Deixa-se a Torre dei Lamberti, o campanário octogonal que nos proporcionou uma vista panorâmica de Verona e pela Piazza delle Erbe, segue-se em direção à Casa di Giulietta.
Tinha chegado o momento mais esperado de toda a nossa visita a Verona. Estávamos bem perto da casa de uma das heroínas dos mais famosos dramas de Shakespeare e por isso mesmo um dos locais de maior importância da história de Romeo e Giulietta.
Entrámos na Via Cappello a partir da Piazza delle Erbe e caminhámos mais um pouco, até que do lado esquerdo um portal rasga-se nas paredes de pedra de um antigo edifício da aparência medieval.
Tinhamos chegado à antiga casa da família Cappello, os antigos proprietários da casa mais visitada da cidade de Verona, situada no nº 23. É uma casa há muitos anos visitada, como a casa dos Capuletos, mas na verdade, é a semelhança de seu nome, que gerou a crença popular de que aquela era a casa dos “Capuletos”, da peça de Shakespeare.
Naquele lugar como é óbvio, está presente na memória de todos, a famosa lenda dos trágicos amantes, perpetuada pela escrita de Shakespeare, e que curiosamente não foi o único a debruçar-se sobre ela, pois como se sabe a história dos dois amantes, foi também anteriormente recordada e escrita por Luigi da Porto, de Vicenza.
Já dentro do pátio, reina a confusão, onde domina a pequena e famosa varanda de traça medieval rodeada por centenas de curiosos, que muitos olham à espera que nela apareçam os seus familiares ou amigos, tal como eu esperava que nela aparecesse a minha amada “Giulietta". Vive-se ali um clímax de emoções. Esta é supostamente a mesma varanda onde a trágica heroína, falava com o seu Romeo.
No pátio a um canto, uma estátua em bronze de Giulietta, onde todos se atropelam para com ela serem retratados, colocando a mão no seu seio direito, para segundo a crença lhes dar sorte.
Ali, na parede por cima da pedra angular do arco interno do pátio, ainda pode ser visto o brasão de armas da família dell Capello. A casa foi construída no séc. XIII e já na nossa era, foi feito um esforço de restauração maciça, na qual lhe foram adicionadas as janelas e portas góticas, bem como a famosa varanda, realizada na década de 1930.
Dentro da casa há um pequeno museu. O mobiliário e os trajes em exibição são antiguidades genuínas dos séculos XVI e XVII. A cama e algum do vestuário exposto foram usados no filme de 1936, de Franco Zeffirelli, "Romeu e Julieta". Os frescos, pinturas e cerâmicas estão todos relacionados com peça de Shakespeare, mas, novamente, não está provado que eles tenham pertencido aos Capuleto.
No pátio, do lado oposto da casa, fica a loja de recordações, que é também o Clube di Giulietta, que desde 1930, recebe cartas de todo o mundo endereçadas à amada de Romeo e que continuam a chegar a Verona. A partir do momento em que o clube foi criado, mais de 5.000 cartas são recebidas anualmente, três quartos das quais são de mulheres, que pelos vistos ainda continuam a ser as sempre eternas românticas.
Os maiores grupos de remetentes são de adolescentes norte-americanos. As cartas são lidas e respondidas por voluntários locais, organizados desde a década de 1980 no Clube di Giulietta que é financiado pela cidade de Verona.






O troço que ali começa e todo o caminho feito através da Verona antiga é um mergulho nas emoções de tempos idos, de uma cidade que conserva valores e formas relacionadas a um passado antigo de esplendor medieval e renascentista, mas que ainda se encontra em expansão constante nos nossos dias.
Durante a caminhada pelo centro histórico, o ritmo é sereno e relaxante, marcado pela corrente plácida do rio Adige, que atravessa a cidade, formando um S largo e macio, passando por baixo de uma rede de sugestivas de pontes.
A Chiesa di San Giovanni in Foro é um edifício religioso pequeno, mas interessante que data do séc. XII. Devido à sua proximidade com o Tribunal, o prédio teve outrora o título de basílica. A igreja foi danificada por um grande incêndio que destruiu grande parte da Verona antiga, em 1172, como está gravado na inscrição, da lápide de mármore colocada na parede exterior, que diz, "combusta est Verone civitas".
Retoma-se a caminhada e no resto do Corso Porta Borsari observam-se os belos prédios de arquitetura antiga, que permeiam toda a cidade. Nas perpendiculares à rua seguida, respira-se a atmosfera sugestiva das ruas estreitas que desembocam em belas pracetas.
À frente do Palazzo Maffei ergue-se uma fina coluna, encimada pelo Leão de Veneza, que testemunha o período da história de Verona, relativo ao domínio da cidade pela Republica de Venezia.
Verona conhecida principalmente como o cenário idílico da história de Romeu e Julieta e a casa durante alguns anos de Dante Alighieri, o seu centro histórico é um emaranhado fabuloso de ruas, monumentos e casario de enorme beleza arquitetónica, que são uma simbiose entre o seu passado histórico e a cidade moderna e industrial dos dias de hoje.
Ali faz-se um breve almoço, no Café/Pisaria Vittoria, onde se bebem sumos de laranja naturais e provam vários pedaços de apetitosas pisas caseiras, terminando com um gelatto italiano. Ali ainda se alugam as mesas de esplanada, uma prática já quase em desuso em Itália, mas que ainda é usada em alguns locais.
De cada lado da Porta Borsari podemos imaginar as duas torres de outrora, onde se fazia a guarda à cidade, com as normais passagens da patrulha, permitindo um controle preciso e cuidadoso de quem entrava e saia da cidade, na anterior e verdadeira fortaleza.
A meio caminho surge a Piazza San Francesco de Assissi, onde o silêncio sobe, cresce e nos suspende. Esta praça fica situada à frente do portão principal dos muros da Abadia di San Bernardino, um mosteiro franciscano. O mosteiro fica situado no bairro de San Zeno, que outrora teve muitos assentamentos de estruturas de ordens religiosas.
A Chiesa di San Bernardino tem características simples, com a fachada principal em estilo gótico, simples e deliberadamente pobre, construída com piso de tijolo e uma sobriedade que é típica das igrejas dedicadas a San Francesco. O edifício da igreja com um mosteiro franciscano adjacente foi construído na segunda metade do séc. XV. A fachada toda em tijolos vermelhos com portal renascentista ornamentado com as estátuas de três santos, Boaventura, Bernardo e Antônio de Pádua.

Caminha-se pelo Lungadige Cangrande onde entre canaviais se observa o casario do outro lado do rio. Os nossos passos acompanham o correr das águas e ao longe, aparece a torre Campanério da Chiesa San Zeno que nos guia o caminho.
Do final da ponte é um pulinho até à Piazza San Zeno que se encontrava em trabalhos de remodelação/conservação, mas mesmo assim com esplanadas onde alegres convivas passavam um bocado da noite. Seguimos pela Via San Procolo, onde encontramos a pequena igreja com o mesmo nome. Mais uns passos e chegamos à antiga Basílica di San Zeno, também com obras de conservação.
Logo a seguir encontramos a Basílica di San Zeno, também conhecida como San Zeno Maggiore. É a igreja medieval mais importante de Verona, que foi fundada no séc. V e reconstruída no séc. XII. Tem uma magnífica fachada românica, com portas em bronze e muita estatuária importante no exterior. No interior além da cripta onde descansam os restos mortais de San Zeno, há a destacar o retábulo famoso de Mantegna, a sua obra-prima, que marcou o início da pintura renascentista, em Verona.
A sua fama repousa, em parte na sua arquitetura, mas sobretudo na tradição que situa a sua cripta, como o local onde ocorreu o casamento secreto de Romeu e Julieta, como está referido no romance trágico e eterno de Shakespeare. Juntamente com a Abadia a Igreja é dedicada a San Zeno de Verona.
San Zeno morreu em 380 e segundo a lenda, sobre o seu túmulo, situado ao longo da Via Gallica, foi construída a primeira igreja, erguida por Teodorico, o Grande, rei dos ostrogodos.
Quando a igreja foi restaurada, o corpo de San Zeno foi colocado na cripta da igreja atual (em 21 de maio, 921), num sarcófago, estando o rosto coberto por uma máscara de prata. San Zeno, bispo de Verona, nasceu grego e veio da Síria para a Itália. Na sua juventude, tornou-se monge e dedicou-se ao estudo da Sagrada Escritura. Viajando acabou por visitar vários mosteiros, chegando à cidade de Verona onde se estabeleceu e mais tarde o povo escolheu-o como bispo da cidade. 

A caminhada começou na portagem da área de serviço a caminho da Porta Palio, uma das portas das antigas muralhas da cidade medieval de Verona.
Passa-se a monumental Porta Palio e seguimos pelo Stradone Porta Palio, uma estrada direita e comprida, onde os nossos passos ecoam, até chegarmos à zona velha da cidade.
O Castelvecchio após a queda da família Scala, foi usado como arsenal pelos venezianos e em 700 abrigou a Academia Militar de Venezia, então sob domínio francês e austríaco, sendo usado como quartel. Em 1923 foi iniciada uma restauração radical que desmantelou o caráter militar do monumento, com a inclusão do gótico tardio e elementos arquitetónicos da Renascença para a reutilização e recuperação das muralhas e torres.
A música, a luz, a ambiência noturna, os passos ecoando na calçada, contribuíam para que a atmosfera medieval se sobrepusesse, ocupando totalmente o lugar. A todo o momento se esperava que em algum ponto das muralhas, saltassem as figuras de antigos soldados com pesadas armaduras, que em tempos idos ali passaram muitas horas da sua vida.
A Ponte Scaligero, outrora de uso exclusivo do castelo, servia como via de fuga ou de acesso para as ajudas provenientes do Vale do Ádige, evitando, assim, que o rio se tornasse numa barreira insuperável. Mas, no interior do complexo o sistema defensivo urbano podia servir para organizar saídas, de modo a operar tacticamente na margem oposta do rio.
Já fora da Ponte Scaliger, entramos na Piazza Arsenal de onde se comtempla em pleno o rio Ádige que depois de serpentear dentro da cidade, ali passa majestoso e cintilante espreguiçando-se no seu largo leito, escorregando por baixo da ponte.
A Planície do Pó constitui a região mais rica e povoada da Itália. É constituída por solos de aluvião trazidos das montanhas pelo rio. É um lugar belíssimo para a agricultura, sendo um regalo ver terras tão bem aproveitadas, como vinhedos, olivais, trigais e milharais, onde o verde impera e a tecnologia mais recente é aplicada. É ali feita uma agricultura de alto rendimento, pois os solos são muito férteis, o clima brando e os terrenos bem irrigados.
Já perto de Verona, saímos da autoestrada e por uma estrada nacional chegámos à cidade. Verona é uma cidade do Veneto, no norte da Itália, a sua segunda maior cidade da região e a terceira do Nordeste italiano.
É um dos principais destinos turísticos no norte da Itália, em especial devido à sua história e ao seu património artístico e monumental, e também pelo seu famoso Festival de Ópera, pois é em Verona que acontece todos os anos durante o Verão uma temporada lírica na Arena da cidade (de 30/06 a 31/08).
Os detalhes precisos da sua história inicial permanecem um mistério e a origem do seu nome é também desconhecida. Com a conquista romana em cerca de 300 a.C., Verona tornou-se numa colonia romana em 89 a.C., e em seguida torna-se município em 49 a.C.. A cidade com o tempo conquistou grande importância porque estava situada num cruzamento de várias estradas importantes no seu tempo.
Nos dias de hoje, Verona é uma cidade importante e dinâmica, muito ativa em termos de economia, sendo também uma atração turística muito importante por causa da sua história, onde o passado romano vive lado a lado com a Idade Média.
Os primeiros ocupantes a habitarem a ilha foram provavelmente os romanos, mas é no séc. VI que recebe o seu nome atual, quando a zona era ocupada por gente vinda de Altinum, que terão dado à ilha o nome de uma das portas da sua cidade. No entanto há mais duas versões para a origem do nome. Numa delas o nome deriva do apelido da primeira família que ali se estabeleceu, os Buriana, e a outra versão é que o nome foi dado por habitantes de Buranello, uma ilha 8 km a sul de Burano.
No séc. XVIII a indústria das rendas iniciou o seu declínio, uma tendência que só seria contrariada em 1872, quando uma escola profissional foi aberta para incentivar as rendeiras de Burano, trazendo um novo fôlego à industria. Contudo atualmente já não se produzem peças de renda à verdadeira maneira tradicional na ilha, uma vez que é um trabalho artesanal muito intenso e cada peça leva muitas horas até ser acabada, o que as encarece.
Nas ruas podem ser encontrados pescadores que remendam as suas redes ou moradores que conversam às portas, além de poderem ser encontrados os vários artesãos que povoam a ilha. Para além de tudo isto, a total ausência de turismo de massa, que nos proporciona uma ambiência de paz total, muito reconfortante.
À hora de jantar escolhemos o típico Ristorante Al Vecio Pipa, que numa pequena esplanada junto ao silencioso canal nos serviu fresco pescado, quer nas entradas, quer numa fritada mista de pequenos peixes e mariscos da laguna di Venezia.