Estadia em Monsaraz

A nossa chegada à pequena e encantadora vila fronteiriça de Monsaraz, já foi feita à noite e após o jantar, que decorreu em Reguengos de Monsaraz, a alguns quilómetros de distância.

Ao longe destaca-se Monsaraz no horizonte, como que um farol, toda iluminada. Depois de se trilhar uma longa estrada pela planície alentejana, que a liga a Reguengos de Monsaraz e depois de uma curva na estrada, começamos a subir a estrada empedrada e íngreme, que nos leva lá acima.

Assim chegados a esta vila fortificada, situada no cimo de uma colina, que tem mantido a sua traça medieval ao longo do tempo, estacionamos a A.C. no parque à entrada da vila, uma espécie de varanda em socalco, com um piso de seixos rolados e de vistas magníficas sobre a planície alentejana.

Após um longo passeio nocturno, foi hora de regressar para a pernoita, onde um silêncio verdadeiramente sentido e a sensação de leveza de ser, transmitida pela altura e vistas abrangentes, nos embalaram num sono reparador.


No dia seguinte o passeio pela vila!... Atravessando a grande porta da velha vila de Monsaraz e enveredando por uma longa caminhada pelas ruas e ruelas da vila, com as suas casas caiadas, paredes de pedra e um céu de azul intenso, deu-nos a real ambiência mágica deste lugar, que possui uma aura quase surreal. Possivelmente por isso, a cidade tenha um charme de um velho mundo maravilhoso.

O almoço no afamado restaurante “Casa do Forno”, onde se pratica uma cozinha regional de alta qualidade e com vários prémios gastronómicos no seu historial, onde foi degustando um inesquecível ensopado de borrego, que foi servido numa sala muito simples e agradável, mesmo ao nosso gosto.

Naquele dia e num largo ao fundo da rua Direita, que é ladeada de casas dos séculos XVII e XVIII, que exibem brasões de armas e em frente à Igreja Matriz, decorria uma, tão do meu agrado, Feira de Antiguidades, que foi por nós longamente visitada e apreciada.

Depois foi a vez de visitar a Igreja Matriz do século XVI, com altares em talha dourada e colunas pintadas. Ali no largo, também se encontra a antiga Casa da Câmara, que aloja agora o Museu de Arte Sacra, com colecções de escultura e de livros e paramentos religiosos.

Subindo as antigas muralhas, os passos são íngremes e os degraus em ruínas sem grades, levam-nos a ver a magnífica vista, que parece todo o Mundo alcançar e de onde se admira a beleza da albufeira da Barragem do Alqueva.

Embora a planta do Forte de São Bento tivesse sido desenhado em forma estrelada, a morfologia do terreno onde se implanta, levou a algumas alterações da planimetria. O forte/castelo, com três baluartes, parapeito e uma cortina artificial, estendia-se outrora em volta de toda a povoação, integrando no pano de muralhas a Ermida de São Bento.

A partir do século XIX, quando a sede de concelho foi transferida para Reguengos de Monsaraz, a fortificação ficou votada ao abandono, o que originou que alguns dos seus elementos ruíssem. No entanto, a estrutura amuralhada continua a predominar na paisagem urbanística da vila de Monsaraz.

Entrar em Monsaraz, percorrer as suas ruas estreitas, visitar as suas igrejas, a Cisterna da Vila, os Paços da Audiência com os seus frescos, visitar o seu Castelo e deixarmo-nos invadir pela cultura e pela história deste lugar tão antigo, é sem dúvida uma experiência que vale bem a pena ser vivida.

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