Lord Byron (1788 - 1824)

“Isto é criar, e ao criar vivenciar
Um ser mais intenso, que dotamos
Com a forma que desejamos, e obtemos, dando-lhe vida,
A vida que imaginamos.”

Byron


George Gordon Noel Byron, 6º Barão Byron (Londres, 22 de Janeiro de 1788 - Missolonghi, 19 de Abril de 1824), mais conhecido como Lorde Byron, foi um destacado poeta britânico e uma das figuras mais influentes do Romantismo.

A fama de Byron não se deve somente aos seus escritos, mas também à sua vida, considerada amplamente extravagante, que inclui numerosas amantes, dívidas, separações e alegações de incesto e até bissexualidade.

Apesar de nascer numa família rica, seu pai, o Capitão John Byron, era um "bon vivant" que destruiu toda a riqueza. Sua mãe, Catherine Gordon Byron, vinha da família dos Gordons escocêses, uma família tradicional e rica, muito conhecida pela sua ferocidade e violência.

O seu pai, juntamente com a esposa, imigrou para a França para fugir das cobranças de credores. Porém, a sua mãe não queria que seu rebento nascesse em solo francês e não hesitou em voltar a Inglaterra.

John ficou em França e encontrou abrigo na casa de sua irmã. Em 1791, encontrou-se com a morte, aparentemente por suicídio, aos 36 anos. Logo após o nascimento de Byron, a mãe levou-o para Aberdeen, na Escócia, onde uma deformidade em seu pé, começou a ficar evidente.

Byron possuía um defeito numa das pernas, era coxo. Esta pequena enfermidade marcaria com forte veemência a sua vida. Tal defeito foi um obstáculo enorme no desenvolvimento do garoto, que se sentia envergonhado perante os outros. O tratamento, exaustivo, também o irritava muito. Foram-lhe receitadas botas especiais e passou por inúmeros tratamentos, mas logo deixou estas dolorosas experiências para trás.

O pequeno George Byron apaixonou-se por literatura ao primeiro contacto e vivia mergulhado em leituras, com atenção especial para a história de Roma. Mas sua infância não se resumia a isto. Ele foi desde cedo marcado pelo amor. Aos sete anos, Byron apaixonou-se perdidamente por sua prima, Mary Duff e aos nove anos, a sua ama mostrou-lhe os prazeres da carne.

Com 10 anos, Byron herda o título nobiliárquico de um tio-avô, tornando-se o sexto Lord Byron, mas as suas finanças decresciam. Tudo o que remetia ao nome dos Byron era motivo de processos por dívidas.

Na sua adolescência, Byron foi tomando consciência de seu poder. Possuidor de carisma, beleza e poder de sedução, ele começou a aproveitar os seus dons. Envolveu-se com colegas, empregadas, professores, prostitutas e raparigas que adoravam um título de nobreza.

Apaixonou-se perdidamente por Mary Ann Chaworth, uma vizinha, mas em 1805, Byron teve um grande choque, Mary Ann casou-se. Esse desgosto torna-o mais rebelde ainda. Arranja um emprego em Cambridge, mas nunca trabalhava, como era usual para os membros do Romantismo. Era o ócio, a forma de vida dos românticos e da qual Byron foi o mestre supremo. Escrevia versos e mais versos e gastava muito dinheiro.

Após entrar no Trinity College de Cambridge, em 1807, publica seu primeiro livro de poesia, “Hours of Idleness” (Horas de ócio), mal recebido pela crítica da prestigiosa "Revista de Edimburgo". Byron respondeu com o poema satírico “English Bards and Scotch Reviewers” (Bardos ingleses e críticos escoceses), em 1809.

Em 1811, publica os dois primeiros cantos de “Childe Harold's Pilgrimage”, (Peregrinação de Childe Harold), longo poema em que narra as andanças e amores de um herói desencantado, ao mesmo tempo em que descreve a natureza da Península Ibérica, Grécia e Albânia.

A obra alcançou sucesso imediato e sua fama consolidou-se com outros trabalhos, principalmente “The Corsair”, (O Corsário), em 1814 e “Lara”, no mesmo ano; além de “The Siege of Corinth”, (O Cerco de Corinto), em 1816. Nestes poemas, de enredos exóticos, Byron confirmou o seu talento para a descrição de ambientes.

Em 1815 casa-se com Anne Milbanke, mas o casamento dura pouco. Muda-se para a Suíça em 1816, após o divórcio de Lady Byron, talvez causado pela suspeita de incesto do poeta com sua meia-irmã Augusta Leigh.

Na Suíça escreve o canto III de “Childe Harold's Pilgrimage” e “The Prisoner of Chillon”, (O prisioneiro de Chillon,) e o poema dramático enigmático e demoníaco, “Manfred”.
Em Genebra vive com Claire Clairmont e faz-se amigo de Shelley. Percy Bysshe Shelley foi também um dos mais importantes poetas românticos ingleses, que tal como Byron, morre cedo.

Passam horas discutindo filosofias e poesias. Navegavam pelo lago Genebra e visitam os cenários de “Nova Heloísa”, de Rousseau. E segundo as intrigas da época, chegaram inclusive, a trocar rosas e carícias.

Numa noite chuvosa em Diodati, Byron e um grupo de amigos, decidem compor histórias macabras. Nasce ali Frankenstein de Mary Shelley (companheira de Percy Bysshe Shelley) e “O Vampiro”, de Polidori.

Escreveu em 1818, o canto IV de “Childe Harold's Pilgrimage” e “Beppo - A Venetian Story”, (Beppo - Uma história veneziana), poema em oitava rima, de tom ligeiro e cáustico, em que ridiculariza a alta sociedade de Veneza.

Em 1819 começou o poema heróico cómico “Don Juan”, sátira brilhante e atrevida, à maneira do século XVIII, que deixaria inacabada, devido à sua inesperada morte. No mesmo ano ligou-se à condessa Teresa Guiccioli, seguindo-a a Ravena onde, juntamente com o irmão desta, participou das conspirações dos carbonários.

Em Novembro de 1821, tendo fracassado o movimento revolucionário dos carbonários, Byron partiu para Pisa. Em 1822 fundou, com Leigh Hunt, o periódico “The Liberal”. Foi a seguir para Montenegro e daí para Génova.

Nomeado membro do comité londrino pela independência da Grécia, embarcou para aquele país em 15 de Julho de 1823, a fim de combater ao lado dos gregos, pela sua independência da opressão turca, onde escreveu o drama “The Deformed Transformed”, (O Deformado Transformado), em 1824.

Passou quatro meses em Cefalónia e viajou para Missolonghi, no litoral norte do Golfo de Pratas, Grécia, acompanhado de um adolescente grego, Loukas, a quem dedicou seus últimos poemas. Acometido de uma misteriosa febre, morre em 19 de Abril de 1824, aos 36 anos. Seus restos mortais foram transladados para a Abadia de Westminster, que recusou a abrigar o corpo do poeta, devido à sua reputação de libertino e imoral. Byron foi assim sepultado perto da Abadia de Newstead, onde se encontram também os seus antepassados.

A obra e a personalidade romântica de Lord Byron tiveram, no início do século XIX, grande projecção no panorama literário europeu e exerceram enorme influência nos seus contemporâneos, por representarem o melhor da sensibilidade da época, conferindo-lhe muito de sedução e elegância mundana.

No meio a toda essa agitação existencial, que se tornou no paradigma do homem romântico que busca a liberdade, Byron escreveu uma obra grandiloquente e passional. Encantou o mundo inicialmente com seus poemas narrativos folhetinescos, em que não faltam elementos autobiográficos, como em “Childe Harold's Pilgrimage”, e depois assustou o mundo, com a faceta satírica e satânica que apresenta em poemas como “Don Juan”.

“Don Juan” é sem dúvida uma das suas obras mais conhecidas, sendo a que mais retrata a vida pessoal do autor e daí a famosa a frase que o descreve, de Lady Caroline Lamb: "Louco, mau e perigoso para se conhecer".

Lord Byron foi, um dos principais poetas ultra-românticos. O cinismo e o pessimismo de sua obra haveriam de criar, juntamente com sua mirabolante vida, uma legião de jovens poetas "byronianos" por todo o mundo.

Termino com uma frase sua, cheia de sabedoria no que concerne ao conhecimento da personalidade feminima e que apesar da sua curta vida e do seu modo de ser volúvel, expressa bem a sua enorme sensibilidade: "Na sua primeira paixão, a mulher ama o seu amante; em todas as outras, do que ela gosta é só do amor." Lord Byron

Fonte: Wikipédia/spectrumgothic.com.br/englishhistory.net

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