Mostrando postagens com marcador Biografias. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Biografias. Mostrar todas as postagens

Casanova (1725 - 1798)

Giacomo Girolamo Casanova (Venezia, 2 de Abril de 1725 – Dux, Boémia, 4 de Junho de 1798) foi um escritor e aventureiro italiano, filho de uma atriz de 17 anos de idade, Farussi Zanetta que na época estava a começar uma carreira brilhante como atriz de teatro e do ator Gaetano Giuseppe Giacomo, seu marido.


No entanto parece que Casanova era na realidade filho ilegítimo do nobre veneziano Michele Grimani (o ramo da família Grimani de S. Maria Formosa, uma das famílias mais ricas e poderosas de Venezia, que se casou em 1736, com Pisana Lolin Giustiniani, e em 1748 terá sido eleito senador), proprietário do Teatro de San Samuele, situado no bairro de San Marco de Venezia, onde a sua mãe passou a atuar.
Casanova teve uma vida apaixonante, tendo sido inicialmente orientado na sua educação para a vida eclesiástica. No entanto cedo interrompeu as duas carreiras profissionais para que estava destinado e que chegou a iniciar, a militar e a eclesiástica, para levar a partir daí uma vida bastante acidentada.


Uma aura mágica envolve toda a sua vida e foi no seu tempo adjetivado de debochado, libertino, coleccionador de mulheres, escroque e conquistador empedernido, pois segundo reza a história percorria os bordéis de Londres todas as noites para ter relações com mais de 60 meretrizes, além de conseguir fugir das masmorras do Palazzo Ducal di Venezia, numa fuga rocambolesca pelos telhados do palácio, depois de estar prisioneiro na “Prigioni Nove” durante 16 meses. Em Venezia foi preso na madrugada de 26 de Julho de 1755, sob a acusação de levar uma vida dissoluta, de possuir livros proibidos e de fazer propaganda anti-religiosa. Esperavam-no cinco anos de cativeiro.


Na sua primeira cela minúscula, Casanova nem se conseguia erguer. Cedo adoece, mas mesmo assim planeia uma fuga e cava um túnel, descobrindo desesperado que os seus planos estão condenados ao fracasso, quando o mudam de cela em 25 de Agosto. No entanto rapidamente se recompõe e com um companheiro da prisão, o abade Balbi, planeia meticulosamente uma nova fuga. Na madrugada do dia 1 de Novembro de 1756, escapa com o seu colega por um buraco que conseguiu escavar no teto da cela e trepa para os telhados do Palazzo Ducale de onde não consegue descer. Esgotado pela procura de uma escada ou de cordas que lhe permitiriam sair dos telhados que percorre durante toda a noite, Casanova adormece por um par de horas nas águas-furtadas, uma espécie de forro interior dos telhados do Palazzo Ducale, mas os sinos da Basílica di San Marco acordam-no providencialmente e forçam-no a procurar novamente uma outra saída.


Acaba por penetrar novamente na Sala Quadrada do Palácio Ducal, servida pela Escada dos Gigantes, decorada pelo famoso arquiteto Sansovino no século XVI. Um guarda vê os dois fugitivos e, pensando serem magistrados da cidade de Venezia que ali tinham ficado até altas horas da madrugada a trabalhar nos processos judiciais, abre-lhes a porta e deixa-os sair pela Porta da Carta, a entrada principal, habitualmente usada para a entrada no Palácio dos Doges.Cá fora, Casanova atravessa a Piazzeta numa corrida desesperada por baixo das arcadas ao longo do pórtico do Palazzo Ducale e no cais junto do Grande Canal, atira-se para dentro de uma gôndola, escondendo-se da curiosidade dos transeuntes sob uma antiga protecção que muitas destas embarcações possuíam outrora, uma cabina chamada "felze" que foi proibida mais tarde, devido aos encontros amorosos que aquele “esconderijo” facilitava.


O aventureiro atravessa a fronteira e parte para Munique e só regressa a Venezia vinte anos mais tarde, no ano de 1785, vindo de Trieste, tendo como castigo para ser perdoado, a incumbência de escrever regularmente relatórios secretos para a Inquisição de Venezia, sobre as várias pessoas que ele frequenta nas suas longas noites de jogo e de dissolução. Cruel ironia do destino que ele aceita, existindo cerca de 50 relatórios seus, onde ele acusa nobres e banqueiros de adultério e deboche, além da posse de livros cabalísticos e proibidos e de conjura contra o Estado ou de vigarices e crimes, que não lhe repugnava cometer!...Em 1772, é recebido novamente no palácio dos Grimani, uma família patrícia de Venezia com a qual pensa estar aparentado, mas por causa das dívidas de jogo envolve-se num confronto com um desses aristocratas de onde sai humilhado, com toda a gente a troçar da sua situação.Vinga-se ao escrever uma brochura intitulada "Nem Amor, Nem Mulheres ou o Limpador dos Estábulos", que todos reconhecem como um retrato do nobre Grimani.

Os Inquisidores ameaçam-no e ele é novamente forçado a abandonar Venezia aonde nunca mais regressou. A sociedade aristocrática e absolutista do antigo regime da cidade de Venezia não permitia naquela época, as ousadias de vingança de um plebeu contra um nobre. Viaja novamente até Paris e, mergulhando nos salões eruditos e nas bibliotecas, transforma-se num Enciclopedista à maneira de Voltaire, Diderot, D' Alembert e do Barão d' Holbach.Irrequieto e agitado por uma inquietação que nunca o abandonou em 73 anos de vida, este sedutor em movimento perpétuo passa grande parte da sua vida em viagens por Avignon, Marselha, Florença, Roma, Praga, San Petersburgo, Istambul e Viena.

Viajou por toda a Europa e conheceu todas as personalidades relevantes da sua época. Casanova transformou-se num personagem, característico do Iluminismo do séc. XVIII, seguidor da filosofia epicurista (Epicuro de Samos, filosofo ateniense do séc. IV a.C.) e racionalista, sendo no entanto praticamente recordado somente pelas suas inumeráveis histórias galantes. Casanova embora sem grande figura física, era tão dotado na arte da conquista feminina, que o seu sobrenome é até hoje sinónimo de "conquistador".No entanto deve referir-se que se Casanova não tivesse sido reconhecido na sua época como um erudito de relevo, talvez jamais se ouvisse falar do seu nome nos nossos dias, até porque as suas memórias não teriam sido escritas. Por outro lado não duvidemos que o relevo dado à sua aura de grande conquistador, deve-se muito provavelmente a uma forma simples de ocultar pelos seus contemporâneos, a sua relevante cultura e inteligência, pois na época isso era só apanágio de nobres, eclesiásticos ou filhos da alta burguesia.


A destreza no manejo dos intrincados trajes femininos não era a única habilidade de Casanova. O desempenho com as armas foi outra de suas virtudes. Excelente atirador e esgrimista notável, seus duelos teriam ficado famosos em França e em toda a Europa. O mais conhecido deles aconteceu em 1766. O galante aventureiro já havia passado dos 40 anos e o seu adversário era nem mais nem menos que o conde Branicki, um militar e amigo do rei Estanislau Poniativski, da Polónia.Em 1785, já velho e cansado da vida errante que tinha levado até então, Casanova aceitou o convite do conde de Waldstein-Wartenberg, seu último protetor, para cuidar da biblioteca de seu castelo em Dux. Dedicou os últimos anos da sua vida à escrita de um romance, Isocameron, e especialmente, à redação das suas memórias, Historie de ma vie, a sua autobiografia que relata uma vida emocionante e que é uma das melhores crónicas dos costumes europeus do séc. XVIII.


Estes volumosos livros escritos em francês, que constituem um fascinante testemunho da sua época, tiveram a sua primeira publicação, em 1822-25, depois das quais se fizeram múltiplas edições retocadas. O original integral não foi publicado até 1960. Nos 28 volumes que compõem as suas memórias, Giacomo Casanova diz ter dormido com 122 mulheres ao longo da vida. Além de muitas amantes, que lhe deram um lendário currículo amoroso, teve diversas profissões: foi espião, violinista, ensaísta, tradutor (traduziu a Ilíada, de Homero, para o italiano), filosofo, escritor, adaptou algumas peças teatrais e foi um dos criadores da loteria francesa.


Morreu aos 73 anos, em 4 de Junho de 1798, depois de muita esbornia. Amargurado com as suas limitações sexuais causadas por uma infecção urinária, escolheu bem as últimas palavras: "Vivi como um filósofo, morri como um cristão".


Fonte: http://omundodeligialopes.blogspot.com / Wikipédia.org / http://75.125.242.10/view/7ommj

Santo António de Padova (1191 - 1231)

A maravilhosa Basílica di Santo Antonio, conhecida em Padova simplesmente por Basílica del Santo, leva à cidade anualmente, milhares de peregrinos de todo o mundo. A importância de Santo António é tão grande na Itália que foi o escolhido pelos italianos para padroeiro de toda a Itália. Assim sendo não poderia escrever sobre Padova, sem me debruçar sobre a sua vida, de tamanha importância para os italianos.


Santo António de Lisboa, internacionalmente conhecido como Santo António de Pádua (Lisboa, 15 de Agosto de 1191 - Padova, 13 de Junho de 1231), foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII. Filho de Martinho de Bulhões e Teresa Taveira, de famílias ilustres, recebeu o nome de batismo de Fernando de Bulhões. Aos 15 anos, entrou no convento da Ordem dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho. Primeiramente foi frade agostiniano, tendo ingressado como noviço em 1210, no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa. Aí ficou dois anos, pedindo depois para ser transferido para o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, porque eram tantas as visitas de parentes e amigos, que perturbavam sua paz. Em Coimbra fez os seus estudos de Direito, Filosofia e Teologia, sendo também ali ordenado padre.


Nesse mosteiro de Coimbra, hospedaram-se os frades franciscanos do Convento de Santo António dos Olivais, quando viajavam para converter os muçulmanos em Marrocos, na África. Pouco tempo depois, os restos mortais desses frades, martirizados em Marrocos, voltaram a Portugal, para o sepultamento em Coimbra, onde morava na época o rei de Portugal. Nessa ocasião, Santo António sensibilizado, sentiu grande desejo de evangelizar Marrocos por admiração a esses mártires. Por isso, no Verão de 1220, entrou para a Ordem dos Franciscanos, mudou seu nome para António, que era o titular do Convento Franciscano dos Olivais, e foi mandado para Marrocos.


No início de Novembro de 1220, António desembarcou em Marrocos, mas uma terrível enfermidade reteve-o no leito durante todo o Inverno, pelo que resolveram enviá-lo para Portugal. O navio de volta a Portugal foi levado pelos ventos para a Itália. Desembarcou na Sicília e dirigiu-se para Assisi, onde se encontrou pela primeira vez com San Francesco, participando na realização de um Capítulo Geral da Ordem, que se iniciou a 20 de Maio de 1221, em Assisi.


Não demorou para se revelar como um excelente orador e pregador e em Setembro de 1221, fazendo o sermão em Forli, na ordenação sacerdotal de franciscanos e dominicanos, surpreendeu o Provincial, ficando todos maravilhados. Por isso, o Provincial encarregou-o da acção apostólica contra os hereges na região da Romanha, no norte da Itália, onde se tornou um extraordinário pregador popular.
Segundo a lenda foi ali que terá ocorrido o primeiro milagre de Santo António, na cidade litoral de Rimini. Em Rimini, os hereges impediam o povo de ir aos seus sermões. Como ninguém quisesse ouvi-lo, Santo António aborrecido, foi até à praia na costa do Adriático e chamou os peixes para ouvi-lo. Imediatamente, inúmeros peixes apareceram na praia, ergueram a cabeça fora da água ficando a ouvi-lo atentamente, naquele que ficou conhecido como o “Sermão de Santo António aos Peixes”. O povo ocorreu para ver aquele estranho fenómeno e rapidamente o boato sobre este surpreendente acontecimento correu por toda a Itália e a partir daí, Santo António passou a ser ouvido não só em Rimini, mas a ser venerado em toda Itália.


Após alguns anos de frade itinerante, foi nomeado, por carta, por San Francesco, o primeiro ‘Leitor de Teologia’ da Ordem Franciscana. Mas, este magistério de teologia para os franciscanos de Bologna demorou pouco porque o Papa mobilizou todos os pregadores dominicanos e franciscanos para combater a heresia albigense na França.
Por isso, passou três anos, leccionando, pregando e fazendo milagres no sul da França, em Montpellier, Toulouse, Lê Puy, Bourges, Arles e Limoges. Como ocupava o cargo de custódio do Convento de Limoges, foi para Assisi participar do Capítulo Geral da Ordem, convocado por Frei Elias, a 30 de Maio de 1227. Nesse Capítulo foi eleito Provincial da Romanha, cargo que ocupou com êxito até 1230.


Foi transferido depois para Bologna onde foi professor de Teologia e em 1229, foi morar com os seus irmãos franciscanos, perto de Padova, no Convento de Arcella, em Camposampiero. Nesse lugar retirado, a pedido do Cardeal de Óstia, dedicou-se a escrever os sermões das festas dos grandes santos e de todos os domingos do ano. Mas sempre saia para pregações, como por exemplo durante a Quaresma até morrer, aos 36 (ou 40) anos, por uma hidropisia maligna, numa sexta-feira, a 13 de Junho de 1231.Foi tanta a repercussão de sua morte e tantos os milagres a ele atribuídos em vida e desde os primeiros tempos após a sua morte, que onze meses depois de ter morrido foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Em 1263, quando seu corpo foi exumado, a sua língua estava intacta e continua intacta até hoje, numa redoma de vidro, na Basílica de Santo António, onde se encontram os seus restos mortais.


Mais tarde, em 1934, foi declarado Padroeiro de Portugal. Em 1946, o Papa Pio XII proclamou Santo António ‘Doutor da Igreja’, com o título de ‘Doutor Evangélico’. Santo António não perdeu sua atualidade e é invocado pelo povo cristão até hoje, para curar doenças, para ser encontrada qualquer coisa perdida e ainda para ajudar a encontrar noivo ou noiva para quem quer casar em breve. Como protetor dos noivos é tradição em Lisboa realizar-se um casamento coletivo, no dia 13 de Junho, na sua Igreja, junto à Sé de Lisboa.


Santo António embora tenha sido um homem simples, discípulo de San Francesco de Assisi, que rejeitou todos os bens materiais, vivendo na pobreza, os cidadãos de Padova construíram em sua honra, um dos templos mais sumptuosos da Cristandade. Mais uma vez o velho ditado "Santos da casa não fazem milagres" parece aqui ser confirmado...


Fonte: http://parlandoditalia.blogspot.com / Wikipédia.org / http://www.angelfire.com

São Francisco de Assis (1182 - 1226)

"Uma luz que brilhou sobre o mundo"

Dante Alighieri

Assisi era uma pequena cidade integrada no território do Ducado de Spoleto, quando nasce Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como San Francesco de Assisi (Assisi, 5 de Julho de 1182 – 3 de Outubro de 1226).
Filho de Pedro de Bernardone, um abastado comerciante de tecidos que ia buscar a França e de Pica Bourlemont, de Florença (naquela altura pertença de França). Pedro de Bernardone além de rico comerciante era também dono de diversas propriedades rurais. Sua esposa dedicava-se aos seus afazeres domésticos ajudada pelas empregadas. Vibrava por nobres ideais, pela fé cristã, a beleza, a poesia, a natureza... Pedro Bernardone era um fanático pelo poder. Não trabalhava para viver, vivia para trabalhar.

Quando nasceu, seu pai, estava em França a negócios, quando o filho nasceu e quando voltou rebaptizou-o com o nome de Francesco, isto é, "francês". Francesco cresceu desfrutando de muito luxo. O futuro fundador da Ordem dos Frades Menores passou a infância na cidade natal e sua primeira juventude foi alegre e despreocupada. Cordial, expansivo e de uma vitalidade exuberante, destacava-se entre seus jovens companheiros e estudante ajudava o pai na loja que possuía.Sonhou com as glórias militares, procurando desta maneira alcançar o “status” que a sua condição exigia, e aos vinte anos, alistou-se como cavaleiro no exército de Gualtieri de Brienne, que combatia pelo papa, até que partiu para lutar na guerra entre Assisi e Perúgia.

Decide ser guerreiro e tornar-se cavaleiro, no entanto cai enfermo a caminho de Spoleto, pelo que necessitou de longo repouso. É nesse momento que inicia a transformação de sua vida. Retorna a Assisi, afasta-se do luxo e de seus antigos companheiros e busca lugares para meditar e orar.

Francesco de Assisi abandonou tudo, riquezas, ambições, orgulho, e até a roupa que usava, para desposar a “Senhora Pobreza” e repropor ao mundo, em perfeita alegria, o ideal evangélico de humildade, pobreza e castidade, andando errante e maltrapilho, numa verdadeira afronta e protesto contra a sociedade burguesa da época.Já inteiramente mudado, passou um dia pela Igreja de São Damião, abandonada e quase em ruínas. Conta a lenda, que Francesco, levado pelo Espírito, entrou para rezar e ajoelhou-se devotamente diante do crucifixo. Ali terá sido tocado por uma sensação insólita, sentindo-se transformado. Pouco depois, a imagem do Crucificado mexeu os lábios e falou com ele. Chamando-o pelo nome, disse: “Francesco, vai e repara a minha casa que, como vês, está em ruinas”.

Após a renúncia definitiva aos bens paternos, aos 25 anos, Francesco deu início à sua vida religiosa. Com alguns amigos deu início ao que seria a Ordem dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, cuja ordem foi aprovada pelo Papa Inocêncio III, renovando o catolicismo de seu tempo.

Santa Chiara (Santa Clara), sua dilecta amiga, fundou também a Ordem das Damas Pobres ou Clarissas. Em 1221, sob a inspiração de seu estilo de vida, nasceu a Ordem Terceira para os leigos consagrados. Este capítulo da vida do Santo é caracterizado por intensa pregação e incessantes viagens missionárias, para levar aos homens frequentemente armados uns contra os outros, a mensagem evangélica de Paz e Bem.Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo estavam mais ligados aos mosteiros rurais e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Jesus Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo.

Sua atitude foi também original quando afirmou a Bondade e a Maravilha da Criação, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres e quando amou todas as criaturas chamando-as de seus irmãos. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das primeiras forças que levaram à formação da filosofia da Renascença.

Em 1220, voltou a Assisi após ter-se aventurado numa viagem à Terra Santa, à Síria e ao Egipto, redigindo a Segunda Regra, aprovada pelo Papa Honório III. Já debilitado fisicamente pelas duras penitências, entrou na última etapa de sua vida, acabando por morrer em 1226, na sua terra natal. Foi canonizado pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer (em 1228), e por seu apreço à natureza, é mundialmente conhecido como o santo patrono da ecologia, pois dedicou a sua vida à ideia de uma irmandade que integrasse todos os homens, a natureza e os animais. De qualquer forma, a sua posição como um dos grandes santos da Cristandade, firmou-se quando ainda era vivo e permanece até hoje inabalada.

Fonte: Wikipédia.org / http://www.angelfire.com/

Dante Alighieri (1265 - 1321)

Dante Alighieri (Florença, 1 Junho de 1265 — Ravenna, 13 ou 14 de Setembro de 1321), foi um escritor, poeta e político florentino. É considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana, definido como “il sommo poeta” ("o sumo poeta").
Seu nome, segundo o testemunho do filho Jacopo Alighieri, era um diminutivo do seu verdadeiro nome, "Durante", que nos documentos, era seguido de "Alaghieri" o nome da família, que segundo alguns biógrafos era de nobre ascendência.

Foi muito mais do que apenas um literato, numa época onde apenas os escritos em latim eram valorizados, redigiu um poema épico e teológico, La Divina Commedia (A Divina Comédia), que se tornou a base da língua italiana moderna e culmina a afirmação do modo medieval de entender o mundo.

Nasceu em Florença, onde viveu a primeira parte da sua vida até ser injustamente exilado. O exílio foi ainda maior do que uma simples separação física de sua terra natal, era extensível aos seus filhos, foi afastado dos seus parentes e sobre ele recaia uma pena de morte, se voltasse a Florença. Apesar dessa condição, o seu amor incondicional pelo saber e a sua capacidade visionária, transformaram-no no mais importante pensador de sua época.

Sua mãe morreu quando era ainda criança e seu pai, quando tinha apenas dezoito anos. Pouco se sabe sobre a vida de Dante e a maior parte das informações sobre sua educação, sua família e suas opiniões são geralmente meras suposições.

As especulações sobre a sua vida deram origem a vários mitos que foram propagados por seus primeiros biógrafos, dificultando o trabalho de separar os factos reais da ficção.

No entanto é nas suas obras que podemos encontrar muita informação, como na “La Vita Nuova” (Vida Nova) e na “La Divina Commedia” (A Divina Comédia). Na sua obra, Vida Nova, Dante fala de seu amor platónico por Beatriz (provavelmente Beatrice Portinari), que encontrara pela primeira vez quando ambos tinham 9 anos e que só voltaria a ver 9 anos mais tarde, em 1283. Há quem diga, no entanto, que Dante a viu uma única vez, nunca tendo falado com ela. No entanto não há elementos biográficos que comprovem o que quer que seja.

Nos tempos de Dante, o casamento era motivado principalmente por alianças políticas entre famílias. Desde os 12 anos, Dante já sabia que deveria casar-se com uma menina da família Donati. A própria Beatriz casou-se em 1287, com o banqueiro Simone dei Bardi e isto, aparentemente, não mudou a forma como Dante encarava o seu amor por ela. Provavelmente em 1285, Dante casou-se com Gemma Donati, com quem teve pelo menos três filhos. Uma filha de Dante tornou-se freira e escolheu o nome de Beatrice.

Dante foi fortemente influenciado pelos trabalhos de retórica e filosofia de Brunetto Latini, um famoso poeta que escrevia em italiano e não em latim, como era comum entre os nobres, tendo também beneficiado da amizade com o poeta Guido Cavalcanti, ambos mencionados na sua obra.

Pouco se sabe sobre sua educação. Segundo alguns biógrafos, é possível que tenha estudado na Universidade de Bologna, onde provavelmente esteve em 1285. Na obra “La Vita Nuova”, seu primeiro trabalho literário de importância, iniciado pouco depois da morte de Beatriz, Dante narra a história do seu amor por Beatriz, na forma de sonetos e canções complementadas por comentários em prosa.

Durante o seu exílio Dante escreveu duas obras importantes em latim, “De Vulgari Eloquentia”, onde defende a língua italiana, e “Convivio”, obra incompleta, onde pretendia resumir todo o conhecimento da época em 15 livros, mas apenas os quatro primeiros foram concluídos. Escreveu também um tratado, “De Monarchia”, onde defendia a total separação entre a Igreja e o Estado.

A Divina Comédia (poema épico e teológico com 100 cantos, divididos em 3 livros, "Inferno", "Purgatório" e "Paraíso"), consumiu os últimos 14 anos da sua vida e estes escritos durariam até à sua morte, em 1321, que ocorreu pouco tempo após a conclusão da última parte, “Paraíso”. O poema chama-se "Comédia" não por ser engraçado mas porque termina bem, no Paraíso.
Cinco anos antes de sua morte, foi convidado pelo governo de Florença a retornar à cidade. Mas os termos impostos eram humilhantes, semelhantes àqueles que eram reservados a criminosos perdoados e Dante rejeitou o convite, respondendo que só retornaria se recebesse a honra e dignidade que merecia. Continuou em Ravenna, onde morreu e foi sepultado com honras.

Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities / Wikipédia

Abade de Baçal (1865-1947)

Sacerdote secular, arqueólogo e historiador português, de seu nome Francisco Manuel Alves (Baçal, 9.4.1865 - Bragança, 13.11.1947), filho de Francisco Alves Barnabé e Francisca Vicente. Ficou vulgarmente conhecido por Abade de Baçal, embora por vezes assine também Reitor de Baçal.

Nascido na aldeia de Baçal, no concelho de Bragança, cursou preparatórios no Liceu e teologia no Seminário de Bragança, sendo ordenado sacerdote em 13 de Junho de 1889 e desde então, até a sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.

Nunca paroquiou outra freguesia, vivendo uma vida entregue aos cuidados dos paroquianos, à sua lavoura e à investigação arqueológica e histórica, para a qual teve um singularíssimo instinto, sem necessidade de estudos científicos prévios.

Dedicou por isso a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes e, especialmente ao distrito de Bragança. Autodidacta erudito, independente, modesto e sóbrio, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de sistematização e poder interpretativo.

Embora absorvido na arqueologia, não descurou os interesses da Igreja, participando nas polémicas que perturbaram a diocese no princípio do século XX, em defesa do seu bispo.

A sua obra principal são as “Memórias Arqueológicas-Históricas do distrito de Bragança” (1909-1947), em onze volumes, fonte incontornável para o estudo da vida, história e valores do nordeste transmontano.

Em 1925 foi nomeado director-conservador do Museu Regional de Bragança, que desde 1935 é designado por Museu do Abade de Baçal, em sua homenagem.

A cidade de Bragança comemorou condignamente o seu centenário em 1965.

Fonte: montalvoeascinciasdonossotempo.blogspot.com

Pedro Romero, "El Infalible"

Pedro Romero Martínez (Ronda, 19 Nov. de 1754 - 10 de Fev. de 1839), foi um inesquecível toureiro espanhol, que foi pintado por Goya.

Descendia de uma dinastia taurina bem conhecida. Seu pai Juan Romero e seu irmão, Joseph Romero eram também toureiros. Também se atribuída a seu avô, Francisco Romero, o mérito de ser o primeiro que usou a muleta e a espada para matar um touro.

Começou como toureiro em 1771, em Jerez de la Frontera e é considerado o primeiro matador de seu tempo, relativamente aos seus rivais e contemporâneos, Joaquín Rodríguez "reforços" e Pepe-Hillo, que também foram considerados bons toureiros.

Romero tinha a intenção de lutar contra a morte lenta do touro, tinha por isso um talento especial e era chamado por seus contemporâneos, "El Infalible" (o infalível), por matar o touro à primeira estocada.

Em 1775 é apresentado pela primeira vez em Madrid e em 1778, nasceu uma rivalidade histórica que teve lugar na Real Maestranza de Sevilha com Pepe-Hillo, um outro toureiro da sua época. De 1778 a 1799 o matador continua a ser bem sucedido nas celebrações das feiras anuais.

Em 19 de Maio de 1785, inaugurou a "Plaza de Toros de Ronda". Embora ele se tenha aposentado em 1799, permaneceu activo na Escola de Toureio de Sevilha e matou o seu último touro em 1831, na sua última prestação para a rainha Isabel II de Espanha.

É provável que tenha matado mais de 5000 touros. Na sua longa carreira nunca recebeu um tostão. Seus últimos anos foram dedicados à escola toureira, e aí foi director e professor. Foi seu aluno Francisco Montês, "Paquiro".

Para muitos especialistas da tourada, Pedro Romero, foi um visionário à frente de seu tempo que fez história há mais de um século antes de Belmonte e Manolete.

Converteu o toureio numa técnica precisa e exacta, sóbria e eficaz, que preparava os touros para a morte, um estilo que ficou conhecido como escola de Ronda. São dele as seguintes palavras, ditas na escola de Sevilha: "... quem quiser ser um verdadeiro lidador, tem que usar pouco movimento da cintura para baixo... O toureio não é feito com as pernas, mas com as mãos."

Os cronistas da sua época confirmam que nas suas faenas, ele somente movia os braços e tanto era o seu poderio, que dizem que matou um touro aos oitenta anos.

Fonte: Wikipédia

Nota: A tourada como é sabido, é um espectáculo tradicional na Peninsula Ibérica, que remonta à época em que esta era ocupada pelos celtiberos, que já praticavam o sacrifício ritual dos touros.

Desta época chegaram até nós muitos testemunhos da realização destes sacrifícios, em especial nas representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas aqui, na Península Ibérica, sempre relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida, que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.

Hoje, depois de mais de dois mil anos passados, creio que os sacrifícios relacionados com a tourada, já não têm qualquer significado, pelo que já não se deveria realizar, por se tratar de práticas onde a crueldade sem justificação, não se insere dentro das exigências humanistas, éticas e culturais do mundo de hoje.

No entanto a vida deste toureiro do séc. XVIII, despertou em mim algum interesse, e esse desejo foi aguçado, por ter lido acerca do seu esforço para dar um fim rápido aos touros de lide, evitando assim um maior suplicio aos mesmos, o que já denotava uma preocupação com o bem-estar dos animais, o que era pouco vulgar para a época.

Madame de Sévigné (1626-1696)

Nascida em Paris a 5 de Fevereiro de 1626, Mary Rabutin Chantal, Marquesa de Sévigné, casa com o Marquês de Sévigné, em 1644, com apenas 18 anos e teve dois filhos. O casamento não foi muito feliz, e depois de algum tempo passa a viver sozinha. Em 1652 o marido morre num duelo e fica viúva com 25 anos. Vive entre a Bretanha, onde possuía uma propriedade e Paris, onde frequentou a corte e os salões.

Precocemente viúva, foi uma mulher que aproveitou bem a vida. Recebia muito, ia à igreja, aos concertos, ao teatro, lia muito, escrevia muito e trocava muita correspondência. Seus contemporâneos foram susceptíveis à sedução do seu charme e o estilo encantador de suas cartas ainda hoje impressiona.
Uma homenagem de Madame de Lafayette, sua amiga, é representante da admiração que se tinha na época, por ela: "Sua inteligência e saber, embelezam tanto a sua pessoa, que não há ninguém na terra tão bonita ".

No entanto, ela recusou-se a casar novamente, tendo mesmo rejeitado os avanços de Fouquet, superintendente do rei. Sabemos que ela adorava a filha e foi para ela que Madame de Sévigné escreveu cartas diárias, que são hoje um documento único sobre a vida na época.

E foi assim, que Marie de Rabutin Chantal, Marquesa de Sevigné, passou à história das letras francesas, graças a essa correspondência, que da sua residência parisiense no hotel Carnavalet, manteve com sua filha, Françoise-Marguerite, Condessa de Grignan, que residia na Provença. Essas cartas foram publicadas após a sua morte, o que a fez famosa.
Através de sua correspondência, podemos encontrar descrições de personalidades da época, bem como de hábitos, costumes e acontecimentos da sua época. É uma fonte inesgotável de dados e factos históricos e sociológicos, sendo por isso considerada uma cronista de seu tempo.
Acerca da sua escrita Luiz Roberto Monzani (professor na Universidade de Estadual de CampinasBrasil), diz: “A correspondência de Madame de Sévigné, é digna de atenção sobre diversos pontos de vista. Em primeiro lugar, do ponto de vista literário, já que se trata de uma das melhores estilistas da Língua Francesa. Sua prosa alia, de maneira às vezes ímpar, a naturalidade e a elegância, e compreende-se perfeitamente ao lê-la, porque é considerada uma daquelas pessoas que contribuíram para a fixação de sua língua”.

Por várias vezes Madame de Sévigné passou temporadas em Grignan, com sua filha e seu genro e lá morreu em 1696, tendo passado para a posteridade. Desde a celebração do tricentenário da morte de Madame de Sévigné, são organizadas em Grignan, palestras, leitura de cartas, reposições históricas e concertos de canto e música clássica, todos os anos com grande sucesso, tendo como tema principal a sua correspondência.
A mesa de pedra em que Madame de Sévigné escreveu algumas vezes quando se encontrava em Grignan, encontra-se ainda na Caverna de Rochecourbière. Para chegar a esta caverna, que é um lugar de frescor, deve passar-se antes da piscina sul de Grignan, pela estrada para Montélimar e vira-se à esquerda na primeira esquina. A caverna fica a 300 metros do cruzamento.

Nas suas cartas, publicadas sob o título de “Memórias” em 1696, Madame de Sévigné narra com pormenor e espontaneidade os costumes que imperavam na corte de Luís XIV, entre os quais, inclui evidentemente, o uso que as damas faziam do leque.


Fonte: pagesperso-orange.fr

Lord Byron (1788 - 1824)

“Isto é criar, e ao criar vivenciar
Um ser mais intenso, que dotamos
Com a forma que desejamos, e obtemos, dando-lhe vida,
A vida que imaginamos.”

Byron


George Gordon Noel Byron, 6º Barão Byron (Londres, 22 de Janeiro de 1788 - Missolonghi, 19 de Abril de 1824), mais conhecido como Lorde Byron, foi um destacado poeta britânico e uma das figuras mais influentes do Romantismo.

A fama de Byron não se deve somente aos seus escritos, mas também à sua vida, considerada amplamente extravagante, que inclui numerosas amantes, dívidas, separações e alegações de incesto e até bissexualidade.

Apesar de nascer numa família rica, seu pai, o Capitão John Byron, era um "bon vivant" que destruiu toda a riqueza. Sua mãe, Catherine Gordon Byron, vinha da família dos Gordons escocêses, uma família tradicional e rica, muito conhecida pela sua ferocidade e violência.

O seu pai, juntamente com a esposa, imigrou para a França para fugir das cobranças de credores. Porém, a sua mãe não queria que seu rebento nascesse em solo francês e não hesitou em voltar a Inglaterra.

John ficou em França e encontrou abrigo na casa de sua irmã. Em 1791, encontrou-se com a morte, aparentemente por suicídio, aos 36 anos. Logo após o nascimento de Byron, a mãe levou-o para Aberdeen, na Escócia, onde uma deformidade em seu pé, começou a ficar evidente.

Byron possuía um defeito numa das pernas, era coxo. Esta pequena enfermidade marcaria com forte veemência a sua vida. Tal defeito foi um obstáculo enorme no desenvolvimento do garoto, que se sentia envergonhado perante os outros. O tratamento, exaustivo, também o irritava muito. Foram-lhe receitadas botas especiais e passou por inúmeros tratamentos, mas logo deixou estas dolorosas experiências para trás.

O pequeno George Byron apaixonou-se por literatura ao primeiro contacto e vivia mergulhado em leituras, com atenção especial para a história de Roma. Mas sua infância não se resumia a isto. Ele foi desde cedo marcado pelo amor. Aos sete anos, Byron apaixonou-se perdidamente por sua prima, Mary Duff e aos nove anos, a sua ama mostrou-lhe os prazeres da carne.

Com 10 anos, Byron herda o título nobiliárquico de um tio-avô, tornando-se o sexto Lord Byron, mas as suas finanças decresciam. Tudo o que remetia ao nome dos Byron era motivo de processos por dívidas.

Na sua adolescência, Byron foi tomando consciência de seu poder. Possuidor de carisma, beleza e poder de sedução, ele começou a aproveitar os seus dons. Envolveu-se com colegas, empregadas, professores, prostitutas e raparigas que adoravam um título de nobreza.

Apaixonou-se perdidamente por Mary Ann Chaworth, uma vizinha, mas em 1805, Byron teve um grande choque, Mary Ann casou-se. Esse desgosto torna-o mais rebelde ainda. Arranja um emprego em Cambridge, mas nunca trabalhava, como era usual para os membros do Romantismo. Era o ócio, a forma de vida dos românticos e da qual Byron foi o mestre supremo. Escrevia versos e mais versos e gastava muito dinheiro.

Após entrar no Trinity College de Cambridge, em 1807, publica seu primeiro livro de poesia, “Hours of Idleness” (Horas de ócio), mal recebido pela crítica da prestigiosa "Revista de Edimburgo". Byron respondeu com o poema satírico “English Bards and Scotch Reviewers” (Bardos ingleses e críticos escoceses), em 1809.

Em 1811, publica os dois primeiros cantos de “Childe Harold's Pilgrimage”, (Peregrinação de Childe Harold), longo poema em que narra as andanças e amores de um herói desencantado, ao mesmo tempo em que descreve a natureza da Península Ibérica, Grécia e Albânia.

A obra alcançou sucesso imediato e sua fama consolidou-se com outros trabalhos, principalmente “The Corsair”, (O Corsário), em 1814 e “Lara”, no mesmo ano; além de “The Siege of Corinth”, (O Cerco de Corinto), em 1816. Nestes poemas, de enredos exóticos, Byron confirmou o seu talento para a descrição de ambientes.

Em 1815 casa-se com Anne Milbanke, mas o casamento dura pouco. Muda-se para a Suíça em 1816, após o divórcio de Lady Byron, talvez causado pela suspeita de incesto do poeta com sua meia-irmã Augusta Leigh.

Na Suíça escreve o canto III de “Childe Harold's Pilgrimage” e “The Prisoner of Chillon”, (O prisioneiro de Chillon,) e o poema dramático enigmático e demoníaco, “Manfred”.
Em Genebra vive com Claire Clairmont e faz-se amigo de Shelley. Percy Bysshe Shelley foi também um dos mais importantes poetas românticos ingleses, que tal como Byron, morre cedo.

Passam horas discutindo filosofias e poesias. Navegavam pelo lago Genebra e visitam os cenários de “Nova Heloísa”, de Rousseau. E segundo as intrigas da época, chegaram inclusive, a trocar rosas e carícias.

Numa noite chuvosa em Diodati, Byron e um grupo de amigos, decidem compor histórias macabras. Nasce ali Frankenstein de Mary Shelley (companheira de Percy Bysshe Shelley) e “O Vampiro”, de Polidori.

Escreveu em 1818, o canto IV de “Childe Harold's Pilgrimage” e “Beppo - A Venetian Story”, (Beppo - Uma história veneziana), poema em oitava rima, de tom ligeiro e cáustico, em que ridiculariza a alta sociedade de Veneza.

Em 1819 começou o poema heróico cómico “Don Juan”, sátira brilhante e atrevida, à maneira do século XVIII, que deixaria inacabada, devido à sua inesperada morte. No mesmo ano ligou-se à condessa Teresa Guiccioli, seguindo-a a Ravena onde, juntamente com o irmão desta, participou das conspirações dos carbonários.

Em Novembro de 1821, tendo fracassado o movimento revolucionário dos carbonários, Byron partiu para Pisa. Em 1822 fundou, com Leigh Hunt, o periódico “The Liberal”. Foi a seguir para Montenegro e daí para Génova.

Nomeado membro do comité londrino pela independência da Grécia, embarcou para aquele país em 15 de Julho de 1823, a fim de combater ao lado dos gregos, pela sua independência da opressão turca, onde escreveu o drama “The Deformed Transformed”, (O Deformado Transformado), em 1824.

Passou quatro meses em Cefalónia e viajou para Missolonghi, no litoral norte do Golfo de Pratas, Grécia, acompanhado de um adolescente grego, Loukas, a quem dedicou seus últimos poemas. Acometido de uma misteriosa febre, morre em 19 de Abril de 1824, aos 36 anos. Seus restos mortais foram transladados para a Abadia de Westminster, que recusou a abrigar o corpo do poeta, devido à sua reputação de libertino e imoral. Byron foi assim sepultado perto da Abadia de Newstead, onde se encontram também os seus antepassados.

A obra e a personalidade romântica de Lord Byron tiveram, no início do século XIX, grande projecção no panorama literário europeu e exerceram enorme influência nos seus contemporâneos, por representarem o melhor da sensibilidade da época, conferindo-lhe muito de sedução e elegância mundana.

No meio a toda essa agitação existencial, que se tornou no paradigma do homem romântico que busca a liberdade, Byron escreveu uma obra grandiloquente e passional. Encantou o mundo inicialmente com seus poemas narrativos folhetinescos, em que não faltam elementos autobiográficos, como em “Childe Harold's Pilgrimage”, e depois assustou o mundo, com a faceta satírica e satânica que apresenta em poemas como “Don Juan”.

“Don Juan” é sem dúvida uma das suas obras mais conhecidas, sendo a que mais retrata a vida pessoal do autor e daí a famosa a frase que o descreve, de Lady Caroline Lamb: "Louco, mau e perigoso para se conhecer".

Lord Byron foi, um dos principais poetas ultra-românticos. O cinismo e o pessimismo de sua obra haveriam de criar, juntamente com sua mirabolante vida, uma legião de jovens poetas "byronianos" por todo o mundo.

Termino com uma frase sua, cheia de sabedoria no que concerne ao conhecimento da personalidade feminima e que apesar da sua curta vida e do seu modo de ser volúvel, expressa bem a sua enorme sensibilidade: "Na sua primeira paixão, a mulher ama o seu amante; em todas as outras, do que ela gosta é só do amor." Lord Byron

Fonte: Wikipédia/spectrumgothic.com.br/englishhistory.net

Jean Calvin, o grande Reformador (1509-1564)

Jean Calvin foi um teólogo e jurista que nasceu em Noyon, na região da Picardia em França, em 10 de Julho de 1509, e morreu em Genebra a 27 de Maio de 1564.
Seu pai, Gérard Calvin era filho de uma família de artesãos e teve uma carreira próspera como notário da catedral e escrivão do tribunal eclesiástico, o que lhe valeu a amizade de pessoas da alta sociedade, com as quais Calvin teve excelentes relações. Sua mãe, Jeanne Le Franc, era filha de um taberneiro de Cambrai.

Calvin foi o segundo dos três filhos do casal, que sobreviveram à infância. A sua mãe morreu alguns anos depois do nascimento de Calvin. O pai Gérard destinou para o futuro dos seus três filhos, Charles, Jean e Antoine, o sacerdócio.

Jean Calvin foi particularmente precoce e com apenas doze anos de idade, foi contratado pelo bispo como escriturário e recebeu a “tonsura” (cerimónia religiosa em que o bispo dá um corte no cabelo do ordinando ao conferir-lhe o primeiro grau no clero, chamada também "prima tonsura"). O corte dos cabelos nesta cerimónia simboliza a dedicação do ordenando à Igreja Católica.

Em Agosto de 1523, Jean Calvin ingressou na universidade de Paris, onde estudou latim, filosofia e dialéctica. Em 1525 ou 1526, Gérard Calvin conseguiu matricular o seu filho na Universidade de Orleans, para que este estudasse Direito.

Gérard acreditava que seu filho iria ganhar mais dinheiro como advogado do que como um padre. Com esse fim vai para Órleans, depois para Bourges, onde estuda grego. Formou-se em Direito, mas, com a morte do pai, vai para o Collège de France, fundado pelo rei Francisco I em 1530.

Quando, por volta de 1534, Calvin começou a se preocupar com os problemas religiosos na França, onde já havia adeptos de uma reforma dentro da própria igreja católica, tanto da parte dos luteranos como dos humanistas, que eram muito importantes na França.

Durante este período Calvin experimentou uma súbita conversão protestante. Não se sabe muito sobre as circunstâncias que lhe deram origem, mas ele fez uma referência a essa conversão no prefácio do seu Comentário sobre o Livro dos Salmos:

"Deus, finalmente mudou o meu curso religioso noutra direcção, através de uma secreta mudança de providência divina. O conhecimento da verdadeira piedade, levou a um intenso desejo de progredir nela, aprofundando os estudos sobre os seus ensinamentos com mais ardor".

Os estudiosos têm argumentado sobre a interpretação precisa desta afirmação, mas foi acordado que sua conversão correspondia com sua ruptura com a Igreja Católica Romana.

Dotado de grande inteligência, além de ter sido excelente orador e autor de muitos livros e de vasta correspondência, tinha também excepcional capacidade de organização e administração. Essas características fizeram com que Calvin se destacasse como figura dominante da Reforma.

Exerceu influência especialmente na Suíça, Inglaterra, Escócia e América do Norte. Sua educação reflecte a influência do liberalismo e do humanismo do Renascimento.

Obrigado a refugiar-se por causa do que pregava, Calvin foi convidado a morar na cidade de Genebra, na Suíça. Lá implantou as “Ordenanças Eclesiásticas”, leis rígidas e intolerantes baseadas na sua crença.

Organizou a Igreja Calvinista em termos de fiéis, pastores e um conselho de anciãos. Suas ideias difundiram-se com rapidez. Teodoro de Beza, que dirigia em Genebra a Academia Teológica, levou-as para Génova, na Itália. Logo alcançaram também a França. a Holanda, a Inglaterra (onde o calvinismo se chamou puritanismo) e a Escócia (introduzido por Jean Knox).
Aproximadamente em 1533 Calvin declarou-se protestante. Em 1534, deixou a França e estabeleceu-se em Basiléia, na Suíça. Nessa cidade publicou a primeira edição de seu livro “Instituição da Religião Cristã” (1536). Este livro provocou imediata admiração por Calvin. Durante sua vida ele alterou a obra, aumentando-a. O livro apresenta as ideias básicas de Calvin sobre religião.

Em 1536, Calvin foi convidado a liderar o primeiro grupo de pastores protestantes de Genebra. Em 1538 os líderes de Genebra reagiram contra as rígidas doutrinas dos pastores protestantes e Calvin e vários outros clérigos foram banidos.

No mesmo ano, Calvin tornou-se pastor de uma igreja protestante de refugiados franceses em Estrasburgo. Foi profundamente influenciado pelos antigos líderes protestantes alemães de Estrasburgo, especialmente Martinho Bucer. Calvin adaptou as ideias de Bucer sobre o governo da Igreja e do culto.

Ao mesmo tempo, Genebra ressentia-se de falta de liderança política e religiosa. O conselho da cidade de Genebra pediu a Calvin que voltasse, o que ele fez em 1541. A partir dessa época até à sua morte, Calvin foi a personalidade dominante em Genebra, embora fosse apenas um pastor.

Fonte: sepoangol.org

D. João de Portugal, Mestre de Avis

Em fins do século XIV, uma transformação muito importante aconteceu em Portugal. A morte do rei D. Fernando em 1383, deu origem a uma crise política que, envolvendo vários grupos sociais, veio instituir no poder uma nova família real e iniciar uma nova orientação na vida dos portugueses.

D. Fernando tinha uma única filha, D. Beatriz, que, com apenas doze anos de idade, casara com o rei de Castela, pondo-se assim termo a uma série de guerras em que D. Fernando se envolvera com aquele reino, que haviam enfraquecido a economia do país.

D. Fernando morreu alguns meses depois deste casamento e como D. Beatriz não tinha filhos nem irmãos, não havia sucessores legítimos do rei. Esta situação de impasse desencadeou várias revoltas populares. As populações recusavam-se a aceitar a aclamação de uma rainha que era mulher de um rei estrangeiro (rei de Castela), o que poderia dar origem à união dos dois países, e que teria por consequência a perda da independência de Portugal.

Respondendo aos apelos de grande parte dos Portugueses para manter o país independente, D. João, Mestre de Avis, irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal. O resultado foi a "Crise de 1383-1385", um período de interregno, onde o caos político e social dominou.

D. João, Mestre de Avis foi aos seis anos (1364), nomeado Mestre da Ordem de Avis, por benesse paterna. Era filho ilegítimo do rei Pedro I de Portugal (famoso pelos seus amores e em especial pelo seu amor vivido com Inês de Castro), e de uma dama chamada D. Teresa Lourenço.

Em Coimbra realizam-se as Cortes. Houve grande divergência de opiniões e vários pretendentes ao trono: D. Beatriz, filha legitima de D. Fernando, e herdeira directa, D. João e D. Dinis, filhos de D. Pedro e de D. Inês de Castro, e os inevitáveis D. João de Castela (marido de D. Beatriz) e o D. João, Mestre de Avis.

João das Regras, jurisconsulto, rebate uma por uma as pretensões dos outros candidatos ao trono e declara o trono vago. Faz o elogio do Mestre de Avis, dizendo: "merece esta honra e o estado de Rei". E como tal é aclamado a 6 de Abril de 1385, dando início à segunda dinastia, dita "Dinastia de Avis".

O Rei de Castela (D. João de Castela) retirou a regência de D. Leonor Teles (viúva de D. Fernando e mãe de D. Beatriz) e, intitulando-se de "Rei Portugal", dirigiu-se para Lisboa, cercando a cidade. Isso fez com que muitos burgueses finalmente aderissem á causa do Mestre de Avis, mas a maior parte do clero e da nobreza apoiavam D. Beatriz.

Pouco depois, João I de Castela invade Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e remover D. João I de Portugal do trono. Com o rei de Castela, seguia um contingente de cavalaria francesa, aliada de Castela para se opor aos ingleses, que tomaram o partido de D. João I na Guerra dos Cem Anos. Como resposta, D. João I nomeia D. Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal e Protector do Reino.

Os castelhanos reagiram a esta decisão, como era de se esperar, invadindo novamente Portugal. Mas os portugueses saíram ao seu encontro e travou-se uma batalha decisiva em Aljubarrota, em Agosto de 1385, que foi uma batalha decisiva. Usando a táctica do quadrado e aproveitando as vantagens da colocação no terreno, pois os inimigos estavam de frente para o sol, as tropas portuguesas, chefiadas pelo próprio rei D. João I e por D. Nuno Álvares Pereira, conseguiram a vitória, pondo o exército inimigo em fuga, quase totalmente aniquilado.

A paz definitiva com Castela só veio a ser assinada alguns anos depois, em 1411. Para assinalar o acontecimento, D. João I mandou iniciar, perto do local da batalha, a construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido por Mosteiro da Batalha.

O Mosteiro da Batalha, é o maior símbolo da "Dinastia de Avis", erigido na sequência de um voto à Virgem, caso vencesse a Batalha de Aljubarrota. O arranque das obras deu-se em 1388 e foram conduzidas por Afonso Domingues, a quem se deve o plano geral da construção e o grande avanço dos trabalhos na igreja e no claustro. A igreja tem três naves e transepto e é panteão do rei D. João I, D. Filipa de Lencastre e seus filhos, além de outros reis e infantes portugueses.

Depois da retirada de Castela, a estabilidade da coroa de D. João I fica permanentemente assegurada. Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte de D. João de Castela, em 1390, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte.

A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção no seu reinado foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conseguida a 21 de Agosto.

Após a conquista de Ceuta são armados cavaleiros, na mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D.Filipa de Lencastre.

D. João I continua a obra iniciada por D. Dinis de tornar cada vez mais poderosa a marinha e a armada portuguesas. Feita a paz com Castela, prepara a expansão territorial do país, que em seu entender só poderia fazer-se para Oeste, para o lado do Mar. Em 1415, encabeça a tomada de Ceuta, iniciando assim a expansão ultramarina portuguesa. Seguir-se-ão os "Descobrimentos", que o seu filho, o Infante D. Henrique toma a peito.

D. João I vive mais dezoito anos, tentando sempre manter unidas as gentes portuguesas, por isso percorre o país de lés a lés, tentando sempre equilibrar as Finanças da Coroa e os interesses da nova aristocracia com os da burguesia comercial.

Começa a partilhar o governo da Nação com o seu filho D. Duarte. Tem assim tempo disponível para recordar ainda os feitos da sua juventude e escreve "O Livro da Montaria". Nele descreve as múltiplas técnicas de montaria, pois a caça foi sempre a sua grande paixão. Evoca o prazer das lutas corpo a corpo, do jogo da pela e da dança, da música e do xadrez. Chega mesmo a comparar à beata contemplação de Deus, à alegria de ver um urso cair na armadilha.

O seu grande amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados pelo grande poeta português Luís Vaz de Camões, na sua epopeia épica, os "Lusíadas", por "Ínclita Geração".

O rei D. Duarte de Portugal, seu primogénito, foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e D. Henrique, Duque de Viseu, "O Navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com a navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos "Descobrimentos". E sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nos domínios de seu marido.

No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.

D. João morreu a 14 de Agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. Foi cognominado o "Rei de Boa Memória", pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, e alternativamente, é também chamado de o Bom ou o Grande.

Sites: Wikipédia / vidaslusofonas.pt

Salvador Dalí, o génio surrealista

Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech, 1º Marquês de Dalí de Púbol nasceu às 8h45 da manhã de 11 de Maio de 1904, no número 20 da rua Monturiolin da vila de Figueres.

Seu irmão mais velho, também chamado Salvador (nascido em 12 de Outubro de 1901), havia morrido de gastroenterite, nove meses antes, em 1 de Agosto de 1903. Seu pai, Salvador Dalí i Cusí, era um advogado de classe média, figura popular da cidade e senhor de um carácter irascível e dominador e sua mãe, Felipa Domenech Ferrés, que sempre incentivou os esforços artísticos do filho. Dalí também teve uma irmã, Ana Maria, que era três anos mais nova. Em 1949, ela publicou um livro sobre seu irmão, "Dalí visto por sua irmã".

Salvador Dalí foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista, chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica. Dalí foi influenciado pelos mestres da Renascença e o seu trabalho mais conhecido, "A Persistência da Memória", foi concluído em 1931.

Salvador Dalí teve também trabalhos artísticos no cinema, escultura, e fotografia. Ele colaborou com a Walt Disney na curta metragem de animação "Destino", que foi lançado postumamente em 2003, e ao lado de Alfred Hitchcock, realizou o filme "Spellbound".

Dalí insistiu muito na sua "linhagem árabe", alegando que os seus antepassados eram descendentes de mouros que ocuparam o sul da Espanha por quase 800 anos (711 a 1492), e atribui a isso, o seu amor de tudo o que é excessivo e dourado, a sua paixão pelo luxo e seu amor oriental por roupas.

Tinha uma reconhecida tendência para atitudes e realizações extravagantes destinadas a chamar a atenção, o que por vezes aborrecia aqueles que apreciavam a sua arte, ao mesmo tempo que incomodava os seus críticos, já que sua forma de estar teatral e excêntrica tendia a eclipsar o seu trabalho artístico.
Dalí frequentou a Escola de Desenho Municipal, onde iniciou a sua educação artística formal. Em 1916, durante umas férias de Verão em Cadaquès, passadas com a família de Ramon Pichot, descobriu a pintura impressionista. Pichot era um artista local que fazia viagens frequentes a Paris. No ano seguinte, o pai de Dalí organizou uma exposição dos desenhos a carvão do filho na sua casa de família. Sua primeira exposição pública ocorreu no Teatro Municipal em Figueres em 1919.

Em Fevereiro de 1921 sua mãe morreu de câncer da mama. Dalí, então com dezasseis anos de idade, disse depois da morte de sua mãe: "Foi o maior golpe que eu havia experimentado em toda a minha vida. Eu adorava-a… eu não podia resignar-me à perda de um ser com quem eu sempre contei para tornar invisíveis as inevitáveis manchas de minha alma".

Após a morte de Felipa Domenech Ferrés, o pai de Dalí casou-se com a irmã de falecida esposa. Dalí não ressentiu este casamento, como alguns pensam, pois ele tinha um grande amor e respeito pela tia.
Em Outubro de 1921, Dalí foi viver em Madrid, onde estudou na Academia de Artes de San Fernando. Já então Dalí chamava a atenção nas ruas como um excêntrico cabelo comprido, um grande laço ao pescoço, calças até ao joelho, meias altas e casacos compridos.
O que lhe granjeou maior atenção por parte dos colegas foram os quadros onde fez experiências com o Cubismo, embora na época destes primeiros trabalhos cubistas ele provavelmente não compreendesse por completo este movimento, dado que tudo o que sabia de arte cubista provinha de alguns artigos de revistas e de um catálogo que Ramon Pichot lhe oferecera, visto não haver artistas cubistas, neste tempo, em Madrid.

Fez também experiências com o Dadaísmo, que provavelmente influenciou todo o seu trabalho. Nesta altura, tornou-se amigo íntimo do poeta Federico García Lorca e de Luis Buñuel, cineasta espanhol. Dalí foi expulso da Academia em 1926, pouco tempo depois dos exames finais, quando declarou que "ninguém na Academia era suficientemente competente para o avaliar". Seu domínio de competências na pintura está bem documentado, nesse tempo, em sua impecável e realista pintura "Cesto de Pão", de 1926.

Em 1924 o ainda desconhecido Salvador Dalí ilustrava pela primeira vez um livro, o poema catalão "Les bruixes de Llers" ("As bruxas de Llers") de seu amigo, o poeta Carles Fages de Climent. Foi nesse mesmo ano que fez a sua primeira viagem a Paris, onde se encontrou com Pablo Picasso, que era reverenciado pelo jovem Dalí.

"Vim vê-lo antes de ir ao Louvre", disse-lhe Dalí. "Fez você muito bem", respondeu-lhe Picasso. O artista mais velho já tinha ouvido falar bem de Dalí através de Juan Miró. Nos anos seguintes, realizou uma série de trabalhos fortemente influenciados por Picasso e Miró, enquanto ia desenvolvendo o seu próprio estilo.

Algumas tendências no trabalho de Dalí que iriam permanecer ao longo de toda a sua carreira, já eram evidentes na década de 20, sendo inspirado principalmente pelo trabalho de grandes pintores como Raphael, Bronzino, Francisco de Zurbarán, Vermeer, e Velázquez. As exposições de seus trabalhos em Barcelona despertaram grande atenção e uma mistura de elogios e debates por parte dos críticos.

Nesta época, Dalí deixou crescer o bigode, que se tornou emblemático, com o estilo baseado no pintor espanhol do século XVII, Diego Velázquez. Em 1929, colaborou com o cineasta espanhol Luis Buñuel na curta-metragem "Un Chien Andalou", e conheceu, em Agosto, a sua musa e futura mulher, Gala Éluard, cujo nome verdadeiro é Elena Ivanovna Diakonova, nascida em 7 de Setembro de 1894, em Kazan, Tartária, Rússia.
Gala Éluard era uma imigrante russa dez anos mais velha que Dalí, casada na época com o poeta surrealista Paul Éluard, amigo da Dalí. Juntou-se oficialmente ao grupo surrealista no bairro parisiense de Montparnasse, embora o seu trabalho já estivesse há dois anos sendo influenciado pelo surrealismo. Em 1934 Dalí e Gala, que já viviam juntos deste 1929, casaram-se numa cerimónia civil e voltam a Espanha.

Com a eclosão da Guerra Civil Espanhola, Dalí fugiu e recusou-se a alinhar com qualquer grupo politico. Em 1940, no início da II Guerra Mundial, Dalí e Gala mudaram-se para os Estados Unidos da América, onde viveram durante oito anos. Em 1942, ele publicou a sua autobiografia, "A Vida Secreta de Salvador Dalí". Após o seu regresso à Catalunha e após a Segunda Guerra Mundial, Dalí tornou-se mais próximo do regime de Franco.

Foi na sua amada Catalunha que Dalí viveu o resto da vida. O facto de ter escolhido viver em Espanha enquanto o país era governado pelo ditador fascista Francisco Franco trouxe-lhe críticas dos progressistas e de muitos outros artistas da época.

Em 1960, Dalí começou a trabalhar no Teatro Museu Dala Salvador Dalí, na sua terra natal em Figueres. Foi o projecto de maior vulto de toda a sua carreira e o principal foco de suas energias até 1974, ano da sua inauguração, embora continuasse a fazer acrescentos até meados dos de 1980.

Gala morreu em Port Lligat na madrugada de 10 de Junho de 1982. Desde então, Dalí ficou profundamente deprimido e desorientado, perdendo toda a vontade de viver. Recusava-se a comer, tendo ficando desidratado, teve de ser alimentado por uma sonda nasal.

Em 1980, um cocktail de medicamentos não prescritos, danificou o seu sistema nervoso, provocando assim um inoportuno fim a sua capacidade artística. Aos 76 anos, Dalí sofre tremores terríveis do seu lado direito, causado pela doença de Parkinson. Mudou-se de Figueres para o castelo em Pubol, que comprara para Gala.

Em 1984, deflagrou um incêndio no seu quarto em circunstâncias pouco claras, talvez tenha sido uma tentativa de suicídio de Dalí, talvez tenha sido uma tentativa de homicídio de um empregado, ou talvez simples negligência pelo seu pessoal, não se sabendo ao certo o que realmente aconteceu. Mas Dalí foi salvo e levado para Figueres, onde um grupo de amigos, patronos e artistas se assegurou de que o pintor vivesse confortavelmente os seus últimos anos no Teatro Museu.

Em Novembro de 1988, Dalí foi levado ao hospital com insuficiência cardíaca e em 5 de Dezembro de 1988 foi visitado pelo rei Juan Carlos da Espanha, que confessou ter sido sempre um grande admirador de Dalí.

Em 23 de Janeiro de 1989, morreu de insuficiência cardíaca em Figueres, com a idade de 84 anos, e está sepultado na cripta do seu Teatro Museu Dalí, em Figueres. Do outro lado da rua, fica a igreja de Sant Pierre, onde ocorreu o seu funeral, a sua primeira comunhão e o seu baptismo, a poucos metros da casa onde nasceu.

Sites: Wapedia / Diário Universal – O Percurso da História