Calatayud é uma cidade fundada muito cedo pelos muçulmanos, certamente no século V ou VI, criada com o objectivo de controlar o cruzamento dos vales dos rios Jalon e Jiloca e, ao mesmo tempo, de explorar a sua planície irrigada e fértil.
Os romanos iniciaram o povoamento da região, fundando a cidade de Augusta Bilbilis, que se encontra a aproximadamente quatro quilómetros ao norte da actual Calatayud. A cidade moderna foi fundada pelos mouros em torno do castelo de onde provém o seu nome árabe Qal'at 'Ayyūb, "forte de Ayyub".
Alargada no século IX e XI, já totalizava dentro das suas vastas muralhas uma população de cerca de 5000 habitantes, sendo a capital de um Distrito do Reino Árabe de Saragoça. A cidade foi conquistada por Afonso I de Aragão em 1120 e foi a capital de sua própria província durante três anos, no século XIX.
Uma parte da população muçulmana continuou a dedicar-se às actividades agrícolas e à construção, o que iria favorecer o desenvolvimento de Calatayud, na sua região com a "arte mudéjar", sobretudo no século XIV e XV.
O conjunto constituído pelas suas muralhas islâmicas julga-se ter sido construído, em grande parte, de 862 a 863, sendo o mais antigo do seu género, conservado em Espanha. É parcialmente cavado na rocha de gipso, (rocha sedimentar formada de sulfato hidratado de cálcio cristalizado, também chamada gesso de Paris), e a sua construção tem uma base de alvenaria de pedras de gipso e de taipa. Na sua parte Sul desapareceu, mas o que se conserva até hoje, mostra que se trata de um dos mais complexos conjuntos de muralhas medievais.
A nossa visita à cidade começou com um reconhecimento pela parte velha da cidade, que se encontra um pouco degradada e abandonada, notando-se no contraforte sedimentar sobranceiro à cidade a presença de algumas casas trogloditas.
Estas casas são construídas dentro de pequenos montes sedimentares e em muitas delas só se vê as portas e algumas janelas. Logo abaixo encontrámos o presépio da cidade em tamanho real, que me fez lembrar os belos presépios vivos que no Lobito, a terra da minha infância, se faziam e de que eu tanto gostava.
A igreja de San Juan el Real, encontrava-se fachada para pena nossa, pelo que não podemos observar as telas com pinturas de Francisco de Goya do início da sua carreira. Era sábado à tarde e a cidade estava calma e silenciosa...
O silêncio só era quebrado pelo espírito do vento ou pelo ruído do motor de algum carro que pelas suas ruelas se lembrava de passar. A visita pelas ruelas da cidade adormecida à hora da "siesta", resultou na verificação que a cidade estava vazia de gentes, mas não das coisas da alma, uma vez que em muitas das janelas e varandas das casas, observava-se a imagem impressa em tecido vermelho do Menino Jesus!...
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