A Saúde Mental no séc. XXI



A saúde mental (ou sanidade mental) é um termo usado para descrever um nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional ou a ausência de uma doença mental. Na perspetiva da psicologia positiva ou do holismo, a saúde mental pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as suas atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica.

Mas o que é que significa ser “mentalmente saudável” na atualidade? Como podemos acompanhar as rápidas transformações do mundo de hoje, sem que a nossa saúde mental seja abalada?
A tratar destas questões temos o médico e psicanalista Nahman Harmony, que nos apresenta neste episódio do Café Filosófico, a psicanálise de Donald Woods Winnicott.

 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/ ; http://www.youtube.com/

A violência na comunidade escolar


No final da semana passada a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa divulgou alguns dados sobre a actividade do Ministério Público em 2012. Entre outra informação lê-se que se registaram 245 processos de violência nas comunidades escolares, mais 86 que em 2011, um aumento de 54%. O Distrito Judicial de Lisboa abrange os círculos judiciais de Almada, Caldas da Rainha, Cascais, Sintra, Lisboa, Loures, Oeiras, Amadora, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, além das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, o que traduz um retrato significativo do país.


Estes números referem-se, evidentemente, a episódios reportados sendo que, como acontece em múltiplas áreas, muitos outras ocorrências não serão contabilizadas. Estranhamente, do meu ponto de vista, esta informação não passou, que desse conta, de uma nota de rodapé em alguma imprensa, o aumento do fenómeno da violência na comunidade escolar parece já não merecer mais do que uma referência breve, sem um sobressalto. Creio, no entanto, que se justificam algumas notas.


Os comportamentos agressivos em contexto escolar, bullying por exemplo, são tão antigos quanto a instituição escolar, sendo certo que os estudos destes fenómenos são mais recentes. Actualmente, estes fenómenos são também mais objecto de referências fora dos contextos escolares dado o volume e a gravidade de algumas situações, bem como a divulgação de estudos e a fortíssima mediatização advinda do papel das novas tecnologias de informação. Todos recordamos variadíssimos episódios de violência que surgiram no YouTube registados em salas de aula, recreios escolares ou fora da escola e que tiveram ampla divulgação.


Em vários estudos muito recentes constata-se que os adolescentes tendem a encarar a violência entre si, e de uma forma geral, como normal, o que não surpreenderá os mais atentos. A sociedade da informação e os sistemas de valores actuais banalizaram a violência, não são os adolescentes que a banalizaram, acompanham o tempo.


Por outro lado, a escola, por ser o espaço onde os adolescentes passam a maior parte do seu tempo é, naturalmente, o espaço onde emergem e se tornam visíveis os problemas e inquietações que os alunos carregam. No entanto, não é possível considerar-se que a escola é mágica e omnipotente pelo que tudo resolverá. “Tudo” pode envolver a escola, mas nem “tudo” é da exclusiva responsabilidade da escola. A escola não tem meios, recursos e competências para “resolver” um problema que é, sobretudo, da comunidade. Aliás, a violência é apenas um dos vários aspectos em que sendo certo que a escola pode fazer parte da solução, não é, não pode e não consegue ser A solução, admitindo que existe uma solução, algo de improvável nos nossos tempos.


Apesar disso, no que respeita à violência envolvendo jovens e outros elementos das comunidades escolares, um fenómeno complexo, duas questões que me parecem essenciais e contributivas para a reflexão. Em primeiro lugar é importante criar nos alunos, ou adultos, vitimizados a convicção de que se podem queixar e denunciar as situações e encontrar dispositivos de apoio que garantam protecção, o medo de represálias é o principal motivo da não apresentação da queixa, sobretudo entre os mais novos. É importante também que os actores da escola e pais e encarregados de educação saibam detectar nos alunos sinais que indiciem vitimização.


Em segundo lugar, é preciso contrariar no limite do possível a ideia de impunidade, de que não acontece nada ao agressor, seja aluno, pai ou encarregado de educação, funcionário, professor, etc. As escolas, tal como a comunidade em geral podem e devem assumir atitudes, discursos e montar dispositivos que, visivelmente, mostrem com clareza que não existe tolerância para determinados comportamentos. Os efeitos de uma certa cultura de impunidade que de mansinho se instalou em múltiplos sectores da nossa sociedade são devastadores da sua qualidade ética e cívica.


Por outro lado e no que respeita à violência que envolve professores, o desgaste, intencional ou não, da imagem dos professores produzido por discursos de responsáveis, incluindo parte do discurso de responsáveis da tutela, algum do discurso produzido pelos próprios representantes dos professores e também o discurso que muitos opinadores profissionais, mais ou menos ignorantes, produzem sobre os professores e a escola, contribuíram para um risco evidente de desvalorização da imagem social dos professores, fragilizando-a seriamente aos olhos da comunidade educativa, designadamente de alunos e pais. Esta fragilização, para além das alterações nos modelos que regulam as interacções sociais, tem, do meu ponto de vista, graves e óbvias consequências, na relação dos professores com alunos e pais, sobretudo porque mina a percepção da autoridade e do papel regulador dos professores.


Um professor ganha tanta ou mais autoridade quanto mais competente e apoiado se sentir. É também importante não esquecer a formação de professores. As escolas de formação de professores não podem “ensinar” só o que sabem ensinar, mas o que é necessário ser aprendido e reflectido pelos novos professores e pelos professores já em exercício. Problemas "novos" carecem também de abordagens "novas". São recorrentes as referências a falta de formação para lidar com algumas situações de maior tensão.


As escolas devem poder usar a sua autonomia para desenvolver dispositivos de apoio, por exemplo, o recurso a outros técnicos ou a utilização regular de dois professores em sala de aula que pode ser uma medida de contenção de problemas de natureza disciplinar que não raramente se transformam em episódios de violência, no momento ou algum tempo depois no recreio ou à saída da escola. Não é necessário aumentar o número de professores, é imprescindível que os recursos sejam geridos de outra maneira e aproveitar os professores experientes que já estão no sistema. Parece também claro que escolas e turmas sobredimensionadas são um enorme factor de risco em muitas escolas, em sala de aula ou no recreio. Este risco, entre outros, tem sido, aliás, pouco considerado, nas decisões do Ministério da Educação e Ciência em matéria de organização da rede escolar, na gestão do número de professores e na definição do número de alunos por turma.


Escolas organizadas, com cultura institucional sólida traduzida na adequação e consistência dos seus projectos educativos e com lideranças eficazes são mais organizadoras dos comportamentos de quem nelas habita, como qualquer outra organização.


Os discursos demagógicos e populistas, ainda que eventualmente bem-intencionados, não são um bom serviço à minimização destes incidentes que minam a qualidade cívica da nossa vida.


José Morgado, in Público (Foi mantida a ortografia original)

José Morgado é Professor universitário no Instituto Superior de Psicologia Aplicada

Mistérios da Lua


Vista a olho nu a Lua é cinzenta e cheia de manchas escuras. Mesmo assim encanta os observadores que se admiram sempre ao vislumbrar a Lua Cheia.

A Lua está repleta de crateras e pequenos mares, mas existem alguns mais fáceis de serem identificados e com um pequeno binóculo diversos acidentes interessantes podem ser vistos e pesquisados.

Com um telescópio podem-se ver as suas crateras com maior detalhe, mas ela continua cinzenta, mesmo numa fotografia comum. Mas com fotografias digitais e com um simples filtro para aumentar a saturação de cores, descobrimos que nosso satélite tem tons muito ténues que realçados, incluem mesmo azuis-marinhos e vermelhos.

A Lua gira em torno da Terra e existe uma parte de sua superfície (cerca de 40%), que nunca se volta para a Terra, devido a uma rotação sincronizada com a terra.

Durante muitos anos fantasiou-se sobre o "lado escuro" da Lua. Na verdade, o Sol ilumina todos os lados da Lua enquanto ela gira. Entretanto, existe um "lado distante da Lua" que nunca é visto da Terra. Com o passar das eras, as forças gravitacionais da Terra reduziram a rotação da Lua sobre seu eixo até que o período rotacional fosse exatamente igual ao período de sua órbita em torno da Terra.

A atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra tem efeito principalmente sobre as águas. No ponto da Terra mais próximo da Lua, a água atraída irá se concentrar, subindo de nível e descendo quando a Lua se afasta do planeta. É o chamado fenómeno das marés.

É do senso comum que a Lua acompanha as fases das mulheres, tanto que o ciclo menstrual se completa a cada 28 dias, tempo necessário para a Lua dar uma volta em torno da Terra. Existe também uma íntima relação entre as fases da Lua e a gravidez: Lua Nova no momento da conceção; Crescente em relação ao desenvolvimento do feto; Cheia quanto ao nascimento da criança e Minguante, depois do parto – quando toda a vitalidade se transfere para o leite materno.

Na agricultura, muitos são os que adaptam o seu calendário de cultivo e poda às fases da Lua, baseando-se no aproveitamento correto da sua luminosidade que, embora menos intensa do que a do Sol penetra mais fundo no solo e pode acelerar o processo de germinação das sementes. As culturas são também influenciadas pela atração que a Lua exerce sobre os líquidos, sabendo-se que as plantas são compostas de grande percentagem de água. Encontra-se assim o dia mais propício para cada tipo de atividade agrícola, observando e conhecendo a ação das várias fases da Lua sobre as plantas.

Estudar e conhecer a Lua é sempre para todos nós uma tarefa muito prazerosa. Boa visualização.
 


Fonte: http://www.youtube.com/; http://www.vocesabia.net/ http://alquimistaspontocom.blogspot.pt/

Sem dúvida, uma bela fotografia


O fotógrafo português Daniel Rodrigues, distinguido hoje pelo júri do World Press Photo, espera que o prémio lhe traga «trabalho», porque, contou à Lusa, está desempregado desde setembro e teve que vender o seu material fotográfico.

Sem dúvida que “algo está errado”.

 

Os asteroides do dia...


Um asteroide de 45 metros de diâmetro - vigiado pela NASA - "roçou" a Terra esta sexta-feira sem fazer estragos, contrariamente ao meteorito que hoje, cerca das 09h00 caiu na Rússia e fez pelo menos de 1200 feridos.

Com um peso aproximado de 135 mil toneladas e batizado como "2012 DA 14", o segundo asteroide passou a cerca de 27 mil quilómetros da Terra, pelas 19h25 TMG, indicou a agência espacial americana (NASA).

A queda do primeiro asteroide que caiu na Rússia foi acompanhada de fortes explosões, segundo testemunhas citadas pela rádio Eco de Moscovo, que num primeiro momento consideraram que um avião havia explodido durante o voo.

O meteorito pesava várias toneladas e poderia ter várias dezenas de metros de comprimento, segundo cientistas consultados pelos meios de imprensa russos.

«Era um meteorito bastante grande, com várias dezenas de metros de comprimento. (...) Os corpos de menos de 50 metros desintegram-se quase sempre na atmosfera, e não se queimam totalmente, chegam à Terra só pequenos fragmentos», disse Nikolai Zheleznov, especialista do Instituto de Astronomia Aplicada.

Sergei Smirnov, cientista do Observatório Astronómico de Pulkovo, afirmou que o objeto «tinha uma massa de várias dezenas de toneladas e que seguramente se pôde ver com clareza no céu».

No entanto, alguns meios de imprensa informaram que sobre os Montes Urais havia caído uma chuva de meteoritos.

«Não foi uma chuva de meteoritos, mas um meteorito que se desintegrou na camadas baixas da atmosfera», disse à agência Interfax a porta-voz do Ministério para Situações de Emergência da Rússia, Elena Smirnij. No entanto a queda do meteorito não influiu nos níveis de radiação, que se mantêm dentro dos parâmetros de normalidade para a região.

Fonte: http://diariodigital.sapo.pt/


Ler e ouvir mais em:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=628197&tm=7&layout=123&visual=61

Talmont Sur Le Gironde - 6º Dia - Parte III



!

O caminho junto da muralha a beijar Le Gironde, leva-nos mais rapidamente à Igreja, uma joia românica, do séc. XII, construída pelos monges da Abadia de Saint Jean d'Angely. A bela igreja de claro calcário está construída no final da península e envolta por penhascos que caem a prumo sobre as águas de Le Gironde.
Lá chegados, observamos as esculturas do portal, que ali estão disponíveis como um livro aberto, para peregrinos e visitantes de todas as idades. A fachada oeste do edifício da igreja foi reconstruída em estilo gótico no séc. XV, depois de uma falésia ter caído no estuário.
A bela igreja românica tem assim sido ameaçada pela erosão das falésias corroídas por correntes do poderoso estuário, que ali se começa a encontrar com o Oceano Atlântico, mas têm sido feitos trabalhos que ajudaram a restaurar o seu esplendor.
Com vista para a aldeia, a igreja fica no pico São Radegund acima do Gironde e é cercada por um pequeno cemitério selvagem e belo, imbuído de uma poesia impar, pois encontra-se cheio de flores da espécie hollyhocks, que no verão nos mostram uma enorme perfusão de maravilhosos tons. Deste pequeno cemitério a vista sobre o estuário Le Gironde e as falésias que cercam Meschers sur Gironde, é absolutamente fabulosa.
Atrás da igreja, junto da muralha e rodeada pelos restos de uma passarela, oferece-nos uma vista única sobre o estuário e da costa do Médoc. Neste lugar, Le Gironde atinge sua maior largura, 12 km.

Esta igreja servia de etapa obrigatória para os peregrinos que, em cada ano, faziam a peregrinação para São Tiago de Compostela, na Galiza.
Depois é hora de se percorrerem as ruas medievais, estreitas, empedradas e por vezes sinuosas, que nos levam pelo interior do pequeno povoado na descoberta da sua peculiar arquitetura, com casas baixas, caídas de branco de portadas pintadas de azul clara ou mais profundo. Ladeando as portas também azuis, mais uma vez a preferência pelas hollyhocks de várias cores, marcam para sempre presença nas recordações daqueles que visitam Talmont.

Nas ruelas artesãos e artistas, pintores e ceramistas, lojas de cartões postais e souvenirs, cafés e restaurantes aguardam os tão esperados visitantes, que vão trazendo vida em todas as estações à antiga vila e animando pacientemente aquele lugar, que vai domesticando os perigos e sobrevivendo aos séculos.
Foi para um destes restaurantes que caminhámos quando anoiteceu e mais uma vez os “moules frits” (mexilhões com batatas fritas) eram o prato mais servido e mais fresco. Parece que nos restaurantes franceses mais populares não só os moules frits são o prato forte, como parece haver pouco tempo, paciência ou arte para coisa diferente.

Pretendíamos pernoitar na vila, e ali ficámos pelo menos até depois da meia-noite. O parque de estacionamento relvado fronteiro à village era extraordinariamente convidativo à pernoita, mas estava estranhamente vazio. Já passava da meia-noite quando sensitivamente me apercebi que havia perigo, e essa desconfiança foi confirmada um pouco mais tarde, com um murro dado do lado de trás à autocaravana, possivelmente para experimentarem se estava alguém acordado. Abrimos a porta e viemos ver o que se passava, mas só vimos um carro arrancar a grande velocidade.
O parque de estacionamento vazio e alguns letreiros a anunciarem cuidados com os pertences deixados dentro dos automóveis, foram o suficiente para deixarmos a bela village e rumarmos a Royan.
Em Royan descobre-se que todos os arredores são hostis à presença de autocaravanas. Rumámos então ao centro da cidade para pernoitar em lugar de sugestão do GPS, registado a partir de um Site de ACs francês.
Acordar, tomar o pequeno-almoço e tomar banho “no meio da rua”, no centro da cidade enquanto esta acontece e labora, é uma sensação única, de invisibilidade e liberdade, difícil de descrever…
Ali mesmo ao nosso lado, dois pequenos carros servem durante a noite, à vez e por turnos, de quarto de dormir a rapazes e raparigas que por ali, tinham o seu emprego estival. Todas as épocas e todos os países têm gerações de sacrifício...
Fonte: http://www.pays-royannais-patrimoine.com/ ; http://www.location-et-vacances.com/ ; http://villagesdefrance.fr/ www.espacoerrante.blogspot.com/

Escola Óscar Lopes apelo à solidariedade com comunidade educativa




Caros colegas,

Ontem faleceu um elementos da nossa comunidade educativa, em pleno exercício das suas funções, conforme documento em anexo, que gostaria que lessem na integra para evitar qualquer informação incorreta.

Sentimos pouco apoio das entidades que nos superentendem. A DREN informou a Comissão Executiva que hoje teríamos que voltar a trabalhar como se nada tivesse acontecido. A nossa dor e revolta é enorme.

A maioria dos professores não conseguiram dar as suas aulas, e por isso ficaram em silêncio na sala dos Professores. Com certeza que iremos ser sujeitos a algo que não desejaríamos.

Neste momento necessitamos de fazer o luto, e conversarmos no sentido de encontrarmos soluções para evitar futuros problemas iguais, até porque nesta escola e noutras escolas estão identificados alunos como sendo igualmente problemáticos e potenciais geradores de questões como esta.
Apelamos à V/ solidariedade, no sentido de divulgar a carta anexa,
Se vos for possível gostaria que enviassem a V/ opinião solidária com a nossa posição; para a nossa direção executiva; direccao.aems@gmail.com, DREN dren@dren.min-edu.pt e Camara Municipal de Matosinhos. mail@cm-matosinhos.pt

Contamos com a V/ solidariedade


Obrigada

 

Escola Professor Óscar Lopes

CARTA ABERTA

         Morreu um de nós: um daqueles que zelava pela segurança de todos (alunos, funcionários e professores); O nosso elo mais forte, em pleno exercício das suas funções. Para evitar que um aluno maltratasse um colega fazendo perigar a sua vida, durante a aula, mesmo perante a pronta ação do professor e de um funcionário, foi pedida a intervenção dos vigilantes da escola, para que fosse conduzido à Direção Executiva para que esta acionasse os técnicos da Escola Segura. Desde o início do comportamento, de extrema violência, materiais foram destruídos, funcionários e docentes ameaçados de morte verbalmente e agredidos fisicamente. O esforço dos vigilantes em controlar tais atitudes foi imenso mas não conseguiram evitar a destruição descontrolada de mesas, quadros, armários, cadeiras e os atos de ataque físico. Já na Direção Executiva, e perante o continuado comportamento violento, o vigilante Correia manietando o aluno, manteve-se como pilar determinante na segurança física de outros elementos da comunidade educativa, que tentavam também intervir. Mais de dez pessoas tentaram, sem sucesso, conter o aluno! Assim, perante uma violência física e emocional tão demorada e brutal o vigilante Correia colapsou. De imediato foi assistido por professores e funcionários que lhe fizeram as manobras de reanimação (respiração boca a boca e massagem cardíaca) até à chegada do INEM, que prestou toda a assistência possível que, no entanto, se mostrou ineficaz para salvar o Sr. Correia. Estamos profundamente abalados e consternados com o falecimento do colega em pleno exercício das suas funções, num local, por excelência, educativo, onde uma morte nesta situação é inaceitável. Estamos de luto, estamos perante algo que não conseguimos aceitar e, por isso, não sentimos capacidade de gerir emocionalmente uma situação tão dramática; estamos na escola sem darmos aulas, incapazes de pedagogicamente abordar o assunto junto dos restantes alunos. Todos os que se encontravam na escola ficaram em choque. Como pode isto ter acontecido numa escola? Que ambiente se vive? Que aprendizagens se fazem quando há quem possa frequentá-la enchendo-a de ameaças e de violência? O contexto escolar do Agrupamento está pormenorizadamente descrito no Projeto Educativo. Todos os profissionais que nele trabalham estão conscientes do universo em que se movem e procuram por todos os meios ajudar a orientar crianças e jovens de um meio problemático, com fragilidades várias, com comportamentos difíceis de gerir. Temos uma equipa técnica preparada e muito ativa, no âmbito dos recursos TEIP. Lidamos com os problemas que vão surgindo e conseguimos muitos resultados positivos. No entanto, há sempre um pequeno número de alunos, bem identificados na escola, que ultrapassam todos os limites do aceitável numa comunidade escolar, pois põem em risco os seus membros, a nível físico e psicológico, de forma sistemática: não aceitam a autoridade de ninguém, pelo que não cumprem as regras da escola, nem as mais básicas de convivência; ameaçam; aterrorizam; agridem. Em relação a estes alunos já tudo foi feito, desde as estratégias aplicadas pelos professores e pelos diretores de turma para motivar o aluno para a aprendizagem e para a socialização, passando pelas medidas previstas no Estatuto do Aluno, completamente ineficazes para estes casos. Tiveram a intervenção do SPO, GAAF, ADEIMA, CPCJ, Tribunal de Menores. Aos diretores de turma são pedidos relatórios, pareceres, esclarecimentos de todos estes organismos. Enquanto isto acontece e durante anos, a situação destes alunos na escola mantém-se inalterada, até os jovens saírem da escolaridade obrigatória ou terminarem o ciclo de estudos. Isto é, embora várias instituições estejam envolvidas, a escola tem de manter os alunos ou transferi-los para outras escolas, deslocando o problema, não resolvido, para os outros. Estes continuam assim a ameaçar e a agredir colegas, funcionários e professores, continuam a impedir os colegas das turmas em que estão inseridos de poder ter um ensino de qualidade, minando as aulas. Têm e criam um sentimento de poder ter impunidade e de ausência de limites, que é o oposto do que lhes deveria ser ensinado. A escola regular não pode dar a estes alunos a resposta de que eles precisam. A tutela não está a cumprir o seu papel, que inclui o de resolver a situação destes alunos e o de proteger o direito à educação e à integridade física e psicológica de todos os outros e de quem trabalha nas escolas. Por estes motivos, dirigimo-nos à Tutela, exigindo que, com a maior urgência, se debruce sobre este problema e o resolva eficazmente, criando acompanhamento adequado às crianças e jovens com comportamentos disruptivos, que põem em riscos elementos da comunidade escolar em que se inserem. Este acompanhamento terá de implicar o afastamento destes jovens das escolas regulares e a sua integração em ambientes controlados, específicos e preparados para este tipo de perfil psicológico. Morreu o Sr. Correia, dizemos. Já tinha problemas de saúde, dirão. Nos olhos uns dos outros lemos, «Mataram o Sr. Correia».

Matosinhos e EB 2, 3 Professor Óscar Lopes, 31 de janeiro de 2013

Assinatura de docentes e não docentes

Talmont Sur Le Gironde - 6º Dia - Parte II




A chegada a Talmont Sur Le Gironde aconteceu já ao final da tarde e antes de anoitecer queríamos visitar toda a vila.

Talmont sur ​​Le Gironde que é conhecida na região como a "Pérola do Estuário", é também uma das mais belas aldeias de França, construída em 1284 e candidata a “village historique”. A antiga vila medieval do séc. XIII é toda murada, constituindo uma fortaleza situada numa bela península, que conserva ainda muitos vestígios da sua antiga história.


Entra-se na península e logo se observa que o istmo é estreito, podendo ver-se a água do estuário de ambos os lados da estrada. O cenário está logo à entrada garantido e logo se observa um grande estacionamento com algumas árvores, que espera por nós.

Estacionada a autocaravana sob uma tília venerável, a visita a esta "cidade fortificada" da Idade Média, tem obviamente que se fazer a pé, uma vez que estamos numa vila medieval, com ruas muito estreitas, onde não é possível perdermo-nos pois todas vão dar à sua igreja construída no séc. XII.

O empolgante percurso pedestre obviamente compreende uma rede de ruas, que não mudou desde há oito séculos e podemos comprar logo à entrada um plano guia da vila medieval.

A partir do portão da cidade podemos caminhar para o promontório pela Grand Rue du Port, onde na caminhada começamos por passar pela margem direita do riacho que do lado esquerdo da península vai desaguar ao estuário.

A caminho do penhasco e do porto, observamos os barcos de pesca ancorados a ancoradouros em palafitas, bem como as tradicionais e famosas construções de pesca em casas palafitas, que servem para pescar na maré cheia. Estas construções são o mais distinto e etnográfico do lugar, onde com uma espécie de rede caracoleira guinchada do posto de trabalho (uma casa cujos alicerces estão armados em paliçada na encosta sobre a praia), a uns bons dez metros de altura, coberto e sentado, uma espécie de pesca profissional de cana na praia, mas com rede.

A Rue des Fleurs leva-nos ao Promontório do Castelo velho onde o olhar se estende pela costa e pelo Estuário Le Gironde, até ao Pointe de Grave. Ali se vê uma praça rodeada pelos restos de muralhas, construídas sob as ordens do rei Eduardo I de Inglaterra, em 1284.

Depois caminha-se circulando-se as muralhas, sempre com vista sobre Le Gironde, apreciando os aromas marinhos tão especiais naquela península que tanto se assemelha a um navio.


Fonte: http://www.pays-royannais-patrimoine.com/ ; http://www.location-et-vacances.com/ ; http://villagesdefrance.fr/

 

Uma Aposta na Coragem


“Em verdade temos medo. Nascemos no escuro. E fomos educados para o medo.”, escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade.

O medo permanentemente acompanhou o homem através da história. Para fugir do medo, o homem buscou na religião e na ciência maneiras de explicar e controlar o desconhecido. Mas se o medo é o sentimento que nos paralisa, ele também pode ser um chamado para a sua superação.

Neste Café Filosófico, o filósofo Oswaldo Giacóia Júnior, analisa o sentimento do medo em diferentes épocas e mostra-nos que o medo pode ser entendido também como um convite à coragem.


Oswaldo Giacóia Júnior é um filósofo e professor brasileiro. Graduou-se em Direito, no ano de 1976, pela Universidade de São Paulo, e em Filosofia, no mesmo ano, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Tem seu mestrado em Filosofia, em 1983 pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e o doutorado em Filosofia, realizado no ano de 1988 pela Universidade Livre de Berlim.


 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=BBsz7DwjFH8 ; http://www.cpflcultura.com.br/2009/09/02/integra-aposta-na-coragem-oswaldo-giacoia/ ; http://pt.wikipedia.org/

A reorganização neoliberal da escola



A reorganização neoliberal da escola, em que os alunos são vistos como "clientes", os professores como "colaboradores", a aprendizagem como um "produto", o sucesso académico como um indicador de "qualidade total", o planeamento pedagógico como "acção de empreendedorismo", a gestão escolar como "direcção corporativa" e os pais e a comunidade como "stakeholders", e o investimento como um "custo orçamental", esta reorganização, dizíamos, tem destruído uma boa (e talvez a melhor) parte do edifício da escola pública, enquanto escola democrática, inclusiva e meritocrática.

O pretenso ideal de fazer funcionar uma escola sem professores reflexivos, activos e motivados, sem custos e sem autonomia, foi experimentada por todos os sistemas mais ou menos autocráticos, mais ou menos ditatoriais. Os resultados também estiveram sempre à vista: no Portugal do início da década de setenta do século passado, quase metade da população era analfabeta e apenas sete em cada cem estudantes que terminavam o secundário continuavam estudos na universidade.

Décadas de investigação científica provaram que todo o desinvestimento na educação sempre redundou num atraso do desenvolvimento social, cultural e económico desses países e que as posteriores tentativas de recuperação do "tempo perdido" se revelaram demasiado lentas e de custos agravados. Portugal, infelizmente, também conhece essa realidade: quase quarenta anos após a revolução de Abril de 1974, o nosso país continua a ter níveis de iliteracia elevados, de insucesso e abandono escolar preocupantes, taxas de diplomados no ensino superior das mais baixas da comunidade europeia, e a prova é que ainda temos muitos estudantes com mais habilitações académicas que os seus pais e com avós analfabetos.

Nos últimos anos, os nossos responsáveis pela educação têm preferido a diminuição forçada do défice orçamental, ao espontâneo desenvolvimento e crescimento dos indicadores que ajudam a definir o conceito constitucional de "escola para todos". Mais recentemente, a actual equipa do ME tem dado claros sinais de que prefere o elitismo à universalização do conhecimento, assim como prefere a "escola académica" à "escola do desenvolvimento integral". Tem direito às suas opções e o dever de aceitar as divergências.

A situação, por isso mesmo, revela-se-nos preocupante. Com o ataque à escola pública e ao sistema nacional de saúde, caminhamos para um grave retrocesso que nos reconduzirá a uma sociedade que privilegia a exclusão, o lucro às pessoas, a divinização do primado do privado sobre o bem público…

E tudo isto acontece em pleno desenvolvimento da sociedade do conhecimento, da globalização, que também ela é partilha da inovação e do progresso. Acontece na escola onde os actuais alunos, apesar da sua natural diversidade, provêm de uma geração "digital", e se revelam sujeitos activos e imprevisíveis quanto ao domínio das novas tecnologias e, sobretudo, quanto ao uso dos seus meios e conteúdos…

Ou seja, numa escola que alberga uma geração em que o acompanhamento das actividades dos alunos dentro e, também, fora da sala de aula, e em que a formação parental, proporcionada por essa mesma escola se revelaria fundamental, ninguém se pode dar ao disparate de afirmar que existem recursos humanos e tecnológicos dispensáveis. Recursos humanos cuja formação especializada custou tempo, dinheiro e muito investimento em estruturas e equipamentos, e que, de um momento para o outro, se vêem desperdiçados, num país que necessita ainda de muita educação e promoção cultural.

Aguardemos, impacientemente, que os estudos venham a revelar, uma vez mais, a correlação positiva que existe entre o desinvestimento na educação e o aumento do défice sociocultural da sociedade portuguesa, deixando-nos, eternamente, na cauda dos rankings dos países em que os níveis de desenvolvimento social, científico e tecnológico, são os principais indicadores da saúde e do bem-estar das suas populações.

João Ruivo, in Ensino Magazine


Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico