional. Encantou o mundo inicialmente com seus poemas narrativos folhetinescos, em que não faltam elementos autobiográficos, como em “Childe Harold's Pilgrimage”, e depois assustou o mundo, com a faceta satírica e satânica que apresenta em poemas como “Don Juan”.

“Don Juan” é sem dúvida uma das suas obras mais conhecidas, sendo a que mais retrata a vida pessoal do autor e daí a famosa a frase que o descreve, de Lady Caroline Lamb: "Louco, mau e perigoso para se conhecer".

Lord Byron foi, um dos principais poetas ultra-românticos. O cinismo e o pessimismo de sua obra haveriam de criar, juntamente com sua mirabolante vida, uma legião de jovens poetas "byronianos" por todo o mundo.

Termino com uma frase sua, cheia de sabedoria no que concerne ao conhecimento da personalidade feminima e que apesar da sua curta vida e do seu modo de ser volúvel, expressa bem a sua enorme sensibilidade: "Na sua primeira paixão, a mulher ama o seu amante; em todas as outras, do que ela gosta é só do amor." Lord Byron

Fonte: Wikipédia/spectrumgothic.com.br/englishhistory.net