Mourão

Após a saída da nova Aldeia da Luz, dirigimo-nos para a Vila de Mourão, uma bonita vila onde queríamos ir almoçar, no restaurante Adega Velha, mais conhecido localmente por Adega do Engenheiro, uma casa de comer tradicional, recomendada pelo Guia de Restaurantes de José Silva, mas para nosso azar estava fechado para descanso.
No caminho para Mourão, o que mais nos surpreendeu, foi a paisagem que a envolve. Mourão é uma linda vila alentejana, que é a sede de concelho de uma vasta zona raiana da margem esquerda do rio Guadiana, hoje transformado no maior lago artificial da Europa. Aqui, a planura das águas é mais larga, tornando a Vila de Mourão ribeirinha, sob o olhar altaneiro e vigilante do seu Castelo.

Esta vila situada bem próximo da fronteira com Espanha, é um local de grande beleza natural, onde reina a beleza da paisagem e onde se encontra a verdadeira paz de espírito.

Mourão sempre sofreu grande influência do grande rio Guadiana, que muito contribuiu também para a fertilidade dos terrenos circundantes onde crescem oliveiras, amendoeiras, e outras árvores de fruto que moldam a paisagem.

A partir das ligações viárias, destaca-se a imagem da Vila de Mourão ao longe, que dá diferentes leituras consoante o ponto de vista. Assim, a partir da estrada que vem de Reguengos de Monsaraz o que se observa é o Castelo, solitário, dominante numa encosta de declive acentuado.

Do lado da estrada que liga com Espanha a imagem é diferente, já que o Castelo aparece calmo dominando o casario que se estende pela encosta e se espraia pela planície suavemente ondulada.

Do alto do Castelo de Mourão desfruta-se uma incrível panorâmica sobre a paisagem envolvente. Assim, para além da vista a sul sobre o casario de Mourão, agarrado às faldas do Castelo, para norte observa-se o mar de água do rio Guadiana que o Alqueva aprisionou e o Castelo e Vila de Monsaraz localizados no alto de uma elevação de declive muito acentuado e com quem o Castelo de Mourão estabelece cumplicidades há muito tempo.

A sul, envolvendo a vila, os campos de cultura são ocupados essencialmente por olivais e vinhas, são de forma regular e de pequena área, determinados quer pela topografia, já que o relevo se apresenta aplanado, quer pelos solos que são de muito boa qualidade, o que terá levado a sucessivas partilhas ao longo das gerações.

Abraçando a água, estão os campos de cultivo que do lado Norte apresentam formas irregulares de acordo com o relevo, delimitados por muros de pedra seca de xisto, com oliveiras de forma a deixar livres o resto dos terrenos para o cultivo dos cereais.

A fronteira a Este com Espanha, em grande parte é administrativa, já que não existem acidentes naturais importantes a determinar o seu traçado. Assim, ao passar para o “lado de lá”, o que distingue de imediato e nos leva a saber que estamos em Espanha é a língua, que se impõe como identidade cultural a cada um dos povos aqui tão próximos.

Sem grandes referências históricas até à reconquista Cristã da Península Ibérica, sabe-se que, após passar para o domínio Português, foi entregue à Ordem dos Hospitalários, e durante a Idade Média e na Guerra da Restauração foi palco de episódios violentos entre as forças Portuguesas e Castelhanas.

Foi esta situação natural de fronteira aberta com unidade na paisagem e sendo a Espanha simultaneamente uma tentação e uma ameaça que levou à construção e fortificação do Castelo de Mourão, marco importante na paisagem.

Fonte: www.guiadacidade.pt

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