Mostrando postagens com marcador Primavera 2013 - Baixo Alentejo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Primavera 2013 - Baixo Alentejo. Mostrar todas as postagens

Pulo do Lobo - 3º Dia - Parte II




Foi por volta das 18h00 que iniciámos o caminho de volta a casa, com partida das Minas de São Domingos.

No caminho para lá da vila de Mértola, procurou-se o cruzamento de estradas com a indicação do Pulo do Lobo, que nos levaria até a terras do Parque Natural do Vale do Guadiana.

Este Parque Natural tem muito para oferecer. Entre a variada fauna e a diversificada flora, é um lugar com vistas fantásticas, que se enquadram num cenário de sonho, onde a natureza inspira qualquer viandante.

Nas zonas declivosas da serra, onde a mão humana pouco se faz sentir, o parque está coberto com um matagal mediterrâneo, que mais se aproxima da vegetação original da região.

Procurávamos nós naquele dia, num vale em U de origem glaciar, em cujas formas geológicas bem talhadas das margens do rio Guadiana (a margem direita de Portugal e a esquerda de Espanha), conduzem as águas num longo e estreito desfiladeiro rochoso, percorrido pela forte corrente do rio, antecipado pelo ribombar de uma belíssima queda de água do lugar do Pulo do Lobo.

A chegada ao lugar de acesso ao Pulo do Lobo, fica situado na serra em lugar alto, que nos faz deixar a autocaravana e seguir a pé descendo uma um caminho em terra batida.

Percorrer estas veredas é ter acesso a paisagens únicas de verde, com as pedregosas margens a servir de trilho, é sentir a força viva das penedias, é viver um sem fim de emoções que nos levam a querer ir mais longe.

Aos poucos, vamos avançando ficando mais próximos da margem direita do rio, onde o barulho da água a embater contra a rocha aumenta consideravelmente.

Lá em baixo, as águas que caem bruta e ferozmente somem-se por uma garganta rochosa, que “nasce” num espaço largo do rio, que, por contraste, parece adormecido entre as suas margens altas e pedregosas.

O rio Guadiana que chega a medir 150 metros de largura e que percorreu até este local 710 quilómetros desde a sua nascente em Espanha, vê-se ali estrangulado e obrigado a passar por uma passagem estreita com pouco mais de 2 metros, ganhando as águas velocidade e uma força brutal, onde no meio vai resistindo uma dura rocha que nem o tempo gastou.

O Pulo do Lobo fica situado a cerca de oitenta quilómetros para norte a partir da foz do rio Guadiana e é perturbado por uma espetacular queda de água, com 13 a 14 metros de desnível, onde a água, feita espuma, corre veloz em plena força e energia. Água mole em pedra dura... as águas do rio Guadiana, devido à força da corrente, foram escavando ao longo do tempo um fundo desfiladeiro, num solo metamórfico duro.  

Este é o estado atual de uma vaga de erosão desencadeada no último período glaciário, há uns vinte mil anos, durante o qual o nível geral do mar baixou mais de cem metros, o que aumentou a energia dos rios, obrigando-os a escavarem os respetivos leitos. Assim o Guadiana sofreu este efeito, tendo vindo a fazer recuar tal desnível, numa luta que só terá fim nas suas cabeceiras, daqui a muitos, muitos anos.

Conta-se que este é um local de mistérios, no qual os lobos saltavam entre margens de tão apertadas que ficam em plena época de estio. O Rio Guadiana marca o percurso como o grande rio do sul, onde, ao longo de milénios, várias civilizações passaram e deixaram as suas histórias. Tudo isto ao alcance de um pulo. De um pulo de lobo.

O Pulo do Lobo deve o seu nome a uma antiga lenda, que conta a história de um lobo que ao ser perseguido por caçadores, deu um grande pulo sobre o rio, tendo chegado à outra margem, são e salvo.

O lugar do Pulo do Lobo é um poema, um monumento construído através dos tempos pela mãe Natureza. As quedas de água podem ser observadas de ambas as margens do rio; mas a paisagem mais bonita é quando lá se chega partindo da estrada que liga Mértola a Beja.

No final da visita a esta maravilha da natureza, seguiu-se a viagem a caminho de casa. Pelo caminho só uma paragem, no Canal Caveira, para um jantar de Cozido à Portuguesa.
 


 Fontes: http://www.aaaio.pt/public/ioand259.htm  ;http://www.luardameianoite.pt/serpa/serpa14.html; http://www.sal.pt/m1_agenda_passeios/pp_pulo_do_lobo.shtml; http://www.terraspulodolobo.com/

Minas de São Domingos - 3º Dia - Parte I



A chegada à povoação da Mina de São Domingos já bem tarde, por volta da meia-noite, levou-nos de imediato até ao parque de autocaravanas que se encontra na praia fluvial, a mais importante das redondezas.

A praia fluvial da Mina de São Domingos fica situada na maior de duas albufeiras de água doce criadas pela empresa Mason & Barry durante o século XIX, para fornecer água para o processamento de minerais de baixo teor por via húmida.

Hoje parte desta albufeira foi transformada numa praia, com estacionamento e parque de autocaravanas, bar/restaurante, instalações sanitárias e vigilância durante a época balnear. É um local de eleição para fugir às elevadas temperaturas da região, em especial durante a época de verão.

No dia seguinte acordámos tarde e fomos almoçar ao bar/restaurante. Surpreendida fiquei com o grande número de famílias portuguesas, que almoçavam animadamente ocupando algumas mesas do parque de merendas e que há pouco tempo atrás era raro ver-se. Sinais positivos da crise?  

Ao início da tarde uma caminhada levou-nos à antiga Mina de São Domingos, à qual se seguiu outra em redor da albufeira, para fruir do pleno contacto com a natureza, aproveitando para observar as espécies botânicas do lugar. 

A Mina de São Domingos é um local singular. Outrora uma importante exploração de cobre, que até há bem poucos anos foi o maior peso económico daquela região, hoje encontra-se abandonada.  Os carris da velha linha que permitia transportar o minério até ao Pomarão, foram arrancados e o que resta são fragmentos de edifícios e alguns lagos de água contaminada.  

A envolvente paisagem rochosa, desprovida de vegetação, faz lembrar um ambiente lunar. As zonas circundantes encontram-se cobertas por eucaliptais, pouco ricos em aves mas onde não é raro ouvir cantar algumas delas. 

Em redor das ruinas encontramos as lagoas ácidas que foram criadas há décadas atrás para fazer decantação, ou seja, para fazer a separação de misturas heterogéneas, das escorrências da antiga mina.  

A aldeia das Minas de São Domingos foi construída para os trabalhadores e suas famílias e ainda hoje são povoadas pelos moradores, hoje seus proprietários, tendo as pequeninas casas em banda caídas de branco, sofrido algumas alterações na sua arquitetura interior. 

Na aldeia propriamente dita podem ver-se muitas andorinhas-dos-beirais e logo a sul da mesma, na direção da mina, alguns ninhos de cegonha-branca. 

Da aldeia à praia fluvial da Tapada Grande é um saltinho. Depois caminha-se seguindo pela margem da albufeira, para saborear as vistas e sons da natureza envolvente. 

Adivinham-se na região terrenos pobres do ponto de vista agrícola, uma vez que no caminho sobressai a todo o momento o xisto multicolorido, com predominância do xisto azul. A rocha partida devido aos mecanismos da erosão divide-se em múltiplos pedacinhos coloridos e esfolheados que brilham ao sol e a sua beleza obriga a algumas colheitas para a coleção.  

As plantas silvestres conseguem no entanto resistir à pobreza do xisto e embora não sendo abundantes podem ser encontradas para além das espécies arbóreas e arbustivas, muitas plantas rasteiras. Além de eucaliptos e pinheiros (Pinus pinaster e Pinus pinea), que fazem o enquadramento paisagístico dominante, ali também encontramos junto à lagoa muitos Juncus effusus, que crescem de raízes mergulhadas na água e no caminho alguns tufos isolados de Juncus trifidus. Mas ali crescendo sobre o xisto e areia, também se podem ver várias plantas espontâneas, como a erva viperina (Echium vulgare), viborera, erva-vaqueira, alguns bonitos cardos (Carduus tenuiflorus), cenoura-brava (Daucus carota), margaça e outros malmequeres bravios, flores de rosmaninho, roselha (Cistus crispus), alguns tufos de bicos-de-cegonha… 

Na zona a jusante da barragem, a um nível mais baixo, encontra-se outra lagoa, que se formou a partir das águas de infiltração da albufeira e das chuvas.  

Cá em cima acompanha-se novamente a margem da lagoa da albufeira, agora de regresso à autocaravana. No caminho em comunhão com a natureza, encontram-se solitários pescadores e eis que súbito se avista um cavaleiro andante, em busca do palácio encantado da aventura… 

Junto da praia fluvial sobe-se uma pequena encosta que separa a lagoa da área de serviço, contorna-se a densa sebe de madressilva e chega-se junto da autocaravana.  

É hora de partir a caminho de casa. No caminho, logo a seguir a Mértola, procura-se o cruzamento que indica o Pulo do Lobo, o último lugar a visitar naquele fim de semana.

Fonte: http://prezi.com/p2h9iafmqyx_/sao-domingos-a-heranca-da-mina/ ; http://fugas.publico.pt/Noticias/309307_esta-praia-fluvial-alentejana-e-uma-mina; Mayer, Joachim e Kulmann, Folko, Plantas vivazes.

Mértola - Visita à Vila - 2º Dia - Parte V


 
A Mértola ancestral apresentava um sistema defensivo desde, pelo menos, a ocupação romana da região, com descrições datadas de 440 a.C..
A partir do séc. VIII, os árabes iniciaram o domínio da região, com o consequente fortalecimento do povoado. Este domínio duraria até a conquista portuguesa em 1238. Depois da restauração muitos trabalhos de renovação ocorreram, como a construção da Torre de Menagem por iniciativa do Mestre da Ordem de Santiago a quem o castelo foi entregue.
Uma vez no Castelo de Mértola, caminha-se em direção à sua Torre de Menagem, ainda imponente no seu formidável volume, que assinala a época em que Mértola foi durante um século, a sede nacional da Ordem de Santiago.
No recinto do castelo, cujas muralhas foram recentemente consolidadas, o acesso está atualmente condicionado por obras de reabilitação.
A antiga alcáçova, assim como troços importantes da muralha que envolvia a população, ainda se mantêm conservados. Trabalhos arqueológicos realizados na alcáçova do castelo puseram a descoberto um bairro mouro dos séculos XII/XIII, e várias estruturas romanas do séc. IV. As peças cerâmicas árabes encontradas nas escavações, estão expostas no núcleo do museu de Mértola.
A Torre de Menagem situa-se sobre a encosta mais alcantilada. Na sala de armas coberta por uma abóbada de cruzaria de ogivas, estão reunidos alguns elementos arquitetónicos recolhidos na vila e nos arredores e atribuíveis a um período de transição entre os séculos VI e IX, uma época dominada pelas formas decorativas ao gosto visigótico. Esta mostra, além de um catálogo temático, possui um painel didático referindo a implantação topográfica dos objetos expostos. Numa sala superior, recentemente recuperada, está prevista a montagem de um outro programa expositivo dedicado à história da própria fortaleza.
Do topo da fortaleza avista-se uma paisagem já mais algarvia do que alentejana. As planícies dão lugar a um relevo acidentado, onde se destacam as serras de Alcaria, de S. Barão e S. Brissos. Estas duas últimas tomaram o nome de dois santos nascidos em Myrtilis Iulia.
Segundo reza a história dizia-se que S. Brissos, o primeiro mertolense notável de que há registo, seria irmão de S. Barão, sendo os dois naturais da Mértola romana, e que S. Brissos teria recebido o notável título de Bispo da Diocese de Évora. São Brissos hoje considerado um santo português semi-lendário, e que terá sido o segundo bispo de bispo de Évora, foi martirizado pelos romanos por volta do ano 312 e o seu culto está bem atestado na região do Alentejo, sendo orago em várias das suas povoações.
De cima da Torre de Menagem, o olhar desce até ao rio, acompanhando os telhados das casas com os seus pátios interiores recheados de limoeiros e canteiros de flores. Um milhafre pairava no ar, rondando por vezes a Torre de Menagem, que alberga um conjunto de fragmentos arquitetónicos da época pré-islâmica, recolhidos na região.
No final da tarde, quando a noite já se avizinhava, desceu-se o morro e nos bombeiros dá-se de novo a reunião de família, anteriormente combinada, para se jantar um bom caldo verde e um prego no pão. No final do jantar, resolvemos partir a caminho da povoação de Mina de S. Domingos onde fomos pernoitar naquele dia.
 
Fontes: http://pt.wikipedia.org/; http://cathedral.lnec.pt/portugues/mertola.html ; http://www.flickr.com/ ;  http://museus.cm-mertola.pt/nucleos/castelo.html ; http://www.aaaio.pt/public/ioand259.htm; http://www.rotas.xl.pt/1204/500.shtml; http://www.geocaching.com/; http://www.portugalromano.com/2011/09/myrtilis-iulia-mertola/; http://www.igogo.pt/castelo-de-mertola/

Mértola - Visita à Vila - 2º Dia - Parte IV



A visita a Mértola continuou naquele dia. Cá de baixo, a meia encosta, olha-se para o cimo do anfiteatro, de onde se destacam o Castelo que domina a vila e a Igreja Matriz, que tal como o restante casario a todo o momento nos atrai.

Sobem-se então as ruelas estreitas e empedradas da vila, a caminho do Castelo. Lá em cima, caminha-se pela rua da Igreja até à Igreja Matriz, alvo de grande interesse pela sua singularidade. É uma igreja toda branquinha de cal, tal como as alvas casas alentejanas, mas há algo de estranho nela, pois outrora foi uma antiga Mesquita árabe que hoje ainda conserva muito da sua antiga arquitetura.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção ou de Entre-ambas-as-Águas, como também é chamada, é o único exemplar de arquitetura religiosa islâmica remanescente em Portugal. No entanto a igreja dos dias de hoje, apresenta ainda vestígios de construções anteriores à ocupação árabe, nomeadamente do período de domínio romano e até da época visigótica.

Segundo reza a história foi erguida no contexto da invasão muçulmana da Península Ibérica com a função de Mesquita, no séc. XII, e mais tarde no contexto da Reconquista Cristã da Península Ibérica (séc. XIII), foi transformada num templo cristão.

Do primitivo templo islâmico do séc. XII, são testemunho, quatro portas de estilo árabe e o "mihrab" (um pequeno espaço que é usado para a oração e geralmente é precedido por um arco orientado em direção a Meca), bem como no seu belo interior as abóbadas nervuradas, conservando ainda quatro arcos em ferradura.  

A Igreja tem quatro naves e 16 abóbodas, com capitéis em estilo romano, gótico e árabe e o referido e antigo mihrab, o canto que indica a direção de Meca. Em frente do mihrab, temos o altar-mor onde podemos ver abertos uma Bíblia e um Corão!

A atual configuração do templo data de uma campanha construtiva realizada no séc. XVI e hoje é sem dúvida nenhuma um documento precioso da presença muçulmana no sul do país e um testemunho real da antiga Mertolah árabe.

Quando se saiu da Igreja, cá fora soavam tambores e ouvia-se o som de cantigas árabes. O Souk situava-se logo mais abaixo e dali viam-se os panos que cobriam as ruas. Mais em cima em frente ao Castelo, uma tenda com o chão forrado de tapetes deixava entrar quem quisesse ouvir histórias das Mil e Uma Noites.

Convém aqui referir que os árabes estiveram em Portugal durante mais de sete séculos, e são poucos entre nós, os que o querem recordar, uma vez que são associados a povos bárbaros. Na escola, pouco se aprende sobre eles. Sabemos que nos deixaram a numeração, as noras, as laranjas e os limões, e as palavras começadas por “al”!... Mas os mouros deixaram-nos muito mais. Deixaram-nos a alma, os cantares, o gosto pelas artes, a culinária, as lendas… E muito mais.

Diz tristemente José Adalberto Coelho Alves, poeta, escritor, ensaísta, arabista, conferencista e jurista português, além de um grande historiador da presença árabe no nosso país: "E quantos árabes ilustres ligados à nossa terra têm merecido a atenção da nossa intelectualidade? - Apenas responderá um silêncio que magoa." (in "O meu coração é árabe. A poesia luso-árabe", Lisboa, Assírio & Alvim, 1987).

Caminha-se depois em direção ao Castelo Romano-Árabe que possui uma cisterna romano-mourisca e uma cisterna medieval. Ocupando o local de antigas construções romanas e de um pequeno bairro fortificado de época islâmica, o Castelo domina todo o povoado e serve de referência ao fragor de antigas batalhas, e à memória de outros feitos.

À entrada a estátua equestre de Ibn Qasi, um místico sufi, natural de Silves, governador de Mértola e Silves, que concertou um tratado de paz com D. Afonso Henriques e morreu assassinado naquela última cidade em 1151.
 
Fontes: http://pt.wikipedia.org/; http://cathedral.lnec.pt/portugues/mertola.html ; http://www.flickr.com/photos/vribeiro/8200542592/ ; http://museus.cm-mertola.pt/nucleos/castelo.html ; http://www.aaaio.pt/public/ioand259.htm; http://www.rotas.xl.pt/1204/500.shtm

Mértola - Visita à Vila - 2º Dia - Parte III


 

A bela Mértola é uma terra de remota origem e esteve desde sempre ligada à via fluvial que lhe assegurava as comunicações na região em que se encontra.

Mértola tem várias almas que ali a todo o tempo ressuscitam. A Myrtilis Iulia romana, a Mirtolah árabe e a Mértola portuguesa, que debruçada sobre o rio Guadiana, foi outrora um importante entreposto comercial fenício, depois cartaginês, romano e árabe, devido à facilidade de navegação rio acima, a partir da sua foz. Aqui andaram portanto, muitos navegantes de terras longínquas que por aqui andaram fazendo trocas de produtos e trazendo notícias e influências de outros mundos.

Com a chegada dos romanos, a povoação foi batizada de Myrtilis Iulia e por lá passava uma importante via romana que a ligava Pax Julia (a antiga Beja) a Baesuris (Castro Marim), e que dali derivava para Balsa (Tavira) e Ossónoba (Faro), com várias ligações ao resto da Lusitânia.

Assim a sua situação num ponto-chave de antigas comunicações terrestres ou fluviais com o sul da Península e como baluarte de defesa dessas vias, conferiu-lhe uma enorme importância ao longo dos séculos.
O ano de 712 assinala o aparecimento dos árabes. É o começo de um longo período de prosperidade para a Mirtolah muçulmana, que chega a ser capital de um reino Taifa, tal como Silves e Faro. Resultado do desmembramento do califado de Córdova, as diversas taifas da península contribuíam para o desenvolvimento cultural e artístico dos respetivos territórios.

Em 1238, a vila foi reconquistada aos mouros por D. Sancho II que no ano seguinte a entregou à Ordem de Santiago, vindo esta a proceder à sua fortificação.

Depois do Souk bem visto e revisto, era tempo da visita à vila de Mértola. Mas foi neste final de visita ao Souk, quando distraidamente olhava as bugigangas dos mercadores, que me perdi da família. Ainda esperei em vão à saída do mercado árabe, e como pareciam ter-se evaporado, e por minha conta resolvi explorar a vila.

A vila de Mértola hoje no Alentejo profundo, e com as suas várias raízes históricas, tem muito que ver. A sua implantação na encosta de uma elevação leva-a a estender-se desde as águas da margem direita do Guadiana até ao alto da colina onde se ergue o Castelo.

Começando por baixo, junto da margem esquerda do Guadiana vê-se o antigo Caís acostável romano, provavelmente à época fortificado, que juntamente com as inúmeras moedas romanas cunhadas na antiga Myrtilis Iulia, encontradas um pouco por todo o lado na vila, são os testemunhos da sua antiga importância.

No início da subida em anfiteatro a caminho do castelo, um pouco abaixo do início das ruas ocupadas pelo Souk, observa-se a Torre do Relógio. É provável que a Torre do Relógio tenha sido erguida em finais do séc. XVI ou inícios do séc. XVII, no contexto da reorganização da zona urbana da Praça do Município. Esta edificação foi erguida na proximidade de um conjunto de construções representativas do poder político, administrativo, judicial e económico e reaproveitando um antigo torreão da muralha, passou a marcar o limite da Praça do Município e a assumir-se como um dos elementos emblemáticos de Mértola. Em 1896 o relógio primitivo foi substituído por outro mais recente que vai continuar a marca o tempo da Vila Velha até aos nossos dias.

Antes da porta islâmica da entrada para o Souk, vê-se do lado esquerdo em lugar mais alto que o nível da estrada, o pequeno mas harmonioso Mercado de Mértola. Lá dentro vendem os produtos da região: As laranjas, as tangerinas, os limões, os queijos, o mel, as ervas aromáticas frescas e secas para os chás e as flores…
 
 
Fontes: http://pt.wikipedia.org/; http://www.luardameianoite.pt/serpa/serpa14.html; http://www.rotas.xl.pt/1204/500.shtml

Mértola - Festival Islâmico (Visita ao Souk) - 2º Dia - Parte II




O sábado em Mértola acordou ensolarado. Era o dia destinado à visita, quer da antiga "Mirtolah” muçulmana recriada, quer da atual Vila-Museu de Mértola.

Da varanda/parque automóvel onde pernoitámos, bem perto do centro histórico, a calma reinava, embora por vezes fosse entrecortada pela chegada e saída de veículos. Lá em cima, no morro, a alva Capelinha de Nossa Senhora das Neves, refletia intensamente o sol, dando-nos os bons dias e as boas vindas, pelo que do lado de fora da autocaravana, ali ficamos largos momentos a contempla-la.

Depois deixámos o espaço de pernoita e caminhando lentamente fomos até à zona da vila onde ocorria o recriado Souk (mercado), ponto central do Festival Islâmico.

Caminhou-se então por uma Mértola invadida pela sua renovada herança mourisca, onde se misturavam mercadores e artesãos oriundos da bacia do mediterrâneo, numa celebração cultural única.

O Festival Islâmico de Mértola é sem dúvida nenhuma uma festa de cor, odores de incensos e ervas aromáticas, os couros e o seu intenso cheiro, trazidos por gentes que cruzam o Estreito de Gibraltar e invadem durante estes dias a pacata vila.

Estes “estrangeiros” que ali se sentem como em casa, ajudam a fazer a recriação, num regresso de Mértola a uma civilização que deixou o seu testemunho nas pedras e monumentos da vila, e nestes dias misturam as suas “djelabas” e o seu “hijad”, com as roupas ocidentais, a gastronomia e o artesanato, os sabores e os saberes.

Este encontro com a história de Mértola, que se refaz de dois em dois anos, resulta numa visita única e exclusiva onde se mostra o Alentejo que respeita os seus pergaminhos, que resiste aos tempos, e que ao mesmo tempo se renova.

Mas esta festa não se faz só no Souk que se instala no centro histórico. O Festival aposta também em projetos culturais como, seminários, exposições, concertos, teatro, dança e animação de rua.

É precisamente esta última que se faz sentir logo à entrada do Souk e por ele a dentro. E desde logo se vislumbram os cabedais, os perfumes, as djellabas, o incenso, o sândalo, o odor do delicioso chá de menta, que não pode deixar de se beber enquanto se visita o Souk, bem como as especiarias, os frutos secos e a mistura de vozes árabes e lusitanas que ali dão cor, aroma e melodia especial às ruas cobertas de tecidos e esteiras, num refúgio perfeito para a luz do sol.

Esta recriação é acolhida de bom grado pela vila, que está ansiosa de recordar o passado, que aliás está presente em muitos dos seus vestígios arquitetónicos. Mas nela há também pedaços de história mais recente, como a que ficou depois da reconquista cristã. Em Mértola, a cada passo surge história, e em cada rua há um vestígio do passado.

Do Souk que se vai descobrindo nas ruas que serpenteiam a encosta, observa-se lá em baixo o majestoso Guadiana. A vila que se encontra situada numa elevação na margem direita do rio Guadiana, imediatamente a montante da confuência da ribeira de Oeiras, tem um inegável interesse panorâmico.

Lá em baixo, o vale profundo por onde correm os rios Guadiana e Chança (seu afluente do lado esquerdo), é um loval aprazivel de recreio e pesca.

Ali, junto ao rio Guadiana, a natureza resulta em bonitas e envolventes paisagens prontas para serem descobertas, mas só alguns viajantes curiosos e audazes é que tentam descobrir essas verdadeiras belezas naturais.


Fontes: http://www.mertolaonline.com/   ; http://www.cistertour.pt/ http://escape.expresso.sapo.pt/ http://provaoral.blogspot.pt/

Mértola - 1º e 2º Dia - Parte I



A partida a caminho de Mértola foi realizada a uma sexta-feira ao final da tarde e a chegada pelas 21:30 ainda encontrou a cidade bastante animada.

A vila à chegada iluminada e colocada num anfiteatro, trepando pela encosta de um morro acima e virada ao rio Guadiana, é uma visão já de si suficientemente marcante e arrebatadora para qualquer viandante que por ali passe.

No entanto, naquele dia ouvia-se propagado pelo vento, um belo som de música islâmica que lhe dava uma aura verdadeiramente mourisca, que se confirma de forma absoluta à aproximação, com o seu casario branco e ruas estreitas, quando se entra na cidade.

Como já era noite e a cidade se encontrava cheia de gente, fomos logo procurar lugar para a pernoita, seguindo para um parque junto ao rio e do antigo cais, que estava infelizmente ocupado por um palco de onde provinha a música islâmica que se ouvia à chegada.

Daquele lado observavam-se bem conservados, os restos da muralha da antiga "Mirtolah” muçulmana ocupada pelos mouros durante vários séculos, que com a música a condizer fazia o todo, para o imaginário concreto daquelas épocas passadas.

Depois de alguma procura optou-se por ficar dentro da cidade, encontrando-se com alguma sorte um lugar num pequeno parque de estacionamento, situado numa espécie de varanda com vista para o morro onde se encontra a pequena Capela de Nossa Senhora das Neves e junto do Quartel dos Bombeiros de Mértola.

Nestes dias decorriam as festividades relativas ao Festival Islâmico de Mértola, que nós queríamos testemunhar. A Mértola islâmica dos dias do Festival enche-se de uma mistura de sonoridades de cá e de lá, do outro lado do mediterrâneo, pois dali vêm não só muitos animadores, mas também muitos comerciantes que ali também vêm vender os seus produtos artesanais.

A música por estes dias impõe-se ouvindo-se acordes de alaúdes e o batuque das darbukas. As noites do festival são um claro convite à descoberta de novos sons: no cais, no castelo, na praça ou em vários recantos da vila, as noites são feitas de mais música, de música nova, cheia de ritmos ora fulgurantes ora mais intimistas, de artistas que ali vêm de todo o mundo árabe.

Pela música se enaltece, ali, uma comunidade recetiva à diferença, à descoberta, à experimentação, ao diálogo e ao salutar convívio entre todos os que para ali vêm e que interagem com os simpáticos e acolhedores habitantes de Mértola.

Fontes: http://www.festivalislamicodemertola.com/ http://www.radiopax.com/

Fim de Semana de Primavera no Baixo Alentejo

 
O fim de semana de 17, 18 e 19 de maio levou-nos até ao Baixo Alentejo. O Alentejo é sempre uma boa escolha, mesmo quando não se tenha um interesse particular. No entanto desta feita foi um evento especial que nos levou até lá.

Queríamos ir ver como se faziam feiras na da antiga "Mirtolah muçulmana", que naquele final de semana iria tentar recriar-se mais uma vez em Mértola. Mas nela queríamos ainda encontrar arqueologia, história e natureza.
Queríamos ir até à vizinha e antiga Mina de São Domingos, um local sossegado e singular, com uma belíssima praia fluvial, e que outrora foi uma pobre povoação que cresceu à volta de uma importante mina de exploração de cobre.
E finalmente, também queríamos ir até a um lugar com vistas fantásticas, que se enquadram num cenário de sonho, em pleno Parque Natural do rio Guadiana, onde a natureza inspira qualquer caminheiro, pelas suas formas bem talhadas, pela forte corrente do rio, pelo ribombar de uma queda de água, no lugar do Pulo do Lobo.
Neste final de semana o itinerário para ir e voltar foi:

1º Dia – Casa; Mértola;

2º Dia – Mértola; Minas de São Domingos;

3º Dia – Minas de São Domingos; Pulo do Lobo; Casa.

Fontes: http://www.sal.pt/default.htm ; http://www.visitalentejo.pt/; http://www.avesdeportugal.info/sitminasaodoming.html