Visita a Venezia - 1º Dia - Parte X




O vaporetto em plena curva do Grande Canal pára do lado esquerdo no cais flutuante de San Samuele. Deste cais flutuante observa-se na perfeição o belo Palazzo Ca’ Rezzonico, do lado direito do Grande Canal, que é servido pelo cais flutuante com o mesmo nome.O cais de San Samuele, situado do lado esquerdo do Grande Canal é o local de paragem dos vaporetti que se encontra junto do Campo com o mesmo nome, onde se encontra a pequena Chiesa di San Samuele, já no Sestieri di San Marco. A igreja original foi construída no séc. XI, em torno do ano 1000 pela família Boldù. No início do séc. XII foi destruída pelo fogo duas vezes e reparada após os incêndios de 1105 e 1170 lentamente pela família Soranzo, durante os dois séculos seguintes. O edifício actual data de uma reconstrução de 1685, e na fachada principal por cima da estátua da Virgem na porta principal, pode ver-se uma lápide com a data de reconstrução.

A igreja tem vista para o Campo di San Samuele que é um dos poucos que têm uma tomada direta no Grande Canal. Quando se observa esta igreja do lado do Grande Canal, vê-se uma varanda fechada com dez janelas em cima e três janelas gradeadas ao nível da porta, que pertencem a uma estrutura que pertence à igreja e que foi transformada em loja, em 1952. É uma igreja dedicada à figura bíblica de São Samuel, porque segundo a tradição no seu interior estão as relíquias deste Santo. No seu interior, no altar destaca-se um crucifixo do séc. XIV atribuído a Paolo Veneziano. A completar o complexo destaca-se o seu campanário, um dos mais antigos de Venezia, que data do período bizantino veneziano (séc. XII).

Ali perto à direita da igreja, encontra-se a rua Malpiero, onde se encontra a antiga casa em que nasceu Giacomo Casanova. Toda esta área é conhecida em Venezia como a vila de Casanova. Casanova, era filho de uma atriz de 17 anos de idade e provavelmente do nobre Michele Grimani, proprietário do Teatro de San Samuele, onde sua mãe passou a actuar. Casanova teve uma vida apaixonante, tendo a sua educação sido inicialmente orientada para a vida eclesiástica. Tocou na orquestra do Teatro San Samuele (agora uma escola) e os seus pais casaram na Chiesa di San Samuele, em 17 de Fevereiro 1724, sendo também ele ali batizado. Em 1740, com a idade de 15 anos, deu também ali os seus primeiros dois sermões. O primeiro foi um grande sucesso e o seu bolso ficou cheio de dinheiro do ofertório, misturando-se com algumas cartas de amor, pois era na realidade um Dom Juan convicto. Mas da segunda vez o seu sermão foi um desastre, pois tinha comido e bebido demais, esquecendo-se de o preparar corretamente, e ao invés de fazer “Brutta Figura”, ele fingiu desmaiar, o que marcou o fim da sua carreira eclesiástica.


Do lado direito do Campo di San Samuele encontra-se o Palazzo Grassi e do lado esquerdo o Palazzo Capello Malipiero. A República de Venezia tendo o seu poder económico fundado a partir do comércio marítimo durante séculos, fez com que habitualmente muitos nobres venezianos tenham usado frequentemente para expressar o seu status e suas ambições, na zona mais prestigiada de Venezia, o Grande Canal, para ali construírem as suas casas de luxo, a zona mais visível da cidade.

Assim, a família Grassi, originalmente de Chioggia, encomendou a Giorgio Massari (1687-1766) um palácio em mármore, um edifício monumental, numa maravilhosa localização no canal. Provavelmente iniciada em 1748, a construção do prédio foi concluída só no final do século. O Palazzo Grassi tem um maior valor histórico por ser o último edifício construído na cidade antes da queda da Sereníssima República de Venezia, sitiada pelas tropas napoleónicas em 1797.

Em 2005 o Palazzo Grassi foi comprado pelo empresário François-Henri Pinault, que encomendou ao renomado arquiteto japonês Tadao Ando, a reabilitação e renovação do palácio, conseguindo este um diálogo entre a arquitetura neoclássica e as soluções renovação moderna, sendo elogiada a harmonia conseguida por conhecedores dos estilos arquitectónicos contemporâneos.


O Palazzo Grassi também localizado no Campo San Samuele e com a sua fachada principal voltada para o Grande Canal, é hoje um local de exposições de prestígio de âmbito internacional. Além de apresentar importantes exposições temporárias, possui como acervo permanente, com parte da Coleção François-Henri Pinault.
François Pinault foi um grande amante da arte moderna, e um dos maiores colecionadores de arte contemporânea do mundo, que decidiu compartilhar a sua paixão com o maior número possível de pessoas, colocando ali uma parte da sua enorme coleção.



Aquando da nossa visita a Venezia, decorria a Bienal de Arte, uma exposição internacional de arte que desde 1895 se realiza a cada dois anos na cidade. Por esse motivo em alguns pontos da cidade podiam ser vistas muitas manifestações artísticas e o Campo di San Samuele não foi excepção. Em frente do Palazzo Grassi e em plena margem do Grande Canal, observava-se ali, numa pequena plataforma encostada ao cais, uma magnífica escultura, que em combinação com o palácio, juntava simbolicamente o antigo ao moderno. No Campo di San Samuele, observava-se ainda uma Instalação realizada com um velho Cadillac, pintado com uma pintura contemporânea, que juntava mais uma vez o antigo ao moderno.

Fonte: http://www.churchesofvenice.co.uk / Wikipédia.org / http://www.palazzograssi.it / http://www.leggievai.it/palazzo-grassi

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