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Santuário de Lourdes - 23º Dia - Parte II





Uma vez no Santuário de Lourdes fomos visitar os seus lugares mais emblemáticos. Dirigimo-nos em primeiro lugar à Gruta onde Nossa Senhora apareceu a Bernadette Soubirous, que naquele dia estava repleta de gente.  

Aliás no verão e em especial durante as férias grandes, Lourdes fica cheia de turistas e peregrinos. Não é fácil achar vaga nem nos comboios, nem nos hotéis, sendo preciso fazer fila para tudo, até para entrar na Gruta das Aparições.

Para complicar a situação na hora da nossa chegada ao Santuário, decorria uma das muitas procissões que diariamente ali se realizam, sendo uma das paragens obrigatórias a Gruta, e por isso levou muito tempo a ser desimpedida, pelo que deixámos a sua visita para o final.

No entanto é sempre interessante observar uma procissão em Lourdes. Desde as varandas / passadiços por cima das arcadas que levam à Basílica do Rosário, assistimos à bênção do Santíssimo (bênção dedicada especialmente às pessoas enfermas) e à Via Sacra.

Depois sobe-se a caminho da Basílica do Rosário. Esta é uma Basílica esplendida, em estilo romano-bizantino que embora pequena tem um riquíssimo interior, onde se destacam belíssimos painéis com mosaicos a toda a volta do seu interior.

Também esta basílica estava cheia de gente que assistia a uma missa, e foi assim em todas os lugares visitados naquele dia. Por cima desta ainda se encontra a Basílica Superior, também uma belíssima e elegante igreja.

De facto, no perímetro do Santuário existem nada mais nada menos que 4 basílicas. Por ordem de antiguidade, temos a Basílica da Imaculada Conceição, a de Nossa Senhora do Rosário, a Nova Basílica de Santa Bernardete Soubirous (anos 80) e a gigantesca Basílica de Santo Pio X, a última a ser visitada por nós e que tem a particularidade de ser subterrânea.

Na primeira destas, estão depositadas algumas relíquias de Santa Bernardete, já que o seu corpo incorrupto está exposto na Catedral de Nevers, onde ela viveu os últimos anos de vida num convento.

Há entrada da Basílica do Rosário existe um terraço de onde se desfrutam belas vistas sobre todo o complexo do Santuário, da cidade de Lourdes e do rio. Por baixo dela existe a Cripta, que é também uma igreja em ponto pequeno.

Também por baixo e a norte da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, está a famosa Gruta onde se deu uma das 18 aparições de Nossa Senhora e onde nos espera sempre uma enorme fila.

Ali perto pode ser bebia a água de Lourdes, que a tradição diz ser água abençoada. De facto numa das primeiras aparições, Nossa Senhora terá dito que todos deviam beber daquela fonte e então foram construídos vários pontos de distribuição daquela nascente ao longo da parede da Basílica.

Finalmente e só depois da visita à Gruta a fim de serem colocadas velas pela família, encaminhámo-nos para a Basílica de Pio X.

Na gigantesca nave subterrânea que constitui a Basílica de Pio X, mais uma missa. Desta feita era uma missa internacional que se iniciava, pelo que resolvemos assistir na íntegra. A missa foi rezada nas seis línguas oficiais do Santuário, Francês, Inglês, Italiano, Espanhol, Holandês e Alemão.


A partida ao final da tarde de Lourdes levou-nos rumo a casa, onde iria finalizar esta viagem. Mais uma paragem para dormida e uma nova partida seguida de uma jornada de esticão até Portugal, resumem o final desta viagem.


Fonte: https://www.youtube.com/  http://peninha.bloguepessoal.com/432827/Lourdes-e-Pic-du-Jer/; http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_de_Lourdes

Lourdes - 22º e 23º Dias - Parte I



Após a visita a Rocamadour seguimos para sul, a caminho de Lourdes, a 334 quilómetros, onde queríamos ir pernoitar, para mais uma vez visitarmos o seu santuário.

Lourdes, cercada por uma bela paisagem, situa-se entre a planície e a montanha. É uma pequena cidade francesa, localizada no sopé dos Pirinéus, e que se estende ao longo da margem direita do rio Gave.

Tem as mesmas características das outras pequenas cidades do sudoeste da França. Porém, Lourdes destaca-se das demais, por ser um grande centro de peregrinação mundial, recebendo todos os anos mais de 1 milhão de peregrinos cristãos, vindos de mais de 150 países, que permanecem na cidade por alguns dias.

Na verdade, Lourdes pode ser o ponto de partida ideal para visitar as altas montanhas pirenaicas, embora não seja um lugar tranquilo para se ficar, uma vez que está hoje transformada numa cidade meramente comercial, devido à presença do seu Santuário de Nossa Senhora de Lourdes.

No entanto é uma cidade que possui um ar muito fresco, e apesar das multidões, respira-se ar puro. Os Pirinéus dão a ambiência e a vegetação à sua volta dá o perfume perfeito.

Tudo começou em 1858, entre os meses de fevereiro a junho. Nesse período Nossa Senhora, manifestou-se por 18 vezes a Bernardet Soubirous, uma jovem filha de moleiros, na Gruta de Massabielle, nos arredores de Lourdes. A aparição declarou ser a Imaculada Conceição, aquela que vem socorrer todos os que se encontram com o coração atribulado por sofrimentos físicos e morais. Em todas as suas aparições, trouxe ao mundo um apelo de conversão mediante a oração e a penitência. Foi a partir das aparições que as peregrinações começaram e continuam até hoje, sendo cada vez mais intensas, onde muitos veem em busca de ajuda e de renovação interior.

Na noite em que chegámos, já era muito tarde e fomos logo em direção a um parque de autocaravanas de uma superfície comercial. No dia seguinte levámos a autocaravana até a um parque de estacionamento perto do santuário e fomos visitar as suas três basílicas.

Naquele dia Lourdes estava a abarrotar de peregrinos de todas as nacionalidades, onde não faltavam os portugueses. Nunca como ali ouvi falar tanto a língua portuguesa fora do país.

O Santuário de Nossa Senhora de Lourdes é uma área com várias igrejas e outras instituições, construída em torno da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.


O Santuário compreende uma área de 51 hectares, e inclui 22 lugares distintos de culto. Estes lugares incluem como pontos principais: A Gruta (Grotte), a mais simbólica, uma vez que segundo a tradição, foi ali que se deu a primeira aparição de Nossa Senhora, e onde existem torneiras próximas que dão a beber aos peregrinos a água de Lourdes; a Cripta que foi a primeira das igrejas a ser concluída no domínio, com a ajuda do pai de Bernadette, que também esteve presente na sua inauguração, num domingo de Pentecostes, em 1866; a linda Basílica da Imaculada Conceição, amplamente conhecida como a Basílica Superior, em estilo gótico, que foi a segunda das igrejas a ser construída, consagrada em 1876, e que parece emergir diretamente da rocha de Massabielle por cima da Gruta; e ainda a Basílica do Rosário, a igreja subterrânea e a terceira das igrejas a ser concluída, em 1899.



Fonte: http://www.meucaminho.com/santuariodelourdes.htm http://avisosdoceu.com.br/Lourdes.php http://espacoerrante.blogspot.pt/ http://en.wikipedia.org/wiki/Sanctuary_of_Our_Lady_of_Lourdes https://www.youtube.com/watch?v=ot94Rg9cS54

Ler mais sobre as aparições, em: http://avisosdoceu.com.br/Lourdes.php

Santuário de Rocamadour - 22º Dia - Parte II



A visita ao Santuário de Rocamadour pode ser feita a partir de cima pela Grande Escadaria, também designada rue des degrés, que desce até à cidadela, ou a partir de baixo, onde a estrada nos leva até à porta em arco em ogiva em pedra, que dá acesso à aldeia medieva. A partir da aldeia que cresceu ao longo do tempo na base do Santuário, podemos subir através de uma escadaria até ao Santuário, ou optarmos pelo elevador, que nos leva com facilidade aos lugares santos.  
Os santuários de Rocamadour estão incrustados na rocha de um pequeno terraço rochoso a meia encosta (Planalto de St Michel). São construções semi-troglodíticas e foram edificadas desde o séc. XII, em etapas, num espaço estreito da elevação escarpado.
A sua origem confunde-se com a implantação do cristianismo na antiga Gália. Segundo a tradição, o Santuário foi fundado nos primórdios do cristianismo, por meio de um altar erigido em honra de Nossa Senhora pelo judeu Zaqueu de Jericó, que expulso da Palestina, foi para a Gália após a morte de Cristo.

Em 1162, um antigo túmulo contendo um corpo preservado e não identificado, foi encontrado em Rocamadour. Pouco tempo depois, a lenda sobre “Amadour” desenvolveu muito. Acredita-se até hoje que este corpo seja de Zaqueu de Jericó, (Zaqueu do Evangelho de São Lucas - 19:1-10), descrito como tendo sido um servo de Maria, mãe de Jesus, e que mais tarde se casou com Santa Verónica, tornando-se mais tarde e após a morte de sua mulher, um missionário na Gália.
 
Mais tarde Zaqueu, eremita no monte de Rocamadour, mudou o seu nome para Amadour, de onde provém o título da imagem, Nossa Senhora de Rocamadour, isto é, Nossa Senhora da Penha ou Rocha (Roc) de Amadour.
 
Quanto à imagem, reza a lenda que Nossa Senhora sentada num trono com o Menino ao colo, se esculpiu a si mesma, do tronco de uma árvore.
 
Os principais atrativos deste santuário são: A Basílica de São Salvador; a Capela de Nossa Senhora, que abriga a estátua de madeira da Virgem Negra e a Grande Escadaria.
 
Basílica de St. Sauveur (São Salvador), data do séc. XIII, foi construída por cima da cripta de Saint Amadour (Zaqueu de Jericó), cavada na rocha em 1160, e que foi elevada à categoria de basílica menor. As paredes interiores da igreja estão cobertas com pinturas e inscrições, que registam e lembram as peregrinações de pessoas célebres. Na cripta subterrânea de Saint Amadour (1166) por baixo da Basílica de St. Sauveur encontram-se as relíquias do santo.
 
Uma segunda escada conduz à capela de Nossa Senhora de Rocamadour, edificada no séc. XVII, no lugar do oratório primitivo, que tinha sido destruído pela queda de uma pedra. Lá dentro está a célebre Virgem Negra, uma imagem antiga, restaurada, que se encontra no altar-mor. Rodeada de lâmpadas continuamente acesas, é venerada pelos seus milagres e alvo de vigorosa devoção desde o séc. XIX.
 
Segundo nos disseram, antigamente vestiam suntuosamente a imagem da Virgem Negra, mas, faz poucos anos, retiraram-lhe as ricas vestimentas, para que se possa admirar a beleza da antiquíssima imagem de madeira.

No cume do penhasco está o castelo e uma igreja, construídos durante a Idade Média, para defender os santuários abaixo.
Do ponto de vista histórico, Rocamadour teve de suportar duras provações no decorrer do tempo: alternadamente foi objeto de ataque de, normandos, ingleses, albigenses, huguenotes e revolucionários franceses, que ao longo do tempo se obstinaram em devastar esse santo lugar de peregrinações.
Porém, houve sempre, em todas as épocas, fiéis generosos que se prontificaram a levantar novamente o Santuário, de modo a que, de geração em geração, se fosse fazendo esta antiga devoção a Nossa Senhora de Rocamadour, que tantos milagres tem realizado em favor dos que a ela recorrem.
Outrora, personagens ilustres e mesmo reis da França e de Castela iam rezar em Rocamadour, que foi sempre desde a Idade Média, um grandes santuários de peregrinações e penitência. Hoje a principal peregrinação é realizada em 8 de setembro.
Fontes: http://www.umbandacomamor.com.br/ http://www.lourdes-infotourisme.com/ http://en.wikipedia.org/wiki/Rocamadour

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=QHO15teV-OE

Rocamadour - 23º Dia - Parte I





O terceiro dia em La Roque Gageac era para ser passado a fazer canoagem, descendo o rio. No entanto a falta de provisões e em especial de café na autocaravana, fez com que a partida se antecipasse.

Partimos então a caminho de Rocamadour, o próximo lugar de paragem. Primeiro Saint-Michele, depois Rocamadour, e depois ainda Lourdes, no dia seguinte, numa viagem só, ficavam vistos os três maiores santuários de França.

No caminho parou-se num minimercado, onde comprámos tudo o que precisávamos. Quando foi a pagar, uma jovem que estava na caixa, ouvindo-nos falar português, algo roborizada, olhou para nós, sorriu, e disse-nos que era portuguesa, e ali ficámos um pouco a trocar impressões. O comércio era de seus pais e ela embora nascida em Portugal, fora criada em França.

França sempre foi um lugar de emigração portuguesa. A grande emigração para França deu-se pela primeira vez por volta dos 50 do séc. XX, prolongando-se durante os anos 60, 70 e 80, quando cerca de 1,5 milhão de portugueses emigraram para este país. A maioria destes emigrantes está hoje muito bem integrada na sociedade francesa, tendo uma crescente influência política. No entanto, com a recente crise económica, mais uma vez os portugueses tiveram necessidade de sair do seu país, e este, tal como outros países, mais uma vez se revelou tradicionalmente um país de acolhimento para os portugueses.
 
A distância entre La Roque Gageac e Rocamadouré de apenas 58 quilómetros, mas parece ser muito mais, uma vez que as estradas além de serem secundárias, são sinuosas e estreitas, passando por várias povoações. Numa dessas povoações do caminho, ainda parámos para ver uma corrida de cavalos, num inesperado hipódromo, com uma belíssima pista de corridas.

Já a tarde ia adiantada quando chegámos a Rocamandour. Cá de cima da estrada, num miradouro natural, olha-se para o pequeno santuário situado numa ingreme encosta. A sensação é a de observarmos de longe um lugar divino, onde o horizonte e o céu se inundam de um azul intenso, a terra é sólida e fértil, com florestas de profundo verde. Entre vales e montanhas com vegetação luxuriante à sua volta, encontra-se Rocamandour.

Rocamadour é um dos santuários mais famosos de França, sendo entre os séculos XII e XIV, um dos mais altos lugares de peregrinação no Ocidente cristão. A sua famosa Madona Negra, venerada por seus muitos milagres, encontra-sena Chapelle Notre-Dame (Capela milagrosa de Nossa Senhora), rodeada de um complexo de construções monásticas, e é o tema de uma devoção renovada desde o séc. XIX.

O Santuário de Rocamadour, na encosta escarpada de uma colina calcária é acessível através de duas entradas. De baixo por estrada sinuosa, e de cima, através da Grand Escalier (grande escadaria) que se eleva a partir do centro da pequena cidadela, até ao ponto mais alto da elevação rochosa. Os seus 216 degraus, que os peregrinos muitas vezes ainda hoje sobem de joelhos, são esculpidos na rocha e pressionados contra a encosta escarpada, subindo até a um planalto de calcário, onde se encontra a estrada.

Durante o séc. XII, num espaço estreito e íngreme de um terraço rochoso, a meia encosta, foi iniciada a construção de um mosteiro, sendo ali construídos vários edifícios.

O Santuário de Rocamadour -"roc amatour” = amante das rochas - é hoje um dos pontos turísticos e de peregrinação mais importantes de França, e permite uma bela vista sobre sobre o profundo vale onde corre um subafluente do rio Dordogne, o rio L’ Alzou.

Segundo a tradição, lá viveu o eremita Zaqueu de Jericó, um judeu morto por volta de 70 d.C., com fama de santo e que amava as rochas, tendo ali escavado numa rocha o seu eremitério, para se isolar do mundo.

Reza a história, que Zaqueu de Jericó (aquele que enxugou o rosto de Cristono calvário), foi expulso da atual Palestina e fixou-se nesta região do sudoeste da França, sendo o seu corpo encontrado intacto em 1166. A partir daí o lugar começou a ser um ponto de peregrinação.

A tradição também o refere como responsável por trazer para Rocamadoura a estátua da Virgem Negra, que no entanto é datada do séc. IX. Depois de lhe serem reportados muitos milagres atribuídos em especial ao túmulo de Saint Zaqueu, e ao Santuário da Virgem, muitos peregrinos famosos estiveram em Rocamadour, entre eles, alguns homens santos, bem como muitos reis e rainhas, o que incentivou ainda mais as peregrinações a este lugar.

Na parte de trás do Mosteiro, há um caminho sinuoso com sete paragens, representando as chagas de Cristo e os momentos até à crucificação.

Este Santuário sempre cheio de gente, é também uma das paragens obrigatórias para os peregrinos a caminho de Santiago de Compostela.
 
 
Fonte: http://imigrantes.no.sapo.pt/ http://espacoerrante.blogspot.pt/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Rocamadour http://www.rocamadour.com/fr/ http://navegador-urbano.blogspot.pt/

La Roque Gageac - 22º Dia - Parte III





No segundo dia em La Roque Gageac, foi dedicado à exploração da bela aldeia histórica. A partir do sopé, começamos por subir e explorar as ruas que sobem pela encosta escarpada.

As casas da aldeia trepam desde a margem esquerda do rio Dordogne, até a 1/3 da encosta. Já no cimo da aldeia, encontramos a singela Capela de Saint Julien, o lugar de culto das gentes de La Roque Gageac.

Estava calor em La Roque Gageac. Primeiro estranha-se este calor quase tropical, depois entranha-se, e precisamente por isso, para quem a visita não apetece deixá-la com facilidade.

A situação da aldeia, entre um promontório calcário escarpado, a norte e uma colina cheia de vegetação a sul, transforma o lugar num grande solário natural, o que tornou possível a criação de um extraordinário "jardim exótico" na aldeia, ao lado da pequena igreja.

O jardim que se estende até metade do penhasco, muito bem cuidado, foi criado por Gerard Dorin em 1970, e tem-se desenvolvido desde então de forma luxuriante. A grande diversidade de plantas tropicais e subtropicais, bem como mediterrânicas, só é possível porque o penhasco por trás da aldeia a protege dos ventos frios do norte, enquanto a visão mais aberta para o sul, garante o aquecimento necessário à transformação climática sentida no lugar.

Depois procura-se a subida para o Forte Troglodita. No caminho encontra-se a mansão Le Manoir de Tarde, que fica a meia encosta. A partir de meia encosta a subida para o forte é feita através de escadas em madeira, que nos levam até às suas ruinas.

A vista lá de cima é soberba. Dali têm-se a perceção real daquele lugar místico, com o Dordogne entre cavernas e castelos. É uma autêntica vista aérea de La Roque Gageac, da beleza do rio Dordogne, das colinas a sul e dos telhados das casas que trepam pela falésia.

É também dali que nos apetece indagar o porquê da vida troglodita, e pensar na história dos povos que outrora ali se fixaram.

Durante o período galo-romano, a paz encorajou as pessoas a criar assentamentos bastante consideráveis ​​nas encostas suaves, a leste da aldeia, e até mesmo construir uma estrada romana.

No entanto, a partir do ano 850, os perigos apresentados pelas incursões dos Vikings, em particular, levou a população a procurar abrigo e construir fortificações no local mais seguro, entre o precipício e rio.

A Guerra dos Cem Anos, e depois as amargas "Guerras de Religião" da França, fizeram com que La Roque Gageac resolve-se construir uma fortaleza chave, inexpugnável e densamente povoada.
 
La Roque Gageac sempre foi um importante ponto de comércio no rio Dordogne, mas com o tempo, o tráfego do rio tornou-se cada vez mais importante, com um fluxo muito movimentado de transporte de cargas, feito pelos tradicionais "Gabares", à vela e de fundo chato, que percorriam o rio Dordogne, que também eram usados na pesca comercial, que continuou até o início do séc. XX.


Fonte:  http://en.wikipedia.org/ http://fr.wikipedia.org/ http://espacoerrante.blogspot.pt/ http://www.northofthedordogne.com/

La Roque Gageac - 22º Dia - Parte II




No 22º dia desta viagem, descansando numa esplanada à beira do rio Dordogne, encantados com o ambiente tranquilo de La Roque Gageac, foi-nos difícil decidir aproveitar algum do nosso repouso, para fazer uma pequena viagem de barco pelo rio, mas este chamava por nós insistentemente.
 
Ao olhar o rio, enquanto preguiçosamente sentados, observámos as sistemáticas paragens e partidas de duas belas réplicas de “gabares” (barcos à vela de fundo chato), ali sediados para os percursos turísticos, que a cada 30 minutos, se enchiam de turistas.
Pelo que ficámos a saber, estes minicruzeiros, são hoje considerados imperdíveis, por serem realizados em “gabares”, os barcos tradicionais do rio Dordogne, que outrora subiam e desciam o rio com mercadorias.
Este minicruzeiro sai do cais da magnífica vila fortificada de La Roque Gageac. Já a bordo verifica-se que se faz um melhor reconhecimento da aldeia e das suas peculiares encostas, ou mesmo das convidativas margens do Dordogne.
Dali se veem na perfeição o conjunto de suas casas e mansões nobres, que se encontram na margem esquerda do rio.
Uma delas é o Château de la Malartrie, construído em estilo renascentista e que data do séc. XIX. No entanto, segundo reza a história, o lugar onde se ergue o Château de La Malartrie remonta ao séc. XII. In these ancient times La Malartrie was a leper hospital and has been since transformed several times. Nesses tempos antigos La Malartrie foi um hospital de leprosos e com o passar do tempo, os seus vários proprietários foram-no transformando. A residência atual, hoje convertida em hotel, foi reconstruída no final do séc. XIX, pelo Conde de Saint Aulaire, embaixador de França no Reino Unido, transformou o castelo como se apresenta hoje, em estilo renascentista.
Na mesma margem, um pouco mais adiante, em direção a uma ponte de arcos que atravessa o rio, situa-se em cima de um monte escarpado, repleto de vegetação, o Château Lacoste, com uma vista excecional sobre os Châteaux de Beynac e Castelnaud.
No alto do penhasco virado a sul, encontra-se também o Château de Marqueyssac, um belo castelo com uma vista privilegiada para o Vale do Dordogne. Possui belos jardins em estilo francês, atribuídos a um aluno de André Le Nôtre (o maior paisagista do barroco francês e responsável pelos Jardins de Versailles), com terraços e labirintos em buxo e uma bela horta, em redor do castelo.
Do outro lado da margem, os Châteaux de Beynac e Castelnaud, chamam também a nossa atenção. O Château de Castelnaud é um monumento histórico que data de 1966, com vista para o vale do Dordogne e oferece uma vista magnífica sobre o Château  de Beynac e Marqueyssac, bem como de La Roque Gageac. Aberto ao público desde 1985, este castelo é dedicado à arte da guerra na Idade Média. Encerra uma grande coleção de armas e armaduras, bem como um bom conjunto de móveis e engrenagens de guerra.
 
Também no alto do penhasco rochoso o Château de Beynac com sua aparência austera remonta à Idade Média, dominando a cidade e a margem norte do rio Dordogne. O castelo foi construído no séc. XII pelos barões de Beynac (um dos quatro baronatos de Périgord) para fechar o vale. Era um edifício defensivo, que do cimo da falésia desencorajava qualquer agressão do lado este.
 
Mais a oeste, logo abaixo do forte troglodita observa-se outro edifício de referência, Le Manoir de Tarde, uma bela mansão de uma aristocrática família de nome Tarde, também da Renascença, que nos mostra a sua torre redonda e janelas mullion, dominando o coração da aldeia histórica.
 
Além destes, ainda se podem observar outros, na sua maioria do período renascentista, juntamente com os fortes trogloditas no cimo do penhasco, assim como vestígios dos antigos palácios de verão dos Bispos de Sarlat.
No rio, além dos “gabares”, também cruzam as suas águas, a qualquer hora do dia, um grande número de canoas e caiaques, utilizados quer por turistas, quer por adeptos das duas modalidades.
Fonte:  http://en.wikipedia.org/ http://fr.wikipedia.org/ http://www.lamalartrie.com/site.html http://www.castelnaud.com/fr/

La Roque Gageac - 22º Dia - Parte I




O anoitecer antecipou a partida de Collonges-le-Rouge, uma vez que ainda tínhamos 76 quilómetros para fazer até La Roque Gageac, situada a sudoeste, onde iríamos pernoitar.

Meses antes de partirmos para esta viagem, tínhamos decidido incluir La Roque Gageac, também na região turística do Périgord, como rota obrigatória... Foi aliás, a única rota verdadeiramente predefinida nesta nossa viagem.

Depois de muitos quilómetros feitos na descida de regresso a partir da Bretanha, ansiávamos por alguns dias de real descanso. Para isso, nada como La Roque Gageac, no coração do Périgord Noir, um lugar verdadeiramente paradisíaco, onde iriamos repousar um pouco e sublimar as muitas emoções dos dias de viajem já decorridos.

A chegada já tarde à belíssima aldeia de La Roque Gageac, levou-nos de imediato até ao centro, onde se situa em lugar privilegiado, o parque destinado a autocaravanas.

Bem cansados do périplo pelas várias aldeias visitadas naquele dia, o sono não tardou a chegar e a noite passou tranquila.

No dia seguinte já acordámos tarde e sem qualquer pressa ou asseio, o que fez com que se saboreasse durante algumas horas o sossego esperado para aquele dia, sentados numa esplanada da margem esquerda do rio Dordogne.

La Roque Gageac fica aninhada junto de uma curva apertada do rio Dordogne, encravada entre penhascos ingremes, que a protegem quer a norte, quer a sul, fazendo desta incrível aldeia um verdadeiro cartão postal, sendo por isso mesmo um dos locais turísticos mais visitados de França.

Mas a situação geográfica de La Roque Gageac, faz também com que na aldeia se faça sentir um clima quase tropical. Esta é uma particularidade que se estranha, e que dá origem a uma belíssima vegetação luxuriante a condizer, graças sobretudo à inércia térmica da encosta argila-xistosa, virada a sul, que abriga e aquece o povoado.

A falésia que se ergue virada a norte guarda várias cavernas trogloditas situadas no alto, a cerca de 40 metros acima do La Roque Gageac. É também lá que se encontram fascinantes vestígios de uma fortaleza troglodita do séc. XII. A forte posição de defesa de La Roque Gageac e a fortaleza, cujas defesas continuaram a ser elaboradas até o séc. XVII, fez com que ela ocupasse uma posição estratégica e defensiva importante na região.

Mas a situação peculiar de La Roque Gageac, faz com que a aldeia ocupe apenas a margem esquerda do rio Dordogne. Do lado oposto a colina, repleta de densa floresta, cai a pique sobre o rio.

As suas casas de cor creme, alinham-se paralelas ao rio, viradas a sul e quase encostadas ao penhasco abrupto. Construídas com lajes de pedra amarela dourada e telhados tradicionais de cerâmica castanha, as suas magníficas e bonitas casas são espelhadas nas águas do rio Dordogne, onde passavam outrora os famosos "gabares" (embarcações tradicionais, de fundo chato) carregados de mercadorias, que desciam ou subiam o caudaloso rio.

Embora as casas de La Roque Gageac sejam pequenas e bastante modestas, há também entre elas, um número expressivo de casas grandes, de traça aristocrática.
 
Fonte: http://espacoerrante.blogspot.pt/ http://www.northofthedordogne.com/ http://maps.google.pt/ http://www.lamalartrie.com/site.html