A estrada sobe a Serra de Sanábria, imediatamente a partir de Puebla de Sanábria e rapidamente se atinge grande altitude. Lá em cima é o momento de parar e contemplar a vista esplendorosa que o local nos oferece.
O panorama é maravilhoso. Puebla de Sanábria destaca-se lá em baixo, no meio de uma planície verdejante, banhada pelo rio Tera que a serpenteia majestoso.
Foram terras que estiveram muito tempo sob a alçada do Mosteiro de San Martín de Castañeda, tendo as povoações que pagar dotação anual aos monges. Mais tarde passaram a pertencer ao Bispo de Lugo, um facto citado em vários documentos.Sempre a subir são percorridos muitos quilómetros, onde predominam os matos pobres abrangendo uma área considerável. Depois sempre pela crista da serra, chega-se a um alto planalto e ali paramos, para descansar e admirar a paisagem.
Ali estende-se à nossa frente, um lugar de paz imensa, ar saudável e luz intensa, com vegetação arbórea e arbustiva, onde o pinheiro, a urze, as giestas e a carqueja em flor, marcam a paisagem.
Após o descanso, seguimos viagem e a partir de certa altura vai-se descendo muito lentamente até se atingir o vale. É nele que encontramos as primeiras casas e campos de cultivo de Rihonor de Castilla, também designada de Rihonor de Arriba, que encostada à linha de fronteira nos recebe silenciosa.
À distância de uns passos, do lado de lá da ponte e separada apenas pelo rio, a parte portuguesa da aldeia, que toma o nome de Rio de Onor.O rio, não chega a ser ali um real obstáculo, uma vez que não serve de fronteira. Esta é feita através de uma linha imaginária, que divide a aldeia a meio.
Junto da ponte, ainda do lado espanhol, parámos numa sombra junto ao rio. Estacionamos a mota e caminhamos para o interior da aldeia da parte espanhola. Com as suas típicas casas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, a aldeia parece estar abandonada.Toda a aldeia, preserva um carácter bastante arcaico e rústico, “casando” perfeitamente com a belíssima paisagem natural. No deambular pelas ruelas da aldeia do lado espanhol, observamos algumas casas de construção recente, mas na sua grande maioria, as casas estão efectivamente abandonadas, encontrando-se até algumas já em ruinas.
Junto ao rio, encontrámos três mulheres, que conversavam falando um estranho castelhano, sentadas em cadeiras à porta de casa. Foram estas as únicas pessoas que vimos do lado espanhol.
Ao balcão a proprietária, uma portuguesa muito bonita, da fronteira, casada com um espanhol da aldeia, sendo em seu dizer, vulgar este tipo de casamentos por aquelas paragens. Pelos vistos ali não se aplica o velho ditado português: “De Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos” e ainda bem, até porque eu acredito mais no também velho ditado português, muito acertado por sinal, que diz: “Santos da casa não fazem milagres”.
Tínhamos subido tudo o que tínhamos de subir. Da estrada no alto da serra, vão-se observando as serranias à nossa volta, sendo ali facilmente observados milhafres reais, que em busca de alimento sobrevoam aquelas paragens. A descida de início é mais íngreme, mas torna-se aos poucos mais suave.


A primeira etapa foi feita ao início da tarde, de mota, desde o parque de campismo, em Bragança, a caminho de França até Puebla de Sanábria. Puebla fica já em Espanha, a cerca de 40 quilómetros a Norte e para lá chegarmos fizemos a estrada (103-7), afim de se atravessar a fronteira em Portelo.
Junto ao casario estende-se uma vasta campina, planura verdejante retalhada em pastagens e campos de cultivo, alternância também ela dominante na rústica economia local, dividida entre a pastorícia e o amanho dos solos. Tomando um desvio de terra a seguir à ponte, valerá a pena dar um pulo ao Centro Hípico e apreciar os belos animais ali existentes.

É um parque que nos proporciona momentos de descanso muito relaxantes, em comunhão com a Natureza e onde é possível meditar e sentir de perto essa mesma Natureza em todo o seu esplendor. Depois é o poiso seguro, para a partir dele se fazerem as incursões pelo Parque Natural do Montesinho.
Todo o percurso foi feito com bastante lentidão e com algumas paragens pelo caminho, para se poder descansar os olhos em paisagens indescritíveis e ficar deslumbrado com terras de uma autenticidade difícil de igualar.
No caminho contemplam-se belas paisagens da região xistosa do Alto Douro (conhecida por "terra quente"), que oferecem cenários inesquecíveis, onde pequenas aldeias surgem em terraços nas encostas, com as suas quintas de casas brancas e igrejas típicas. Por todo o concelho existem aldeias rurais xistosas, onde a tradição e costumes ainda imperam.
No percurso, a partir da Barragem do Pocinho, admiram-se várias quintas centenárias, naquela que é a mais antiga região demarcada de vinho do Mundo. Nesta região de paisagem única, interrompida pelos vales do rio Douro e seus afluentes, no troço superior do rio, rodeada de vinha, olivais, amendoais e pombais perdidos, encaminhámo-nos para a Albufeira do Azibo.
A Barragem foi construída em finais dos anos 80, para abastecer Macedo de Cavaleiros e regar os campos agrícolas e é uma das maiores barragens em terra da Península Ibérica.

Na capela-mor encontramos a escultura de Nossa Senhora do Pranto, do século XVII, exposta num retábulo setecentista de talha dourada, talha que se estende aos caixotões da abóbada preenchidos com pinturas e às paredes laterais, emoldurando tábuas pintadas. Nos painéis da abóbada representam-se episódios da vida de Cristo e da Virgem. Nas paredes laterais, as pinturas versam, na parte superior, sobre passos da Paixão de Cristo.
Algumas casas senhoriais e brasonadas enriquecem o património arquitectónico da cidade, como a Casa dos Andrades. A Torre do Relógio, no sítio do Castelo, demonstra a arquitectura militar de outros tempos.
Estas gravuras fazem parte das raízes de Vila Nova de Foz Côa, onde o homem paleolítico, com modestos artefactos, vincou na dureza do xisto ambições e projectos do seu universo espiritual e material, fazendo deste santuário o maior museu de arte rupestre ao ar livre.



Fomos até lá tomar uma água fresca, estava uma noite esplêndida e os quatro convivas não tardaram em encetar conversa connosco. Eram eles o Engº. chefe de serviços da Câmara Municipal, dois outros funcionários da mesma e ainda o dono do Café Havaneza, o Sr. José Constanço, já com os seus 60 anos e com uma enorme desenvoltura e simpatia.
No final, a oferta de uma agenda cultural, com um pequeno artigo escrito pelo Sr. José, sobre os “Vestígios dos Templários” na Igreja Matriz. Bem-haja Sr. José, pela simpatia com que recebe os forasteiros!