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A Coluna Vertebral da Noite

“As estrelas são sois, mas muito distantes. O sol é uma estrela, mas muito próxima.”



O 7º Episódio da série Cosmos, é sobre o nascimento do pensamento científico na nossa civilização e em nós mesmos.

Carl Sagan inicia-o dizendo-nos que se não nos autodestruirmos iremos um dia viajar até às estrelas distantes. As estrelas que no passado eram um mistério, passaram a ser entendidas, tal como nós passamos da ignorância ao conhecimento.

De modo nostálgico, leva-nos até Brooklyn onde viveu na sua infância e relembra as suas primeiras indagações sobre as estrelas e a sua primeira ida à biblioteca, na rua 86, onde pediu um livro sobre estrelas, que pela primeira vez lhe abriu horizontes sobre o assunto.

Leva-nos também à sala de aula onde estudou, numa escola de Brooklyn, incentivando os atuais alunos em relação às então novas descobertas da Astronomia.

O que são as Estrelas? Tempos houve em que os humanos curiosos imaginaram que as estrelas eram fogueiras no céu, mantidas acesas por magia. Mostra como a Via Láctea foi interpretada de diferentes modos ao longo da história, inclusive como a "Coluna Vertebral da Noite", expressão cunhada pelos ǃKung (povo do deserto do Kalahari), do Botsuana, que dá título ao episódio. Acreditavam que a Via Láctea segurava os céus, que se não fosse ela os corpos celestes cairiam em cima de nós.

Eram tempos difíceis, em que os homens não entendendo os fenómenos naturais, acreditavam que eram os deuses que se zangavam por pouco. A Natureza era um mistério, era muito difícil perceber o mundo. Indefesos perante a Natureza, eles inventaram rituais e mitos, alguns desesperados e cruéis, outros imaginativos e benignos.

Da África, Carl Sagan segue para a Grécia, tida como berço do pensamento racional no ocidente, onde nos apresenta Tales de Mileto e Polícrates. Após comentar sobre vários pré-socráticos, critica os pensadores do período clássico, na medida da visão dualista, principalmente de Platão, que teria legitimado aquilo que Marx chamou modo de produção escravista.

Diz-nos então que há 25 séculos, na ilha grega de Samos, e nas outras colónias gregas que tinham crescido no apinhado Mar Egeu, houve um glorioso despertar científico. Estes homens foram os arquitetos que fizeram a ligação do seu mundo, com o nosso. Havia gente que acreditava que eramos feitos por átomos, que as doenças não eram causadas por deus enfurecidos, e que a Terra era apenas um planeta que girava em torno do Sol.

Esta revolução tirou o Cosmos do caos. Descobriram que a Natureza não era totalmente imprevisível e que havia regras que até ela tinha que obedecer. Foi o primeiro conflito entre ciência e misticismo, entre a Natureza e os Deuses.

Mas porque é que isto aconteceu nestas ilhas remotas do Mediterrâneo oriental? Ali, havia colónias recém-formadas e o isolamento promovia a diversidade. Embora tivessem contacto direto com mercadores e marinheiros da África, Ásia e Europa, havia uma interação vigorosa e impetuosa de tradições, preconceitos e crenças, havendo um contacto com culturas diversas, trocavam mercadorias, histórias, saberes, línguas e ideias.

A pesquiza livre tornou-se possível e como estavam além das fronteiras dos impérios, eram povos que estavam prontos para experimentar. Quando estamos abertos para questionar rituais e práticas tradicionais, descobrimos que uma pergunta leva a outra. Se havia vários deuses para a mesma coisa, porque não adotar os dois? Foi aí que surgiu a grande ideia, a compreensão de que havia uma forma de compreender o mundo, sem a hipótese do deus.

Esta foi a grande revolução que aconteceu entre 600 e 400 a.C., e foi nestas ilhas que nasceu a ciência. Foi conseguida pelo mesmo povo prático e produtivo que fez a sociedade funcionar. Os pioneiros da ciência foram os mercadores e os artesãos, sendo o primeiro deles, Tales de Mileto, um homem viajado que conhecia a Babilónia e o Egipto.

É aqui que se inicia a segunda parte deste vídeo e Carl Sagan fala-nos dos pré-socráticos, como Heráclito, Tales de Mileto, Anaximandro, Demócrito Biólogos, geógrafos, matemáticos, astrónomos, políticos e filósofos. Diz-nos que o legado duradouro dos jónios são as ferramentas e técnicas que eles desenvolveram e que continuam a ser a base da tecnologia moderna. Os práticos e os teóricos eram um só. Deste misto de pensamento abstrato e da experiência do dia-a-dia, nasceu a Ciência. Quando estes homens práticos viraram a atenção para o mundo natural, começaram a descobrir maravilhas ocultas e possibilidades espantosas. 
 
Fala-nos então da abordagem de Tales de Mileto, que era baseada em que o mundo não era feito pelos deuses, mas sim o resultado de forças materiais interagindo na Natureza. Tales trousse dos lugares por onde andara as sementes de novas ciências, a Astronomia e a Geometria, que iriam germinar no solo fértil da Jónia.

Carl Sagan fala-nos então da geração de Teodoro, um engenheiro mestre da época a quem é creditada a invenção da chave, da régua, do quando de carpinteiro, do nível, do torno e da fundição do bronze.

De Anaximandro, discípulo de Tales de Mileto, que estudou a perfusão de criaturas e viu as suas inter-relações, concluindo que a vida teve origem na água e na lama, colonizando em seguida a terra seca. Anaximandro dizia que o ser humano devia ter evoluído a partir de formas mais simples, e esta magnífica perceção teve que esperar vinte e quatro séculos para que esta verdade pudesse ser demonstrada por Charles Darwin.   

De Aristarcos, que sugeriu que era o Sol e não a Terra que estava no centro do sistema solar.

De Demócrito de Abdera, que acreditava que nada acontecia aleatoriamente, e que tudo tinha uma causa material. É dele uma sábia frase: “Eu prefiro entender uma causa, do que ser o rei da Pérsia”. Acreditava que a pobreza numa democracia era melhor que a riqueza numa tirania. Acreditava que as religiões da sua época eram más e que não existiam almas nem tão pouco deuses imortais. Felizmente não constam perseguições feitas a Demócrito, talvez por ele ser da pequena ilha de Abdera, numa altura que se iniciava uma aceitação de ideias diversas das convencionais.

Nada foi esquecido por estes ávidos cientistas e até o ar foi objeto de pesquisas detalhadas, mostrando-nos vários exemplos de objetos e falando-nos de várias conclusões sábias que resultavam de mentes com os mais altos poderes lógicos e intuitivos.

Na caverna de Pitágoras, em Samos, Carl Sagan descobre também um lado diverso do pensamento grego, o mundo místico guardado por uma irmandade erudita que trabalhava para ocultar do povo o conhecimento que possuía.

Fala-nos em seguida de Platão e de Pitágoras (que pela primeira vez usou a palavra “Cosmo” e que inventou a palavra filosofia – amizade ao saber), dizendo-nos que eram matemáticos e místicos totais, que testavam ideias contra observação.

Diz-nos que embora estes homens tenham avançado muito na Ciência, eram ao mesmo tempo muito seletivos, guardando apenas os saberes para uma pequena elite, o que atrasou de modo significativo o libertar do esforço humano.

Mas o que é que a Ciência perdeu? Que apelo é que os saberes de Pitágoras e Platão tinham para os seus contemporâneos? - Eles proviam justificativas intelectualmente respeitáveis para uma ordem social corrupta. A democracia Grega era aplicada apenas a alguns privilegiados, como é próprio de uma sociedade escravocrata. Assim os livros que guardavam os saberes dos cientistas jónios, foram totalmente perdidos e suas visões foram suprimidas, ridicularizadas e esquecidas, quer pelos platónicos, quer pelos cristãos, que adotaram muito da mesma filosofia.

Mas depois de um longo sono místico em que as ferramentas da pesquisa foram estragadas, a abordagem científica jónica foi redescoberta. A experimentação e a pesquisa aberta tornaram-se novamente possíveis e o mundo ocidental despertou novamente, dando à ciência jónica o valor merecido.

Leonardo D’Vinci, Copérnico e Colombo, foram também inspirados pela tradição jónica. Foi o culminar duma tradição, agora amplamente esquecida, segundo a qual leis naturais e não deuses caprichosos regiam o universo.

É importante procurarmos o nosso lugar no Cosmos. Onde estamos? Quem somos? – Nós descobrimos que vivemos num planeta insignificante, perdido no Cosmos, que orbita em torno de uma estrela trivial, num canto de uma galáxia perdida num Universo onde existem muito mais galáxias do que seres vivos. Nós tornámos o nosso mundo significativo pela coragem das nossas perguntas e pela profundidade das nossas respostas. Nós iniciamos a nossa jornada para as estrelas, com uma pergunta que foi feita pela primeira vez, na infância da nossa espécie e feita de novo em cada geração, com assombro renovado: O que são as Estrelas?

No final Carl Sagan leva-nos novamente até Brooklyn, onde ele próprio se começou a envolver no estudo do Universo, onde podemos assistir a uma aula por ele dada a alunos atuais da sua antiga escola, sobre Astronomia.


A exploração está na nossa natureza. Chegou o momento em que estamos prontos para nos aventurarmos no caminho para as Estrelas!...


Histórias de Viajantes - A Odisseia da Voyager


 “Para aqueles que fazem música, em todos os mundos e em todos os tempos”.
Mensagem escrita no Voyager Golden Record

 
Há 300 anos apenas, a Holanda enviou pela primeira vez barcos que se aventuraram mar dentro e que deram meia volta ao mundo, reunindo conhecimentos do nosso planeta. Hoje já se enviaram naves espaciais a todos os planetas que os nossos antepassados conheciam.

Neste 6º episódio da série Coscos, Carl Sagan leva-nos ao interior do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, na Califórnia. Ali, no dia 8 de Julho de 1979, a espaço-nave Voyager II, iniciava a aproximação ao planeta Júpiter e às suas luas. Pacientemente explica-nos como funciona o mecanismo da espaço-nave Voyager, mostrando-nos como esta maravilha da técnica contribui de forma incrível, para o nosso conhecimento sobre os astros que nos são próximos.

Explica-nos ainda, como numa espécie de bilhar cósmico a Voyager, ao passar pelos planetas a partir de Júpiter, acelerou o seu caminho, ao ser impelida pela gravidade dos planetas por onde passava, de modo a conseguir ultrapassar o espaço para fora do sistema solar, tornando-se numa nave espacial interestelar, vagando para sempre no oceano cósmico.

Fala-nos também nos famosos discos dourados fonográficos (que eu tantas vezes já referi aos meus alunos), e que viajam a bordo de as naves Voyager I e II, que levam uma mensagem. Eles são um presente de uma ilha azul de civilização no oceano cósmico, para uma outra que o encontrar. Eles contêm também uma saudação em Inglês escrita à mão, que diz: “Para aqueles que fazem música, em todos os mundos e em todos os tempos”. Além de possuírem instruções de uso, contêm uma mostra de fotos, sons, saudações e uma hora e meia de música primorosa com os maiores êxitos da Terra, bem como imagens selecionados, com uma amostra da diversidade de vida e culturas da Terra, sendo dirigidos a qualquer forma de vida extraterrestre (ou a seres humanos do futuro distante) que os encontrem.

As viagens da Voyager de exploração e descobrimento, são as últimas de uma longa série, que caracterizou e distinguiu a espécie humana.

Nos séculos XV e XVI, podia-se viajar de barco de Espanha para os Açores em poucos dias, o mesmo tempo que agora se leva a cruzar aquele pequeno canal que separa a Terra da Lua.

Na mesma época demorava-se alguns meses para se atravessar o Oceano Atlântico e chegarmos aquele que então se chamava o novo mundo, as Américas.  Hoje levamos apenas alguns meses para atravessar o oceano do sistema solar interno e chegarmos a Vénus ou Marte, que são literalmente novos mundos à nossa espera.

Nos séculos XVII e XVIII, podia-se viajar da Holanda à China levando um ou dois anos, o mesmo tempo que agora se leva para se viajar da Terra a Júpiter.

Em comparação com os recursos económicos da sociedade daquelas épocas, custava mais mandar navios veleiros para o extremo oriente, do que custa agora mandar uma nave espacial para os planetas.

Refere a Holanda do séc. XVII, cujos cidadãos iniciaram o curso de uma vigorosa exploração planetária. Recentemente libertada do domínio espanhol a Holanda era uma sociedade revolucionária, mas também racional, disciplinada e criativa, que abraçou o espirito do esclarecimento europeu.

As viagens eram o sangue vital da nova republica e as expedições não tinham um âmbito apenas comercial, pois além dos apelos habituais de ganância, orgulho nacional e sede de aventura, os holandeses eram impelidos por uma vocação científica poderosa e uma fascinação pela novidade, novas terras, novos povos, novas plantas e animais.

Mostra-nos uma sala que na época era a Câmara de Amesterdão e que pela sua riqueza é a memória do orgulho nacional por suas conquistas e prosperidade. Nesta sala mostra-nos esculturas em alabastro, numa delas está Atlas suportando os Céus nos ombros, e em baixo, noutra bela escultura vê-se a Justiça, empunhando uma espada e uma balança em ouro, ladeada pela Morte e pela Punição. E quem é que a Justiça está pisoteando? São a Avareza e a Inveja, as deusas dos mercadores. Os holandeses sabiam que a procura desenfreada pelo lucro, era  uma ameaça séria à alma da nação.

Neste episódio Carl Sagan faz-nos compreender que a paixão pela exploração reside no coração do ser humano. O impulso de ir, de ver, de conhecer, de aprender, deixou expressão em cada cultura. Fala-nos da importância do estudo dessas viagens realizadas há alguns séculos atrás, fazendo uma ligação destas com as viagens espaciais aos planetas do sistema solar.

No fim, comandando a espaço-nave da imaginação segue a trilha da Voyager levando-nos aos anéis de Saturno e ao seu satélite Titã, a maior lua do sistema solar, cuja atmosfera é rica em moléculas orgânicas. E após explorar Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno, a nave Voyager continuará cruzando para sempre o grande oceano interestelar...



Fontes:
http://www.carlsagan.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan
http://www.documentarios.org/serie/de
http://www.aeroespacial.org.br/educac
http://pt.wikipedia.org/

Os Segredos do Planeta Vermelho


Depois de Vénus, Marte é o planeta visitado neste 5º episódio da série Cosmos.

Carl Sagan fala-nos do nosso fascínio pelo planeta vermelho desde a transmissão de “A Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells, desde a apresentação radiofónica feita por Orson Welles através da rádio CBS, e seu próprio fascínio pelos romances de Edgar Rice Burroughs, da série literária de ficção científica, Barsoom, exibindo algumas ilustrações feitas por Michael Whelan.

Carl Sagan leva-nos ao observatório que Percival Lowell construiu no Arizona para estudar os "canais" de Marte, os quais acreditava terem sido construídos por uma civilização desaparecida. Assim, Sagan leva-nos a recordar as anotações fantasiosas de Percival Lowell, seguindo a seguir pelo desenvolvimento dos foguetes feito por Robert Hutchings Goddard, até o lançamento das sondas Viking 1 e Viking 2, que foram em busca de sinais de vida no planeta vermelho.

O Dr. Sagan mostra-nos também um robô pesquisador do tipo Viking, que exibe um mecanismo maravilhoso para enviar milhares de fotografias e de outros dados para a terra. Ao explorar as espantosas paisagens do planeta vermelho, as Viking não encontraram quaisquer canais, nem artefactos, nem marcianos inteligentes.

Neste ponto, fala-nos das experimentações de seu saudoso amigo, um notável microbiologista, Wolf V. Vishniac (1922-1973) que inventou uma máquina para encontrar vida microbiana noutros planetas, a quem os seus amigos designavam por “armadilha do lobo”, lembrando-nos a possibilidade de encontrar vida em solo marciano. Esta máquina nunca foi usada devido às dificuldades orçamentais da NASA, permanecendo em aberto a questão da vida microbiana, passada ou presente no planeta Marte. Mas algum dia o ser humano poderá a vir desvendar se há vida na água gelada nas suas calotes polares.

Fala-nos também do projeto de um veículo móvel elaborado pelo Instituto Politécnico Rensselaer, que procuraria outros locais para explorar a superfície de Marte, numa espécie de premonição próxima em relação às missões mais recentes e bem-sucedidas, feitas pelos robôs de exploração "Spirit" e seu irmão gémeo "Opportunity", que exploraram Marte desde Janeiro de 2004.

Por fim, Carl Sagan especula a respeito de uma teórica terra-formação em Marte que eventualmente pudesse derreter o gelo das calotas marcianas, fazendo a água circular em canais para outras superfícies de Marte, retornando aos canais fantasiosos de Percival Lowell relatados no início do episódio, dando-nos sugestões para podermos libertar a atmosfera marciana de modo a criar vida no planeta vermelho. E ai, futuramente, os marcianos seremos nós!...

Cosmos foi uma série de TV realizada por Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, produzida pela KCET e pela Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada na PBS em 1980.




Mais em:
http://www.carlsagan.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan

http://www.documentarios.org/serie/de

http://www.aeroespacial.org.br/educac

Céu e Inferno

O quarto episódio da série Cosmos, parte do chamado evento Tunguska, um pequeno cometa que teria atingido a Terra no ano de 1908, provocando uma enorme explosão na Sibéria. Este fato serve a Carl Sagan explanar acerca das crateras de impacto, lembrando-se dos relatos dos monges da Catedral de Canterbury, feitos em 1178, quando possivelmente os monges avistaram um choque que teria formado a cratera lunar Giordano Bruno.

Carl Sagan conta-nos que este facto ocorreu num domingo antes da Festa de São João Batista, no verão de 1178, quando os monges da Catedral de Canterbury tinham acabado de completar as suas orações vespertinas e já estavam para se retirar para a noite. O erudito irmão Gervase voltou para a sua cela para ler, enquanto alguns dos outros foram lá para o exterior, para desfrutar do suave ar de junho. No meio da recreação, eles tiveram a possibilidade de testemunhar uma visão surpreendente... Uma violenta explosão na lua!

Vivia-se uma época em que pensava-se que os céus eram imutáveis. A lua, as estrelas, e os planetas eram julgados puros, porque seguiam uma rotina celestial invariável. Esperava-se então que eles se comportassem sem distúrbios inconvenientes, como monges em um mosteiro. Seria sábio discutir tal visão?

Em toda época e cultura há pressões para que os homens se submetam aos conceitos prevalecentes. Mas também há, em cada lugar e época, os que valorizam a verdade e que por isso registam fielmente as evidências. As gerações futuras estão em débito para com estes.

Um incêndio na Lua!... Poderia ser um presságio de má sorte? O cronista do mosteiro deveria ser comunicado? Esse evento seria uma aparição do maligno? Gervase de Canterbury era um historiador, considerado hoje um repórter confiável dos fatos políticos e culturais da sua época.

No seu relato ele escreveu: “Agora há uma nova lua brilhante, e como é usual nesta fase, suas pontas estão inclinadas em direção ao leste; e de repente a ponta superior partiu-se em duas. Do ponto médio desta divisão de tocha flamejante elevou-se, vomitando, a uma distância considerável, fogo, carvões quentes e centelhas. Depois dessas transformações...”,continou Gervase, “... A Lua, de ponta a ponta, ou seja, ao longo de toda a sua extensão, assumiu uma aparência enegrecida”. Gervase tomou depoimentos de 5 monges, todos testemunhos oculares do sucedido.

Mais tarde escreveu-se ainda: “o presente escrito refere-se ao relato de homens que viram isso com seus próprios olhos, e estão prontos para arriscar sua honra em juramento, de que eles não acrescentaram nem inventaram nada”. Gervase pôs o relato por escrito, permitindo que os astrónomos 8 séculos depois tentassem reconstruir o que realmente aconteceu. Pode ser que 200 anos antes os monges tenham visto um facto mais maravilhoso, do aquele que foi relatado nos “Contos de Canterbury” do poeta e escritor Geoffrey Chaucer.

Carl Sagan prossegue depois com a história dos relatos de cometas demonstrando exemplos na tapeçaria de Bayeux, no famoso quadro de Giotto e no grande temor criado após a deteção de cianogénio no rastro do Cometa Halley, quando ele passava próximo à Terra no ano de 1910.

Segue-se então numa viagem até Vénus, com as suas altas temperaturas e o seu superlativo efeito de estufa, desde as especulações de Immanuel Velikovsky até aos recentes dados das sondas Venera.

Em 1908, na Sibéria, uma explosão misteriosa abalou a paisagem, projetando árvores a milhares de quilómetros de distância e produzindo um som que se ouviu em todo o mundo. Teria uma nave espacial extraterrestre, sofrido um acidente nuclear?

Carl Sagan examina os testemunhos da ocorrência e conclui que a Terra foi atingida por um pequeno cometa. Um modelo do sistema solar demonstra a possibilidade de outros planetas terem sofrido impactos semelhantes. Tal como Immanuel Velikovsky proclamava, teria o planeta Vénus sido já um cometa gigante? O Dr. Sagan conclui que não, que as provas não confirmam a afirmação.

Embarcamos no final, numa viagem descendente através da atmosfera infernal de Vénus, a fim de explorar a sua superfície abrasiva e o seu destruidor efeito de estufa. O destino de Vénus pode ser uma história de alerta para o nosso planeta, devido ao efeito de estufa, pelo que Carl Sagan lança um aviso sensato para que sejam tomadas medidas de proteção ao frágil planeta azul, a Terra.

Nesse alerta, fala-nos da indiscriminada destruição da vegetação com queimadas que deixam a superfície da Terra mais brilhante, refletindo a luz do Sol de volta para o espaço, arrefecendo progressivamente o planeta. As florestas e os campos de cultivo estão assim a ser destruídos inutilmente por muitos humanos negligentes, que desleixadamente vão destruindo a beleza da nossa flora, absolutamente ignorantes sobre as possíveis catástrofes e modificações climáticas que as queimadas de hoje poderão causar no futuro próximo, estragando irreversivelmente o nosso planeta.



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Jto-uEVDSxw

A Harmonia dos Mundos


Carl Sagan inicia o terceiro episódio da série mostrando as diferenças entre a astrologia e a astronomia, lamentando a presença massiva da astrologia nos jornais, frente à dificuldade de encontrar qualquer coluna sobre astronomia.

Fala-nos dos nossos ancestrais, que num movimento ascendente para a contemplação dos mistérios celestiais, sempre observaram as sucessões dos dias e das noites numa esperança de imortalidade. Mil anos depois os Anasazi (um antigo povo indígena norte-americano que desapareceu completamente antes da chegada dos europeus à América) construíram um observatório onde faziam observações dos movimentos solares, aprendendo a prever as mudanças das estações, com uma precisão que é um verdadeiro triunfo da inteligência humana.

Traça-nos assim o percurso da humanidade na observação dos corpos celestes e na descoberta das leis que os regem, até à superação do modelo geocêntrico promovida por Copérnico, Tycho Brahe e Kepler.

Em todo o mundo, os nossos antepassados de todas as culturas tiveram conhecimentos próprios de astronomia. As suas vidas disso muito dependiam. Mas a caminhada humana desde os mais remotos astrónomos aos modernos exploradores do Cosmos, derivou numa pseudociência chamada astrologia.

O último astrólogo científico foi também o primeiro astrónomo moderno: Johannes Kepler. Kepler lutou pela busca de uma harmonia nos céus e deu um passo fundamental para nos conduzir à era científica. O segredo que conduziu Kepler foi um respeito descomprometido pela observação dos céus, mesmo quando, agonizante, o confrontaram com as mais enraizadas crenças que acarinhava.

Os profundos conhecimentos de Kepler ensinaram-nos como a Lua e os planetas se movem nas respetivas órbitas e, mais recentemente, como viajar para eles.



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=N9C0MpJvymU&list=PL37DC1C0231D2BA61&index=4

As Origens da Vida


Neste episódio, o 2º da série Cosmos, Carl Sagan já no nosso planeta, comenta sobre as Origens da Vida e fala-nos sobre a Evolução das Espécies, especulando sobre a hipótese da existência de seres vivos noutros planetas.
Faz-nos o relato épico japonês de Heike Monogatari, sobre a luta entre os clãs Taira e Minamoto pelo controle do Japão no final do séc. XII, durante as Guerras Genpei e como isso aparece nas lendas em torno dos caranguejos da espécie Heikea japónica.
Fala-nos no mecanismo da evolução das espécies, nas mutações ocasionais e nas séries de lentas adaptações ao meio de muitos seres vivos. Diz-nos que a origem de novas espécies e a seleção natural, faz a música da vida mais bonita com o passar das Eras.
Daí, parte-se para a representação de seu calendário cósmico, para então comentar as semelhanças moleculares entre as diferentes formas de vida, levando-nos a visitar com ele o Royal Botanic Gardens, o jardim botânico londrino.
Ao sair da magnífica estufa do jardim botânico real, Carl Sagan senta-se num enorme e belíssimo carvalho, edificando-se de imediato com ele.
Depois, quando propositadamente fura o dedo com o espinho de uma roseira, dá o início a uma viagem virtual ao mundo molecular, apresentando-nos os mecanismos de replicação do DNA.
Por fim, após o químico Bishun Khare demonstrar a experiência de Urey-Miller num laboratório da Universidade de Cornell, Carl Sagan especula sobre vida extraterrestre, quando exibe então três seres imaginados por ele e seu colega físico E. E. Salpeter, também da Universidade de Cornell, que seriam capazes de viver na superfície gasosa do planeta Júpiter: os flutuadores, os caçadores e os afundadores.

Boa visualização!...



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=ByJnOZNVioI http://w3.ufsm.br/

Os Limites do Oceano Cósmico


Partindo dos limites do grande oceano espacial, Carl Sagan embarca numa imensa viagem cósmica que começa a 8 bilhões de anos-luz da Terra. A bordo de uma nave espacial imaginária, ele transporta-nos às maravilhas do Cosmos: quasares, galáxias em espiral, nebulosas, supernovas e pulsares.
Viajamos então para lá de Plutão, dos anéis de Úrano, do majestoso sistema de Saturno, e da luminosidade do lado noturno de Júpiter. Penetrando nas nuvens da Terra, encontramo-nos no Egipto, onde Eratóstenes pela primeira vez mediu a Terra. Carl Sagan mostra-nos como isso foi feito.
Como numa viagem no tempo, traz-nos a mítica Biblioteca de Alexandria, berço da aprendizagem na Antiguidade, aqui ressuscitada em toda a sua glória. Foi nela que começou a aventura intelectual que nos levou até ao Espaço. Ela era uma cidadela da consciência humana e serve-nos para ilustrar a fragilidade do conhecimento humano.
 
Fala-nos também de Hipátia de Alexandria, a última e mais bela luz que brilhou na Biblioteca de Alexandria. Além de Matemática, também ensinou Filosofia e Astronomia no antigo Egipto romano. Foi a primeira mulher professora e estudiosa que veio a ser Diretora da Academia de Alexandria. Hipácia foi assassinada por uma multidão de fanáticos cristãos, depois dos seguidores de Cirilo montarem uma insidiosa intriga, acusando-a de ser a responsável de provocar um conflito entre duas figuras proeminentes de Alexandria, o governador Orestes e o bispo de Alexandria. Segundo alguns historiadores o assassinato de Hipácia marcou o fim da Antiguidade Clássica. *

Carl Sagan faz-nos ainda compreender a enormidade do tempo que passou desde o Big-Bang até aos nossos dias, apresentando-nos aqui o "Calendário Cósmico", fazendo-nos entender que para bem de todos e desde a antiga Alexandria, duas importantes frentes deveriam ser sempre preservadas: o reconhecimento do direito de pesquisa livre e responsável e, no mesmo patamar de valoração, o respeito da pessoa humana e seus direitos, ambos voltados para a instituição de uma sociedade justa.

O ponto axial dessa relação dialética tem sido e terá que ser sempre, o conceito fundamental da "responsabilidade da ciência”.

Nós somos simplesmente o legado de 15 bilhões de anos de evolução cósmica. Este é o 1º Episódio da série Cosmos.


Buracos Cósmicos


O nosso universo "infinito" está repleto de fenómenos estranhos e violentos que podem transportar a vida. Imagine portais cósmicos onde objetos podem desaparecer ou ser lançados para outro lugar no espaço ou no tempo.

Descolemos para lugares longínquos no Universo onde cientistas procuram por buracos negros, buracos brancos e buracos de minhoca. Eles são meras fantasias ou fatos científicos?

O nome buraco de minhoca surgiu como uma analogia a uma larva que tenta atravessar uma maçã, onde ela não se move através da superfície, mas vai abrindo caminho através do miolo.
Se conseguíssemos encontrar um buraco de minhoca, estabilizá-lo, e posicionar uma das suas aberturas próxima da Terra e outra no centro da galáxia, o tempo passaria com velocidades diferentes entre uma extremidade e outra, enquanto dentro do túnel o tempo passaria com a mesma velocidade. Essa diferença entre as velocidades relativas das extremidades e no interior do buraco de minhoca, é que poderia fazê-lo como viajando numa máquina do tempo.
Imagine que na extremidade A, o tempo passa mais rápido que na extremidade B, então se se entrasse em A, às 12:00h, poderia sair-se em B centenas de anos antes de se ter entrado em A, ou poderia entrar-se na boca em que o tempo passa mais lentamente e sair-se do outro lado num futuro muito distante, pois do lado em que se sai, o tempo passa mais rápido.
Se houvesse um buraco de minhoca com as duas extremidades ligadas, poderíamos entrar por uma extremidade e sair no outro lado no exato instante em que entramos. E ao contrário dos buracos negros, onde tudo que entra no túnel jamais poderá sair, as viagens através de buracos de minhoca não seriam só de ida, onde poderia retornar à extremidade por onde se entrou.
Será então possível viajar no tempo por um destes buracos, quer para o futuro, quer para o passado?
Os cientistas não sabem ao certo se esses buracos de minhoca acontecem ao acaso no espaço e se por ventura possam ser criados em laboratório. Há os que dizem que a viagem no tempo através de um buraco de minhoca é com certeza muito improvável, pois a viagem no tempo traria paradoxos realmente difíceis. Um desses paradoxos ligados a essa questão é o do avô. Imagine-se que se tinha uma máquina no tempo, e que viajando ao passado eu matava o meu avô. Sendo assim, o meu avô não seria pai do meu pai, que consequentemente não me teria como filha, e eu não teria nascido para poder um dia viajar no tempo e matar o meu avô. Será que poderíamos através de uma máquina do tempo mudar a história?
É importante esclarecer que a ideia da existência de buracos de minhoca são apenas especulações. Enfim, há cientistas que afirmam a impossibilidade de viajar no tempo através de um buraco de minhoca, pois ele destruiria qualquer tentativa.
Porém, existem físicos que consideram isso possível, que alguma geração daqui a milhões de anos possa ter o domínio dos conhecimentos necessários que nós ainda não temos e que se um dia alguém aparecer à sua procura dizendo ser seu tetraneto é melhor não duvidar…
Em 1916, o astrónomo Karl Schwarzschild encontrou uma solução para a teoria da relatividade de Einstein. O trabalho de Schwarzschild revelou uma consequência impressionante da relatividade geral. Ele mostrou que, se a massa de uma estrela estiver concentrada numa região suficientemente pequena, o campo gravitacional na superfície da estrela torna-se tão forte que nem a luz consegue escapar.
Imagine-se que para lançarmos um foguete ao espaço, precisamos que este foguete tenha uma certa velocidade para que ele vença a força da gravidade da terra e chegue ao espaço. Esta velocidade, chamada velocidade de escape, é cerca de 11 quilómetros por segundo (11Km/s). Agora imagine-se a força gravitacional que se deve ter, para que mesmo a luz, que tem velocidade de 300 mil quilómetros por segundo (300.000Km/s), não consiga "viajar". Deve ser mesmo uma força incrível! Mais tarde, descobrimos que isso é o que hoje chamamos de Buraco Negro. Durante muito tempo, muitos físicos, inclusive Einstein, não acreditaram que algo tão extremo pudesse realmente ocorrer no Universo.
Mas o que são os buracos negros? Os Buracos Negros Estelares são originados a partir da evolução de estrelas massivas e portanto com massa da ordem das massas estelares. Neste caso, são os buracos negros formados pelo colapso de estrelas de neutrões.
Mas também existem os Buracos Negros Supermassivos que são encontrados nos centros das galáxias, com massas de milhões a um bilhão de vezes a massa solar, provavelmente formados quando o Universo era bem mais jovem, a partir do colapso de gigantescas nuvens de gás ou de aglomerados com milhões de estrelas.
O jato cósmico ou buraco branco porém encontra-se no início e no fim da nossa compreensão da existência e seria o outro lado de um buraco negro.
Na verdade, o Universo pode estar explodindo e implodindo, simultaneamente, num estado oscilante.
Hoje em dia podemos falar somente sobre nosso próprio Universo e do seu surgimento como um buraco branco cosmicamente jorrante, expandindo e espiralando.
Mas os astrónomos modernos, cuja descrição da física inclui gigantes vermelhas, anãs brancas, horizontes de eventos, desvios para o vermelho, quarks, neutrões, taquiões, quasars e buracos negros, estão atualmente a reconstruir uma nova e completa Cosmologia além da nossa imaginação.

Fonte: http://www.ced.ufsc.br/ http://www.youtube.com/ http://www.imagick.org.br/