A Catedral de Santiago de Compostela


A Catedral de Santiago de Compostela em estilo românico, foi construída entre os anos de 1075 e 1128, durante a Reconquista Cristã, na época de Cruzadas, está situada no centro histórico da cidade. É um centro milenar de peregrinação cristã da Europa, ponto de encontro de várias rotas denominadas de Caminho de Santiago, dedicado a Santiago Maior, actual patrono e protector do Reino da Espanha.

A catedral situa-se na zona mais ocidental da cidade antiga, rodeada por quatro praças, a Praça do Obradoiro, a Praça da Acibecharia, a Praça das Pratarias e a Praça da Quintana.
Consta de uma planta basilical de cruz latina de três naves, também no transepto e tribuna, que está conectado directamente com o Paço do Arcebispo, o conhecido na actualidade como Paço de Gelmírez. Na cabeceira situa-se a capela-mor, rodeada por uma charola pela qual se acede a cinco capelas radiais menores. Esta estrutura segue os exemplos franceses dos templos de peregrinação, novas formas construtivas chegadas através do Caminho de Santiago.

A visita à catedral vale a viagem. Para se ter uma visão geral do interior, o melhor ponto de observação é a partir da parte posterior do altar-mor, onde se encontra uma imagem de Santiago. A tradição é abraçar o santo por trás, momento em que se vê a igreja do alto. Mesmo retirando o sentido religioso do ritual, a perspectiva do conjunto compensa a eventual espera na fila.

A Catedral de Santiago é importante pelo que mostra e pelo que esconde. O templo esconde uma outra realidade da história, a da sua origem. A construção românica foi erguida no mesmo local onde havia uma capela do século IX, destruída pelos exércitos mouros que tomaram a cidade. Essa igreja, cujo tamanho era equivalente ao do actual altar-mor, nasceu de uma lenda - a lenda do apóstolo Tiago.
Um dos momentos mais esperados pelos peregrinos, é a missa das 12h00, dedicada especialmente aos que chegam, depois de percorrerem o Caminho da Santiago. Na celebração, realiza-se o ritual do incensório, com a queima incessante de incenso, que é feita num turíbulo pendente que percorre a nave da catedral perfumando o ambiente.

O incensório, é o maior do mundo. Preso na cúpula, pesa mais de 50 quilos e precisa da força de oito homens para ser balançado sobre o altar principal, de uma ponta à outra das duas naves laterais. Hoje em dia, o turíbulo é usado só em ocasiões especiais, como em 25 de Julho, dia de Santiago, mas na Idade Média o incensório tinha utilização frequente.

Reza a lenda que este ritual foi criado na Idade Média, quando os peregrinos chegavam à catedral com poucas condições de higiene. O cheiro era insuportável, e sem uma grande quantidade de incenso, o ar na catedral tornava-se irrespirável devido à presença de centenas de peregrinos que lá chegavam depois de caminhadas de até dois anos sem se lavarem. Para os presentes na missa o ar devia ter quase o "odor do inferno". Então, a solução foi criar a tradição da queima do incenso peregrino, que amenizava o cheiro ambiente, algo como uma aroma terapia medieval...

Deixando-se a igreja pela frente, volta-se à Praça do Obradoiro, de onde se admira a catedral de perto. A insuficiência do espaço e as dimensões da catedral, porém, podem dificultar a apreensão do conjunto todo num só olhar, dando-nos uma sensação parecida com a de alguém que se senta na primeira fileira de um cinema com uma tela muito grande à sua frente. Por isso, o conjunto arquitectónico também deve ser observado de longe, para se ter uma noção mais completa.
A melhor vista é a do Parque Carvalheira de Santa Suzana, contíguo ao centro histórico. Afastando-nos da catedral, na direcção do Hotel Palacio del Carmen, que funciona num antigo convento. Daqui se tem uma excelente visão do conjunto arquitectónico da catedral, após uma caminhada de dez minutos.

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