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A Mente Livre Está em Perigo

A nossa espécie é a única espécie criativa, e tem apenas um único instrumento criativo, a mente e espírito únicos de cada homem. Nunca nada foi criado por dois homens. Não existem boas colaborações, quer em arte, na música, na poesia, na matemática, na filosofia. De cada vez que o milagre da criação acontece, um grupo de pessoas pode construir com base nela e aumentá-la, mas o grupo em si nunca inventa nada. A preciosidade reside na mente solitária de cada homem.
E agora existem forças que enaltecem o conceito de grupo e que declararam uma guerra de exterminação a essa preciosidade, a mente do homem. Através das mais variadas formas de pressão, repressão, culto, e outros métodos violentos de condicionamento, a mente livre tem sido perseguida, roubada, drogada, exterminada. E este é um rumo de suicídio coletivo que a nossa espécie parece ter tomado.
E é nisto que eu acredito: que a mente livre e criativa do homem individual é a coisa mais valiosa no mundo. E é por isto que eu estou disposto a lutar: pela liberdade da mente tomar qualquer direção que queira, sem direção. E é contra isto que eu vou lutar com todas as minhas forças: qualquer religião, qualquer governo que limite ou destrua o indivíduo. É isto que eu sou e é esta a minha causa. Posso até compreender que um sistema baseado num padrão tenha que destruir a mente livre, pois esta é a única coisa que pode inspecionar e destruir um sistema deste tipo. Com certeza que compreendo, mas lutarei contra isso por forma a preservar a única coisa que nos separa das restantes espécies. Pois se a mente livre for morta, estaremos perdidos.
John Steinbeck, in 'A Leste do Paraíso'

O retrato inequívoco de Portugal

Somos um pequeno e desgraçado país…
Somos um pequeno e desgraçado país. Não somos pequenos e desgraçados porque sempre fomos; afinal, não somos o Haiti, não somos a Bolívia, não somos a Serra Leoa, não somos o Uganda, não somos a Moldávia, não somos a Guiné; não somos assim porque nos fizeram assim, não fomos colonizados, não descendemos de escravos, não fomos deportados, explorados, invadidos, vencidos. A União Soviética não nos pisou com bota cardada e a Alemanha não nos ocupou. Tivemos um ditador e tivemos a revolução sem sangue e a criação da democracia e dos partidos. Tivemos os fundos europeus e a absorção de um milhão de retornados. Tivemos colónias, ouro, escravos e uma história que não nos envergonha. Temos uma longa e estabelecida nacionalidade. Temos a coragem e o génio de ter escapado a Castela. Temos a miscigenação, a lírica e a épica. Temos as descobertas e a geração de Aviz. Temos uma identidade e uma cultura, temos uma língua falada por milhões. Temos 800 km de praia e sol.
Temos muitas razões para sermos felizes. E não somos. Somos um pequeno, desgraçado e deprimido país que se queixa por tudo e por nada, que se detesta e detesta o sucesso alheio, que aniquila a qualidade e promove a incompetência, que deixou que a administração pública fosse tomada de assalto por parasitas partidários, por gestores imorais e por políticos corruptos ou que fecham os olhos e promovem a corrupção como forma de manutenção do poder. Somos um país sem esperança onde nada avança e nada acontece, como escrevia o poeta Ruy Belo.
Sai-se da pátria e regressa-se à pátria e as notícias são as mesmas; é como se o mundo girasse e nós parados. À espera do apocalipse. Tudo nos diz que amanhã será pior e toda a gente nos pede mais sacrifícios, mais penúria e mais infelicidade. É impossível levantar um país de vencidos ou convencê-lo a fazer alguma coisa por si. Leio as notícias sobre o extraordinário salário de António Mexia, da EDP, os 3,1 milhões anuais, e penso o que pensa uma pessoa normal: não vale a pena. Os velhos morrem de frio no Inverno porque não têm dinheiro para pagar "a luz" e o senhor energia tem um salário igual ao dos melhores 200 gestores americanos. Numa empresa falsamente privatizada que floresce num regime de monopólio e em que o Estado é o maior acionista. E aquilo é o salário, fora os benefícios e os cartões. Fora as reformas e as pensões. A permanente resignação perante a imoralidade é que nos torna passivos, fracos, assustados, irresolutos e cúmplices da delapidação do nosso dinheiro. E um governo socialista autorizou isto e promoveu isto. E pior do que isto. Não se trata de premiar o mérito, trata-se de premiar a estupidez. Porque deixamos isto passar.
Imagine-se que nos acontecia uma verdadeira desgraça. Quando Wall Street veio por aí abaixo eu estava em NY e fui a Wall Street. Vi banqueiros e financeiros saírem de cabeça coberta por jornais a meterem-se nos buracos do metro, envergonhados. Insultados. O mundo pensou que era o fim do seu mundo. Que o sistema capitalista tinha acabado. Etc. O capitalismo não acabou, nem vai acabar. Regenerou-se no que foi obrigado. A linguagem e a política que Obama adotou tiveram efeitos. A América sai da crise, com os seus desempregados. A seu modo, brutal, corrige as falhas. Ali, a política ainda conta e o sistema de justiça funciona (com erros e defeitos) e faz funcionar a democracia. Acima de tudo, os americanos acreditam na América e têm o otimismo do copo meio cheio. A América, um grande e engraçado país, não perde tempo em lamúrias. Já se fazem piadas sobre o 11 de setembro e sobre o crash das bolsas e dos bancos. A América reconstrói-se todos os dias e recomeça. Analisar a vitória política de Obama com o seu Plano de Saúde é uma lição de política, tanto para os republicanos como para os democratas.
A América é um país que corre para a excelência e que rejeita a mediocridade. E a um ciclo de mediocridade segue-se um de excelência porque a rota corrige automaticamente. O sistema autocorrige-se na passagem do tempo. As torres que vão surgir no WTC serão as mais altas do mundo. Esta dose de megalomania é saudável porque toda a gente precisa de símbolos e de modelos. Em Portugal, deixámos de ter símbolos e não temos modelos. O português mais influente é um jogador de futebol. O segundo mais influente é um treinador de futebol. E ponto final. Temos uma elite sofrível e uma classe política sem cultura política nem histórica, ludibriada por autodidatas ou por rapazes com cursos tirados no estrangeiro que chegam a Portugal com um objetivo: enriquecer. Enriquecer à sombra do partido, do padrinho na banca e do Estado. De nós. E a justiça trata de si e dos seus privilégios. Somos um pequeno e desgraçado país.
Clara Ferreira Alves, in Revista Única, Jornal Expresso de 10 de abril de 2010


Qual Sol, Qual Carapuça...

Quando Deus deixou de procrastinar, arranjou coragem e foi fazer Portugal. Mas, mal tinha começado a fazer as compras essenciais, estoirou o orçamento todo no clima. Daí ter ficado tão pouca massa para as outras coisas de que o país precisava urgentemente. É, torrou tudo na secção Casa e Jardim. À parte os sucedâneos do clima (a paisagem, a comidinha, a namoriquice) ficámos bastante mal servidos, e isto dá-nos cobertura para os mais extensos queixumes, que agradecemos amargamente enquanto lhes ululamos. Não há no mundo outra terra em que as caras melancólicas dos habitantes sejam tão maus espelhos da luz e do calor que têm.

Alguma razão há-de ter tido o Criador. É que o clima está lá em cima, fora do nosso alcance. Podemos estragar e vender tudo o que está cá em baixo – e estragamos e vendemos, ai nanas! - mas ao ceuzinho e ao solinho não chegamos. E assim, no meio do negrume circundante, assistimos, a 12, 13, e 14 de Março, a três dias de perfeita Primavera. É, aliás, um fenómeno conhecido dos meteorologistas: em Portugal, as estações do ano apresentam sempre um trailer antes de estrearem. E algumas reposições também.

No terceiro desses dias, eram duas muito bonitas da tarde e deslizávamos junto ao mar em direção ao Estoril, o meu motorista de táxi e eu. Estragando o bendito silêncio da contemplação, caí na asneira de dizer que estava um dia de Primavera. «É? É?», respondeu o condutor. «Está bem, está… Vamos ver quanto tempo é que dura esta maravilha…» E, não fosse eu interpretar mal a atitude do homem, carregou no escárnio – repugnância, até – quando pronunciou «esta maravilha».

No dia seguinte, o clima lá voltou à programação habitual, e aposto que o marmanjo tem andado a ver se caça uma chamada minha, doido para me esfregar na cara um longo «Está a ver?! Está a ver? Eu não dizia? É que o pessoal que não anda nesta vida vê um dia mais ou menos bonito e, pronto, julga logo que a coisa está resolvida. Mas não está, meu amigo, não está…Longe disso. Longe disso, meu amigo…! Era bom, era…» É espantoso, o pouco que consola esta repentina amizade que nos é oferecida por quem nos esclarece.

Esta atitude, tão portuguesa que até chateia mais do que é costume, tem tanto de estúpida como de grandiosa. É estúpida porque nos impede de gozar o que Deus nos deu. O sol de três dias de nada vale se depois vai chover outra vez. Para quê? Para um gajo habituar-se ao calorzinho e amargá-las mais ainda quando voltar à realidade? Para os portugueses, a realidade é um exclusivo da miséria, e tudo o que não seja completamente miserável é mera ilusão.

Não vale a pena dizer que a beleza daqueles três dias não é negada pela fealdade dos seguintes. Quer dizer, eu disse, mas arrependi-me, porque o motorista retorquiu com a bomba atómica do Ó…! Como quem diz, «cantas muito bem mas não me alegras». E ser acusado de querer alegrar um compatriota só não é punível com pena de morte porque ninguém é desentristecível.

Mas, por trás da imbecilidade automutiladora do «vamos ver quanto dura…», há uma ambição gloriosa. É que, para estes portugueses retintos, só o que é eterno pode ter valor. Entretanto, vão-se bebendo uns canecos, como também Platão bebia. Este ódio ao temporário é nada menos que um ódio à própria vida. A vida, como aqueles três dias de sol, também acaba passado um bocadinho. Entre as pregas do pescoço encarniçado daquele motorista havia ânsias recalcadas de imortalidade.

Outros povos (o brasileiro, por excelência) conseguem de vez em quando, viver cada momento como se fosse o único. O português também. Só que, por morbidez e teimosia, logo haveria de ser o da morte. O clima em si nada pode contra nós. Deus não pensou quando nos comprou o melhor que havia. Com os poucos tostões que Lhe restavam, regateou-nos uma mentalidade em que está sempre a chover ou um frio de rachar ou um calor que não se pode. Pouco admira que, quando nos disse «Enjoy!» em hebraico, a gente tenha percebido «Enjoem!».


Miguel Esteves Cardoso, in Revista Única - Jornal Expresso, nº 1743, de 25 de Março de 2006

O Povo Culto

«Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser dignos».

Agostinho da Silva, in «Diário de Alcestes».

A Alcateia do Ódio

O ódio liga mais os indivíduos que a amizade. O ódio, a inveja e o desejo de vingança ligam muitas vezes mais dois indivíduos um ao outro do que o podem fazer o amor e a amizade. Pois está em causa a comunidade de interesses interiores ou exteriores e a alegria que se sente nessa comunidade - onde é muitas vezes determinada a essência das relações positivas entre os indivíduos: o amor e a amizade são sempre relativas e não são em nenhum caso, um estado de alma permanente; mas as relações negativas, essas são, a maior parte das vezes, absolutas e constantes. O ódio, a inveja e o desejo de vingança têm, poder-se-ia dizer, um sono mais ligeiro do que o amor. O menor sopro os desperta, enquanto que o amor e a amizade continuam tranquilamente a dormir, mesmo sob o trovão e os relâmpagos.


Arthur Schnitzler, in 'Relações e Solidão'

O que distingue um amigo verdadeiro

Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.
Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta..

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem. É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c. Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. 

É fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus.
A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser.
 
Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'
Há pouco tempo, a minha filha comentava comigo as elações que tirava das relações de amizade/conhecimento entre os jovens da sua idade, dizendo que nos dias de hoje importa mais Parecer, do que Ser! Dizia ainda que o velho ditado, “mais vale cair em graça do que ser engraçado”, está cada vez mais em voga.

Será que cada vez mais interessa Parecer do que Ser?

Esta pergunta é uma daquelas que nos perseguem desde os primeiros momentos enquanto seres conscientes. A essência do que somos e a aparência que temos são inegavelmente dimensões importantes nas nossas relações sociais e até na nossa individualidade, mas afinal de contas fica a pergunta: Qual dos dois importa mais? Ser ou Parecer?

A resposta a esta pergunta não está nem no sexo da pessoa e nem na posição social que ela ocupa, mas sim na relação que esta cria entre si mesma e o mundo. Neste sentido cabe indicar que, aqueles que possuem uma vivência consciente da sua dimensão interior, de seus valores éticos, filosóficos e estéticos geralmente tendem a atribuir à sua essência maior importância. Já os que não possuem esta vivência de conhecimento interior e de reflexão profunda, geralmente tendem a atribuir um maior valor à aparência e à opinião que os outros têm deles, pois sem exercitar seus mecanismos de avaliação de si próprios confiam quase que exclusivamente no conceito que os demais têm deles.

Embora a meu ver os valores internos e a vivência constante do autoconhecimento devam ser encarados como prioridade sempre e sobretudo em tempos como os de hoje, o que me é dado observar é que cada vez mais, (pelo menos para a sociedade que me é mais próxima), é que os parâmetros de julgamento das aparências têm cada vez mais importância. Começa a ser moda falar-se com muita regularidade sobre o que se adquire, como roupa, carros, casas, esquecendo que muitas vezes essas compras sendo a crédito, não são deles, mas sim de quem lhes empresta o dinheiro para essas aquisições.

Será que com isso aumentam a sua auto-estima? Será que com isso serão melhor aceites pelos outros? Pelo menos parace que sim! A expressão “uma imagem vale mais do que mil palavras” parece também estar aqui em sintonia com esta nova forma de vivências.

Sobre este assunto, cito a comparação que Jesus Cristo faz entre o homem prudente e o insensato, no sentido de dizer que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha e o insensato sobre o pântano. Vem uma tromba de água e adivinhem qual é a casa que é levada pela enxurrada? Em meu entender, aquele que dá mais valor ao que é, em termos de virtudes, qualidades e valores, é como o homem que edifica a casa sobre a rocha, assim podem vir as mudanças que vierem que não abalarão a consciência do próprio valor. Assim sendo, sem sombra de dúvida a ideia de Ser é muito mais importante do que Parecer.

Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities / http://carlinhos5834.blogspot.com/2010/10/ser-ou-parecer-eis-questao.html

“Penso, logo existo”

Descartes


A preguiça de pensar, a falta de educação e as carências socioeconómicas, são os 3 factores que estão intimamente associados ao auto-engano. Entenda-se por "educação" aqui a educação convencional, que deveria ser oferecida pelas escolas públicas, nas quais deveria ser (mas não é) formada a imensa maioria da população.

Não é necessária uma detalhada pesquisa estatística para afirmar que existe no ser humano, genericamente considerado, uma tendência ao comodismo e uma aversão à introspecção e ao pensamento crítico. São poucos aqueles que se dedicam a questionar a própria existência, o grupo, a sociedade e o mundo em que estão inseridos. Larga parcela da população acha que fazer isso é pura perda de tempo e que os filósofos são pessoas que não têm nada melhor para fazer ou então têm tempo de sobra para investigar essas coisas.

É claro que milhões de pessoas, têm que garantir a sua sobrevivência e a da sua família e, ainda que quisessem, não encontram tempo nem disposição para uma autocrítica, para a análise da sua situação socioeconómica, e muito menos para agir visando modificar a situação.

Por outro lado, muitas pessoas mais afortunadas tiveram acesso a uma educação de qualidade e vivem em boas condições, mas mesmo assim se recusam a pensar, da mesma maneira que há outros que não tiveram nada disso e se tornam grandes pensadores, mas essas são excepções que, a meu ver, apenas confirmam a regra.

Infelizmente e juntamente com todos estes, também há muita gente ingénua ou incauta, que facilmente se deixa manipular por pessoas sem escrúpulos. Pessoas que querem melhorar a todo o custo o seu nível social, e aí são capazes de comportamentos aberrantes, acreditando com a maior facilidade em tudo o que se lhes conta, nunca se questionando sobre a real veracidade dos factos, pois a possibilidade de prosperidade rápida e sem esforço lhes é muito querida.

Finalizando, aqui ficam para quem as quiser tomar como suas, as quatro regras básicas para se chegar ao real conhecimento, de René Descartes, filósofo e matemático francês, considerado o fundador da Filosofia Moderna:

1. Nada é verdadeiro até ser conhecido como tal.

2. Os problemas precisam ser analisados e resolvidos sistematicamente.

3. As considerações devem partir do mais simples para o mais complexo.

4. O processo deve ser revisto do começo ao fim para que nada importante seja omitido.

Faço votos para que nunca abdiquem de pensar, de preferência usando as próprias cabeças. Mas aviso desde já que pensar dá trabalho. Ser acéfalo é MUITO mais fácil, mas bastante menos divertido.
Fonte: http://bvespirita.com/Auto-Engano / Gianetti, Eduardo;" Auto-Engano" / http://pt.conscienciopedia.org

O auto-engano e o comportamento de manada

O auto-engano pode ainda ser muitas vezes colectivo. Diante de algo que se ouça dizer sobre um facto ou pessoa que não se conhece, a maioria dos indivíduos têm desde logo uma aceitação rápida, em especial se lhes agradar a história, mesmo que saibam à partida que o facto pode não ser verdadeiro, pois sabem não o ter testemunhado.

Assim o auto-engano começa desde logo a operar-se no indivíduo e este, no sentido de amenizar o seu sentido de culpa, busca no grupo uma espécie de "confirmação" do seu comportamento de auto-engano, ou seja, ele não quer que o grupo confirme as suas suspeitas de que está enganado, mas procura no grupo a fuga à verdade, só querendo acreditar naquilo que vai no sentido da confirmação daquilo que quer.

Mesmo que o seu inconsciente lhe pergunte: "será que mais ninguém percebeu a barbaridade que eu acabei de ouvir?". Diante da resposta negativa, suas emoções obtêm um alívio, mais que não seja temporário, e ele sente que pertencendo a um grupo, com os mesmos desejos e sem se dar conta, que muitos dos outros se fizeram a mesma pergunta a essa questão íntima, e todos preferiram o conforto ilusório de uma manada que seguirá incondicionalmente o seu "líder" e todos se atirarão no abismo, se preciso for.
(Continua)
Fonte: http://bvespirita.com/Auto-Engano / Gianetti, Eduardo;" Auto-Engano" / http://pt.conscienciopedia.org

O poder do auto-engano

“O auto-engano é o engano de si mesmo caracterizado pela crença em coisas obviamente falsas especialmente ao falar, ao fazer e ao pensar com respeito à própria pessoa, podendo ser inconsciente (não-intencional) ou consciente (intencional), explicável pela interferência de elementos subjectivos como a autocorrecção, o desejo, a paixão, o temor e o ganho secundário”.
O ser humano parece ter uma séria tendência ao auto-engano. Cada um de nós pode ver isso presente em nossas vidas fazendo um exercício muito simples: basta lembrar de um episódio trágico ou doloroso que aconteceu há muitos anos. Todos nós já sentimos que a lembrança do passado não dói tanto como efectivamente doeu à época dos factos.

Pois é, a nossa memória trata de "dourar a pílula" e ir pouco a pouco amenizando os factos, bem como a encontrar algum lado positivo, por mínimo que seja, relativamente ao que aconteceu no passado. Há assim um misterioso processo de relativização das coisas, tornando tudo um pouco mais compreensível e aceitável.

Os estudiosos da mente humana já nos alertaram muitas vezes para a perigosa armadilha do auto-engano, que ocorre em maior ou menor grau com todos nós. Da profunda sabedoria dos ditos populares aprendemos que “o pior cego é o que não quer ver”.

Esta realidade parece estar directamente relacionada com o nosso autónomo instinto de sobrevivência. Seria muito difícil encarar a vida como ela é, e os factos como eles são, nus e crus, de maneira seca e hiper-realista.

Por isso, o auto-engano é algo tão poderoso que as pessoas se acostumam de tal maneira a ele, que fogem da verdade o mais que poderem, evitando a todo o custo enfrentar a realidade.

Como diz Eduardo Gianetti em seu livro "Auto-Engano", "…nada é o que parece: assim como o homem primitivo viveu num mundo de sonho em relação aos fenómenos da natureza, também nós ainda vivemos num mundo de sonho em relação a nós mesmos e pouco ou nada sabemos sobre as causas verdadeiras de nossas acções na vida prática."
(Continua)

Fonte: http://bvespirita.com/Auto-Engano / Gianetti, Eduardo;" Auto-Engano" / http://pt.conscienciopedia.org

Social ou Anti Social?

A Desigualdade Social

"Quando as palavras perdem o seu significado, as pessoas perdem a sua liberdade."

Confúcio

O conhecimento humano e a acção humana são fenómenos conceituais. Para a formação de conceitos, o uso da linguagem é fundamental. Ela é justamente a ferramenta que viabiliza a integração dos conceitos. Conforme escreveu Ayn Rand, "a linguagem é um código de símbolos visuais e auditivos que serve à função de converter conceitos no equivalente mental de concretos".

As palavras são essenciais para o processo de conceitualização e, portanto, para todo o pensamento. Isso é verdade para alguém isolado numa ilha ou na sociedade. Logo, aqueles que desejam inviabilizar o pensamento independente costumam escolher como principal alvo justamente os conceitos das palavras.
Em 1984, George Orwell tratou do assunto através do conceito de “duplipensar”, definido pelo autor como "a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitar ambas". O mundo labiríntico do “duplipensar” consistia em usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade em nome da moralidade, e aplicar o próprio processo ao processo. "Essa era a subtileza derradeira: induzir conscientemente a inconsciência e então tornar-se inconsciente do acto de hipnose que se acabava de realizar". Ou seja, o objectivo era a destruição dos conceitos bem definidos, fundamentais para o pensamento humano. Guerra passava a significar paz, ditadura passava a significar democracia, e social queria dizer anti-social. Este último termo é o foco desse artigo, pois o conceito da palavra "social" passou a ser tão vago, tão abstracto, tão flexível, que perdeu totalmente seu sentido objectivo. "Social" passou a ser uma palavra mágica, que associada a outra palavra qualquer, cria uma expressão que implica numa finalidade à qual quaisquer meios são justificáveis.

Para o austríaco Hayek, o adjectivo "social" tornou-se provavelmente a expressão mais confusa em todo nosso vocabulário moral e político. A extraordinária variedade dos usos da palavra, servem apenas para confundir, não para elucidar. O próprio Hayek fez um levantamento e encontrou nada menos que 160 termos associados ao adjectivo "social". Na maioria dos casos, o termo "social" anexado servia na prática para negar o sentido da palavra. Como exemplo, podemos pensar em justiça, e questionar o sentido de "justiça social", que quase sempre representa a destruição da própria justiça.

O uso do adjectivo "social" serve para insinuar que os resultados dos processos espontâneos do livre mercado foram, na verdade, fruto de uma criação humana deliberada. Em segundo lugar e como consequência disso, serve para instigar os homens a redesenhar aquilo que nunca foi desenhado por eles. Por fim, serve para esvaziar o sentido dos termos associados a este adjectivo vago. O exemplo já citado de "justiça social" é perfeito para ilustrar isso. A demanda que surge com o uso do adjectivo "social" ao lado de justiça é adoptar uma "justiça distributiva", que é irreconciliável com a ordem competitiva de mercado, causa do crescimento da riqueza e da própria população. O que essas pessoas chamam de "social" representa o maior obstáculo à própria manutenção da sociedade. Social aqui passa a significar anti-social.
Se retirarmos o véu que cobre os motivadores reais por baixo do adjectivo "social", fica evidente que essas pessoas falam em desigualdade material apenas, nada mais. Estão a condenar o facto de que alguns indivíduos conseguiram recompensas monetárias acima dos outros. Em suma, estão a olhar somente para a conta bancária, como se nada mais existisse na vida. Eles sabem que se usarem o termo verdadeiro, eles perderão a pose de nobreza que vem como resultado do uso do adjectivo "social". Ora, desiguais os seres humanos já são ao nascer! A genética é diferente, as paixões e interesses, a educação em casa, os anseios e metas, a inteligência e o esforço, a sorte. É simplesmente impossível atribuir peso para cada um desses itens, e é o resultado dessas características na livre interacção dos indivíduos que vai determinar as recompensas financeiras.
Isso não quer dizer valor, no sentido de estima, que é subjectivo. Um médico pode ser mais respeitado como indivíduo que um jogador de futebol, ainda que o último tenha uma conta bancária maior. Aqueles que pensam que justiça seria tirar à força o dinheiro do jogador para dar ao médico estão a assinar um atestado de materialistas, que só vêm dinheiro à frente. Como disse Benjamin Franklin, "aquele que é da opinião que dinheiro fará qualquer coisa, pode muito bem ser suspeito de fazer qualquer coisa por dinheiro". O carácter e a felicidade das pessoas não podem ser medidos pelo bolso. No entanto, parece ser justamente isso que os igualitários defensores da "justiça social" pensam. Eles apontam a desigualdade material e clamam por "justiça social", ou seja, saldos bancários similares.

O esforço não é garantia de sucesso no livre mercado competitivo. Aqueles que tentaram e não conseguiram a mesma recompensa que o vizinho, podem ser alimentados pela inveja. Ainda que compreensível, tal sentimento é destrutivo, e trabalha contra o interesse da sociedade, dos indivíduos. Somente quando o processo de mercado determina a recompensa financeira há um funcionamento eficiente da economia, permitindo maior criação de riqueza e conforto material para todos. Aqueles que, guiados por instintos primitivos, fingem defender a liberdade enquanto condenam a propriedade privada, os livres contratos, a competição, o lucro e até mesmo o próprio dinheiro, representam uma ameaça para a civilização. Eles acham que são movidos pela razão, e que podem definir de cima para baixo como arranjar os esforços humanos da melhor forma para atender os seus desejos, mas estão profundamente enganados.

Na realidade, eles usam e abusam do adjectivo "social", mas estão apenas deixando uma paixão anti-social falar mais alto: a inveja. Eis o que está por trás da máscara da maioria dos combatentes das "desigualdades sociais". Afinal, o foco de quem realmente se preocupa com os mais pobres deveria ser a pobreza em si, não as desigualdades, já que riqueza não é um bolo fixo. Um indivíduo fica rico no livre mercado somente criando valor para os demais. Michael Dell não teve que tornar ninguém mais pobre para ficar bilionário. Muito pelo contrário: ele ficou rico criando riqueza para os seus consumidores. A criação de riqueza, portanto, depende das tais "desigualdades sociais".

Quem pretende acabar com as desigualdades está mirando apenas na relação entre ricos e pobres, ignorando que os pobres melhoram de vida se os indivíduos à sua volta puderem ficar ricos. Se antes o meu transporte era uma carroça e agora posso andar de carro, não importa se o meu vizinho tem um Ferrari. A minha qualidade de vida melhorou, o meu conforto é maior, graças ao capitalismo. Focar apenas nas desigualdades materiais, ainda por cima disfarçando isso com o uso inadequado da palavra mágica "social", é um atentado contra a civilização, principalmente contra os mais pobres. Vamos atacar a miséria em si, e isso se faz com o capitalismo de livre mercado. Mas deixemos as desigualdades "sociais", leia-se materiais, em paz. Elas são fundamentais para preservar a ordem espontânea que reduz a miséria.

Rodrigo Constantino

(Rodrigo Constantino é formado em Economia pela PUC-RJ, e tem MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no sector financeiro desde 1997. É autor de cinco livros: "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", "Egoísmo Racional: O Individualismo de Ayn Rand" ,"Uma Luz na Escuridão" e "Economia do Indivíduo: O Legado da Escola Austríaca". É colunista da revista Voto, do caderno Eu&Investimentos do jornal Valor Económico, do jornal O Globo e do site OrdemLivre.org. É membro-fundador do Instituto Millenium e director do Instituto Liberal. Foi o vencedor do Prémio Libertas em 2009, no XXII Fórum da Liberdade).

Com pouco se diz muito!

Não Simples, que mente.

Simplesmente se devia viver sem que a vaidade nos tirasse esse modo de fazer. Simples. Sem medo.
Causa dessa coisa, à humanidade…Vestida e Crua à procura de algo para subir mais, nem que para isso faça mal ao muito próximo de si.
Para quê condenarem-se à morte ainda em vida? Não são eles mesmos, fingem.
A Tumba destes não terá flores devido aos horrores?
Terá. São esses que prosperam. Os que passam e ultrapassam os demais sem sentimentalismos mais.
Pela simplicidade se alcança a maioridade... que não se vê, mas concretiza a felicidade, mesmo que para isso se julgue a maldade como um bem complementar à verdadeira Natureza do Homem. O viver em Amizade.
Porquê usar máscara?
Esconde o que não se é?
Também…ninguém pediu para ser fora do que lhe pertence.
O que não lhe pertence é roubo à imaginação, sendo esta Cão desobediente, que mais do que aos outros, ao seu dono mente.
Postado por CoaBreca no 10/21/2010 06:05:00 PM 1 Bocas Links para esta postagem

Tipo: devaneio
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Mais palavras para quê?


"Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incómodo no caminho da multidão".
Chico Buarque ("Estorvo")


Segundo o dicionário, a inveja é o desgosto, ódio ou pesar pela prosperidade ou alegria de outrem. Já despeito é o desgosto causado por uma ofensa leve ou desfeita. E a cobiça é o desejo veemente de conseguir algo que é dos outros. Mas até que ponto podem chegar estas três coisas à vida de uma pessoa?

Nos dias actuais, é cada vez mais difícil encontrar seres humanos que não se deixem atrair pela ganância, dando espaço tanto à inveja, como ao despeito ou mesmo à cobiça.

É cada vez mais fácil encontrar: Quem deseje algo pertencente a outro semelhante! Quem fale mal de alguém, mesmo que não tenha motivos reais e verdadeiros para isso! Quem se deixe levar por opiniões de terceiros sobre determinadas coisas ou pessoas! Quem sem um conhecimento de forma abrangente, afirme não gostar de algo ou de alguém! E fechando com chave de ouro, quem crie uma mentira para prejudicar a imagem de alguém!

Pois é, o despeito, a inveja e a cobiça, rondaram à minha volta nos últimos dez anos da minha vida e a todo o momento os sentia. No entanto, embora sentisse a sua presença constante, ela de início não tinha rosto, mas sem saber o porquê, aumentava progressivamente.

Aos poucos transformou-se num autêntico exército “fantasma” de conluio nojento, a maioria das vezes protagonizada por indivíduos que eu nunca tinha visto e que por isso não conhecia de lado algum. Era sentida nos supermercados, na rua, em reuniões sociais e mais tarde até no próprio ambiente de trabalho.

A vida, nas mais variadas oportunidades, foi-me fazendo descobrir esses rostos, entre pessoas que eu julgava amigas, entre pessoas que conhecia mal ou só conhecia de vista e até algumas embora poucas, pessoas da família e outros em maior número, entre pessoas que eu não conhecia de todo.

Essa descoberta foi lenta, mas tudo se ligava como numa grande teia, tecida pela saliva de linguas afiadas. O conhecimento real desses rostos, foi sendo descoberto por mim, quase através de códigos, por olhares, sinais entre as pessoas que comigo dialogavam ou ao pé de mim estavam, por indirectas, comentários maliciosos, muitíssimos episódios de violação de privacidade, expressões de desdém e até de ódio, pessoas que de repente me deixavam de falar, sem que houvesse qualquer motivo para isso, atitudes de antagonismo inexplicado, afrontas à minha dignidade pessoal e até situações de assédio moral e interferência no trabalho.

Esses códigos, foram sendo aos poucos apanhados e decifrados por mim e ligados entre si. As pessoas envolvidas iam desde “amigos”, familiares, conhecidos, muitíssimos indivíduos desconhecidos e até alguns colegas de trabalho...
No entanto, ninguém se devia esquecer que se existe um instinto que faz parte da nossa espécie, certamente esse é a autodefesa. Se não fosse por ele, nós seres humanos certamente não estaríamos aqui.

Mesmo a pessoa mais tímida, ao se sentir ameaçada, manifesta algum desejo de poder reverter a situação na qual se encontra, mesmo que não se sinta atraída para exercer essa defesa de forma verbal ou física.

Um meio muito utilizado, para não dizer o principal, quando alguém quer destruir a reputação de uma pessoa, é a maledicência. Um comentário maldoso é capaz de destruir uma pessoa e por mais que ela tente, talvez nunca consiga reconstruir a imagem que perdeu por causa de um acto de despeito.
Um invejoso é capaz de ir até ao fim para ver a sua vítima chegando ao “fundo do poço”. Para esses eu gostaria de dizer apenas uma simples frase que me acompanha desde sempre: No fundo do meu poço existe uma mola, e por mais que se tente deixar-me lá no fundo, ela irá sempre trazer-me novamente para a superfície.

Já para aqueles que gostam de cobiçar as coisas alheias, daria a sugestão, de não perderem o seu tempo com atitudes pouco dignas e trabalhem arduamente, para conseguirem ter aquilo que desejam. Será mais realizador conseguir triunfar através dos seus próprios meios, do que tentar iludir alguém ou ter que passar por cima de alguém para conquistá-los.

Apenas observo o mundo à minha volta e tenho percebido que é cada vez mais comum a tentativa de “puxar o tapete” de outra pessoa.

Não podemos parecer felizes, pois lá vem um abutre pronto para acabar com a nossa alegria num piscar de olhos. Não podemos fazer algo e logo vem alguém dizendo que estamos plagiando determinada coisa. Enfim, NÃO PODEMOS VIVER SEM TER ALGUÉM PRONTO PARA TENTAR DESTRUIR-NOS!

Finalizando, a única forma que eu encontro para rebater tanta irracionalidade e toda esta energia negativa vinda de invejosos/gananciosos/despeitados, é a defesa com a verdade. Se nos atirarem uma pedra, temos que atirar a "Pedra do Guilhim" de volta. Se nos mantivermos calados e não fizermos nada para reverter a situação, certamente continuaremos sendo alvo fácil para todos aqueles que na realidade são extremamente infelizes e que por isso não suportam ver os outros felizes...

Esquizofrenia social - A “loucura que assola a humanidade”

Isto de sermos ou não “doentes” é uma questão de saber quem estabeleceu as referências para a normalidade. Considerei como “normalidade” um estado de satisfação e felicidade: a visão de um ser lúcido-lúdico, em comunhão com os seus iguais neste mundo, considerando-o como uma passagem.

Olhando de frente o que estamos vivendo, o que se percebe é uma sociedade com aspectos muito nebulosos na demonstração de sua sanidade. Uma alegria verdadeira é o que parece acontecer muito raramente. Estamos, de facto, todos, muito comprometidos.

A ética da sobrevivência é o antídoto para a situação que procurei expôr. Considerando o fenómeno da globalização, a informação mundializada, a perda dos espaços públicos, a exposição constante na mídia, a única saída é tentarmos ser escandalosamente coerentes - se não vamos, rapidamente, perder a credibilidade.

A esquizofrenia social que estamos vivendo não é um fenómeno novo, mas, historicamente, trata-se da primeira vez em que ela é exposta, devassada, sem hipocrisia, e isto é assustador. Olhamos ao redor e o que vemos é um mundo muito feio.

A esquizofrenia social nasce no berço, de pais perversamente despreparados, de uma sociedade com valores cruéis ou sem valores. Mudar isso é uma questão de urgência, se pretendemos ainda ter alguma possibilidade de viver com qualidade o futuro próximo.

Não se trata de uma busca do ideal, mas do equilíbrio. Podemos tentar dar mais e melhor atenção ao nosso entorno. Podemos criar uma nova onda, por exemplo, considerando como “brega” o desapreço pela criança e ao seu futuro.

Podemos lidar com a consciência da necessidade de políticas públicas que protejam a infância e a formação dos nossos cidadãos, sem que isso pareça pieguice, jogo de poder, hipocrisia ou mesmo algo messiânico.
Da mesma forma com que já se conseguiu implantar uma certa indignação social em relação às questões ecológicas, vamos trazer a pessoa para o centro deste movimento a favor de uma ecologia ainda maior.

Elza Pádua
(Elza Pádua é graduada em Comunicação Social pela PUC – Rio e em Administração de Empresas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas. Concluiu mestrado em comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde trabalhou com temas como feminismo e sociologia. Concluiu o doutorado em Psicologia Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde iniciou sua pesquisa sobre esquizofrenia social. Elza também é autora do Seminário “Nós - os canibais”, apresentado na Universidade Federal Fluminense, e do artigo “O descaminho da mulher”, publicado pelo Departamento de Estudos da Mulher de Washington, nos Estados Unidos.)

"Emprenhar pelos ouvidos"...

Há já algum tempo que visito habitualmente o excelente blog “Pronuncia do Norte”, onde geralmente encontro também excelentes divagações. Esta que publico agora, é uma das com que mais me identifico e por isso aqui fica…

“Uma pessoa que "emprenhe pelos ouvidos" é alguém que acredita piamente na primeira patranha que lhe contam, sem questionar a veracidade da mesma, nem tentar ouvir as outras versões de uma mesma história.

A vida já me ensinou que qualquer questão tem sempre duas, ou até mais versões. Muitas vezes, nenhuma delas é verdadeira, mas se as analisarmos a todas conseguimos chegar a uma conclusão que, essa sim, se não for completamente verdadeira, está lá muito próxima.

O grande problema é que o número de "emprenhados pelas orelhas" cresce de forma inversamente proporcional aos cépticos. Cada vez há mais quem "emprenhe pelos ouvidos" e menos quem apenas use os ouvidos para... ouvir.

E, quando finalmente, por um qualquer acaso, um "emprenhado pelos ouvidos", ouve outra coisa completamente diferente daquela que tinha como certa, e essa nova versão dos acontecimentos até tem lógica, fica com um ar muito desalentado e ainda tem coragem de dizer:

"E andei eu a ser enganadinho estes anos todos! Que burro que eu sou!".

E quem sou eu para desmentir alguém?! Não desminto! Não tenho pena! Não lhe passo a mão no pêlo para o consolar!

Os dados estavam lá todos, sem faltar nenhum. Só não viu quem não quis ou... é cego! Só não leu quem não quis ou... não sabe ler!

Ontem, assisti a uma situação que se enquadra perfeitamente no que relatei e me pôs a pensar neste tipo de pessoas.

Extrapolei, do trabalho para o país, e cheguei à conclusão que a maioria dos portugueses... "emprenham pelas orelhas" e depois querem milagres.”
(Publicada por Pronúncia em Quarta-feira, Março 04, 2009 Etiquetas: Reflexões)
Deve-se acrescentar porém, que os comportamentos sociais desde tipo há muito que são analisados e estudados por inúmeros sociólogos e psicólogos do mundo inteiro, pelo que se explicam como vulgares em qualquer sociedade.

Assim sendo, alguns dos que “emprenham pelos ouvidos”, fazem-no porque o querem, direi melhor se acrescentar que fazem-no porque têm necessidade de acreditar. Em especial quando os “contos e ditos” são no sentido de retirarem o brilho e a cor à vida de alguém, sendo esse credito fácil e imediato, uma espécie de compensação para a sua vida limitada e descolorida.

Outros porém, fazem-no porque julgam os outros por si próprios, fazendo a história completa à sua maneira e querendo insistentemente que os outros se comportem como eles se comportariam, usando para isso manhas variadas e variadíssimas cenas tristes.
Esquecem-se no entanto, que nem todos aprenderam a ler pela mesma cartilha. Sugiro então, que tentem fazer o pino até ao infinito...

Salve-se quem poder...

"A ética deve fundar-se no bem comum no respeito aos direitos do cidadão e na busca de uma vida digna para todos."

Ferreira Gullar
O crime e os abusos de todo o tipo, estão instalados em Portugal. Esta realidade já ninguém a nega, embora nem todos os comportamentos criminosos sejam vistos por todos da mesma forma.

Há alguns anos que um certo tipo de máfia portuguesa se mistura com o poder. Antes era facilmente identificável, agora, ocupam lugares públicos, nas empresas públicas, nos clubes de futebol ou ocupam cargos de chefia e são especialmente bem relacionados com o poder local ou nacional.

Têm pelo menos um bom tacho, num desses sectores. Dominam bem o polvo da corrupção, e quem os quiser enfrentar vê-se grego. Até agora, nem o Estado tem conseguido.
Existem também aqueles que usam e abusam de recursos públicos a seu belo prazer, como carros, casas e até aviões, para fins nada próprios, e quem paga essas extravagancias é o Zé povinho.

Os compadres como os de antigamente já não existem. Hoje não há lugar para o compadrio saudável, nem espaço para o comprazimento que só a amizade proporciona. O compadrio agora é outro e nos dias que correm é já uma palavra altamente suspeita, duvidosa, aconselhando a máximas precauções e redobrados cuidados.

Falar de compadrio hoje, destila logo uns fumos de corrupção, uma suspeita de cunha ou de favor ou mesmo de fácil conluio. Os compadres hoje, dando-se ares de “padrinhos”, não se coíbem a prestarem favores com a maior das facilidades, utilizando para isso uma teia ainda mais alargada, em que qualquer um serve, desde que os meios justifiquem os fins.

Aprendemos rapidamente que com a crise de justiça que se vive actualmente em Portugal, nem vale a pena recorrermos a ela, pelo que estamos sujeitos a arbitrariedades de toda a ordem.

Na própria cultura portuguesa, está instituído o favor e a reverência, cozinhado outrora por meia dúzia de senhores a quem os outros reverenciavam, mas que hoje todos cultivam e salve-se quem poder...

Curiosamente hoje qualquer um vive acima da ética, de tal forma que se sente a todo o momento a sua falta, na vizinhança, nas comunidades, na família, nos ambientes de trabalho, onde uma moral desprovida de ética, absurda, paradoxal, bizarra, foi criada e é cada vez mais nítida.

Para mim isto ficou muito claro, em muitíssimas experiências que há já algum tempo tenho vivido. Quem sabe um dia vou vislumbrar viver num mundo provido de moral e ética...

Onde estão os valores?

O mau caratismo de alguns está a extrapolar todos os limites. Algumas pessoas perdem a oportunidade de FICAR QUIETAS e de se omitirem em falsos testemunhos e considerações DESRESPEITOSAS para com os outros, quando a vergonha os devia fazer calar.
Como diria o pensador, os homens não têm muito respeito pelos outros, porque têm pouco até por sí próprios. Que, dentro de si, procurem algum sinal de humanidade; que busquem uma oportunidade para crescerem.

Que possam raciocinar sobre isto:
"Respeitar em cada Homem a humanidade, se não for aquele que é homem, pelo menos o homem que ele deveria ser."

A Negra Alma da Inveja


"Com a inveja e o ciúme, não há calma nem repouso para aquele que está atacado desse mal. Os objectos de sua cobiça, de seu ódio, de seu despeito, levantam-se diante dele como fantasmas que não lhe dão nenhuma trégua e o perseguem até no sono."

Allan Kardec


A inveja é definida como sendo o desejo de possuir e de ser o que os outros são, podendo tornar-se uma atitude crónica na vida de uma criatura. É uma forma de cobiça, um desgosto em face da constatação da felicidade e superioridade de outrem.

Observar a criatura sendo, tendo, criando e realizando provoca uma espécie de dor no invejoso, por ele não ser, não ter, não criar e não realizar. A inveja leva, por consequência, à maledicência, que tem por base ressaltar os equívocos e difamar; assim é a estratégia do depreciador: “Se eu não posso subir, tento rebaixar os outros; assim, compenso meu complexo de inferioridade”.

O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detective da vida alheia até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos.

Faz geralmente o género superior, quando na realidade, se sente inferiorizado; por isso, quase sempre deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu olhar, para ocultar dos outros o seu precário contacto com a felicidade.

A inveja sempre foi uma emoção subtilmente disfarçada em nossa sociedade, assumindo aspectos ignorados pela própria criatura humana. As atitudes de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja, ou seja, a própria “prepotência da competição”, que tem como origem todo um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados.

A inveja, o despeito, o rancor e muitos outras formas de comportamento poderão quando utilizadas por pessoas de mau carácter ter efeitos desastrosos sobre os "espíritos fracos", e que se manifestam nos locais mais diversos, como o ambiente de trabalho, as grandes superfícies comerciais e até com muita frequência em reuniões sociais.

No entanto, deve referir-se que a maior das defesas é a nossa auto-confiança, a segurança nas nossas atitudes e comportamentos e muito especialmente e neste aspecto, convém ter bem presente que nunca devemos gabarmo-nos dos nossos êxitos, não falarmos mais do que o necessário e dentro do possível fazer uma selecção das pessoas com quem nos relacionamos.

Apesar de todos os cuidados, estamos rodeados de cargas negativas e contra elas temos de nos defender com tudo o que esteja ao nosso alcance, tendo bem presente que defendermo-nos não significa "atacar", e que se usarmos as mesmas armas a lei da "causa efeito" encarrega-se a seu tempo de nos castigar...

O Assédio Moral no Trabalho

Depois de muitos anos de carreira, cheguei a algumas conclusões em relação a certos colegas de trabalho. Não entendam “meus colegas de trabalho” e sim todos os que trabalham em grupo em qualquer instituição, seja pública ou privada.

Conhecido como bajulador, galanteador ou sabe tudo, tem geralmente um perfil cultural sofrível, para não dizer ridículo, tem muita dificuldade para as tarefas que necessitam de habilidades mínimas e básicas, mas apresenta-se a todos como um entendido em todas as áreas de conhecimento. Está sempre de plantão no meio das fofocas, não perde nenhuma notícia e nenhum detalhe.

Participa sem ser chamado em conversas sobre decisões, ouve escondido ou indaga como quem não quer nada e imediatamente corre às chefias para contar o sucedido.

Jamais se deve subestimar ou menosprezar a capacidade de um adulador, pois ele está sempre pronto a infernizar a vida de um colega de trabalho. O que desencadeia a sua agressividade e sua conduta é geralmente o receio pelos êxitos e méritos dos demais.
Entre o adulador e os seus superiores, existe uma falsa relação de amizade, aparentemente amigável, duradoura, que por vezes chega até a causar alguma inveja a alguns dos seus colegas mais ingénuos, que inocentemente lhe confidenciam tudo, com medo de perder essa tão importante amizade.

Depois de muitos anos descobri que o adulador tem características de serpente expulsa do paraíso nos tempos de Adão e Eva, a considerar pela condenação de rastejar eternamente aos pés do chefe e a procurar perscrutando a própria identidade perdida.

O adulador é como um tumor maligno, causa sofrimento e desalento prematuro nas pessoas mais susceptíveis e é difícil de exterminar. A cada dia aparecem mais e mais, como uma praga e pelo que tudo indica e leva a crer, sobreviverá ao próprio “fim do mundo”.

Consegue-se acabar com os ratos, ratazanas, baratas e outras pragas nocivas à saúde de todos nós, mas de nada adianta tentarmos acabar com os aduladores, eles sobrevivem a tudo. Acaba-se com um, há outros dez esperando para tomar o lugar do outro.

São verdadeiras víboras, serpentes peçonhentas, bactérias patogénicas em constante processo de infecção dos espaços de trabalho.

Por vezes o adulador consegue até pequenos cargos de chefia, mas nunca galgará posições de verdadeiro comando. Mas quando por cunha ou pagamento de serviços o consegue, vive cheio de dúvidas e disfarçadamente, às escondidas, pergunta tudo e depois assume a autoria dos resultados obtidos e ainda diz que não precisa de ninguém.

Teóricos e estudiosos do tema, alertam para que sejamos prudentes com esse tipo asqueroso que vive arquitectando armadilhas para tentar destruir os colegas de trabalho com quem, sem razão aparente, não simpatizem ou invejem.

O adulador não tem carácter, vive de sala em sala, de grupo em grupo, metendo-se em tudo, sempre perdido na selva do trabalho, capaz de descontrolar a própria bússola. Não vive a vida dele, mas tem como intuito tentar meter-se na vida dos outros e quando se dedica a algum projecto, com certeza, será para aprimorar os métodos de bajulação.

Observadores do comportamento humano e relações no trabalho descobriram nestes anos passados que o sofrimento causado pela humilhação e injustiça cometida a inúmeros funcionários e trabalhadores honestos, competentes e inteligentes, tem como causa o conhecido Assédio Moral.


Fonte: J. Notariano

Ver: http://www.sinasefe.org.br/Cartilha_AssedioMoral.pdf

Nada mais a propósito...

Há coisas que sentimos mas não somos capazes de exprimir. No entanto e para bem de todos nós, pessoas há, que por um sentir maior ou por maior engenho e alma, nos revelam e transmitem aquilo que há tanto tempo esperávamos.
Este recente post, publicado no Blog Coabreca (http://ghettodacoabreca.blogspot.com/), tomou as medidas dos meus desejos e aqui fica, para que o maior número de humanos, pseudo-humanos ou extraterrestres o leia.


“O difícil não é imitar a grandeza com desmesura. O difícil é que a alma não seja anã.”

Vergílio Ferreira

"Todo o Homem tem os seus pontos negros mesmo que os oculte, por vergonha ou petulância.
Relembro nos dias que tenho do passado, as escondidas de um hediondo maior através de hostilidades de menor, as exigências desmedidas a outrem para que lhes não caiba nas suas medidas, a crítica da sua alma decadente.
E porque a ignorância é absolutamente neles evidente, pelo absurdo dos cânones desumanos, mais estreitos assim são, que desconhecem os limites dos seus irmãos humanos. Tão mais ignorantes que aquela vítima que escolhem, do seu desdém ou inveja, e enganados continuarão, pois em vão lutam por uma razão, sendo esta não mais que um escape do espelho que tão ingenuamente usam, não se afirmando em nada mais que isso no seu ataque.
O próprio Deus teve declínios. Ele criou o homem quando estava fatigado tendo por isso sugestões do Diabo, o que não tira ao sexto dia a esperança numa continuidade que vai além da marcação do nosso pecado."
Postado por CoaBreca em 8/30/2009 / 02:49:00 AM
Tipo: devaneio