Os arredores de Amesterdão





Homenagem a Van Gogh

Foi neste período que chegou a cortar sua própria orelha. Esta é talvez, a cena mais polémica do pintor e várias interpretações foram dadas, por biógrafos e contemporâneos do artista, entretanto, foi o cineasta japonês Akira Kurosawa, no filme "Sonhos", quem nos legou a versão mais poética. Na película sobre a vida de van Gogh, o artista dos girassóis aparece tentando pintar a sua própria orelha, mas o resultado é insatisfatório. Não vendo outra saída, o van Gogh do filme a decepa, resolvendo assim o seu problema pictural.
Seu estado psicológico começa a reflectir-se nas suas obras. Deixou a técnica do pontilhado e passou a pintar com rápidas e pequenas pinceladas. Em seu óleo sobre tela, “Girassóis” (1888), exposto na National Gallery, em Londres, mostra cores vibrantes e quase espanta quem olha o vaso cheio de flores, que decorava o seu quarto, na casa alugada em Arlés. O quadro com tons de amarelo e castanho, mostra um mundo belo e cheio de esperança.
Contudo, na época que pintou “Girassóis”, o mundo interior de van Gogh fugia de seu próprio controle, o que é demonstrado na superfície do quadro, que parece agitada, reflectindo o estado de espírito do artista, que se aproximava do fim trágico da sua vida. No ano de 1889, a sua doença agravou-se e teve que ser internado numa clínica psiquiátrica. Nesta clínica, dentro de um mosteiro, havia um belo jardim que passou a ser sua fonte de inspiração. As pinceladas foram deixadas de lado e as curvas em espiral começaram a aparecer em suas telas.
No mês de Maio, deixou a clínica e voltou a morar em Paris, próximo de seu irmão e do doutor Paul Gachet, que o iria tratar. Este médico foi retratado num de seus trabalhos: "Retrato do Doutor Gachet". Porém a situação depressiva não regrediu e no dia 27 de Julho de 1890, atirou em seu próprio peito.
Foi levado para um hospital, mas não resistiu, morrendo três dias depois. A arma emprestada, mediante o argumento de que iria servir para espantar os corvos. Na realidade, a sua última tela “Campo de Trigo com Corvos” (1890), retratava justamente os corvos sobrevoando belíssimos trigais. Horas antes de morrer teria dito ao irmão Théo: “A miséria triunfou mais uma vez. A fome...!
Cabe, por fim, observar que Cornelius, irmão de van Gogh, também se suicidou e que sua irmã Wilhelmina morreu louca, internada num hospício, reforçando a ideia de que havia um componente familiar genético na doença de van Gogh, a psicose maníaco-depressiva, hoje chamada de distúrbio bipolar do humor...
Museu Van Gogh


A sessão é divida por ordem cronológica segundo a vida do pintor e podemos acompanhar todas as fases da sua vida, inicialmente na Holanda (1882-1885), em Paris (1886-1887), em Arlés (1888-1889), em Saint-Rémy (1889-1890), e por último em Auvers-sur-Oise (1890), lugares onde o pintor viveu.
Os quadros mais famosos do pintor são os seus vários auto retratos, cada um com uma expressão diferente, destacando-se como mais famoso, o "Auto-Retrato com Chapéu de Feltro" e sua obra mais famosa, "O Quarto". O museu tem ainda mostras temporárias, como a de arte japonesa, na qual o pintor se inspirou, mesmo sem ter ido ao Japão.

Mitos e Lendas da Noruega

Sendo a história dos homens e das suas civilizações, não apenas aquilo que aos historiadores apeteceu contar para edificação e muitas vezes até sujeição dos povos, sendo muitas vezes ignorados ou deformados factos, passando estes a uma história paralela que o povo por esse meio, não deixa esquecer. Essa história paralela, que há primeira vista não passa de um ensaio anedótico e por vezes aventuroso, é quase sempre fundado a meu ver, em factos reais ocultos sob a forma do místico, a que os povos se referem como o " misterioso desconhecido".
Assim sendo, a existência dos Trolls para os noruegueses, é a forma simples de tentar contar a sua história, com o respeito real para com a Terra que os acolheu. Os Trolls, essas criaturas cheias de Natureza, tendo dentro de si a longa noite Invernal, as altas montanhas e as suas florestas profundas, não passam de uma personificação do seu próprio País.
"Bem longe no norte da Europa existe um país comprido e estreito chamado Noruega. Entre os bosques escuros, os lagos iluminados pela lua, os profundos fiordes e as enormes montanhas coroadas pela neve, encontraremos os trolls", diz a lenda.



Noruega, um País Idílico
Toda a vida na Noruega depende do perfeito equilíbrio entre o homem e a natureza. O interior é muito frio: Uma cadeia de montanhas, os montes Escandinavos, atravessa o país em todo o seu comprimento. O litoral é mais ameno: Os fiordes penetram por toda a Noruega e formam um cenário de extraordinária beleza.
Estes profundos golfos, que começaram a ser formados na era glacial, são antigas depressões escavadas nas montanhas pelas grandes massas de gelo (glaciares) e posteriormente invadidas pelo mar. O fiorde de Geiranger é um dos mais belos do mundo, e penetra quase 20 km entre montanhas de mais de 1,5 mil metros de altura, sendo possível passear de barco em todo o seu trajecto e ver as cascatas baptizadas de Sete Irmãs, que descem pelas montanhas, um espectáculo da natureza maravilhoso, que atrai turistas de todo o mundo.
O clima da faixa litoral e dos fiordes é temperado e agradável, amenizado pela corrente quente do Golfo do México, vinda do Oceano Atlântico, que traz águas mornas para a costa norueguesa. Por isso, os noruegueses preferiram viver ao longo de seu recortado litoral e aprenderam a aproveitar ao máximo os recursos do mar, desenvolvendo a indústria da pesca, que é uma das principais actividades económicas do país.
Os principais produtos exportados são: Petróleo bruto, gás natural, barcos, metais, produtos químicos, maquinaria, peixe e marisco, ligas metálicas, papel e transportes marítimos.
Uma das únicas regiões do mundo onde se pode ver o "sol da meia-noite", devido à sua proximidade com o Pólo Norte. A Noruega, cujo nome significa "caminho do norte", é o local onde os primitivos habitantes do sul achavam que o mundo acabava.
Até o fim do século IX, a Noruega não era mais que uma vaga referência geográfica. Este quadro modificou-se inteiramente, quando o período de expansão marítima dos povos nórdicos se estendeu até finais do século XI e ficou conhecido como época viking.
Os noruegueses de uma maneira geral apreciam muito a vida ao ar livre. Todos têm direito às terras não cultivadas sem necessitarem pedir autorização ao proprietário para acampar ou colher frutos silvestres para seu próprio consumo. Existe no país uma vida de clube muito activa e variada.
Os noruegueses também são grandes leitores, vendendo-se por ano na Noruega 40 milhões de livros, quase 10 livros por habitante. A cultura norueguesa também é identificada na dramaturgia com Henrik Ibsen (1828-1906), e na música com Edvard Grieg (1843-1907), compositor que criou harmonias e sons de música folclórica norueguesa, de quem podemos ouvir a sequência midi de "Anitra Dance".
Na pintura seu expoente maior é Edvard Munch (1863-1944), um dos pioneiros do expressionismo, que com sua técnica arrojada e com um colorido muito especial, pintou a angústia e a solidão que podem assolar o homem, mas também a alegria e o amor, a vida e a morte. O seu quadro mais famoso, o grito, é sem dúvida a sua obra-prima expressionista, de 1893, uma imagem densa e dramática da angústia moderna.
A Noruega é um país que encanta seus visitantes pela originalidade de sua natureza, pela cultura e nobreza de suas gentes e pelo nível de desenvolvimento político e social, um dos mais altos do mundo.
Até sempre...
Bergen, a Porta dos Fiordes

Foi uma viagem tranquila onde podemos observar o essencial da cidade de Bergen. Após esta visita guiada, o autocarro deixou-nos no centro da cidade para que se fizesse-mos a descoberta das zonas mais pitorescas da cidade, ficando a tarde destinada a compras.
O seu clima é temperado devido à corrente quente do golfo que modera, (em toda a zona ocidental da Noruega), os Invernos duros e que ajuda a manter os canais livres de gelo. No entanto os Verões são chuvosos e localmente até se diz que "as crianças nascem já, com um guarda-chuva".
Cidade composta de uma mistura de aspectos singulares, Bergen é simultaneamente tão íntima e acolhedora, quanto cosmopolita e internacional. E são tantos os contactos com o exterior, que os seus habitantes a consideram um Estado à parte, e é vulgar dizerem sorrindo, a um qualquer visitante:- "Eu não sou norueguês, sou de Bergen".
Trata-se de uma cidade internacional plena de história e tradição com o encanto e o ambiente de uma pequena localidade, situada num anfiteatro espectacular, empoleirada nas encostas das colinas com vista para o mar, estendendo-se pela zona baixa até aos braços da baía.
É a segunda maior cidade da Noruega, com uma população de quase 250.000 habitantes e é um centro universitário, de cultura e comércio da costa oeste da Noruega. Bergen teve a sua própria universidade em 1946, que tem hoje cerca de 17 000 estudantes.
Os habitantes de Bergen são abertos, bem dispostos e comunicativos, mau grado uma geografia de sete colinas que limitou a abertura da cidade ao exterior. O compositor Edvard Grieg é um dos seus filhos, que nasceu e viveu na cidade, e lá compôs várias de suas peças mundialmente famosas.
Devido à sua localização na baía, o sustento de Bergen depende do mar, e hoje em dia, a indústria pesqueira continua sendo importante, no entanto a verdadeira prosperidade de Bergen provem da indústria petroleira do Mar do Norte e do turismo. Em 2000, Bergen recebeu o título de Cidade Europeia da Cultura, e apesar de ser cosmopolita, possui o encanto de uma cidade pequena.
Elevada a cidade pelo rei Olav Kyrre em 1070, Bergen era nessa época a maior cidade do país e a capital de Norgesveldet, uma região que incluía a Islândia, a Gronelândia e parte da Escócia. Durante os séculos XII e XIII, Bergen foi um porto pesqueiro e comercial importante, assim como a capital da Noruega.
Mesmo após Oslo se ter tornado a capital da Noruega, em 1299, Bergen continuou a crescer como um centro de comércio, especialmente graças à exportação de peixe seco, quando se tornou um dos portos da Liga Hanseática. Após um período de declínio no séc. XV, a cidade entrou numa nova época de prosperidade como um centro de navegação.
É uma cidade muito popular quer para turistas noruegueses, quer para turistas estrangeiros, sendo um do principais pontos de paragem para os barcos de cruzeiro que percorrem os mares do norte da Europa. É o ponto de partida do barco Hurtigruten, que viaja pelas costas norueguesas até ao Cabo Norte, sendo também a estação final da linha ferroviária de Bergen (Bergensbanen), que a liga a Oslo, por paisagens de grande beleza natural.
Bergen é uma cidade histórica e encantadora, com sua pitoresca Bryggen Wharf com suas atractivas construções coloridas de madeira que são reflexo da Idade Média, e que foi classificada de Património Mundial da Humanidade pela Unesco, em 1979. Aqui, largas filas de edifícios junto ao caís onde cargueiros e navios mercantes realizam suas actividades, conferindo a Bergen parte do seu característico encanto.
Bergen ainda possui peculiares ruelas empedradas com casas antigas, encontrando-se algumas das mais notáveis junto da estação do funicular de Floibanen, num bairro com ruas e ruelas serpenteantes. A subida no funicular, até ao cimo do monte Floien (320 m), propõe a observação de uma vista soberba de toda a cidade.
Tradição e iniciativa fizeram de Bergen uma das cidades culturais mais energéticas da Noruega, e não é por mera casualidade que o maior evento cultural do país, o Festival Internacional de Bergen, se celebre aqui todos os anos. Nele a cidade oferece uma ampla variedade de actividades, desde eventos culturais a buliçosas partidas de futebol no Brann Stadium. Bergen tem uma companhia de ballet, um estimulante ambiente de jazz e blues e teatros.
A área de Bryggen sofreu um incêndio e foi reconstruída em 1972 e hoje apresenta um dos melhores mercados de peixe e marisco ao ar livre da Noruega. É um destino turístico muito popular e é o ponto de partida para se explorar os fiordes, ou visitar Troldhaugen, a casa do ilustre compositor norueguês, Edvard Grieg.
Frente ao porto encontra-se a Torre Rosenkrantz, construída na década de 1560 pelo governador de Bergen, Erik Rosenkrantz, e incorpora restos de um edifício muito mais antigo, de 1260 e outro de 1520. Perto dela encontra-se uma ampla sala de cerimónias mandada construir pelo rei Hakon Hakonsson em 1261 para a cerimónia de casamento de seu filho. O Bergen Kunstmuseum, que possui magníficas colecções de arte internacional e norueguesa dos séc. XVIII e XIX.