A Arte Asteca no Museu Guggenheim de Bilbao

O Museu Guggenheim de Bilbao, quando por nós visitado, realizava também uma importante exposição sobre o Império Asteca, organizada pelo Instituto Nacional de Antropologia e História e o Conselho Nacional da Cultura do México.

O acervo da mostra era composto por cerca de 450 a 500 peças arqueológicas provenientes de colecções públicas e privadas, totalizando um conjunto de peças de 40 museus dos EUA e do México, assim como colecções de empresas mexicanas.
A exposição abordava 10 temas, tendo como temática introdutória um retrato da "vida diária dos astecas", secção que incluía os deuses da fertilidade e os guerreiros talhados em pedra e argila. A mostra apresentava também representações em esculturas artísticas de animais da América Central que faziam parte da mitologia asteca, como o coiote, a águia, o jaguar, o macaco e a serpente, feitas entre os séculos XIII e XVI. No final, os visitantes ainda puderam conhecer um pouco mais sobre a destruição do Império Asteca, ocorrida através da conquista espanhola, que estava representada por objectos que reflectiam os primeiros esforços para converter os indígenas ao Cristianismo.

A Utopia Artística de Yves Klein

Klein nasceu em Nice, na zona dos Alpes Marítimos. Seus pais, Fred Klein e Marie Raymond, eram pintores. De 1942 a 1946, Klein estudou na Escola Nacional da Marinha Mercante e na Escola Nacional de Línguas Orientais e aqui iniciou a prática do judo.

Yves Klein, o artista plástico que foi dono do céu, conseguiu atingir o seu objectivo máximo, "o vazio". A impregnação na matéria, nas obras de Klein provoca ao sair da exposição uma amnésia, o imaterial não permanece na memória, vive-se no momento.

Tive a sorte de poder visitar a exposição “Yves Klein - Corpos, cor, imaterial” no Museu Guggenheim, e esta experiência de contacto directo com as suas obras-matéria (pigmentos cromáticos, esponjas, folhas de louro) e obras-impressão (de corpos femininos e dos elementos físicos como o vento, o fogo) que me permitiu repensar a imaterialidade da sua real construção artística.


A crítica nos últimos 25 anos, vê predominantemente Yves Klein como o criador do IKB (International Klein Bleu), como um pintor abstracto com eventual retorno ao figurativo primitivo nas suas “antropomorphies” e “cosmogonies”,além de exaltar o misticismo na sua breve carreira, uma vez que Yves Klein morre cedo. Klein morreu em Paris de enfarte de miocárdio em 1962, com 34 anos, pouco antes do nascimento de seu filho.
Klein nasceu a olhar para o mar e para o céu e a sentir o vento e o mar na praia, na cidade de Nice, em 1928, e fez a sua formação autodidacta nas viagens que realizou, à Irlanda, à Itália, à Espanha e ao Japão. É no Japão que conhece a fundo a arte marcial do Judo, na qual se torna um mestre e professor na Academia de Paris. Será também no Japão que as folhas de ouro impressas nos papéis dos mortos o impressionam.

Muitas de suas primeiras pinturas eram monocromáticas, mas sem fixar-se em uma única cor. Ao final da década de 1950, seus trabalhos monocromáticos tornaram-se quase exclusivamente produzidos em um matiz azul intenso, que ele patenteou, embora a cor jamais tenha sido produzida comercialmente. As suas obras monocromáticas são um espaço aberto de cor, onde a possibilidade de evasão imaginativa ultrapassa a moldura formal da tela.
A impregnação no azul começa pelo globo-terrestre, visto por Yuri Gagarine, cosmonauta da missão espacial russa de Abril de 1962, que ao observar a Terra pela primeira vez do espaço, diz: "A Terra é de um azul intenso e profundo". Yves Klein não acredita na conquista do espaço feita pelo Sputnik ou por outras naves espaciais, mas sim pela impregnação física da sensibilidade do homem no espaço. Escreve a Fidel Castro (1958) e ao presidente Eisenhower nos EUA (1958) entre outros, para lhes comunicar a “Revolução azul”, que por ele será criada.

A meio do seu percurso artístico, surge a "sala das esponjas" onde 7 esponjas são expostas em plintos como uma metáfora à cabeça dos visitantes impregnados de matéria. O ouro, Klein expõe-no tal como ao pigmento azul e rosa sobre telas, em monocromias.

Paralelamente às pinturas convencionais, em diversos trabalhos Klein utilizou modelos nuas cobertas com tinta azul, que se moviam ou imprimiam-se sobre telas para formar a imagem, utilizando as modelos como “pincéis vivos”. Este tipo de trabalho ele denominou de “Antropometria”. Kein impregna de matéria o corpo das suas modelos para fazer os seus famosos “sudários”, de nus femininos.

Outras pinturas com este método de produção incluem “gravações” de chuva que Klein realizou dirigindo na chuva a mais de 100 km/h com uma tela atada no tecto de seu carro, e telas com formas provocadas por sua queima com jactos de fogo. A acção pictórica veste-se de corpo, a acção veste-se de matéria, ficam as marcas do vampiro. O fogo, decompõe-se nas três cores de Klein, e ele apercebe-se do facto em Krefeld na Alemanha, onde executa as suas telas sujeitas a combustão.

O trabalho de Klein gira em torno de um conceito influenciado pela tradição Zen que ele denomina "le Vide", em português, "Vazio". O Vazio de Klein é um estado similar ao nirvana, livre de influências do mundo, uma zona neutra em que as pessoas são induzidas a concentrar-se nas suas próprias sensações e na “realidade”, e não na “representação”.
Klein apresentou a sua obra sob formas que a arte é reconhecida, pinturas, um livro, uma composição musical, mas removendo o conteúdo esperado destas formas, pinturas sem imagens, um livro sem palavras, uma composição musical sem composição de facto, restando apenas o meio de expressão artística, tal como ele é. Desta forma ele tentou criar para quem o entendia e admirava, uma “Zona de Sensibilidade Pictórica Imaterial”.

Fonte: http://www.yveskleinarchives.org/ http://dasartesplasticas.blogspot.com / Wikipédia.or

O Museu Guggenheim


A tarde do dia seguinte ao da nossa chegada à cidade, começou com uma visita ao Museu Guggenhein que, dez anos após a sua inauguração, permanece, ainda, no topo da lista de obras de vanguarda, não apenas pelo seu desenho de curvas sinuosas e assimétricas, envolvidas por placas de titânio, como pela tecnologia utilizada na sua construção.

O Museu Guggenheim Bilbao, é um dos cinco museus pertencentes à Fundação Solomon R. Guggenheim no mundo. Projectado pelo arquitecto norte-americano Frank Gehry, é hoje um dos locais mais visitados de Espanha.

Seu projecto foi parte de um esforço para revitalizar Bilbao e, hoje, recebe visitantes de todo o mundo. Externamente, o museu é coberto por superfícies de titânio curvadas em vários pontos, que lembram escamas de um peixe, mostrando a influência das formas orgânicas presentes em muitos trabalhos de Gehry.
Os volumes interpostos, com inclinações positivas e negativas, tornaram-se objecto de estudos de engenheiros de estruturas metálicas, bem como arquitectos de todo o mundo, devido à sua complexa geometria. Do átrio central, que tem 50 metros de altura e que lembra uma flor cheia de curvas, partem passarelas para os três níveis de galerias.

Visto do rio, o edifício parece ter a forma de um barco, homenageando a cidade portuária de Bilbao, e na realidade os seus admiradores comparam-no a um barco com as velas ao vento, sem dúvida também uma homenagem à antiga vocação de construção de navios de Bilbao. Outros ainda comparam-no a uma nave espacial, destacando a aparência futurista do museu, o que é apropriado para suas colecções de arte contemporânea.
Os críticos, no entanto, descrevem o museu como uma couve-flor ou um grande suflê. Independentemente destas opiniões, o edifício deixou-me fascinada, e adorei particularmente a obra e acho que só para a observar de perto, vale realmente a pena uma visita a Bilbao pois, para além da beleza da região, este é sem qualquer dúvida, mais um factor de atracção.

A sua construção foi iniciada em 1992, sendo concluído cinco anos mais tarde. Duas equipas, uma em Bilbao e outra em Los Angeles, trabalharam conjuntamente na elaboração do projecto. A densa sobreposição e intersecção de formas com contornos curvos é acentuada pelo revestimento com um material reluzente e raro, bastante utilizado na indústria aeronáutica, o titânio.


Esta pele em escamas alterna com placagem de pedra que se prolonga para os espaços interiores. O corpo central onde convergem todos os volumes, inicialmente em forma de flor, transformou-se numa torre de luz e de distribuição espacial que, pela sua verticalidade se opunha à grande sala de exposição que continha longos lanternins para entrada de luz zenital. Para além das longas salas de exposição do piso térreo, o museu possui um núcleo de galerias de exposição em solução clássica. Para além dos espaços expositivos, contém um auditório, biblioteca, oficinas, livraria e loja, restaurante e cafetaria.
Poucos são os visitantes que ficam indiferentes depois de ter visitado o átrio de 46 metros de altura do museu, de onde elevadores de vidro e passagens de metal levam a 19 salas de exibição, incluindo a maior galeria do mundo, com 130 metros de comprimento e 30 metros de largura. As galerias do andar térreo abrigam trabalhos artesanais e instalações de larga escala e algumas peças foram feitas especialmente para caber em suas salas de exibição, entre elas "a Serpente", de Richard Serra.
As exposições no museu mudam frequentemente e contêm principalmente trabalhos realizados durante o século XX, sendo as obras pictóricas tradicionais e as esculturas uma parte minoritária comparada com outros formatos de instalações artísticas. Muitos consideram o edifício mais importante do que as obras que fazem parte da colecção do museu.

Quanto às obras expostas, no momento da nossa visita, além das colecções fixas do museu, e das quais se fizeram algumas fotografias tiradas antes de nos terem enfiado as câmaras de filmar e fotografar num saco de plástico hermeticamente fechado, ainda se encontravam no museu uma belíssima colecção de obras de arte asteca, que se encontrava em digressão pelo mundo, e já tinha estado em Nova York e Paris, e uma boa colecção no rés-do-chão do edifício, de trabalhos de arte contemporânea de Yves Klein (28 de Abril de 1928 a 6 de Junho de 1962), pintor e escultor francês.

Os trabalhos de arte exibidos em "El Guggy", como é carinhosamente chamado pelas gentes de Bilbao, vêm do Museu Solomon R. Guggenheim de Nova York. As peças variam do abstracto, expressionista ao cubista e geométrico, e incluem muitos nomes famosos da arte do século XX, como, Kandinsky, Picasso, Pollock, De Kooning...
Mesmo assim, o museu em si continua a ser a atracção principal da cidade. Os visitantes observam com espanto através das enormes janelas o exterior do edifício de vários ângulos, correndo os seus olhos pelas suas ondas de titânio, pois é raro ver-se algo assim!...

Fonte: http://www.guggenheim.org/bilbao / Wikipédia.org

Bilbao


A chegada a Bilbao fez-se já pela noitinha, e fomos direito ao hotel Barceló que estava previamente reservado por 2 noites, e que por sorte se encontrava perto do Museu Guggenheim, e com vista sobre o rio Nervión.
O local escolhido para o jantar, foi uma taberna típica de Bilbao, que nos foi indicada por um simpático motorista de táxi, que nos levou até à sua porta. As iguarias servidas, foram desde entradas de carnes frias variadas e nacos grossos de saborosa carne de vaca grelhada na chapa, acompanhados por espargos e cogumelos laminados também grelhados. Uma delícia...

Depois de uma bela passeata nocturna, pela calma e convidativa cidade de Bilbao, fomos para o hotel afim de dormir o sono dos justos, uma vez que a viagem até à cidade e a passeata nocturna nos deixou exaustos. No dia seguinte foi o dia para iniciarmos as visitas aos locais mais emblemáticos da cidade.

Bilbao tornou-se num dos locais obrigatórios nos roteiros culturais e gastronómicos de Espanha. Para além do Museu Guggenheim, a cidade tem ainda muito para oferecer a todos os que a visitam. A parte velha de Bilbao (Casco Viejo) é o coração da cidade.
Bilbao é uma cidade onde o moderno e o antigo se conjugam em perfeita harmonia. Situada na margem direita do rio Nervión, entre a ponte de San Antón e a Igreja de San Nicolás, as suas ruas contam a história de "Botxo", nome pelo qual os habitantes designam a cidade.
Apesar da localização próxima da costa do Adriatico, a área turisticamente mais atractiva, está compreendida entre o histórico bairro "El Casco Viejo" na margem direita, onde estão erguidas a Catedral e demais edificações de significativo valor patrimonial e pela metrópole moderna delineada entre as "plazas" de Ensanche e Indautxú na margem esquerda, o núcleo comercial/empresarial e a oferta lúdico-cultural.

A foz do rio Nervión, comunica com o mar Cantábrico, situado a 11 km de Bilbao, onde se encontra o porto vincadamente industrial, de cujos malefícios pode atestar o seu leito, indiscriminadamente poluído. No entanto a próxima presença do mar não retira desse facto especial proveito, visto a morfologia do terreno ocultar visualmente a presença do mar, e de igual forma este pouca influência directa exercer na cidade, à parte do conhecimento geográfico prévio do visitante.
Junto à ponte de San Antón está o Mercado da Ribeira, um dos maiores da Europa, famoso pelas seus coloridos e luminosos vitrais. Seguindo pela margem direita do rio encontra-se o Teatro Arriaga, um edifício neoclássico cuja fachada é inspirada na Ópera de Paris. A grandeza do seu interior conjuga-se com a qualidade da sua programação. Vale a pena visitá-lo, não só pelos seus espectáculos, mas também pela possibilidade de contemplar o próprio edifício.

A partir daqui, inicia-se o Arenal, uma zona de passeio pedonal ladeado de árvores e que serve de cenário a vários festejos. Ainda deste lado do rio, e um pouco mais à frente, encontra-se a Universidade de Desto, de onde poderá ter a melhor vista do Museu Guggenheim, do outro lado do rio.

Entre os registos arquitectónicos da Bilbao ambiciosamente futurista, que projecta mundialmente a cidade, é marcante a existência, desde 1997, do Museu Guggenheim, segundo a prodigiosa imaginação do arquitecto internacional Frank O'Gehry, que se encontra "à beira-rio plantado", e já secundado por outras construções adequadas à temática geometricamente futurista, como sejam o Palacio de Congresos y de la Musica, frontalmente arborizado e com muitas esculturas em metal, ou uma das pontes de travessia do rio Nervión, desenhada pelo também famoso arquitecto Santiago Calatrava (o pai da "Gare do Oriente", do nosso Parque das Nações).

No entanto a coqueluche, arriscava até dizer a mascote da cidade, de seu nome "Puppy" é uma escultura de um cão, feita em florida vegetação, da autoria do escultor Jeff Koons que se assume como simpática sentinela do Museu Guggenheim.
Os 700 anos de história de Bilbao refletem-se nos edifícios e construções da zona antiga da cidade, que encantam os visitantes. O “Casco Viejo” é Monumento Histórico-Artístico e constitui a referência para reconstruir a história da cidade desde as suas origens. Nele se encontra a Catedral de Santiago, o Museu Arqueológico, Etnológico e Histórico de Biscaia e o reformado Teatro Arriaga.

O Centro urbano constitui um exemplo da melhor arquitectura do século XX, com edifícios que são a sede, há um século, das principais instituições e empresas de Bilbao, formando um destacado conjunto arquitectónico realizado pelos melhores arquitectos locais de cada época. Bilbao foi declarada Património Histórico e Artístico Nacional em 1972. Actualmente reúne dezenas de restaurantes e centenas de bares. Um exemplo disso mesmo é a Plaza Nueva com várias esplanadas onde é possível saborear as típicas tapas.

Cidade portuária, Bilbao aparece integrada no litoral costeiro e é servida por várias praias. Curiosamente, a partir de qualquer ponto do centro urbano é possível chegar rapidamente até à montanha o que faz esquecer de imediato a agitação da cidade. Bilbao continua a ser alvo de várias intervenções arquitectónicas, e sempre que se visita a cidade, são encontradas interessantes mudanças aos mais diversos níveis e é sem dúvida enriquecedor conhecer e observar de perto essas mudanças.

Fonte: http://fotos.euroresidentes.com/ / Wikipédia.org

Salamanca, a Cidade Rosada

A cidade tem uma população de 180.000 habitantes, o que faz dela um lugar agradável, seguro e cosmopolita. Os habitantes, chamados de “salmantinos”, são hospitaleiros, simpáticos e abertos, qualidades que facilitam o gosto por se ficar na cidade em pernoita, quer quando se vai, quer quando se vem de viagem. Assim, e porque já se tinha saído tarde de casa, a noite foi passada mais uma vez em Salamanca.

Quando se chega a Salamanca, encontra-se sempre uma cidade jovem aberta para o mundo, que nas suas ruas apresenta uma mistura de arquitectura e monumentos, tanto clássicos como modernos, e nunca podemos esquecer que estamos em visita a um dos mais importantes e refinados centros culturais de Espanha.
Em Salamanca pode absorver-se a sua cultura quer durante o dia, quer durante a noite, onde nos podemos deleitar em qualquer noite da semana nas centenas de bares e clubes da cidade, pois por ser uma cidade universitária, possui uma intensa vida nocturna. Aos fins de semana, as actividades tanto culturais quanto de lazer e de passatempo aumentam.

Salamanca é uma cidade com uma enorme riqueza monumental, e a zona antiga da cidade é toda feita em pedra de "Villamayor", o que dá um ar e cor distintos à cidade. Além disso, a atmosfera cultural única da cidade apaixona qualquer visitante.
Um lugar de referência e principal ponto da cidade, é a magnifica Plaza Mayor, que é um emblema do barroco espanhol. Outro ponto emblemático é a Universidade de Salamanca, a mais antiga da Espanha. Fundada em 1218, a Universidade de Salamanca é a mais antiga da Espanha e uma das mais antigas da Europa, junto com as de Bolonha, Sorbonne, Montpellier, Salerno, Oxford e Cambridge, e foi a primeira a conseguir título de universidade.

A cozinha da cidade possui grande reputação. Algumas especialidades são a "chafarina", arroz com pedaços de chouriço (salame espanhol) e carne de porco ou o "hornazo", empanada recheada de carne, presunto (jamón), chouriço, e ovo cozido. O mais comum são os "pinchos", também conhecidos como tapas, que são as pequenas porções de comida, como peixe frito, presunto, carne cozida, etc. Em alguns bares servem-se tapas grátis ao comprar uma cerveja ou taça de vinho. Uma vantagem é que os preços da comida e da bebida são bem em conta, pelo facto de ser uma cidade universitária.
Salamanca é também o coração da Ruta de la Plata, a partir de onde se pode visitar cidades interessantes como Madrid, Avila, León, Cáceres, etc., sendo a passagem por esta cidade sempre bastante recomendável.

*Ler e ver mais sobre a cidade, no marcador Verão 2003 - Espanha .

Fonte: http://www.salamanca.es/ Wikipédia.org

Páscoa no Norte de Espanha

Na Páscoa de 2005, resolvemos ir para o norte de Espanha, para se fazer um percurso pelo litoral norte, que iria abranger a Cantábria, as Astúrias e a Galícia. A viagem de cerca de 8 dias, iria desde Bilbao até Vigo, com uma breve passagem pela bela região dos Picos da Europa, nas Astúrias.

Esta região já visitada por nós anteriormente, foi mais uma vez escolhida não só pela sua beleza, mas também para a mostrar ao elemento mais novo da família.
O percurso escolhido para ir e voltar, foi decidido:

1º Dia - Salamanca;

2º, 3º e 4º Dias - Bilbao;

4º e 5º Dias - Santander;

6º Dia - Santillana del Mar / Gijón / Luarca;

6º e 7º Dia - Luarca;

7º Dia - Picos da Europa / La Coruña;

8º Dia - Santiago de Compostela;

9º Dia - O Grove / Ilha La Toja / Sanxenxo;

10º Dia - Sanxenxo / Casa.

A Arquitectura de Castelo de Vide

Vila exemplar da arquitectura alentejana, mantém dentro do perímetro das suas muralhas um notável conjunto de obras de arte. A bonita e aprazível vila de Castelo de Vide, já apreciada pelos romanos, espreguiça-se por uma das encostas da colina e preservou dentro das suas muralhas um património notável: igrejas, chafarizes, casas nobres, portais góticos e a Judiaria, com o seu casario branco e ruelas labirínticas e uma sinagoga que data do século XIII.
O património arquitectónico de Castelo de Vide é de uma grande riqueza, é a expressão de uma história plena de vicissitudes, permanecendo vivos os sinais de diferentes ocupações. Merecem destaque o burgo medieval, o castelo, o forte de S. Roque, as muralhas que envolvem a vila, a judiaria, a sinagoga medieval e as portas e janelas ogivais dos séculos XIV a XVI. Para além de constituir uma forte atracção turística, o património arquitectónico de Castelo de Vide constitui um elemento de referência na identidade territorial dos seus habitantes.

O estabelecimento da Inquisição e a publicação do Édito de Expulsão dos judeus dos reinos de Espanha por Fernando e Isabel, os reis católicos, contribuíram para o crescimento da judiaria de Castelo de Vide que mantém na toponímia das suas ruas o testemunho da presença judaica, mas também o da perseguição do Santo Ofício aos cristãos novos.

Em Castelo de Vide a Judiaria desenvolveu-se na encosta da vila virada a nascente. Ainda que estabelecido numa das zonas mais acidentadas, o bairro era atravessado por um eixo fundamental de comunicação do castelo com o exterior e vice-versa.

Da presença judaica em Castelo de Vide restam alguns testemunhos materiais em que assume especial relevância o edifício onde se julga ter funcionado a Sinagoga Medieval. Outros edifícios da Rua da Judiaria, da Rua da Fonte ou da Ruinha da Judiaria mostram ainda o que resta da tradição milenar judaica de marcar a sua fé nas ombreiras das portas.

Vale ainda a pena visitar a Igreja de Santa Maria, em estilo barroco, o pelourinho e os Paços do Concelho, do século XVIII, a Fonte da Vila, em pedra esculpida, e a capela de São Salvador do Mundo, do século XIII. Dentro das muralhas do castelo (agora em ruínas) que deu o nome à vila, a pequena Igreja de Nossa Senhora da Alegria exibe magníficos azulejos policromáticos com motivos florais.
Da história, herdou vastos e ricos patrimónios. Se, por um lado, a arquitectura civil soube ir sedimentando, casa sobre casa, século após século, um casario harmonioso e singular, por outro, a arquitectura militar, colocando pedra sobre pedra, defendeu os moradores e as sucessivas guarnições acasteladas através de sólidas e imponentes muralhas, baluartes e torres, hoje miradouros de paisagens que desafiam os próprios limites da visão humana.

Este conjunto patrimonial, integralmente classificado como monumento nacional, resulta hoje num Centro Histórico Notável, proporcionando roteiros e ambientes maravilhosos, que ficam para sempre na memória.

4º Dia - Castelo de Vide


Três dias são quanto basta para recuperar as energias perdidas e ficar totalmente preparado para a rentrée da semana que se aproxima. Em terras do norte alentejano são os caprichos da natureza que ditam o quotidiano. Até porque quem para aqui vem por gosto, escolhe partilhar os seus dias com a serra, o vento, a chuva ou o sol. Neste local onde tudo é Natureza podemos verdadeiramente repousar e retemperar forças.

O fim-de-semana estava no fim, mas o caminho para casa ainda teve uma paragem em Castelo de Vide. O sol radioso que se fazia sentir à chegada a Castelo de Vide, foi o convite da vila a um passeio pelas suas belas ruas, ruelas e seu castelo altaneiro.
Castelo de Vide situada na vastidão da planície meridional com os seus coloridos tão característicos desta época do ano, que lhe emprestam beleza e magnitude. Com uma localização privilegiada do nordeste alentejano, integrada no Parque Natural da Serra de S. Mamede, com o seu casario branco, Castelo de Vide surge aos olhos do visitante como um oásis de beleza arquitectónica e riqueza arqueológica.

Ao olhar do cimo do seu belo Castelo, para a totalidade do seu casario, fiquei encantada, e veio-me à ideia a velha frase, que poderia muito bem ser proferida por esta bela vila... Espelho, espelho meu... há alguém no mundo mais bela do que eu?

Castelo de Vide irrompe numa fresca colina da Serra de São Mamede, por entre as densas matas de oliveiras e soutos. A airosa vila, já chamada de "Sintra do Alentejo", é um museu vivo que concentra relíquias seculares de inolvidável beleza.

A mais antiga referência escrita conhecida sobre a povoação data de 1273, mas terá sido que, D. Dinis, que lhe outorgou o primeiro foral em 1310, e que mandou construir o castelo, seguindo-se-lhe o foral de D. Manuel I.

Conhecida pelos inúmeros monumentos do passado, entre os quais se encontram valiosos vestígios arqueológicos da Pré-História e Alta Idade Média, dezenas de igrejas, encantadoras vielas que conservam o maior e mais belo núcleo de portas góticas em Portugal, Castelo de Vide dispõe também do privilégio de ser um dos mais reconhecidos centros termais de Portugal, possuir um clima ameno e situar-se perto da Barragem da Póvoa, um importante pólo de atracção turística a acrescer a esta vila cuidadosamente preservada.



O seu belo castelo foi mandado edificar por D. Dinis, que só foi terminado em 1327 pelo seu filho, D.Afonso IV, marcando a existência histórica da antiga "vila de Vide". A fortaleza funcionou como retaguarda no sistema defensivo conduzido pelo castelo do Marvão, pertencendo os muros e os baluartes, que ainda hoje cercam a vila, aos tempos conturbados da guerra da Restauração.

Hoje, quase que é possível olhar para as pedras e reconhecer nelas o seu passado. Na Praça de Armas, encontramos o poço ao qual foi dado o primitivo nome de Castelo de Vide Aloaca. Ao lado, ergue-se uma torre redonda do século XIII que funcionou como posto de vigia e na torre de menagem, os janelões abertos dão largas ao olhar: a Noroeste o miradouro do Santuário da Senhora da Penha e os promontórios de granito que ainda lembram as Beiras, a Este as planícies que adivinham o Alentejo profundo e a Sudeste o elevado monte do Marvão.

O castelo de Castelo de Vide, poderá ter sido reconquistado aos árabes por D. Afonso Henriques, apesar de só por volta de 1232, esta povoação aparecer devidamente referenciada. A importância deste castelo levou a alguns conflitos, nomeadamente entre os filhos de D. Afonso III, já que este monarca doou o castelo ao infante D. Afonso, que começou a reforçar as suas defesas, acto que seu irmão, o rei D. Dinis, achou suspeito, pelo que cercou o castelo e foi a intervenção do reino de Aragão que pôs fim à contenda.

D. Afonso IV, em 1327, conforme inscrição sobre uma das portas, mandou reforçar as defesas do castelo e sob o reinado de D. Fernando, é entregue à Ordem de Avis. À semelhança de muitas outras fortalezas, durante a Guerra da Restauração, depois de 1640, foram-lhe introduzidas alterações para a utilização de artilharia. Alguns anos depois é alargada a sua estrutura defensiva e construído o Forte de São Roque.

As guerras com Espanha e as invasões francesas, causaram grandes danos e esta posição militar foi desactivada. O castelo está classificado como Monumento Nacional, e conserva as muralhas e torres, a Torre de Menagem e no exterior existem ainda parte das muralhas da vila e os edifícios dos aquartelamentos.

3º Dia - "Al Mossassa"- Marwan (Ano de 877 d.C.)


Na sexta-feira, dia 3, as festividades ainda não se faziam sentir com o entusiasmo esperado, pois estava a ser montada e encenação do acontecimento. Mas no dia seguinte quando chegámos a Marvão, já tudo era festa e sem dúvida recreação histórica bem interessante.
O dia, ao contrário do anterior, estava soalheiro e a leve brisa quente, fez com que a tarde e início de noite, passadas em Marvão, fossem extremamente agradáveis.

Marvão celebrava no fim-de-semana de 3, 4 e 5 de Outubro, pelo 3º ano consecutivo, a festa da sua fundação, a “Al Mossassa”. Dando mais uma vez as mãos a Badajoz, cidade com quem partilha o mesmo progenitor, Ibn-Marúan, que com rebeldia e sede de independência, lutou para construir uma nação no território entre terras de Marvão e Badajoz, há doze séculos atrás.

Num momento em que as feiras medievais proliferam por toda a parte, Marvão recordou mais uma vez as suas origens árabes e homenageou o seu rebelde fundador, figura ímpar e visionária que mesmo a tantos séculos de distância consegue unir o que as fronteiras e a história separaram.

A parte alta da vila transformou-se numa deslumbrante máquina do tempo que nos transportou directamente para o século IX, para os tempos da sua fundação. Com muita animação, o "Mercado das 3 Culturas" fez as nossas delícias pelo menos no nosso segundo dia da visita.

O "Mercado das 3 Culturas", foi em Marvão, o palco principal de toda esta festa islâmica que reconstituiu a ambiência das vendas dessa época distante e deslumbrou-nos como um espaço aberto à imaginação e à história, para além de estar repleto de boas recriações e animações que interagiam com os visitantes.

Para além de um ciclo de conferências temáticas, relacionadas com o evento, houve também espectáculos musicais e teatrais, bem como a recriação do mercado árabe de fascinante ambiência, na qual podemos encontrar encantadores de serpentes, dançarinas de ventre, demonstrações de falcoaria, manipuladores de fogo, malabaristas, figuras típicas e artesanato de época. Com muitas tendas de artesanato e gastronomia islâmicas que nos fizeram recuar no tempo e contactar a história ao vivo.
A bela vila de Marvão neste dia, transformou-se numa autêntica vila medieval, e quando a observámos do castelo, mais parecia uma miragem de conto de fadas...

2º Dia - Marvão



A meio da tarde do dia 3, resolvemos ir até Marvão, porque além da procura do descanso nesta belíssima região, a terceira edição de "Al Mossassa", Festival Islâmico de Marvão, que ocorreria neste fim de semana de 3 a 5 de Outubro, foi também motivo que reforçou a nossa escolha.

Com a autocaravana estacionada debaixo de uma macieira bravo de esmolfe, tirámos a mota e lá fomos nós para Marvão, para vermos como paravam as festas islâmicas da vila. A tarde era soprada por um vento frio que nos obrigou a vestir casacos quentes, pois Marvão lá no alto devia estar mais soprado ainda.

No caminho, a estrada contorce-se nas vertentes. A cada curva Marvão cresce. A linha de muralhas ganha nobreza e uma dimensão inexpugnável. Em torno a paisagem abre-se e, nas serranias, toma vulto o pico da Serra de São Mamede, para lá dos 1000 metros de altura.

A muralha rasga-se e Marvão abre-se pela Porta de Rodão. O arco desenha uma sombra convidativa e um recobro de frescura separa os dois territórios inundados pelo sol. A vila revela a sua intimidade. A pedra escura das muralhas mostra o seu espírito acolhedor e a luz meridional atinge a cal do casario ofuscando o nosso olhar. E aqui está a vila de Marvão, uma das mais lindas vilas do Alentejo.

Fachadas, janelas, telhados, varandas, portas tomam, gradualmente, forma, emergindo de um mundo de claridade. Estamos na Rua de Cima, estreita, calcetada com pedregulhos toscos. Propomo-nos a um deambular em sossego, adiando o momento que nos abrirá os grandes horizontes junto à muralha.

Por enquanto o passeio é intimista e convida-nos aos pormenores. Reparamos nas janelas cuidadas, nas varandas em ferro forjado, nos quintais acanhados repletos de frescura, nos canteiros mimosos, abrigados na sombra, correndo todo o comprimento das fachadas, uma bênção para as minúsculas flores silvestres que se aninham nos recantos viçosos.

O ar enche-se com chilreios. Um assomo de vida que, de certa forma, preenche o vazio humano que sentimos na povoação. Marvão não foge à desertificação, denominador comum, ao interior de Portugal. Vivem na vila das muralhas perto de 200 habitantes. O passado faz-se com histórias de muitas partidas, quer para as grandes cidades, quer para a emigração.

Há, também, mais recentemente histórias de redescoberta da vila. Reabilitam-se casas, embora os novos habitantes sejam, na grande maioria, sazonais. Viver hoje nestas alturas já não é degredo, nem tão pouco maldição. Um dito antigo afirmava o lugar como “Malvão”, porque os habitantes estavam condenados àquela altitude.

Um frio invernal, mergulhado em céus tumultuosos, faz da vila um ermo onde a agricultura era, e é, impraticável, um lugar para onde se ia não por vontade própria mas forçado. Não obstante a localidade cresceu e, por volta do século XVI, chegou a contar perto de 1500 habitantes.

Marvão é história antiga, com o berço provável nos ímpetos belicistas de Ibn Maruán, o mouro que fundou um reino independente e que, pelo século IX da nossa era, terá construído no local uma fortaleza. O primeiro extracto da, como foi apelidada, “fábrica eterna” de fortalezas, um plano de construção de sucessivas muralhas que atravessou toda a nossa história.

Marvão impôs a resistência dos seus flancos a sucessivas vagas de conquista. Espanha espreitava nas proximidades. Do penhasco à fronteira contam-se apenas 12 quilómetros de distância. Em seguida a geografia urbana abre-se no Largo do Pelourinho frente ao antigo edifício dos Paços do Concelho (séc. XVI) que albergou o Tribunal e a Cadeia. Actualmente o imóvel funciona como Casa da Cultura. Prosseguimos, numa subida que acompanha os relevos escarpados do dorso rochoso.

Tomamos a Travessa do Padre Júlio e encontramos um antigo forno que serve de padaria tradicional. Assalta-nos uma memória de pão caseiro, uma couraça áspera abrigando um miolo macio e fumegante. Chegamos tarde. O pão é labor das alvoradas. O pão já se encontrava frio.

Na Rua Dr. Matos Magalhães encontramos o edifício antigo da escola primária. Olhamos agora para o dramatismo das muralhas que se entrecruzam sobre as escarpas. No Museu Municipal, instalado na antiga igreja de Santa Maria, que encerra um acervo muito interessante, oferecendo uma viagem pela história local, com arte sacra, arqueologia e etnografia.

Deambulamos por uma linha de tempo que liga o Paleolítico até ao século XXI, desde os mistérios que erigiram os colossais menhires da região. Mas há muito mais: os bordados com casca de castanha (não fosse este o reino da dita), as flores de papel, o vestido de noiva negro com a mantilha longa, próprio de moça de boa família, com posses... Se fosse pobre não teria véu...

Passear nas ruas desta vila torna-se um prazer, pela beleza da escala das ruas e das suas casas, todas muito bem recuperadas. No entanto a calma que paira nesta vila, é por si só um bom motivo para aqui passar o fim-de-semana.