Adeus meu Pai


Um telefonema… Um minuto apenas e tudo mudou para sempre. O meu coração parou, o meu corpo esfriou e mesmo com vida fiquei como tu. No dia anterior não quiseste jantar, mas aceitas-te um chá. Acarinhei-te, abracei-te e disse que te amava…


Certa vez conheci um homem.

Um homem diferente

Dos de sua época.

Evoluído.

Um homem com sua história

De felicidade e sofrimento

Um homem de sentimento!

Um homem consciente

Que se dava...

Que se envolvia...

Tudo que era seu,

Naturalmente dividia...

Um homem que nasceu

E morreu pobre... Um homem nobre!

Um homem sem preconceitos

Amigo de brancos e pretos

Respeitado e amado

Em qualquer classe social...

Um homem liberal!

Um dia percebi

Que no íntimo do seu ser

Guardava a nostalgia da perfeição...

Um homem de coração!

Um homem que nunca se deixou corroer

Pelo orgulho do poder

Um homem amigo... Leal...

Um homem total!

Um homem que não capitalizou

Em seu próprio benefício.

Até se negou a isso.

Em detrimento de outros homens

Para ele não havia

Mundo em construção

E sim ganância em evolução.

Um homem onde a justiça,

A bondade,

O amor

Transbordavam do seu interior

Com um brilho tão intenso,

Que se reflectiam num espaço imenso.

Um homem que se foi

Mas deixou uma herança

Do tamanho da esperança,

O seu exemplo.

Este homem

A quem eu tanto devo

Está presente em todos

Os meus momentos.

Este homem que partiu sem adeus

Era o meu Pai


Adaptado de um poema de Carmen Vervloet

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