Francisco de Goya

Francisco José de Goya y Lucientes, dotado e precoce pintor aragonês, nasceu em Fuendetodos, perto de Calatayud e de Saragoça, em 30 de Março de 1746.

Goya iniciou sua aprendizagem como pintor em 1759, aos treze anos, com Don José Luzan y Martinez. Como era costume na época, começou fazendo cópias de pinturas de vários mestres. Aos dezassete anos, transferiu-se para Madrid, onde tentou por duas vezes, uma em 1763 e outra em 1766, entrar para a Academia de Belas Artes, sendo rejeitado em ambas as tentativas. Os biógrafos atribuem a Goya todo o tipo de aventuras nos anos que se seguiram, como a de ter-se tornado toureiro em Roma e ter-se envolvido em inúmeras aventuras amorosas.

No final de 1771, inscreveu-se em concurso da Academia de Belas Artes de Parma, recebendo uma menção honrosa com a sua primeira encomenda, o fresco na Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça. A partir daí, seguiram-se encomendas para o Palácio de Sobradiel e o Monastério Aula Dei.
Entre os anos de 1773 e 1774 foram executadas, provavelmente, as últimas pinturas desse período em que esteve em Saragoça. Especializou-se no desenho de cartões para a indústria das tapeçarias e na decoração de igrejas como a igreja de San Juan el Real, de Calatayud com brilhantes frescos.

Depois de estabelecido em Madrid, começou a pintar retratos. O mais antigo que se conhece data de 1774, sendo que no ano de 1778 fez nada menos do que catorze retratos. No ano de 1780, entrou para a Academia de San Fernando em Madrid e apresentou a obra "La Crucificada". Nessa pintura, Goya seguiu as regras académicas, provando que era um mestre do estilo convencional.

Em 1785, começou a receber encomendas da aristocracia. A primeira encomenda foi para o "Festival Folclórico" do dia de Santo Isidoro. No mesmo ano, executou o primeiro retrato de um membro da nobreza, a "Duquesa de Osuna".

Em 1786 foi nomeado pintor da corte por Carlos III, nomeação confirmada por seu filho Carlos IV, em 25 de Abril de 1785, nomeando-o "Primeiro Pintor da Câmara do Rei", tendo pintado o monarca e sua esposa Maria Luísa com excelente precisão artística. Em 1790, pintou um de seus auto-retratos.
Em 1799, era o primeiro pintor da corte, mas retirou-se em 1808, quando a invasão de Madrid pelas tropas napoleónicas e a ocupação do trono por José Bonaparte. Reassumiu o cargo em 1814, com Fernando VII, mas a restauração do absolutismo levou-o a isolar-se na Quinta del Sordo, e em 1824, e a mudar-se mais tarde para Bordéus, na França.

Pintou em 1787 "O prado de São Isidro". Suas inclinações realistas só se afirmaram a partir de 1792, em quadros como "O manicómio", "O tribunal da Inquisição", "Procissão de flagelantes" e o mais marcante "O funeral da sardinha", cenas realistas em que há um fluxo subterrâneo de visões fantásticas.

Em 1800, no auge do prestígio, pintou seus quadros mais discutidos, "Maja desnuda" ("Mulher despida") e "Maja vestida", e o famoso "A família de Carlos IV", que é um exemplo de como introduzia traços grotescos nas figuras. Em todos o realismo ora explode em erotismo, ora detém-se na análise desapiedada dos modelos.
Goya pintou também os episódios da invasão francesa, e os horrores que se seguiram, que influenciaram muito o temperamento de Goya, como o "Três de Maio", que representa uma cena de fuzilamento de composição insólita. "El Sabado de las Brujas" e "Saturno" são o ápice da carreira e manifestam uma visão sombria da realidade.

Goya foi tão importante na pintura quanto na gravura, onde pôde manifestar de forma extremamente expressiva o espírito do humor espanhol, que tende para a deformação e até para o trágico. Predominam a sátira social, cheia de sarcasmo, os motivos eróticos e a feitiçaria, como obra oposta à razão, pois Goya era um iluminista e fustigava as crendices do tempo. A mais emblemática é a que traz a inscrição "O sono da razão produz monstros", o charlatanismo, a inveja, a avareza e a vaidade, são seus alvos.

A sátira está entretanto ausente na colecção mais célebre de Goya, "Os desastres da guerra" (1810-1814), na qual o artista rememora as atrocidades das invasões napoleónicas na Espanha. É também o Goya mais "heróico", que exalta os patrícios, sobretudo as mulheres, e mostra a infâmia dos invasores, numa sucessão de mutilações, fuzilamentos, saques, tentativas de estupro e outros males da guerra.

A colecção de gravuras "Tauromaquia" escapa desse universo atormentado, para mostrar as façanhas e heróis célebres da praça de touros. Nessa colecção, editada em 1816, Goya desenvolve um clima de dinamismo e tensão raros na arte da gravura.

Por volta de 1819, realizou o último dos seus conjuntos e o de mais difícil abordagem, os "Disparates". Há neles um carácter crítico, em que volta o génio sarcástico de "Os caprichos", mas os temas são genéricos e há maior liberdade de composição e de proporção das figuras.

Existe ainda uma pequena série de obras litográficas. Das suas obras mais fortes a mais impressionante é a intitulada "O colosso", um gigante sentado defronte a um quarto crescente, com o rosto voltado para o contemplador, talvez o emblema mais contundente dos enigmas de seu génio artístico. Goya morreu em Bordéus, em 16 de Abril de 1828.

Como era interessante termos ainda entre nós Francisco Goya, para que pintasse da sua forma sarcástica e crítica, as vivências dos nossos dias...

Calatayud

A caminho de Zaragoza na auto-estrada que liga Madrid a Barcelona, e depois de percorridos cerca de 144 Km de estrada com poucas povoações, avista-se a bela cidade de Calatayud, com as suas inesquecíveis torres mudéjar que se destacam na paisagem, como que trazidas pelo vento, que nos sussurra ao ouvido: "Bienvenidos a la muy noble, leal, siempre augusta y fidelísima ciudad de Calatayud".

A cidade de Calatayud, localizada em Aragão, que é uma província sem paralelo em Espanha, por sua variedade de paisagens (vales fluviais luxuriantes, zonas de montanha e áreas semi-desérticas). O seu nome deriva de um antigo governador árabe de nome Ayub, que construiu um castelo, (qalat) na confluência dos rios Jalon e Jiloca (qalat Ayub).

Há muito, muito tempo, há mais de dois mil anos, no local onde hoje se encontra a cidade, havia uma pequena mas próspera população de celtiberos. A primeira época de grande esplendor da região, foi com o Império Romano, e nesta época, a antiga cidade de Bílbilis (onde nasceu o poeta Marcial e cujas ruínas ficam a 6Km a leste de Ctalatayud), foi utilizada como importante ponto de encontro e descanso das legiões romanas no seu caminho para o norte, em direcção à Gália.

Calatayud é a mais típica cidade muçulmana de Aragão, sendo considerável a sua importância como núcleo Histórico-Artístico. O seu castelo foi mandado construir por Ayub-ben-Habib, que era um sobrinho do general Muza-ben-Nusair, conquistador de Espanha. Hoje o castelo de Ayub está em ruínas, mas foi outrora de grandes dimensões, (100 x 50 metros). Possuiu em tempos duas zonas fortificadas e ainda hoje podem observar-se algumas portas do conjunto fortificado.

A sua importância estratégica é incontestável, dada a sua localização entre dois rios e no centro da Península Ibérica, na comunicação com o platô estratégico, o que conduziu a assentamentos no território, desde tempos muito antigos. Porém, durante a dominação muçulmana a sua importância foi crescendo, em especial desde a chefia do Emir de Córdova, Muhamad I.

Seu filho al-Anqar o "Coxo", veio a alargar os seus domínios até Zaragoza e o seu neto, Abu-Yahia, rompeu os laços de fidelidade para o califa de Córdova e declara estado de revolta, marcando a sua peculiar posição, chegando a acordo com Ramiro II de Leão. O califa de Córdova, Adbderramán III não esteve com contemplações e agindo com rapidez e firmeza, atacou a cidade em 937, causando a morte de Mutarrif, general defensor da cidade, e dos soldados que defendiam Calatayud. Calatayud caiu junto com mais trinta povoações e castelos inclusive Zaragoza, no entanto, Abu Yahia foi perdoado.

Após o início da Reconquista, o rei Alfonso I, conquistou Calatayud em 1120 e depois da batalha, entre as ruínas de um dos castelos, apareceu, segundo a tradição, uma imagem da Virgem a quem chamaram de Nossa Senhora da Rocha e que é hoje a padroeira da cidade. Neste local foi erigida uma capela, mandada construir pelo Papa Lúcio III, que foi sendo construida até ao ano 1180.

Anos mais tarde, o rei concedeu o foral a Calatayud e criou a "Comunidade de Calatayud", que durou até o século XIX. É muito provável que todo o recinto fortificado seja de origem muçulmana, sendo composta por cinco castelos ligados por uma longa série de muros, que possuíam no seu interior uma série de morros e a primitiva cidade.

Com vinte e três mil habitantes, Calatayud é a quarta maior cidade de Aragão, e está localizada num ponto estratégico, uma vez que se encontra a apenas 75 Km de Saragoza e localizada junto à auto-estrada entre Madrid, Zaragoza e Barcelona.

A sua enorme fortaleza mourisca e as torres de igreja semelhantes a minaretes são visíveis de muito longe, possuindo ainda numerosos monumentos religiosos e civis que se destacam pelo seu interesse histórico e artístico. Entre eles, devemos mencionar as torres mudéjar de Santo André e de Santa Maria Maior, (com uma complicada fachada planteresca) e de toda a fortificação islâmica, que é a mais antiga fortificação dos tempos medievais em toda a península, datando do séc. VIII.

O seu património sofreu durante o século XIX, a agressão do louco desenvolvimento, mas agora é um motivo de constante preocupação e cuidado por parte dos cidadãos e dos seus representantes eleitos. Nos últimos anos, muitas construções foram restauradas e salvas da ruína e outras estão em recuperação.

Pode iniciar-se a visita à cidade, a partir da Plaza del Fuerte, ampla e central, rodeada por plátanos centenários, para as ruas que levam aos mais belos recantos da cidade velha, tal como a igreja de San Juan el Real, construída no século XVII pela Companhia de Jesus, um notável edifício de estilo barroco. O fresco pintado na sua cúpula, foi obra do génio precoce de Aragão, o pintor Francisco de Goya, bem como muitos dos seus quadros.

Como monumentos a visitar, há a destacar o Santuario de la Virgen de la Peña, que é a padroeira da cidade e encontra-se no castelo do mesmo nome; Colegiata Santa María la Mayor, situada no centro urbano e construída sob uma mesquita árabe; Colegiata del Santo Sepulcro, principal templo desta ordem em Espanha; Igreja de San Pedro de los Francos, construída para os franceses que ajudaram D. Afonso I, o Conquistador, na conquista da cidade.

As Colecções de Pintura do Museu do Prado

A importância do Museu do Prado baseia-se sem dúvida nenhuma nas suas colecções reais. A riqueza das obras de arte estrangeiras, incluindo muitas das melhores obras da Europa, reflecte o poder histórico da coroa espanhola. Os Países Baixos e parte da Itália estiveram sob o domínio espanhol durante séculos. O séc. XVIII foi uma era de influência francesa, após a subida dos Bourbons ao trono de Espanha.
A colecção de pintura espanhola é a mais importante do museu, sendo a que, claro lhe concede o renome internacional que, claro actualmente tem. Obedecendo a um critério cronológico, o Prado expõe desde os murais românicos do século XII à produção da pintura de Francisco Goya. Esta colecção alberga obras de pintores espanhóis de fama internacional, como El Greco, José de Ribera , José de Madrazo y Agudo e o filho deste, Federico de Madraz y Kuntz, e ainda Bartolomé Esteban Murillo, Diego Velázquez e Goya.
O facto de os Países Baixos terem integrado o grande Império Espanhol, durante o chamado "El siglo de oro" (O século de ouro), explica a riqueza da colecção da escola flamenga no Museu do Prado. A colecção alberga pintura de pintores como Hieronymus Bosch, Dirck Bouts, Hans Memling, tal como Rubens, Adriaan Isenbrant, Rembrandt, Anthony van Dyck e Brueghel.

Reduzida também em número, mas de grande qualidade, a colecção de pintura alemã alberga obras desde o século XVI ao século XVIII, dedicando diversas salas a pinturas capitais de Albrecht Dürer, Lucas Cranach, Hans Baldung e Anton Raphael Mengs.

Com dezasseis salas dedicadas à sua exposição, a secção da colecção de pintura italiana alberga obras desde a Baixa Renascença até ao século XVIII, reunindo pinturas de artistas famosos como Fra Angelico, Melozzo da Forlì , Andrea Mantegna, Botticelli, Tiepolo e Giaquinto. Para além destes, podem ali observar-se excelsas obras de Ticiano, Tintoretto, Veronèse, Bassano, Caravaggio e Gentileschi.
De todas estas colecções, foram escolhidas para aqui figurarem, as obras mais emblemáticas e exemplificativas, não só da colecção espanhola, mas também de todas as outras colecções do Museu do Prado.

O Museu do Prado


O Museu do Prado é maravilhoso! É um dos maiores de toda a Europa, com belíssimas e preciosíssimas obras de arte, e ninguém deveria passar por Madrid sem conhecer este Museu. Embora desfrutar do seu encanto, seja trabalho para mais de um dia, pelo menos as principais obras de Goya e Velázquez valem um dia de visita.
O Museo del Prado, criado como museu de pintura e escultura, possui também importantes colecções de desenhos (mais de 5000), gravuras (2000), moedas e medalhas (mil) e quase 2000 peças de artes sumptuárias e decorativas.

A escultura está representada por mais de 700 peças e praticamente o mesmo número de fragmentos, mas a colecção de pintura, com a sua enorme riqueza, em quantidade (8.600 obras) e qualidade, obscureceu a importância das outras colecções.
O Museu do Prado tem uma colecção de pintura bastante completa e complexa, com a maior colecção de pintura espanhola do mundo, em especial obras de Velázquez e de Goya, dos séculos XII ao XIX. Também abriga impressionantes colecções estrangeiras, particularmente obras italianas e flamengas.

Num belo edifício de estilo neoclássico, construído no fim do século XVIII, (1785), o museu, parte de um complexo assinado pelo arquitecto Juan de Villanueva, por ordem de Carlos III, foi projectado inicialmente para abrigar o museu e o Gabinete de História Natural.

Durante a Guerra Peninsular, serviu de paiol e quartel de cavalaria do exército de Napoleão, e depois foi saqueado pelos próprios habitantes de Madrid, que levaram vigas de madeira e blocos de pedra para reconstruir as suas casas.

O rei Fernando VIII decidiu então instalar no edifício o seu novo Museu Real de Pinturas; os trabalhos de acabamento levaram ainda mais dez anos. Abriu como museu em 1819, com obras coleccionadas pelos antepassados nobres do rei. Mais tarde sofreu obras de melhoramento e ampliação, sendo construído um novo edifício sobre o claustro da igreja adjacente, sob a responsabilidade do arquitecto espanhol, Rafael Moneo, onde se encontram localizadas as exposições temporárias.

No final do século XIX, todo o acervo do Museu Trindade foi doado ao Museu do Prado. As obras, de temática religiosa, eram na maioria expropriações dos bens eclesiásticos, como forma de amortização das dívidas do clero com o reino. Desde a fusão dos dois museus, muitas obras de arte foram incorporadas ao acervo por meio de doações, legados e novas aquisições.

Actualmente, as colecções do Museu do Prado estão organizadas nas seguintes secções: pintura espanhola, pintura italiana (1300 a 1800), pintura flamenga (1430 a 1700), pintura francesa (1600 a 1800), pintura alemã (1450 a 1800), escultura, artes decorativas e desenhos e gravuras.
O Prado mantém telas de Goya, Velásquez, Rivera, El Greco e ainda várias de Zurbarán e Murillo. Além de reunir o que há de mais importante da escola espanhola, o Museu do Prado possui uma significativa colecção de arte italiana (Fra Angelico, Tintoretto, Bellini) e também da escola flamenga (Van der Weyden, Van Dyck, Rembrandt).
As obras estão dispostas por escolas, estando as mais antigas nos pisos inferiores. O primeiro andar cobre a pintura espanhola do século XVII, incluindo as obras-primas de Goya e Velázquez.

A colecção de escultura é composta por mais de duzentas e vinte esculturas da Antiguidade Clássica, trazidas de Itália entre os séculos XVI e XIX. A colecção alberga esculturas do período greco-arcaico ao período helenístico, tal como do Renascimento. Duas salas são reservadas a estas esculturas.

A colecção de desenhos e estampas, conta com cerca de 4 mil desenhos, destacando os cerca de quinhentos desenhos de Francisco Goya, a mais importante do mundo. Duas salas, instaladas no segundo andar do museu, mostram rotativamente, por razões de conservação, esta importante e rica colecção.

Por último, a colecção de artes decorativas é das mais bonitas e ricas do Prado, albergando até o famoso Tesouro do Delfim.

Madrid

Madrid é uma das mais belas e agitadas capitais da Europa. Situada na região centro da Espanha, cercada por terras áridas, Madrid é a capital de maior altitude na Europa. A cidade foi edificada nas margens do rio Manzanares, e devido à sua localização geográfica e histórica, é juntamente com Lisboa, o centro financeiro e político da Península Ibérica.

No seguimento da restauração da democracia, em 1976, e a adesão à CEE, em 1986, a cidade de Madrid tem vindo a desempenhar um papel importante na economia europeia, tornando-se num dos principais polos financeiros do Sul da Europa.

Apesar do local onde actualmente está situada a cidade ter tido ocupação humana desde a pré-história, foi fundada pelos árabes como uma fortaleza. Durante o reinado de Muhammad I, foi mandado construir um pequeno palácio na localidade, (hoje em dia, no sitio onde antes se erguia esse edifício, está o Palácio Real de Madrid).

Em torno desse palácio desenvolveu-se uma povoação de poucos habitantes chamada al-Mudaina. Perto do palácio, corria o rio Manzanares ao qual os muçulmanos chamaram al-Majrī ("fonte de água"), nome que evoluiu para Majerit, e mais tarde transformou-se em Madrid, assim permanecendo até que Afonso VI a ocupou, em 1083.
Após um grande incêndio que destruiu parcialmente a cidade, o rei Henrique III de Castela (1379–1406) ordenou a reconstrução da mesma, e o monarca ficou instalado num palácio no exterior da cidade, El Pardo. Mais tarde, Felipe II fez dela pela primeira vez, a capital da corte em 1561.

Madrid sofreu muito com a Guerra Civil Espanhola, e as ruas da cidade eram autênticos campos de batalha, devido ao facto de ser um dos principais núcleos republicanos em Espanha. Durante esta guerra, a cidade foi alvo dos primeiros bombardeamentos aéreos contra civis da história da Humanidade.

Já durante a ditadura de Francisco Franco, principalmente nos anos 60, o sul de Madrid tornou-se numa área muito industrializada e assistiu-se a um êxodo rural a grande escala que fez disparar a população da cidade. Desde então a cidade floresceu, tornando-se vibrante, dinâmica e moderna, sem deixar de preservar o seu património histórico e cultural.

Percorrer as ruas desta cidade é descobrir em cada recanto, atractivos e prazeres diferentes. A sua arquitectura é notável, com prédios e monumentos imponentes espalhados por toda a cidade.

A Gran Vía é uma das principais ruas da cidade. Começa na calle de Alcalá e termina na Plaza de España. É uma importante área comercial, turística e de lazer, com os seus muitos cinemas, apesar de alguns terem fechado para dar lugar a teatros para musicais, pelo que o troço da Gran Vía, compreendido entre a Plaza del Callao e a Plaza de España, seja conhecido como a Brodway madrilena.

O Paseo de la Castellana é uma das principais e mais largas avenidas de Madrid e tem actualmente seis faixas de rodagem centrais e mais quatro laterais e é aí se erguem os muitos edifícios de companhias financeiras e de negócios. Percorre a cidade desde a Plaza de Colón, e segue para norte e a sua direcção, corresponde ao curso de um antigo rio que por aí passava.

São visitas imperdíveis: a Ópera, a Plaza Mayor, o Palácio Real, e o Museu do Prado. Os elegantes madrilenos são muito orgulhosos de sua encantadora cidade. Nenhuma outra metrópole abriu suas portas para a Europa moderna como Madrid, após o rei D. Juan Carlos subir ao trono, em 1975. O monarca tem a seu mérito o facto de ter administrado de forma imparcial a transição da ditadura para a democracia.

A cidade de Madrid, para além de ser a capital e sede da Casa Real, das instituições políticas e administrativas do Estado espanhol e do Arcebispado católico, é um centro de grande importância comercial, financeira e cultural a nível nacional e internacional. Em Madrid encontram-se cinco universidades públicas, numerosos teatros, museus e exposições.

As principais atracções, são: O Museu do Prado que perde somente para o Louvre em Paris, como o museu com mais obras de arte. com obras de Bosch, Goya, Dürer, Tiziano, Tinteretto, El Greco, Velasquez, Rubens... O Museu de Arte Contemporânea (Centro del Arte Reina Sofia) que possui trabalhos de artistas do século XX, como: Miró, Dali, Picasso,etc.. O Museu Thyssen com a colecção mais vasta do mundo. O Palácio Real e a Plaza Mayor do século XVII.

O Teatro Espanhol apresenta todos os tipos de arte, seja tradicional ou contemporânea. A maioria dos "clubs" e casas de diversão nocturna, fica em Castellana, que é o ponto de encontro dos boémios. O Flamenco e o antigo teatro espanhol podem ser encontrados na "Casa del Pueblo", nos subúrbios de Madrid.

A Plaza Mayor, mandada construir por Felipe V é considerada a mais bela de toda a Espanha e uma das praças mais espectaculares e maiores da Europa, onde outrora tiveram lugar os "autos-de-fé" (execuções em fogueiras públicas) realizados durante a Inquisição, casamentos reais, danças e touradas.

Hoje em dia é bem mais calma, porém ainda é o lugar onde são realizados vários eventos, como, feiras, bazares e espectáculos ao vivo. É um óptimo lugar para descansar, depois de uma bela passeata pela cidade, onde se pode degustar uma excelente sangria ou uma paelha ao ar livre.

A cidade velha está situada entre o Palácio Real e o Parque del Retiro, e entre Lavapies ao sul e Glorieta de Bilboa, a norte. No centro da cidade, fica a Puerta del Sol, onde está situado o km 0, ponto de onde são medidas todas as distâncias em Espanha.

Las Ventas é a maior praça de touros em Espanha, e a segunda a nível mundial, sendo a maior, a Praça de touros da cidade do México. Foi inaugurada a 17 de Junho de 1931, com o nome de Plaza de Las Ventas del Espíritu Santo, por ser o nome da zona da cidade nessa época.

A vida nocturna de Madrid é muito buliçosa. É à noite que Madrid realmente acorda. É dito que os madrilenos raramente dormem e é fácil ver porque. Velhos e jovens saem para a rua, e a noite não acaba à meia-noite, mas começa.... Se for jantar antes das 09h00 da noite, corre o risco de estar sozinho. Só após as 10h00 é que os madrilenos aparecem, e é só depois do jantar que começam as intermináveis noites de Madrid.

O trânsito é terrível e os estacionamentos são caros, e para se conhecer a cidade é melhor andar a pé, ou tomar um táxi, pois a cidade é plana e muito bela, sendo feita para passear e para ser contemplada. Além disso, utilizando o metro depressa se chega a qualquer lugar.


Basta percorrer seus principais pontos turísticos para conferir sua imponência, beleza, alegria e elegância. Madrid é uma cidade acolhedora na qual vive gente de toda a Espanha. A cidade atrai pela sua saborosa comida, pelos preços baixos e pelos belos monumentos e prédios.

Se viajar é sinónimo de festejar, Madrid é esse lugar...

A Catedral de Toledo



A bela Catedral de Toledo, é notável por sua incorporação de luz, e nada é mais notável que as imagens por trás do altar, bastante altas, com figuras fantásticas em estuque, não esquecendo as suas pinturas de autores famosos, peças em bronze, e as múltiplas tonalidades de mármore, que esta Catedral possui, fazendo dela, uma obra-prima medieval.

Foi construída com pedras de Olihuelas, perto de Toledo. Uma de suas partes mais magníficas é o altar barroco denominado El Transparente, construído pelo arquitecto e escultor espanhol Narciso Tomé (1690 - 1742). O banho de luz que vem de uma apropriada fenda no tecto, faz com que o altar, por alguns minutos, pareça estar a elevar-se aos céus, o que originou o seu nome.

É uma das três catedrais góticas espanholas do século XIII, sede da Arquidiocese de Toledo, sendo considerada a obra magna desse estilo em Espanha. Foi construída de 1226 a 1493 e foi projectada a partir da Catedral de Bourges. Combina também algumas características muçulmanas do estilo Mudéjar, principalmente no seu claustro.

A Catedral é enorme, e possui cerca de 750 magníficos vitrais, 26 capelas, e tem 120 metros de comprimento por 32 metros de altura. Foi erguida sobre a antiga Igreja de Santa Maria de Toledo, inicialmente construída em 578. A "Sacristia Mayor" é um museu de obras religiosas com trabalhos de El Greco, Goya, Van Dyck, Tristán, entre outros. A Capela Maior é impressionante, toda dourada e com muitos, mas muitos detalhes que "narram" a paixão de Cristo.

Toledo


A chegada a Toledo no início da tarde, proporcionou uma agradável visita à cidade, tendo sido recebidos logo à saida do parque subterrâneo, onde deixámos o carro, por D. Quixote de la Mancha e e seu fiel escudeiro Sancho Pança, que à porta de uma loja de lembranças nos esperavam.
A Cidade de Toledo tem seu antecedente em Toletum, nome que os romanos deram a esse assentamento nas margens do rio Tejo, depois de sua conquista em 190 a.C.. Conhecida como a “cidade das três culturas”, árabe, judia e cristã, Toledo conserva um importante legado artístico e cultural. Essa grande diversidade de estilos, converte a parte antiga num autêntico museu ao ar livre, facto que permitiu que fosse declarada Património da Humanidade, pela UNESCO.

Cervantes descreveu Toledo como a "glória da Espanha". A parte antiga da cidade está situada no topo de uma montanha, cercada em três lados por uma curva no rio Tejo, e tem muitos e importantes sítios históricos, incluindo o Alcázar, a Catedral (a igreja primaz da Espanha), e o Zocodover, seu mercado central.

Esta antiga cidade medieval conserva ainda o seu antigo plano rodoviário, e nas nossas visitas a Toledo, explorando os seus caminhos por conta própria, muitas vezes nos perdemos, devido à torção das vielas, ao terreno irregular e à constante mudança de direcção das suas ruas e ruelas medievais.O Alcázar de Toledo é um palácio fortificado sobre rochas, situado na parte mais alta de Toledo, de onde se domina toda a cidade, e foi a residência oficial dos Reis de Espanha, e durante a Guerra Civil Espanhola, o Alcázar foi utilizado, como ponto defensivo e de resistência da Guardia Civil, tendo sido totalmente destruído pelas tropas apoiantes da Segunda República durante o cerco que durou 70 dias.

O contributo do Alcázar de Toledo durante a Guerra Civil, fizeram da estrutura um símbolo do Nacionalismo Espanhol e inspirou o nome de El Alcázar, um jornal de direita que começou a ser publicado durante a Guerra Civil e foi extinto com a transição espanhola para a democracia, depois da morte de Francisco Franco.

A bela Catedral de Toledo, é uma obra notável de arquitectura, e é famosa por sua incorporação de luz, e nada é mais notável que as imagens por trás do altar, com figuras fantásticas em estuque, muitas pinturas de famosos autores, peças em bronze, e múltiplas tonalidades de mármore, que podemos apreciar nesta obra-prima medieval. A visita a esta catedral é imperdível, devendo ser guardadas pelo menos 2 horas para conhecer cada detalhe. Ela é imensa, tem 26 capelas e 120 metros de comprimento por 32 metros de altura.

A cidade de Toledo manteve a sua importância durante muitos séculos e na época visigoda, chegou a converter-se no séc.VI, a capital da Espanha visigótica, desde o reinado de Leovigildo, (rei dos Visigodos de Toledo no período de 572 a 586), até a conquista moura da península Ibérica.

A chegada dos árabes no século VIII, unida há presença dos cristãos e judeus, fez de Toledo a “cidade das três culturas”. Sob o Califado de Córdoba, (governo islâmico que dominou a maior parte da península Ibérica e do Norte de África a partir da cidade de Córdova), Toledo conheceu uma era de prosperidade. Nessa época de esplendor foi fundada a célebre Escola de Tradutores de Toledo.

A 25 de Maio de 1085, Afonso VI de Castela ocupou Toledo e estabeleceu controle direto sobre a cidade moura. Este foi o primeiro passo concreto do reino de Leão e Castela na chamada Reconquista de Espanha.

Posteriormente, com a subida ao trono de Carlos V, em 1519, a cidade convertia-se em capital imperial. Toledo era famosa por sua produção de aço, especialmente espadas, armaduras, e armas medievais de todo o tipo, sendo ainda hoje um centro de manufactura de facas e pequenas ferramentas de aço. Em Toledo podemos encontrar muitas lojas que vendem armas e armaduras medievais, como em nenhuma outra cidade. Após Filipe II de Espanha mudar a corte de Toledo para Madrid em 1561, a cidade entrou em lento declínio, do qual nunca se recuperou.
No século XIII, Toledo era um importante centro cultural sob o domínio de Afonso X, cuja alcunha era "O Sábio", por seu amor ao conhecimento. A escola de tradutores de Toledo tornou disponíveis grandes trabalhos académicos e filosóficos originalmente produzidos em árabe e hebraico ao traduzi-los para o latim, disponibilizando pela primeira vez uma grande quantidade de conhecimentos para a Europa.

Toledo era uma cidade famosa por sua tolerância religiosa e possuía grandes comunidades de judeus e muçulmanos, até que eles foram expulsos da Espanha em 1492; por isto a cidade tem importantes monumentos religiosos, como a sinagoga de Santa Maria la Blanca, a sinagoga de El Transito, e a mesquita de Cristo de la Luz.

A cidade foi local de residência de El Greco no final de sua vida, e é tema de muitas de suas pinturas, incluindo "O Enterro do Conde de Orgaz", exibido na Igreja de Santo Tomé.

O Parador de Oropesa

O Parador de Oropesa, Castelo-Palácio do séc. XIV, é uma casa solarenga dos Alvarez de Toledo, Condes de Oropesa, que foi refugio de soldados, religiosos e nobres em várias épocas, e que apresenta excepcionais panorâmicas da Serra de Gredos.
O Parador de Oropesa, de nome, "Virrey de Toledo", assim baptizado em memória do 5º Vice-Rei de Peru, D. Francisco Alvarez de Toledo, que ali teve a sua residência. Este palácio é um testemunho, em grande parte, da história de Oropesa, desde os tempos da era Cristã e muçulmana. Foi construído no séc. XIII, sob o mandato de D. Garcia Toledo e erguido sobre um primitivo palácio destruído durante a Reconquista. Até o século XVIII, foi a residência de Alvarez Toledo, Conde de Oropesa.

Este palácio foi convertido em Parador no ano de 1930, e é o primeiro de Espanha, instalado num monumento histórico nacional. Numa carta do presidente dos Paradores Nacionais espanhóis ao presidente da Câmara de Oropesa, e traduzindo, pode ler-se..."Há mil circunstâncias que farão com que na localidade de Oropesa, se irá instalar um Parador de primeira, num edifício senhorial da vila, para o qual a Câmara Municipal deve facilitar o sim, no bem colocado Palácio dos Duques de Frías, propriedade municipal."...

Suas paredes deram ouvidos às preocupações da mística Santa Teresa Jesus ou às decepções e ambições de Carlos V, que tinha um amor verdadeiro por estas paragens. Don Juan de Borbón também fez aqui frequentes paragens, ainda presentes na memória dos habitantes de Oropesa, quando ia a caminho do seu longo exílio no Estoril.
Seja pelo seu elegante clima de paz, quer pela sua peculiar cozinha, este Parador tem sido escolhido por ilustres visitantes, como Giscard d'Estaing, nas suas frequentes escapadas como um caçador, ou John Major. Hoje, o castelo e seu belíssimo terreiro são palco frequente de desfiles, ou como pano de fundo a peças de teatro, dança ou opereta durante os meses de verão.

No decorrer da história recente, tem servido como local escolhido para as filmagens, de filmes como "A Malquerida", com Carmen Viance, ou "Comboio Expresso", com Jorge Mistral ou ainda, "Orgulho e Paixão" com Frank Sinatra.

A nossa estadia neste belíssimo parador espanhol, encantou-nos quer pela sua grandiosidade, quer pela bonita vista que do nosso quarto se desfrutava, quer ainda pela paz e ambiente verdadeiramente repousante, que nos proporcionou.