Felicidade?

Vale a pena assistir ao "Seminário "Felicidade?", com a filósofa e investigadora Marcia Tiburi, subordinado ao tema: "Felicidade e Infelicidade: O Desejo e a Ética", realizado na Casa Fiat de Cultura e veiculado na TV Câmara, do Brasil.
 

Fonte: http://www.youtube.com/

Obrigada e bem-haja!

Afinal, o que é a verdade?


Quantas vezes eu me perguntei se aquilo que me estava a acontecer era mesmo verdade… Quantas vezes deixei de acreditar naquilo que realmente estava a observar e sentir, chegando a duvidar da perceção de mim própria. Mas tantas vezes o “mesmo” se repetiu, que se tornou evidente que não eram meras suspeitas ou inverdades, era a pura verdade!
"Véritas é um excelente documentário sobre o relativismo da verdade, sob a ótica da filosofia e da psicologia, que busca a reflexão através das diversas correntes, enfoques e períodos históricos, sem contudo, apresentar ao espectador uma versão única e fechada."


Fonte: http://www.youtube.com

Guimarães - 2º Dia - Igreja de Nossa Senhora da Oliveira e Padrão do Salado - Parte X



No Largo da Oliveira destaca-se a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, e é o que resta do antigo Convento Nossa Senhora da Oliveira, do qual resta somente esta Igreja e o lindíssimo claustro inserido no Museu Alberto Sampaio.


A ocupação do local tem origem num mosteiro pré-românico, fundado por Mumadona Dias em 949. Para a proteção deste mosteiro foi erguida uma fortificação que antecedeu o atual Castelo de Guimarães. No início do séc. XII, este mosteiro daria lugar à Colegiada de Santa Maria de Guimarães, uma das mais importantes e ricas instituições religiosas do país, na Baixa Idade Média.
A igreja atual foi mandada reedificar por D. João I, em finais do séc. XIV, em consequência de um voto que este rei fez à Virgem da Oliveira, pela vitória da Batalha de Aljubarrota. Foi seu arquiteto, o Mestre João Garcia de Toledo arquiteto da corte e ligado às principais obras do reinado de Fernando I de Portugal que se manteve no cargo após a crise de 1383-85.

O templo tem uma torre anexa datada de 1513, em cujo rés-do-chão se encontra a capela funerária dos pais do Prior D. Diogo Pinheiro, reconstrutor da torre. No interior possui uma capela-mor foi ampliada em fins do séc. XVII, sob o patrocínio de D. Pedro II, cujas armas se veem na abóbada. O retábulo-mor é da segunda metade do séc. XVIII, e o cadeiral seiscentista tem espaldares neoclássicos.


Existem sobre o cadeiral duas grandes telas atribuídas ao pintor Pedro Alexandrino, que representam S. Dâmaso Papa e S. Torcato. O teto é de caixotões, tendo pintado ao centro as armas reais, do monarca reedificador. O altar e a decoração interior são de inspiração neoclássica, mas ali se guarda um famoso sacrário indo-português, de prata.

Segue-se uma pequena capela batismal, com restos de azulejos seiscentistas, e uma pia barroca. A pia batismal que antes viera para aqui, trazida pelo Prior D. Diogo Lobo da Silveira, vinda da igreja de S. Miguel do Castelo diz ter sido a mesma que batizou D. Afonso Henriques, pelo que nela se mandou gravar a inscrição: «Nesta pia foi batizado El Rei D. Afonso Henriques pelo Arcebispo S. Giraldo no ano de 1106».

Na capela do Santíssimo Sacramento existe um altar de prata e um frontal também em prata, obra de ourives vimaranenses. Há uma capela na sacristia forrada com azulejo de tipo padrão.

A Igreja de Nossa Senhora da Oliveira marca o final de uma fase do gótico nacional, sendo as décadas seguintes marcadas pela enorme influência de gosto Inglês que o Mosteiro da Batalha iria exercer em todo o território.

No exterior e em frente à Igreja de Nossa Senhora da Oliveira observa-se o Padrão do Salado. Foi erguido no séc. XIV por iniciativa de Afonso IV para comemorar a vitória na Batalha de Salado, em 1340. O soberano participara nesta batalha em apoio ao enteado Afonso XI de Castela, auxiliando-o a defender-se de uma armada muçulmana. Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910.

 
Fonte: http://www.guimaraesturismo.com/ http://maravilhasdeguimaraes.blogspot.pt/ Wikipédia.org

Guimarães - 2º Dia - Praça de Santiago e Largo da Oliveira - Parte IX



Do Largo das Laranjeiras onde estivemos sentados algum tempo, na esplanada do restaurante/bar Recantos, seguimos a pé pela rua João Lopes Faria até à Praça de Santiago, situada no coração de Guimarães.
A rua João Lopes Faria desce ligeiramente até ao centro da cidade, com passeios em lajes de pedra alisada pelos séculos e estrada estreita com piso de paralelepípedos. Possuindo nitidamente uma traça medieval, nela há maioritariamente casas de dois e três pisos, com graciosas varandas de ferro forjado, ou balcões e alpendres de granito, observando-se ainda algumas casas apalaçadas com brasão de armas nos portais. Por momentos imaginamo-nos num cenário medieval, onde a nobreza foi insinuando ricas moradias que dão uma atmosfera única a Guimarães.
Estas características arquitetónicas estendem-se às casas situadas no coração da cidade, nomeadamente na Praça de Santiago e no Largo da Oliveira em pleno centro histórico, onde a rua João Lopes Faria vai desembocar e onde chegamos de seguida.

A Praça de Santiago é um lugar mítico, onde outrora se reuniam as pessoas para a conversa no fim do dia, e onde se vendiam e trocavam produtos alimentares e que ainda hoje se mantém igual a si própria. Forma um conjunto com o vizinho Largo da Oliveira e é, um dos mais belos e agradáveis lugares do centro histórico de Guimarães (classificado como Património da Humanidade pela UNESCO).
A Praça de Santiago é uma praça bastante antiga, referida ao longo do tempo em vários documentos, que conserva ainda a sua inicial traça medieval. Foi nas suas imediações que se instalaram os francos que vieram para Portugal em companhia do Conde D. Henrique de Borgonha.
Segundo a tradição, uma imagem da Virgem Santa Maria foi trazida para Guimarães pelo apóstolo S. Tiago (o mesmo de Santiago de Compostela), e colocada num templo pagão que existia num antigo largo, passando a chamar-se desde aí Praça de Santiago. Aí estava situada uma pequena capela alpendrada do séc. XVII, dedicada a Santiago que foi demolida em finais do séc. XIX.
Da Praça de Santiago passa-se por baixo de uma casa medieval, a Domus Municipalis, com pórticos que formam uma passagem que ocupa todo o rés-do-chão do edifício, para o vizinho Largo da Oliveira.
É neste largo que se encontra o que resta do antigo Convento da Nossa Senhora da Oliveira, do qual resta somente a Igreja da Oliveira e o lindíssimo claustro inserido no Museu Alberto Sampaio. Em frente à igreja pode apreciar-se o Padrão do Salado, um alpendre gótico erguido em 1340, que relembra a vitória de D. Afonso IV sobre os mouros, na batalha com o mesmo nome.
Fazendo a ligação entre a Praça de Santiago e o Largo da Oliveira, destaca-se a Domus Municipalis, um imponente monumento que foi em tempos antigos o Paço do Concelho em finais do séc. XIV, realçando-se o alpendre sustentado em cinco arcos góticos, as cinco janelas de sacada e uma estátua na fachada do edifício que representa Guimarães.
A Igreja de Nossa Senhora da Oliveira foi mandada reedificar por D. João I, como forma de agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota. Está situada ao lado do Museu de Alberto Sampaio e rodeado de casas medievais recentemente restauradas. É um espaço onde o olhar se perde no escuro do granito, no colorido das varandas cheias de flores e na alegria das esplanadas.

Local de convívio por excelência de todos os vimaranenses, é em conjunto com Praça de Santiago, palco de manifestações culturais e muita animação de rua. A Feira do Entulho, com cinema ao ar livre, teatros de rua, concertos e muitos outros eventos, animam as noites de Primavera e Verão, neste local da cidade.

Fonte: http://www.cm-guimaraes.pt/ http://www.portugalio.com/ http://www.submundos.com/ http://www.igogo.pt/

Nunca se deve tomar ninguém como modelo


Para as nossas ações e omissões, não é preciso tomar ninguém como modelo, visto que as situações, as circunstâncias e as relações nunca são as mesmas e porque a diversidade dos caracteres também confere um colorido diverso a cada ação. Desse modo, “duo cum faciunt idem, non est idem” (quando duas pessoas fazem o mesmo, não é o mesmo). Após ponderação madura e raciocínio sério, temos de agir segundo o nosso carácter. Portanto, também em termos práticos, a originalidade é indispensável; caso contrário, o que se faz não combina com o que se é.
 

 Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

Guimarães - 2º Dia - Convento de Santo António dos Capuchos e Largo das Laranjeiras - Parte VIII



Ainda o sol ia alto quando saímos do Paço Ducal a caminho da visita à cidade. Logo à saída do Paço pode admirar-se a estátua imponente de D. Afonso Henriques, a quem o povo noutros tempos chamava "Rei Preto", e que resultou de uma iniciativa cívica, lançada em 1882 a partir do Brasil pelo vimaranense João Alves Pereira Guimarães, então residente naquele país, numa carta que dirigiu à Câmara Municipal da cidade. (ver carta em: http://araduca.blogspot.pt/2009/02/estatua-de-d-afonso-henriques-1.html). Trata-se de um dos símbolos da cidade de Guimarães mas acima de tudo do nosso país, uma vez que representa o nosso primeiro rei, fundador da nossa nacionalidade.
A estátua é da autoria do escultor Soares dos Reis e foi inicialmente colocada no centro do Largo do Toural e inaugurada em 1874, numa cerimónia solene que contou com a presença do rei D. Luiz I. Em 1940 foi transladado para o atual local, aos pés da Colina Sagrada, bem perto do local que o viu nascer. Em bronze a estátua do primeiro monarca português eleva-se sobre um pedestal de granito. A figura de D. Afonso Henriques é representada de pé, em posição bélica, envergando a armadura de guerra das Cruzadas, o elmo na cabeça e, sobre a longa túnica de malha, um manto ondulante. As mãos seguram a espada e o escudo.

No cruzamento de estradas em frente do Paço Ducal observa-se do lado direito o Convento de Santo António dos Capuchos no interior de um gradeamento em ferro forjado, e é para lá que nos dirigimos. Situado em plena Colina Sagrada, o museu ocupa algum espaço do edifício construído como convento no séc. XVII, pertencente aos Frades Capuchos e era seu padroeiro Santo António. Mais tarde foi comprado pela Misericórdia de Guimarães em 1842, para aí instalar o seu Hospital.

No edifício do antigo Convento, expõe-se algum património móvel da Instituição, ao mesmo tempo que os visitantes são convidados a percorrer os corredores, pátios e claustro do imponente edifício, bem como visitar a Igreja do Convento e a sua magnífica sacristia do séc. XVIII.

Continua a descer-se a Colina Sagrada e encaminhamo-nos em seguida para o Largo da Condessa Mumadona Dias (aristocrata galega, do séc. X, aparentada com os reis de Leão e filha dos condes Diogo Fernandes e Onega Lucides e bisneta de Vímara Peres, antiga proprietária das terras de “Vimaranes” e que determinou a construção do primeiro castelo, no local do atual).
Dali segue-se para o Largo dos Laranjais onde se para, para um refresco, num pequeno bar/restaurante situado na esquina com a rua João Lopes Faria. Este amplo largo, um dos mais bonitos da cidade, embora um dos largos menos visitados e conhecidos de Guimarães. Foi outrora uma das principais entradas da cidade muralhada, à época chamado de Santa Luzia. Nele podemos encontrar o Solar dos Laranjais, um bonito edifício barroco do séc. XIV e a sua Torre Medieval, no qual funcionou a Escola Industrial Francisco de Holanda. No Solar de rés-do-chão e primeiro andar, possui portas de caráter manuelino na fachada e uma lápide datada do séc. XVII, localizada na torre.
Neste largo é também de destacar o monumento a Alberto Sampaio, ilustre vimaranense. Para quem visita o centro histórico pode parecer estranho um largo cheio de laranjeiras, mas a Câmara Municipal quis devolver um pouco a memória ao espaço que foi outrora um quintal. Para além do colorido da verde folhagem, dos frutos e das flores, estas belas árvores também exalam na primavera, o magnífico perfume característico, próprio da flor da laranjeira, que não deixa indiferente quem por ali passa.

Fonte: http://lenteoculta.fotosblogue.com/ http://hojeconhecemos.blogs.sapo.pt/ http://videos.sapo.pt/ https://maps.google.pt/ http://www.geocaching.com/

Lute e seja Feliz!



É necessário combater quem deixa o país a saque. É urgente fazer a rutura com este caminho! Estas foram as frases com que acordei hoje, lidas na capa da revista da FENPROF, ainda dentro do plástico, em cima da minha mesa-de-cabeceira.
Lendo as notícias da manhã, na internet sobre o dia de ontem, quase todas referem as manifestações contra a austeridade em Portugal e Espanha.
Nas páginas do iInformação (www.ionline.pt), uma das responsáveis pelas manifestações de sábado, dia 13 de outubro, diz-nos que, “No seguimento das manifestações de 15 de setembro, a cultura resolveu também manifestar-se num projeto multicultural que irá reunir a cultura nas suas várias vertentes, desde a representação, música e artes plásticas”. “Com este protesto, os artistas pretendem “dar a cara através da arte”, uma vez que a cultura é importante para a identidade de um país.
No Público com título Manifestações anti-troika em mais de 30 cidades em Portugal”, refere que o protesto teve origem num apelo, divulgado a 27 de Agosto, por um grupo de perto de 30 pessoas de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos, contra as políticas da troika, que acusam de promover “o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida”.
Diário de Noticias refere que os “Manifestantes que permaneceram até ao final do protesto convocado para sábado para a Praça de Espanha, em Lisboa, asseguram que, embora nunca tenham estado "a dormir", "acordaram" para "dizer não à 'troika'". Recorda ainda o emotivo momento simbólico em que o poema cantado "Acordai", de Fernando Lopes Graça, foi interpretado por um coro em seis línguas, dizendo “A canção foi entoada em grego (enquanto uma bandeira da Grécia esvoaçava entre a assistência), espanhol, italiano, alemão, inglês e francês, e posteriormente cantada em português.
Refere ainda a participação do grupo Deolinda, que apelou para estarmos "presentes, ativos e vigilantes" e para as pessoas "deixarem de inventar desculpas", falando-nos de uma manifestante, que depois de ter estado presente na manifestação convocada pela central sindical CGTP em frente à Assembleia da República, também para a tarde de 13 de outubro, decidiu ir até à Praça de Espanha porque "é tempo de as pessoas se manifestarem de forma visível".
No Expresso o título é sugestivo: "Um país sem cultura deixa de ter valores" e podem ler-se mais adiante, muitas frases ditas por cidadãos anónimos que aqui devo registar, uma vez que mostram o descontentamento geral, sobre as arbitrariedades das politicas que já há muito tempo vêm sendo implementadas neste país:
"A forma como estão a ser taxados os impostos às pessoas sem critérios, o trabalho precário, a desvalorização das pessoas, trocando-as por números".
"Um país sem cultura é um país escravo" e, como tal, a manifestação em Lisboa - e todas as que se realizaram no país - são atos de democracia contra o "genocídio social" do atual Governo”.
"Não é normal os artistas juntarem-se assim, sem cachês", e, além disso, os portugueses "estão a ganhar consciência de uma forma cívica e fora dos partidos e dos sindicatos", o que é muito importante”.
“Em luta pelo futuro "que está comprometido", outro cidadão afirmou à Lusa. "Somos diferentes dos gregos, dos espanhóis. Enquanto os gregos partem, nós manifestamo-nos com outra voz, a cultura dá voz ao povo e consegue-se ir mais longe", defendeu.”
Faço votos que estas bonitas manifestações e todas estas frases proferidas, não sejam sol de pouca dura, e que desta feita o povo português vá conquistando aos poucos e na realidade, os valores de quem mais ordena.
 
Não se deve perder a esperança. Deve-se agora relembrar mais do que nunca os valores de Abril e lutar por um Mundo melhor. Ideologias à parte, devemos desejar a felicidade, a liberdade, a justiça, a solidariedade (...). Não se deve perder a esperança porque muito pode e deve ser feito.
Lute e seja feliz!
 

O Machismo Português visto pelo lado de dentro...


O Machismo Português e as Traições Amorosas

Na gíria portuguesa, os palitos são a versão económica, e mais moderna, dos cornos. Os cornos, à semelhança do que aconteceu com os automóveis e os computadores, tornaram-se demasiado volumosos e pesados para as exigências do homem de hoje. Daí a crescente popularidade dos mais portáteis e menos onerosos palitos. Contudo, visto que se vive presentemente um período de transição, em que os novos palitos ainda se veem lado a lado com os tradicionais cornos, continuam a existir algumas sobreposições. Uma delas, herdada do antigamente, deve-se ao facto dos palitos não se saldarem numa diminuição proporcional de sofrimento. Ou seja, não dão uma mera dor de palito — dão à mesma, incontrovertivelmente, dor de corno. Não é mais carinhoso, por isso, pôr os «palitos» a alguém — continua a ser exatamente o mesmo que pôr os outros.

Tudo isto vem a propósito da forma atípica, entre os povos latinos, que assume o machismo português. Não se trata do machismo triunfalmente dominador, género «Aqui quem manda sou eu!», do brutamontes que não dá satisfações à mulher. Não — o machismo português, imortalizado pelo fado «Não venhas tarde», é um machismo apologético, todo «desculpa lá ó Mafalda», que alcança os seus objetivos de uma maneira mais eficaz. É, de facto, o machismo que, não só dá satisfações, como vive delas.

O machismo português é o machismo, não da força masculina, mas da fraqueza. Não consiste no homem armar-se em agressor, mas em vítima. O logro é este: o homem apresenta-se sempre à mulher como vítima da natureza «de homem», dele. Ser homem, para o machista português, é ser essencialmente fraco. É um não-ser-capaz de resistir às tentações; um envergonhado «já sabes como é, filha» que serve para legitimar todos os privilégios de que goza (aos quais chama «deslizes»). À mulher não se admitem estes abusos — os copos, as entradas às tantas da manhã, os romances — porque o homem português considera a mulher um ser superior. Como é superior — mais forte, mais séria, mais responsável, mais ajuizada — não tem, muito simplesmente, direito a nada.

O homem trata-a como se trata um deus. Julga que ela sabe tudo e, mesmo quando ele lhe mente, sabe que ela não se convence. Pensa também que ele pode tudo e é daqui que vem o medo enorme que lhe tem. E, tal como se faz com um deus, ele peca e pede perdão, mas sem perdoar em troca — porque um deus, por definição, não pode pecar. Se acaso uma mulher não corresponde a este comportamento divino, é logo considerada uma desgraçada, uma meretriz, uma sem-vergonha. Em suma: no fundo, uma criatura tão baixa e desprezível como um homem.

Logo, é a inferioridade do homem — infinitamente confessada, declarada e propagandeada — que lhe impõe o direito de pecar e ser perdoado, e a superioridade da mulher que lhe confere a obrigação de perdoar. O homem, no machismo português, é pouco mais que uma pilha imponente e irresistível de vulnerabilidades. As outras mulheres atraem-no sempre contra vontade, e ele, coitado, não se consegue defender e vai-se instantaneamente abaixo. Como cantava o Carlos Ramos «Tu sabes bem que eu vou para outra mulher, que eu só faço o que ela quer...». A mulher, cheia de uma compreensão indistinguível da santidade, vê-o da janela, coração a sofrer de amor e de piedade, e apenas lhe pede («com carinho») que não venha tarde, «sabendo que ele vem sempre mais tarde». É este o machismo estritamente português, a meio-caminho entre o «Desculpem qualquer coisinha» e o «Era uma vez um rapaz». Nunca diz, à castelhana, «Quero e posso!»; nem disfarça, à italiana, dizendo «Posso mas não quero». Não. Diz, muito à portuguesa «Não quero, mas o que é que tu queres?, é o que posso...». O homem português nunca tem culpa. Arrepende-se sempre, mas não tem culpa porque não consegue deixar de fazer (por muito que não tente) as coisas que lhe apetece imenso fazer. A mulher, em contrapartida, tem quase sempre culpa. Tem, por exemplo, a culpa de atrair o homem, não porque o queira atrair (o querer ou não é irrelevante), mas, simplesmente, porque é mulher, e ele é homem, e não há absolutamente nada a fazer…

O machismo português não é afirmativo e orgulhoso frente à mulher. É um machismo conjuntivo — «Eu bem gostaria de ser fiel, mas...», ou «Eu bem gostaria de passar mais tempo em casa, mas...», ou ainda «Eu bem gostaria de não ser como sou, mas...». É esse «mas» que torna o machismo português diferente — não é tanto de macho como de «mas», não é tanto um autêntico machismo como um masismo. Ele não é senhor do seu destino, como ela é do dela (e do dele). As coisas acontecem-lhe, ele bem tentou; foi uma coisa que lhe deu, ele nem sequer deu por ela, e, pronto, «o que é que tu queres, filha?», aconteceu...

A relação entre o homem português e a mulher é vista (pelo homem), como a relação que tem cada um com a sua consciência. E, ao passo que cada um pode andar na boa-vai-ela (e depois penitenciar-se), o mesmo não se imagina (nem consente!) à consciência. E, o mais engraçado de tudo, é que a mulher que «sabe tudo», até isto sabe. Ou seja: sabe perfeitamente que esta do «Tu sabes bem...» é pouco mais que uma excelente treta que os homens propagam para poderem pensar que se divertem mais do que as mulheres. O que torna a mulher portuguesa ainda mais superior. Claro.

Tudo isto para regressar, sem dor, à questão dos palitos. A tese central, criação única do machismo português, é esta: É muito fácil pôr os palitos a um homem (basta a mulher olhar para outro), mas é quase impossível pôr os palitos a uma mulher (porque nunca se consegue enganar a consciência). Um homem pode ser, por dá-cá-aquela-palha, um «corno manso», o que é muito pior que ser um corno selvagem ou só semicivilizado. Mas não existe, na língua, correspondência para o sexo feminino. Os palitos são uma coisa terrível que as mulheres podem pôr aos homens mesmo sem chegar a pô-los; mas que os homens nunca podem pôr às mulheres, por muito que lhos ponham. Nesta vantajosa lógica, bastante mais complexa e respeitosa do que aquela que anima outros machismos menos atlânticos, se encontra a alegria e a tristeza do autêntico macho português — aquele que vem sempre mais tarde, mas cada vez mais cabisbaixo.

Miguel Esteves Cardoso, in 'A Causa das Coisas'

 

O Estatuto do nosso Desejo

“Sociedade Fissurada” é o termo por vezes usado para expressar a experiência de uma sociedade mediada por sensações. Sensação é tanto a percepção corporal em seu sentido mais banal, quanto um produto construído para fazer sucesso. Seja o espetáculo dos meios de comunicação, sejam as drogas ou o capital a qualquer custo, vivemos uma época em que o maior valor é o da excitação. Emoções fortes tornam-se mercadorias. E as mercadorias, como drogas, só valem se promoverem afetos. Trocamos a ética pela estética enquanto ao mesmo tempo nos tornamos socialmente frios, incapazes de reconhecimento do outro. Se estamos todos viciados em emoções, podemos falar de um colapso do desejo?

Será que vivemos mesmo numa sociedade fissurada? Escutando Márcia Tuburi, filósofa e investigadora brasileira, ficamos a saber como funciona afinal a sociedade dos nossos dias.

Fonte:
http://www.youtube.com/ http:/ http://domtotal.com.br/

Guimarães - 2º Dia - Visita ao Paço dos Duques - Parte VII



Saindo do primeiro quarto visitado, encontramos quer à sua entrada, quer à saída, uma Antecâmara. A Antecâmara é uma sala que antecede o primeiro quarto encontrado. Este compartimento tem as paredes revestidas por duas tapeçarias de Jan Raes II, evocando episódios da vida do Cônsul romano Públio Décio Mus, também segundo cartões desenhados por Paul Rubens. Noutra parede um pano de Veneza, do séc. XVI, bordado a ouro e prata com motivos religiosos. Num dos ângulos, observa-se um oratório de talha dourada, com uma escultura em alabastro do séc. XV, representando Nossa Senhora dos Anjos. Peças de mobiliário português, um tapete persa, dois grandes pratos e um aquário de porcelana da China constituem os restantes elementos expostos na sala. O pormenor mais interessante deste quarto é o seu teto, uma vez que se encontra pintado com motivos vegetalistas, cenas de caça e heráldica.

A Antecâmara dá acesso ao enorme Salão Nobre, onde se entra em seguida. Este salão, o maior de todos os compartimentos do Paço dos Duques, era destinado às festas e receções e apresenta-se recheado com mobiliário português e flamengo do séc. XVII. Na parede voltada ao claustro podemos ver a quarta réplica das Tapeçarias de Pastrana, “A Entrada das forças portuguesas em Tânger” (1471), que se entrega sem resistência após a queda de Arzila. Aos lados, dois grandes anjos candelários em madeira entalhada do séc. XVIII. Sobre o arcaz, à entrada do salão, um atril de ferro trabalhado, do séc. XVI. No chão veem-se três grandes tapetes persas.


Ao Salão Nobre segue-se a Sala de S. Miguel. Nesta sala um espelho ricamente entalhado ornamenta o espaço entre as janelas da sala. No centro a chaminé está ornada por um conjunto entalhado com duas figuras de anjos sustentando uma coroa. Decoram também a sala, dois contadores espanhóis do séc. XVI e do XVII e uma cómoda do séc. XVIII.
Algumas outras peças de mobiliário, uma terrina chinesa, dois jarrões, uma poncheira de porcelana oriental e uma imagem de S. Miguel, em calcário, do séc. XVI decoram a sala. Por fim, nas paredes, as últimas tapeçarias, encontrando-se uma delas, ladeada por dois anjos candelários.

A Sala de S. Miguel serve de Antecâmara ao Quarto de D. Catarina de Bragança, e é nele que se entra em seguida. Ali se encontra um retrato em tela da Rainha de Inglaterra, D. Catarina de Bragança (1638-1705), filha de El-Rei D. João IV de Portugal, e mulher de Carlos II de Inglaterra, cuja autoria se atribui aos discípulos de Lely. Na mesma parede, observa-se um “Cordeiro Pascal”, em tela, atribuído a Josefa d’Óbidos. Sobre a cómoda um livro-baldaquino forrado a veludo vermelho, com as armas dos Monges de Cister e emblemas eucarísticos em aplicações de prata, do séc. XVIII. Uma cama portuguesa do séc. XVII, dois tapetes persas, uma tapeçaria francesa e alguns outros objetos de adorno completam o arranjo do quarto.

No final da visita descemos até ao rés-do-chão e encaminhámo-nos para o bar, que se encontra situado numa sala sombreada, recolhida e silenciosa. Ali encontramo-nos com uma imperiosa vontade de ficar durante muito tempo, ouvindo o silêncio e olhando o exterior, sentados em banco de pedra como em tempos medievos, encostados a uma janela com traça da mesma época e saboreando um interminável chocolate quente.


Fonte: http://pduques.imc-ip.pt/ http://www.guimaraesturismo.com/ http://www.portugal-live.net/ http://pduques.imc-ip.pt/ Panfleto desdobrável (IMC), Guia de Visita ao Palácio Ducal de Guimarães.