O Assédio Moral no Trabalho

Depois de muitos anos de carreira, cheguei a algumas conclusões em relação a certos colegas de trabalho. Não entendam “meus colegas de trabalho” e sim todos os que trabalham em grupo em qualquer instituição, seja pública ou privada.

Conhecido como bajulador, galanteador ou sabe tudo, tem geralmente um perfil cultural sofrível, para não dizer ridículo, tem muita dificuldade para as tarefas que necessitam de habilidades mínimas e básicas, mas apresenta-se a todos como um entendido em todas as áreas de conhecimento. Está sempre de plantão no meio das fofocas, não perde nenhuma notícia e nenhum detalhe.

Participa sem ser chamado em conversas sobre decisões, ouve escondido ou indaga como quem não quer nada e imediatamente corre às chefias para contar o sucedido.

Jamais se deve subestimar ou menosprezar a capacidade de um adulador, pois ele está sempre pronto a infernizar a vida de um colega de trabalho. O que desencadeia a sua agressividade e sua conduta é geralmente o receio pelos êxitos e méritos dos demais.
Entre o adulador e os seus superiores, existe uma falsa relação de amizade, aparentemente amigável, duradoura, que por vezes chega até a causar alguma inveja a alguns dos seus colegas mais ingénuos, que inocentemente lhe confidenciam tudo, com medo de perder essa tão importante amizade.

Depois de muitos anos descobri que o adulador tem características de serpente expulsa do paraíso nos tempos de Adão e Eva, a considerar pela condenação de rastejar eternamente aos pés do chefe e a procurar perscrutando a própria identidade perdida.

O adulador é como um tumor maligno, causa sofrimento e desalento prematuro nas pessoas mais susceptíveis e é difícil de exterminar. A cada dia aparecem mais e mais, como uma praga e pelo que tudo indica e leva a crer, sobreviverá ao próprio “fim do mundo”.

Consegue-se acabar com os ratos, ratazanas, baratas e outras pragas nocivas à saúde de todos nós, mas de nada adianta tentarmos acabar com os aduladores, eles sobrevivem a tudo. Acaba-se com um, há outros dez esperando para tomar o lugar do outro.

São verdadeiras víboras, serpentes peçonhentas, bactérias patogénicas em constante processo de infecção dos espaços de trabalho.

Por vezes o adulador consegue até pequenos cargos de chefia, mas nunca galgará posições de verdadeiro comando. Mas quando por cunha ou pagamento de serviços o consegue, vive cheio de dúvidas e disfarçadamente, às escondidas, pergunta tudo e depois assume a autoria dos resultados obtidos e ainda diz que não precisa de ninguém.

Teóricos e estudiosos do tema, alertam para que sejamos prudentes com esse tipo asqueroso que vive arquitectando armadilhas para tentar destruir os colegas de trabalho com quem, sem razão aparente, não simpatizem ou invejem.

O adulador não tem carácter, vive de sala em sala, de grupo em grupo, metendo-se em tudo, sempre perdido na selva do trabalho, capaz de descontrolar a própria bússola. Não vive a vida dele, mas tem como intuito tentar meter-se na vida dos outros e quando se dedica a algum projecto, com certeza, será para aprimorar os métodos de bajulação.

Observadores do comportamento humano e relações no trabalho descobriram nestes anos passados que o sofrimento causado pela humilhação e injustiça cometida a inúmeros funcionários e trabalhadores honestos, competentes e inteligentes, tem como causa o conhecido Assédio Moral.


Fonte: J. Notariano

Ver: http://www.sinasefe.org.br/Cartilha_AssedioMoral.pdf

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