Os 7 Pecados Capitais - Com qual se identifica mais?



Os Sete Pecados Capitais são diretamente opostos às Sete Virtudes.

Escolha o seu preferido:

A Ira

A Ira ou Ódio é o intenso e descontrolado sentimento de raiva, rancor que geralmente gera sentimentos de vingança. A ira torna a pessoa furiosa e descontrolada com o desejo de destruir tudo aquilo que provocou a sua ira.

Por isso o ódio espuma.


A Preguiça

A Preguiça é a aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio e vadiagem.

Então a preguiça se derrama.


A Gula

A Gula é o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida.

Então a Gula engorda.


A Avareza

A Avareza é o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro.

Então a Avareza acumula.


A Luxuria

A Luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material.

Então a Luxúria se oferece.


A Soberba

A Soberba é associada ao Orgulho excessivo, é arrogância e vaidade, caracterizada pela falta de humildade, pelo sentimento exagerado de autossuficiência, sempre afirmando o seu ego.

Então a Soberba ou Orgulho brilham.


A Inveja

A Inveja ignora tudo o que possui, para cobiçar o que é do próximo. É um sentimento que se caracteriza pela ausência de sintomas aparentes, mas o invejoso sabe que tem um desejo exagerado por posses, habilidades e tudo o que outra pessoa tem e consegue. Não se deve confundir com o ciúme, que é querer manter o que se tem; nem com cobiça, que é querer o que não se tem; Inveja é simplesmente não querer que o outro tenha, querendo tirar de qualquer modo tudo o que outro possa ter ou vir a ter. 

Também segundo o filósofo José Gil, (in, Portugal, Hoje: o Medo de Existir), a inveja tem imensas estratégias e não é uma relação puramente psicológica, é mais do que isso: trata-se de um sistema que tem autonomia e vive em meios fechados, que cria entraves àqueles que têm ideias, iniciativas e empreendimentos.

Por isso tudo, de todos os pecados capitais, só a Inveja se esconde e mente.

Ver tudo em: J.Thomé » A Inveja DesvendadaPENSE - A Inveja (muito importante, não deixe de ler!)
Fonte: http://www.culturaonline.net/ Wikipédia.org

Recordando a Angola de outros tempos

Estas imagens são em especial dedicadas aqueles que fizeram parte da debandada que foi o maior êxodo de todos os tempos da história mundial, no ano de 1974, recorrente da libertação dos cravos, que abreviou em passos acelerados todo um conjunto de circunstâncias, que levaram muitos ao abandono de todos os seus bens, acumulados em tantos anos de trabalho e sacrifícios e deixando para trás e definitivamente as belas terras africanas, sem se despedir de ninguém e apenas com a roupa que levavam no corpo, sem dinheiro e sem outros valores que não os de si mesmos.

Que a terras portuguesas chegaram, sem consentimento prévio, tendo como único remédio, o crer que Portugal fosse a partir daí o seu “Paraíso” futuro, que infelizmente não é, nem nunca foi e cada vez mais difícilmente será...

Nova Lisboa – Huambo



Luanda




Angola antes da Guerra


Fonte. YouTube - Broadcast Yourself

Os Donos do Poder

O Fim do Mundo num Gemido


Quase todos os dias podemos ver a procissão de homens ocos. A sair dos carros blindados com vidros escuros, caminhando apressados no centro de um grupo de assistentes que carregam as pastas e caminham um passo atrás, como os súbditos, sorrindo ou franzindo os olhos para as câmaras, conforme a gravidade da situação. Apertam muito as mãos uns dos outros. E às vezes fazem pose para a fotografia de grupo, com os olhos espantados e a imobilidade de espantalhos.

 "The hollow men", um dos grandes poemas de T.S. Eliot, é um dos que mais influenciaram a literatura posterior, não poderia ter melhores representantes do que esse conjunto de fraquezas e conveniências a que chamamos "líderes europeus".

 O que fazem os líderes europeus? Cimeiras. Fazem cimeiras. E antes das cimeiras dizem que vão resolver os problemas da Europa e da zona euro e depois das cimeiras dizem que novos passos e definitivos passos foram dados para resolver os problemas da Europa e da zona euro e uma semana depois, esgotado o primeiro impulso otimista dos mercados, volta tudo ao mesmo. Os juros sobem, os ratings descem, os bancos descapitalizam, o desemprego aumenta. E a Grécia continua a descida ao fundo do poço. Em cada cimeira aparece um pacote de medidas que serão "implementadas" no futuro, sabendo todos que o futuro é para a semana que vem.

 Antes das cimeiras os líderes europeus dizem que não pode ser a Alemanha a decidir o futuro do euro, depois das cimeiras os líderes europeus concordam com as decisões alemãs sobre o euro. Antes das cimeiras os líderes europeus juram que já perceberam que a austeridade é perigosa para as economias, depois das cimeiras os líderes europeus afirmam que mais austeridade é o único caminho. Estamos nisto há uma eternidade.

Custa a crer como é que um conjunto de gente supostamente eleita por ser inteligente consegue ser tão vilmente estúpida. Custa a crer como é que o Governo alemão resolve impor unilateralmente aos gregos um "comissário" financeiro, destituindo-os da última parcela de soberania, como se a Grécia fosse um protetorado, sem que o resto da Europa se levante num clamor.

T.S. Eliot escreveu "The Hollow Men" em 1925, no rescaldo da I Guerra Mundial e do Tratado de Versalhes, The hollow men, the stuffed men. Os homens ocos, os homens de palha. As nossas vozes secas/ Quando sussurramos juntos/ São silenciosas e sem sentido.
O poema acaba com a estrofe catastrófica: This is the way word ends/ This is the way the world ends/ No with a bang, but a whimper. E assim acaba o mundo, não com um estrondo mas com um gemido. O poema entrou no vocabulário anglo-americano e foi citado milhares de vezes em escritos posteriores, em livros, filmes, séries de televisão. Como uma profecia, a leitura actual do poema devolve-nos este tempo histórico comandado por homens ocos.

O verdadeiro défice europeu não é financeiro. É humano. Na história da Europa dos últimos séculos nunca houve um conjunto de burocratas e de chefes tão afastados da grandeza europeia como esta gente que se junta em Bruxelas para decidir sobre gente que não conhece. O provincianismo de Merkel, uma engenheira química que cresceu do outro lado do Muro, mostra-se nos discursos. A senhora Merkel tem a eloquência prudente e limitada de um alemão da Alemanha interior, um território mental sem pingo de cosmopolitismo, conservador nos costumes e nos hábitos, inspirado pela frugalidade luterana ou a centrifugação ideológica do marxismo-leninismo soviético. Esta Alemanha desdenha o desconhecido território do hedonismo e do esbanjamento, desdenha os povos de "índole voluptuária" (citando Latino Coelho) que agora estendem a mão.

O falhanço de Merkel foi o de não ter explicado as razões pelas quais os hedonistas ameaçam o sistema capitalista mundial. E ameaçam a economia, o bem-estar e a estabilidade da Alemanha. Uma Alemanha que ainda não perdeu a mania do lebensraum, de quer estender uma hegemonia às soberanias nacionais que não conseguiu controlar ou vigiar antes do desastre. Nem a Alemanha nem a Europa. A Grécia dava sinais inequívocos de descontrolo financeiro e fiscal e nem um único chefe europeu ou alemão entendeu colocar a burocracia europeia não ao serviço de si mas da fiscalização. A punição pela punição não produz efeitos e só serve para afastar a Grécia (e Portugal) da Europa do centro e sentenciá-los à morte. Sem investimento nem estímulo, a economia não cresce e fica nas mãos de meia dúzia de agentes e intermediários, o que está a acontecer. Portugal torna-se um entreposto. A austeridade tem um preço alto. Aniquilação da soberania política e económica. Destruição do Estado. Miséria social. Desemprego. Desigualdade. Emigração. Dependência. A quantas cimeiras de homens ocos teremos de assistir antes de o nosso mundo acabar com um gemido?

Clara Ferreira Alves
(in Revista Única, Jornal Expresso de 4 de fevereiro)

Um novo abril precisa-se! Pelos vistos por toda a Europa.

A não perder: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=1389430&audio_id=2021877

Ler poema de T.S. Eliot : http://gothicarts.kit.net/obras/poesias/os_homens_ocos.htm

De Princesa a Bruxa


“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal”
 
(1 Coríntios 13:4-5).

 
Quando a nossa vida profissional, pessoal e sentimental corre bem, o aspeto e a forma como nos mostramos irradia uma carga positiva muito grande.

Naturalmente, o nosso “astral” está em alta e isso passa uma mensagem para quem connosco convive, que pode ser uma faca de dois gumes. Os nossos verdadeiros amigos sentem-se felizes por verem a nossa vida correr bem. Os outros, aqueles que não conseguem alcançar os seus objetivos, que são fracassados, ou que pura e simplesmente não gostam de nós, são “atacados” pelo mal da inveja. A inveja no Brasil é definida de uma forma muito interessante, chamam-lhe “olho grande” ou “olho gordo” mas, na realidade, manifesta-se em qualquer parte do mundo da mesma forma.

Inveja é a total insatisfação com o que possuímos por muito bom que seja. Nunca nos sentimos realizados, e o que os outros adquirem é sempre motivo de despeito e mau-olhado.

A inveja é um dos sentimentos mais torpes e difíceis de serem eliminados da alma humana. Trata-se de um dos vícios que mais sofrimento causa à humanidade. Onde houver apego à materialidade das coisas aí estará a inveja. Basta alguém se destacar em qualquer área, por mais ínfima que seja e lá estará o invejoso pronto para apontar o dedo e tentar minimizar o feito do seu próximo. Uma roupa diferente, um calçado da moda ou mesmo uns simples brincos ou pulseira torna-se motivo para elogios, nem sempre sinceros.

Segundo o dicionário, inveja significa: Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem ou desejo extremado de possuir o bem alheio.

Basta uma pessoa atingir algum sucesso ou estar feliz, para ter alguém a invejá-la. A partir daí, tudo o que a pessoa faça ou diga é motivo de crítica, maledicência, gerando um ataque cerrado, vindo de quem cerca a pessoa e curiosamente de muitos não próximos, através de terceiros enviados para a molestar psicologicamente.

Outro exemplo clássico é a inveja profissional. A inveja é sintoma de incompetência. Para que um olho não invejasse o outro, Deus colocou o nariz no meio.

Quando alguém se sobressai, a inveja é a primeira a dar os parabéns; A força da sua inveja é a velocidade do meu sucesso.

A inveja tem uma ligação ao «quero», mas num querer que é «do que é do outro», de viver o que o outro vive, ter o que o outro tem. É algo sombrio, que se procura esconder – a palavra de raiz é “invidia” que significa «olhar enviesado, de soslaio». Basta o sucesso de alguém para a despertar.

O invejoso presta muita atenção ao que os outros fazem ou deixam de fazer – para falar mal de tudo e de todos e por todo e qualquer motivo. Naturalmente, encontra sempre uma forma de depreciar, de desvalorizar. E é dramático porque não há forma de agradar a um invejoso – a não ser apagando-se. O impulso e o comportamento de quem inveja, é de querer retirar do outro ou simplesmente estragar o que é desejável – e, que bem vistas as coisas, é do outro.

A inveja é uma das mais perigosas paixões humanas sobretudo, porque nunca se apresenta como tal e o seu grau de destruição costuma ser máximo. Também não é um sentimento que os menos dotados dominem, mas atrai sobretudo as pessoas inteligentes. O invejoso não deve mostrar o objeto ou motivo da sua inveja, pois nessa atitude poderá desmascarar-se. A inveja, naturalmente, é típica dos medíocres (que nunca conseguem alcançar os seus objetivos), daqueles que ficaram abaixo do potencial sonhado, dos que conhecem as próprias limitações, embora nunca o confessem. Mas o que a move é sempre a argúcia e a paciência. A inveja pode ser fascinante, pois os que dominam esta "arte" têm de conhecer bem os pontos fracos dos que odeiam, trata-se do primeiro passo para sobre eles construírem a lenda presistente e devastadora. Em certa extensão, a inveja usa a força do movimento (envio e receção de mensagem silenciosa) através de uma subtil mudança na direção desse mesmo movimento. Um ligeiro desvio da energia pode ser arrasador. Sendo um dos elementos da natureza humana, a inveja rodeia-nos, sempre disfarçada por sorrisos hipócritas. E a todo o momento se sente o gozo dos que a praticam todos os dias.

Shakespeare, no seu “Yago feroz”, definiu os invejosos como “porcos humanos”, que vivem num chiqueiro amontoado de infâmias e covardias, capazes de todas as traições e deslealdades...

O maior antídoto contra a inveja é o ideal de vida. Quem se extasia diante uma obra de arte ou mesmo de uma poesia ou de um romance, ou se comove a ponto de rolarem lágrimas pela face ao ouvir uma peça musical, ou tem criatividade para elaborar pesquisas científicas, ou trabalhos literários e artísticos, jamais terá um “neurónio” capaz de alojar qualquer manifestação invejosa e por isso bem-haja.

Fonte: http://www.fontedeluz.com/ http://psicologia.org.br/internacional/inveja.htm


A Grande e Forte Vida


Conviria distinguir bem um do outro o caminho para o êxtase e o próprio êxtase; o primeiro ainda pode ter algum interesse por todas as lutas interiores, por todas as incertezas, por todo o esforço de pensar amplamente a que em geral dá origem; no entanto já nele mesmo poderíamos ver, além de uma preocupação egoísta, uma alternativa de esperança e desespero, um gosto da revelação e dos auxílios sobrenaturais que não poderão talvez classificar-se como superiores.

Do êxtase, porém, não alimentamos grandes desejos; o amor que nele descobrimos não pertence à categoria do amor que mais nos interessa — o que eleva o amado acima de si próprio, o que se esforça por esculpir uma alma com entusiasmo e paciência; é um amor a que se chega como recompensa de tarefa cumprida; não marca as delícias do caminho difícil, apaga-as da memória; faz desaparecer do peito do homem o seu único motivo de alegria, a sua única fonte de verdadeira glória.

Viver interessa mais que ter vivido; e a vida só é vida real quando sentimos fora de nós alguma coisa de diferente; se a diferença se tornar oposição, se o que era caminho diverso se transformar em muro de rocha, então no duelo que se trava, no instável equilíbrio que a cada momento se pode romper e precipitar-nos das alturas, nesta batalha em que não há um minuto de rancor pelo adversário, encontraremos a grande e forte vida; ora o êxtase consiste realmente no apagar das distinções, na identificação perfeita de dois termos.


Agostinho da Silva, in ' Diário de Alcestes '

A história do Homem em quatro parágrafos

A Trágica Necessidade de Conquista e de Mudança

Em todos os tempos os homens, por algum pedaço de terra de mais ou de menos, combinaram entre si despojarem-se, queimarem-se, trucidarem-se, esganarem-se uns aos outros; e para fazê-lo mais engenhosamente e com maior segurança, inventaram belas regras às quais se deu o nome de arte militar; ligaram à prática dessas regras a glória, ou a mais sólida reputação; e depois ultrapassaram-se uns aos outros na maneira de se destruírem mutuamente.

Da injustiça dos primeiros homens, como da sua origem comum, veio a guerra, assim como a necessidade em que se acharam de adotar senhores que fixassem os seus direitos e pretensões. Se, contente com o que se tinha, se tivesse podido abster-se dos bens dos vizinhos, ter-se-ia para sempre paz e liberdade.

O povo tranquilo nos lares, nas famílias e no seio de uma grande cidade onde nada tem a temer para os seus bens nem para a vida, anseia por fogo e sangue, ocupa-se de guerras, ruínas, braseiros e matanças, suporta impacientemente que os exércitos que mantêm a campanha não tenham recontros, ou se já se encontraram e não sustentem combate, ou se enfrentam e não seja sangrento o combate, e haja menos de dez mil homens no local.

Muitas vezes chega a esquecer os seus mais caros interesses, o repouso e a segurança, pelo amor que tem à mudança e pela mania de novidade ou das coisas extraordinárias.


Jean de La Bruyére, in "Os Caracteres"

Recordando o passado...




Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos.

Bob Marley


As férias da Páscoa já lá vão, mas foi o tempo escolhido para a leitura de dois belos livros sobre Angola, a minha terra natal. Esses dois livros, além de me terem proporcionado bons momentos de leitura, estão cheios de lugares comuns que remontam à minha infância, descrevendo um quotidiano vivido por muitos que tiveram o privilégio de por aquelas terras passar.

Embora diferentes, são ambos documentos que descrevem um caminho feito de cruzamentos múltiplos que nos conduzem a uma persistente comparação rigorosa e próxima da realidade do nosso passado.

“Fazenda Sofia, Uma gratificante história do passado - Janela de Esperança do Futuro”, de João Guerra da Silva, um belíssimo documento que é uma história de vida e “Fala-me de África”, um romance de Carlos Vale Ferraz (pseudónimo literário de Carlos Matos Gomes), que tal como escreve o autor é "Uma história dos afetos e rivalidades de uma família com uma causa comum: o amor a África!" (que deu origem a uma série de televisão com o nome “Regresso a Sizalinda”), são os dois livros que muito apreciei; um recordando a vida de muito trabalho numa fazenda africana e com muitas e belas imagens, e o outro cheio de realidades e momentos porque muitos de nós passámos.

O último livro referido, que ainda estou lendo, descreve com grande autenticidade muitos lugares comuns ao meu passado, quer em Portugal (as férias de verão na Nazaré e o Colégio Andaluz), quer em Angola (o Porto do Lobito; a Catumbela, o Caminho de Ferro de Benguela; Benguela, a minha terra natal; a Praia Morena, a Caotinha, muitos termos angolanos, o quimbundo…), resultando esta leitura num despertar constante de sentimentos de felicidade (pela lembrança do que foi viver naquele país), de saudade pelos tempos lá vividos que não voltam mais, e o recordar constante de memórias que há muito pareciam estar apagadas.

Trata-se de um romance com muito de verídico e, certamente, algo de biográfico que nos trás à memória o drama de uma debandada a que muitos foram obrigados, e a luta para reconstruir toda uma nova vida, num meio que discriminava quem “retornou”, mais que não fosse por razões históricas, pois tal como o autor refere, "África foi sempre uma doença para Portugal! Levou os novos e deixou os velhos, derrubou a monarquia, fez cair o anterior regime! Tudo por causa de África... Mas, se não tivéssemos lá estado, não sabíamos o que aquilo era." (pág. 172)

Este foi o motivo que levou a que em mim despertasse a vontade de rever novamente esses lugares, que partilhando aqui vos deixo…


Lobito, A Sala de Visitas de Angola e Benguela



Visita a Almagro - 2º Dia - Parte III

A Plaza Mayor de Almagro ainda tinha algo para nos revelar, e por isso nos dirigimos ao Corral de Comedias, que é o lugar mais emblemático da cidade.
En uno de los flancos de la Plaza Mayor se encuentra el famoso Corral de Comedia , único en su género en todo el mundo, declarado Monumento eO Corral de Comedias fica situado mais ou menos ao centro, num dos lados da Plaza Mayor e foi para lá que nos dirigimos. Ninguém sabe a data exata da sua construção, mas o seu tipo corresponde ao séc. XVI ou início do séc. XVII, sendo o único teatro da época que mantém a sua estrutura original, provavelmente porque a cidade o continuou a usar e conservar ao longo dos tempos.

Foi declarado Monumento Nacional em 4 de março de 1955, e lá dentro podemos desfrutar de uma ambiência única, sendo um lugar aos olhos de quem o visita, verdadeiramente mágico. As suas galerias, palco e camarins podem ser visitados e, em cada ano é ali que decorre o Festival Internacional de Teatro Clássico.
Nos dias de hoje, a cidade está fora das rotas turísticas, pois as vias rápidas estão afastadas da cidade, no entanto a fama da cidade persiste, muito devido à existência deste Corral de Comedias, que rMoreeproduz nos nossos dias, todo o esplendor de um teatro usado a partir do séc. XVI até ao séc. XVII - a idade de ouro do teatro espanhol.
O teatro é composto por um pátio que serve de plateia, cercado por 54 metros lineares de arquibancadas de madeira de cor ocre, a cor da argila avermelhada que dá nome à cidade de Almagro. Tem dois andares de balcões à volta do pátio, tendo o último andar ganchos para colocar um toldo que protege os espectadores durante as horas do dia. Das varandas das arquibancadas pendem castiçais para velas ou lamparinas, que outroram iluminavam o local à noite. No pátio há um poço localizado à entrada do lado direito, que fornecia água aos espectadores.
Entre a porta da frente e o palco, estende-se o seu pátio, como uma sala pavimentada, com pequenas pedras roladas, vestindo o pórtico da Cruz de Calatrava.

Fonte: http://www.turismocastillalamancha.com/ Wikipédia.org

Visita a Almagro - 2º Dia - Parte II

Depois do almoço, caminhámos para a Plaza Mayor de Almagro, uma vez que queríamos visitar o Corral de las Comedias, o antigo teatro da cidade, que ali fica situado.
A chegada à Plaza Mayor de Almagro foi um momento que gosto de recordar, pois é uma praça de grande beleza e diferente de todas as já visitadas. É uma praça retangular, mas irregular, limitada por duas fileiras de edifícios com varandas fechadas com janelas de cor verde. Por baixo das varandas fechadas, correm arcadas de colunas toscanas em pedra, que formam duas galerias paralelas abertas para o exterior, que a tornam única em Espanha.

Estas galerías servían de tribunas para actos públicos, festivos y religiosos, como las famosas corridas de toros que se realizaron hasta 1785, en que fueron prohibidEstas galerias serviram como fóruns para eventos públicos e feriados religiosos, como as touradas famosas que ali foram realizadas até 1785, quando foram proibidas por Carlos III. A ellas se accedía por dos escaleras situadas en la Calle del Toril y en el Callejón del Villar , y por algunas pequeñas puertas de los soportales. Os Pórticos ou Los soportales se sustentan con 81 columnas de piedra con clásicas zapatas de madera, muchas de ellas con capiteles sobrealzados por cuñas de madera para paliar los desniveles del arquitrabe respecto al suelo.arcadas são suportados por 81 colunas de pedra, com clássicas sapatas de madeira, muitas delas com capitais sobrexaltados por cunhas de madeira para atenuar o desnível da arquitrave acima do solo.
Por baixo das arcadas podemos visitar muitas lojas de artesanato diverso, como os famosos bordados de bilrros (rendas de bilrros), produtos da região como queijos, presuntos, alcachofras em calda, cestaria variada...

Numa das extremidades da Plaza Mayor encontra-se uma estátua equestre de Diego de Almagro, o Conquistador. É um monumento de 1955, que fCerrando la plaza, el Ayuntamiento y un pequeño jardín dedicado al conquistador Diego de Almagro.echa a praça, no meio de um jardim tipo tropical, enquanto no outro extremo da praça um pequeno jardim mais europeu se destaca em frente do antigo edifício do Ayuntamento, a Câmara Municipal.
Quando cheguei ao pé da estátua equestre de Diego de Almagro, algo nela me fez recordar outra (quer pelos trajes, quer pelo porte do cavaleiro), que há algum tempo atrás tinha visto em Turjillo, de Francisco Pizarro, outro conquistador espanhol. Quando pesquisei sobre o assunto, tive a agradável surpresa de descobrir que os dois cavaleiros tinham sido companheiros de armas e que ambos tinham partido para a descoberta do Novo Mundo, nas Américas.

Diego de Almagro nasceu em cerca de 1475, em Almagro, e morreu a 8 de julho de 1538, em Cuzco, no Peru. A sua infância foi passada em Almagro, que lhe deu o sobrenome.
Depois de servir o exército espanhol, partiu para a América em busca de fortuna. Juntamente com o seu amigo e companheiro Francisco Pizarro, de Turjillo, conquistou o Peru. Durante a conquista foi responsabilizado pela morte do líder local, o inca Atahualpa. Depois de ultrapassar esta acusação, em 1534, seria nesse mesmo ano nomeado governador do Peru meridional.

No ano seguinte tentou de novo a sua sorte mas, desta vez, mais a sul, no Chile. Após uma viagem até ao vale do Aconcágua, regressou ao Peru, deparando-se com um país revoltado contra o poderio sangrento dos espanhóis. A grande cidade de Cuzco, estava ocupada pelos espanhóis, e era administrada pelo seu antigo companheiro de armas Francisco Pizarro. Perante a situação, Diego de Almagro acabaria por lutar contra o seu antigo amigo em Las Salinas, a 6 de abril de 1542, tendo alcançado uma importante vitória.
Uma vez derrotado, Francisco Pizarro, num ataque de fúria, fez de Almagro seu prisioneiro. Sigilosamente deu mesmo ordens para que o estrangulassem na prisão, e depois o decapitassem em público.

O filho do malogrado conquistador, também Diego Almagro, o Moço, nasceu em 1520, fruto de uma relação com uma peruana, e também morreu em Cuzco, a 16 de setembro de 1542. Tal como o pai, foi um lutador e também um injustiçado. Vingou a morte do pai, matando Francisco Pizarro em 1541. A 16 de setembro de 1542, no combate de Chupas, foi executado juntamente com quarenta companheiros, a mando de D. Cristóvão Vaca de Castro.

Fonte: http://www.infopedia.pt/ Wikipédia.org / http://www.turismocastillalamancha.com/ http://losmasgrandesdelahistoria.blogspot.pt/2008_07_01_archive.html

Visita a Almagro - 2º Dia - Parte I

O dia acordou chuvoso na manhã seguinte à chegada a Almagro. Da pequena janela da autocaravana, olhou-se uma janela atrevida da igreja da Antiga Universidade de Almagro. Uma chuva inclemente não deixava de cair e só após o pequeno-almoço tardio, é que amainou.
Partimos a pé em direção ao centro da cidade, embalados pela frente fria. Apertei o casaco para aconchegar o peito, enquanto os passos ecoavam na calçada. O forte cheiro a terra molhada exalava por toda a rua, enquanto o olhar caia sobre as brancas casas de rés-do-chão e primeiro andar, com varandas e janelas protegidas por grades em ferro forjado, que durante a caminhada nos acompanhavam de ambos os lados.

Nas imediações, em ruelas perpendiculares à Calle San Bartolomé a arquitetura mantem-se sem alteração. Ao fundo da rua encontra-se o Antigo Colégio da Companhia de Jesus e a Igreja de San Bartolomé, em calcário, que se impõe ao fundo.
É ali que encontramos o pequeno largo de San Bartolomé, que se encontra um antigo edifício onde outrora esteve sediada a Antiga Universidade Renascentista de Almagro (séc. XVI). À sua frente no centro da praceta, destaca-se o busto de Fernando Fernández de Córdoba y Mendoza, o mestre da Ordem de Calatrava e fundador da mesma Universidade.

Em frente, do lado esquerdo do largo de San Bartolomé, encontra-se o Antigo Colégio da Companhia de Jesus, que hoje abriga a Escola Municipal de Música e Dança Pablo Colina Colado.
Mais à frente por um túnel, entramos no edifício do Mercado de Almagro. Era já perto do meio-dia, mas o movimento no mercado ainda era grande. Lá dentro a azáfama normal, onde se sentia de bem de perto, o pulsar próprio de uma sociedade provinciana, própria de uma pequena cidade onde todos se conhecem.
O Mercado de Almagro embora pequeno, possui um minimercado e muitas bancas com fruta, legumes, peixe, carne e charcutaria muito variada, como é normal em qualquer mercado espanhol. Foi ali que comprámos, numa banca com comida pré-feita, alguns petiscos para o almoço na autocaravana.
Na mesma rua por onde se entra para o Mercado de Almagro, está situado o edifício onde se encontra sediado o Museu do TeatroO edifício foi outrora o Palácio dos Mestres e fica localizado no lado norte da Plaza Mayor de Almagro. Foi construído no meio da Idade Média como residência para os monges e leigos cavaleiros da Ordem de Calatrava e sede do Grão-Mestre.

No séc. XVI passou a ser a residencia do Governador de Almagro e no séc. XVIII foi quartel de cavalaria. Em 1802, parte do palácio foi convertido para o novo convento, o Mosteiro da Ordem de Calatrava, até 1816. Mais tarde, o edifício passou para mãos privadas e foi desmantelado.

Originalmente conhecido por Palácio Maestral  é composto por um complexo de edifícios para diferentes funções: residência conventual, sede política e centro administrativo do grande Mestre de Calatrava.

Após a aquisição do edifício pela Câmara Municipal de Almagro, o Palácio dos Mestres ficou a sediar o Museu Nacional do Teatro em 1994. O novo museu ocupa uma grande área e está distribuído em salas de exposição em três andares, biblioteca, cave e lojas, escritórios no piso superior e uma torre, e finalmente possui um claustro mudéjar onde se fazem exposições temporárias e outras actividades.  
Depois o retorna à autocaravana. Após o almoço, o café no bar típico do toureiro de Almagro, situado na Ronda de San Domingo, em frente da Igreja da Antiga Universidade, onde se dormiu na noite de chegada à cidade.