A Suméria

A Suméria é a civilização mais antiga que se tem registro, e estima-se que os sumérios viveram a mais de 3.500 anos a.C..
No decorrer da história mesopotâmica, os sumérios foram a primeira civilização a ocupar os territórios entre os rios Tigre e Eufrates.
No quarto milénio antes de Cristo, as primeiras populações sumérias ter-se-iam deslocado do planalto do Irã até se fixarem na região da Caldeia, que compreende a Baixa e a Média Mesopotâmia.
Provavelmente, Quish foi a primeira cidade fundada e logo foi seguida pelo surgimento de cidades como Eridu, Nipur, Ur, Uruk e Lagash.
Os sumérios foram os pais da escrita (escrita cuneiforme) e posteriormente também foi a eles que foi creditado o título de pais da astronomia. Foram os inventores da roda, das carruagens e muito mais.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=P7m8JBfJ2f8; http://www.historiadomundo.com.br/sumeria/

Mértola - Visita à Vila - 2º Dia - Parte IV



A visita a Mértola continuou naquele dia. Cá de baixo, a meia encosta, olha-se para o cimo do anfiteatro, de onde se destacam o Castelo que domina a vila e a Igreja Matriz, que tal como o restante casario a todo o momento nos atrai.

Sobem-se então as ruelas estreitas e empedradas da vila, a caminho do Castelo. Lá em cima, caminha-se pela rua da Igreja até à Igreja Matriz, alvo de grande interesse pela sua singularidade. É uma igreja toda branquinha de cal, tal como as alvas casas alentejanas, mas há algo de estranho nela, pois outrora foi uma antiga Mesquita árabe que hoje ainda conserva muito da sua antiga arquitetura.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção ou de Entre-ambas-as-Águas, como também é chamada, é o único exemplar de arquitetura religiosa islâmica remanescente em Portugal. No entanto a igreja dos dias de hoje, apresenta ainda vestígios de construções anteriores à ocupação árabe, nomeadamente do período de domínio romano e até da época visigótica.

Segundo reza a história foi erguida no contexto da invasão muçulmana da Península Ibérica com a função de Mesquita, no séc. XII, e mais tarde no contexto da Reconquista Cristã da Península Ibérica (séc. XIII), foi transformada num templo cristão.

Do primitivo templo islâmico do séc. XII, são testemunho, quatro portas de estilo árabe e o "mihrab" (um pequeno espaço que é usado para a oração e geralmente é precedido por um arco orientado em direção a Meca), bem como no seu belo interior as abóbadas nervuradas, conservando ainda quatro arcos em ferradura.  

A Igreja tem quatro naves e 16 abóbodas, com capitéis em estilo romano, gótico e árabe e o referido e antigo mihrab, o canto que indica a direção de Meca. Em frente do mihrab, temos o altar-mor onde podemos ver abertos uma Bíblia e um Corão!

A atual configuração do templo data de uma campanha construtiva realizada no séc. XVI e hoje é sem dúvida nenhuma um documento precioso da presença muçulmana no sul do país e um testemunho real da antiga Mertolah árabe.

Quando se saiu da Igreja, cá fora soavam tambores e ouvia-se o som de cantigas árabes. O Souk situava-se logo mais abaixo e dali viam-se os panos que cobriam as ruas. Mais em cima em frente ao Castelo, uma tenda com o chão forrado de tapetes deixava entrar quem quisesse ouvir histórias das Mil e Uma Noites.

Convém aqui referir que os árabes estiveram em Portugal durante mais de sete séculos, e são poucos entre nós, os que o querem recordar, uma vez que são associados a povos bárbaros. Na escola, pouco se aprende sobre eles. Sabemos que nos deixaram a numeração, as noras, as laranjas e os limões, e as palavras começadas por “al”!... Mas os mouros deixaram-nos muito mais. Deixaram-nos a alma, os cantares, o gosto pelas artes, a culinária, as lendas… E muito mais.

Diz tristemente José Adalberto Coelho Alves, poeta, escritor, ensaísta, arabista, conferencista e jurista português, além de um grande historiador da presença árabe no nosso país: "E quantos árabes ilustres ligados à nossa terra têm merecido a atenção da nossa intelectualidade? - Apenas responderá um silêncio que magoa." (in "O meu coração é árabe. A poesia luso-árabe", Lisboa, Assírio & Alvim, 1987).

Caminha-se depois em direção ao Castelo Romano-Árabe que possui uma cisterna romano-mourisca e uma cisterna medieval. Ocupando o local de antigas construções romanas e de um pequeno bairro fortificado de época islâmica, o Castelo domina todo o povoado e serve de referência ao fragor de antigas batalhas, e à memória de outros feitos.

À entrada a estátua equestre de Ibn Qasi, um místico sufi, natural de Silves, governador de Mértola e Silves, que concertou um tratado de paz com D. Afonso Henriques e morreu assassinado naquela última cidade em 1151.
 
Fontes: http://pt.wikipedia.org/; http://cathedral.lnec.pt/portugues/mertola.html ; http://www.flickr.com/photos/vribeiro/8200542592/ ; http://museus.cm-mertola.pt/nucleos/castelo.html ; http://www.aaaio.pt/public/ioand259.htm; http://www.rotas.xl.pt/1204/500.shtm

Mértola - Visita à Vila - 2º Dia - Parte III


 

A bela Mértola é uma terra de remota origem e esteve desde sempre ligada à via fluvial que lhe assegurava as comunicações na região em que se encontra.

Mértola tem várias almas que ali a todo o tempo ressuscitam. A Myrtilis Iulia romana, a Mirtolah árabe e a Mértola portuguesa, que debruçada sobre o rio Guadiana, foi outrora um importante entreposto comercial fenício, depois cartaginês, romano e árabe, devido à facilidade de navegação rio acima, a partir da sua foz. Aqui andaram portanto, muitos navegantes de terras longínquas que por aqui andaram fazendo trocas de produtos e trazendo notícias e influências de outros mundos.

Com a chegada dos romanos, a povoação foi batizada de Myrtilis Iulia e por lá passava uma importante via romana que a ligava Pax Julia (a antiga Beja) a Baesuris (Castro Marim), e que dali derivava para Balsa (Tavira) e Ossónoba (Faro), com várias ligações ao resto da Lusitânia.

Assim a sua situação num ponto-chave de antigas comunicações terrestres ou fluviais com o sul da Península e como baluarte de defesa dessas vias, conferiu-lhe uma enorme importância ao longo dos séculos.
O ano de 712 assinala o aparecimento dos árabes. É o começo de um longo período de prosperidade para a Mirtolah muçulmana, que chega a ser capital de um reino Taifa, tal como Silves e Faro. Resultado do desmembramento do califado de Córdova, as diversas taifas da península contribuíam para o desenvolvimento cultural e artístico dos respetivos territórios.

Em 1238, a vila foi reconquistada aos mouros por D. Sancho II que no ano seguinte a entregou à Ordem de Santiago, vindo esta a proceder à sua fortificação.

Depois do Souk bem visto e revisto, era tempo da visita à vila de Mértola. Mas foi neste final de visita ao Souk, quando distraidamente olhava as bugigangas dos mercadores, que me perdi da família. Ainda esperei em vão à saída do mercado árabe, e como pareciam ter-se evaporado, e por minha conta resolvi explorar a vila.

A vila de Mértola hoje no Alentejo profundo, e com as suas várias raízes históricas, tem muito que ver. A sua implantação na encosta de uma elevação leva-a a estender-se desde as águas da margem direita do Guadiana até ao alto da colina onde se ergue o Castelo.

Começando por baixo, junto da margem esquerda do Guadiana vê-se o antigo Caís acostável romano, provavelmente à época fortificado, que juntamente com as inúmeras moedas romanas cunhadas na antiga Myrtilis Iulia, encontradas um pouco por todo o lado na vila, são os testemunhos da sua antiga importância.

No início da subida em anfiteatro a caminho do castelo, um pouco abaixo do início das ruas ocupadas pelo Souk, observa-se a Torre do Relógio. É provável que a Torre do Relógio tenha sido erguida em finais do séc. XVI ou inícios do séc. XVII, no contexto da reorganização da zona urbana da Praça do Município. Esta edificação foi erguida na proximidade de um conjunto de construções representativas do poder político, administrativo, judicial e económico e reaproveitando um antigo torreão da muralha, passou a marcar o limite da Praça do Município e a assumir-se como um dos elementos emblemáticos de Mértola. Em 1896 o relógio primitivo foi substituído por outro mais recente que vai continuar a marca o tempo da Vila Velha até aos nossos dias.

Antes da porta islâmica da entrada para o Souk, vê-se do lado esquerdo em lugar mais alto que o nível da estrada, o pequeno mas harmonioso Mercado de Mértola. Lá dentro vendem os produtos da região: As laranjas, as tangerinas, os limões, os queijos, o mel, as ervas aromáticas frescas e secas para os chás e as flores…
 
 
Fontes: http://pt.wikipedia.org/; http://www.luardameianoite.pt/serpa/serpa14.html; http://www.rotas.xl.pt/1204/500.shtml

Mértola - Festival Islâmico (Visita ao Souk) - 2º Dia - Parte II




O sábado em Mértola acordou ensolarado. Era o dia destinado à visita, quer da antiga "Mirtolah” muçulmana recriada, quer da atual Vila-Museu de Mértola.

Da varanda/parque automóvel onde pernoitámos, bem perto do centro histórico, a calma reinava, embora por vezes fosse entrecortada pela chegada e saída de veículos. Lá em cima, no morro, a alva Capelinha de Nossa Senhora das Neves, refletia intensamente o sol, dando-nos os bons dias e as boas vindas, pelo que do lado de fora da autocaravana, ali ficamos largos momentos a contempla-la.

Depois deixámos o espaço de pernoita e caminhando lentamente fomos até à zona da vila onde ocorria o recriado Souk (mercado), ponto central do Festival Islâmico.

Caminhou-se então por uma Mértola invadida pela sua renovada herança mourisca, onde se misturavam mercadores e artesãos oriundos da bacia do mediterrâneo, numa celebração cultural única.

O Festival Islâmico de Mértola é sem dúvida nenhuma uma festa de cor, odores de incensos e ervas aromáticas, os couros e o seu intenso cheiro, trazidos por gentes que cruzam o Estreito de Gibraltar e invadem durante estes dias a pacata vila.

Estes “estrangeiros” que ali se sentem como em casa, ajudam a fazer a recriação, num regresso de Mértola a uma civilização que deixou o seu testemunho nas pedras e monumentos da vila, e nestes dias misturam as suas “djelabas” e o seu “hijad”, com as roupas ocidentais, a gastronomia e o artesanato, os sabores e os saberes.

Este encontro com a história de Mértola, que se refaz de dois em dois anos, resulta numa visita única e exclusiva onde se mostra o Alentejo que respeita os seus pergaminhos, que resiste aos tempos, e que ao mesmo tempo se renova.

Mas esta festa não se faz só no Souk que se instala no centro histórico. O Festival aposta também em projetos culturais como, seminários, exposições, concertos, teatro, dança e animação de rua.

É precisamente esta última que se faz sentir logo à entrada do Souk e por ele a dentro. E desde logo se vislumbram os cabedais, os perfumes, as djellabas, o incenso, o sândalo, o odor do delicioso chá de menta, que não pode deixar de se beber enquanto se visita o Souk, bem como as especiarias, os frutos secos e a mistura de vozes árabes e lusitanas que ali dão cor, aroma e melodia especial às ruas cobertas de tecidos e esteiras, num refúgio perfeito para a luz do sol.

Esta recriação é acolhida de bom grado pela vila, que está ansiosa de recordar o passado, que aliás está presente em muitos dos seus vestígios arquitetónicos. Mas nela há também pedaços de história mais recente, como a que ficou depois da reconquista cristã. Em Mértola, a cada passo surge história, e em cada rua há um vestígio do passado.

Do Souk que se vai descobrindo nas ruas que serpenteiam a encosta, observa-se lá em baixo o majestoso Guadiana. A vila que se encontra situada numa elevação na margem direita do rio Guadiana, imediatamente a montante da confuência da ribeira de Oeiras, tem um inegável interesse panorâmico.

Lá em baixo, o vale profundo por onde correm os rios Guadiana e Chança (seu afluente do lado esquerdo), é um loval aprazivel de recreio e pesca.

Ali, junto ao rio Guadiana, a natureza resulta em bonitas e envolventes paisagens prontas para serem descobertas, mas só alguns viajantes curiosos e audazes é que tentam descobrir essas verdadeiras belezas naturais.


Fontes: http://www.mertolaonline.com/   ; http://www.cistertour.pt/ http://escape.expresso.sapo.pt/ http://provaoral.blogspot.pt/

Novas subjetivações e o mal-estar na contemporaneidade


Com a globalização, vivemos com a sensação que perdemos o domínio de nós mesmos, vivemos numa sociedade de risco.

O propósito desta conferência é crcunscrever as novas formas de subjetivação na atualidade, indicando os impasses do discurso psicanalítico de se confrontar com um Mundo no qual o Estado perdeu o seu lugar de referência axial no espaço social, tendo como contrapartida a disseminação da economia neoliberal.

A questão da autoridade paterna foi também colocada na berlinda, de forma que o imaginário da barbárie se atualizou no espaço social. É nessa perspectiva que o Édipo como referencia ética foi colocada em questão.

Nela o psicanalista Joel Birman chama a atenção para três categorias fragilizadas:

1.    Corpo - estamos sempre aquém do que queremos. Há um cuidado corporal acentuado; a saúde ao contrário da alma transformou-se no nosso bem supremo e o Stress tornou-se uma palavra-chave nos dias de hoje.

2.    Ação - há um excesso de sexualidade, de violência e criminalidade. Como consequência surgem ações fracassadas - as compulsões às drogas, à comida, ao consumo.

3.    Sentimentos - referem-se a variações de humor, depressões e enfermidades como a síndrome do pânico.

Há ainda um empobrecimento no campo do pensamento e no campo da linguagem; surge a linguagem-ação. Como consequência dessa fragilização o sujeito prefere explodir pela ação - passagem ao ato - que o Psicanalista Dr. Jorge Forbes chama de sintomas da globalização, como os crimes inusitados.

Esta é uma excelente palestra do psicanalista Joel Birman no programa Invenção do Contemporâneo, promovida pela CPFL Cultura, sob a curadoria do psicanalista Jorge Forbes, e transmitido pela TV Cultura.

Joel Birman é Psicanalista, membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos e do Espace Analytique, Professor Titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Professor Adjunto do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).


A não perder!...



Fontes: https://www.youtube.com/watch?v=Qeb0Fs_N9eQ; http://www.cpflcultura.com.br/2009/12/01/integra-novas-subjetivacoes-e-o-mal-estar-na-contemporaneidade-joel-birman/

Greve aos Exames



A escola pública de qualidade é mais importante que a data de um exame

Quando alguém diz “Eu sou a favor das greves…” segue-se, em geral, uma adversativa que precede a explicação por que, desta vez, nesta data, neste sector e nestas circunstâncias, a greve é socialmente injusta, moralmente ilegítima, tacticamente errada ou políticamente contraproducente. As razões por que não se deve fazer greve desta vez variam em género, em grau e em combinatória, mas o resultado é sempre o mesmo: a greve é um direito inalienável dos trabalhadores consagrado na Constituição da República Portuguesa, mas, na opinião das pessoas que assim falam, deve ser usada apenas quando não possui absolutamente inconveniente nenhum para ninguém.

Ora a greve não pretende ser uma arma inócua. A greve é uma arma de último recurso, que se usa quando os trabalhadores consideram que está em causa a defesa de direitos importantes – seus ou da sociedade em geral – e quando já falharam as negociações. Se as negociações são o momento da racionalidade e da discussão, de pesar ganhos e perdas, de avaliar vantagens e inconvenientes de um lado e de outro, a greve é o momento da força. A greve não é um recurso retórico. A greve é uma arma que se usa numa situação de conflito e visa prejudicar o adversário, enfraquecer a sua posição e, acima de tudo, mostrar a força que o lado em greve possui, para regressar de novo à mesa das negociações e para conseguir chegar a um acordo que satisfaça as partes. A greve pretende sempre ser uma chamada à realidade do outro lado – que, frequentemente, pensa que pode dispensar os trabalhadores e impor unilateralmente as condições que lhe convêm. Há uma razão prática que limita o recurso à greve e que a torna, de facto, uma arma de uso excepcional: os trabalhadores que fazem greve perdem o salário correspondente, o que, principalmente em época de crise, não é algo que se aceite levianamente.

O argumento de que a greve dos professores vai prejudicar os alunos e, por isso, não deve ser feita, é tão pueril como dizer que as greves de transportes não devem ser feitas porque prejudicam os passageiros e as greves de recolha do lixo não devem ser feitas porque prejudicam os moradores. As greves prejudicam sempre alguém. É evidente que os grevistas têm de pesar os prejuízos que causam em relação às causas que defendem e aos benefícios que esperam. Não é aceitável que uma greve de trabalhadores da saúde se salde por uma única morte que seja. Mas considera-se que um certo grau de desconforto momentâneo da população é um preço aceitável a pagar pelo direito a defender os nossos direitos. E são “os nossos direitos” porque a greve não é algo que apenas os outros façam. A greve é uma ferramenta que todos temos na mão.

É evidente que podemos ter opiniões diferentes sobre a justeza de uma dada greve, mas são raros os que acham que os professores não têm, no caso vertente, razão suficiente de protesto, perante a tentativa de industrializar uma escola pública de baixo nível para os pobres e proletarizar os professores. O prejuízo dos alunos? Essa é a arma da greve. Nenhum professor deseja ou aceita que um aluno seja seriamente prejudicado pela greve – além do incómodo decorrente de, eventualmente, repetir o exame – mas essa é uma preocupação que, agora, o Governo deve assumir. Havendo greve, tem de ser dada possibilidade aos alunos de realizar exames noutras ocasiões, de forma a não os prejudicar. Vai ser uma grande confusão? Provavelmente. Mas essa é, mais uma vez, a arma da greve. Essa é a pressão da greve e, se não aceitarmos que uma greve possa dar origem a estas formas de pressão, isso significa que não aceitamos o direito à greve. Nem o dos outros, nem o nosso. Significa que, sejam quais forem as condições que nos imponham no nosso trabalho, achamos que não devemos ter o direito de parar de trabalhar.

É evidente que existem nas greves em geral, e também nesta, coisas irritantes. Além de alguma imaginação nos protestos, teria gostado de ver no centro das intervenções dos professores a defesa da escola pública, a defesa da qualidade do ensino e a defesa dos direitos dos jovens (incluindo daqueles que deviam ser alunos e não o são) em vez de quase exclusivamente os direitos dos professores – por muito que estes sejam de prezar. Não é apenas um erro retórico: é um erro político de consequências sérias. Seria importante aproveitar este momento para explicar de que forma todas as medidas deste Governo põem em causa a escola pública inclusiva e de qualidade que tem sido construída nas últimas décadas. Mas os sindicatos dos professores estão demasiado centrados numa defesa estreita dos direitos dos seus associados. É um erro político porque facilita à direita o uso da retórica dos “privilégios” e da “resistência à mudança”. É um erro político quando a greve e o “prejuízo dos alunos” tornam fácil a acusação de “egoísmo” àqueles que são o principal esteio da escola pública e os principais autores dos seus êxitos – que existem e seria bom lembrar nestes dias de greve.

José Vítor Malheiros, in Jornal o PÚBLICO de 11 de junho de 2013



Fonte: http://www.leituras.eu/?p=6537&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+As-Minhas-Leituras+(As+Minhas+Leituras)

Ver também: Eixo do Mal » Eixo do Mal SIC Noticias Programa do Dia 15-06-2013 (http://www.videosbacanas.com/eixo-do-mal-sic-noticias-programa-do-dia-15-06-2013/)

Portugal, Europa, Japão, Universo e o Futuro…


“Uma das maiores posses que uma pessoa pode sofrer, é estar possuída por si própria. Possuída pela ideia que tem de si mesma, que pode ser errada. Por isso é bom experimentarmo-nos, quando nos julgamos muito hábeis ou muito inábeis, pois podemos estar enganados. Ao recebermos uma ordem e cumprindo-a, verificamos se eramos hábeis ou menos inábeis do que pensávamos."
Agostinho da Silva


Qual dos dois és tu, a intuição ou ego,
Aquele que te vê ou o que é cego,
O que está seco ou aquele que rego,
O que é distante ou que vive do apego.


Serão tudo, no caminho que vos delego,
Serás o rio, apesar de hoje seres um rego,
Quando fores tudo, o nada vos entrego,
És o vaso da semente, o seu aconchego.


Coloca a semente na terra, não esperes flor,
Vem a seu tempo, quando regada com amor,
Explode de beleza, o sorriso a nossa cor,
Sorri, confia em ti e cresce, pára de ser actor.


Até podes ser muito elogiado pelo director,
Dificilmente te libertas pois não és o narrador,
Na sociedade és notável, mas não és senhor,
Faz as tuas escolhas, sem olhar o retrovisor.

Bruno Dias
 
Esta entrevista de mais uma das "Conversas Vadias", junta dois grandes comunicadores, o Prof. Agostinho da Silva e o jornalista Joaquim Letria.


Estas são algumas das mais significativas perguntas e respostas desta entrevista:
JL: "Nós demos mundos ao mundo (...) demos matéria-prima ao mundo, demos força de trabalho à Europa e aqueles que transformam essa matéria-prima, ajudámos a construir a riqueza dessa Europa. O que é que acha que no futuro (...) vamos dar o quê ao mundo?"
AS: "Vamos dar ao mundo aquilo que de melhor temos. (...) ver o mundo tal qual ele é."
"Quando falo de Europa não me refiro só aquela que vai até aos Urais. Estou-me referindo também aos Estados Unidos que é aquela Europa que vai até ao Atlântico e também referindo à classe industrial japonesa que é uma Europa instalada no Japão, tendo aproveitado do Japão a capacidade japonesa de obedecer. Porque o ideal deles é ser o menos possível, que é a coisa perfeita para entrar numa companhia."

"No Japão havia essa esquizofrenia: metade do dia eram americanos trabalhando como americanos, a outra metade do dia era japoneses trabalhando menos do que ninguém.

JL: "Mas também são eles que mais preocupação têm com o lazer?"
AS: "Pois claro, porque eles sabem perfeitamente - porque são budistas - que a coisa vai nesse sentido. E foi por isso que não seu precisamente o ajustamento da pregação dos magníficos jesuítas portugueses que foram para lá e a gente japonesa. Os japoneses se converteriam todos ao mesmo tempo ao cristianismo se os jesuítas os deixassem ser ao mesmo tempo budista e xintu, tudo junto."

JL: "Nós estamos perante um grande parêntese da História. Temos um passado com referências seguras e certas e à frente um futuro que não sabemos o que é que vai ser. (...) Fala-se do Fim da História. O que vem aí?"
AS: "Quando digo que o Futuro será de tal maneira, estou apenas a dar a ideia de um Presente melhorado ao máximo que eu posso imaginar. Mas nada que seja assim o Futuro. Uma coisa que hoje se pode dar como filosofia do Universo é de que há não só aquilo que nós entendemos dele, mas outras muitas maneiras de o entender. É curiosíssimo que se nós juntarmos as duas palavras com que podemos designar um certo objeto das nossas atenções podemos chamar ou Universo ou Mundo. Num Universo, a palavra indica que todas as coisas estão ali juntas, é dos vários lados um movimento para o centro, para o Universo. E Mundo, que todos tomamos como substantivo é efetivamente um adjetivo. Mundo significa "limpo". Camões fala nas "mundas almas", as almas que podem ir para o Paraíso Eterno, as "almas limpas". Então o que é o Mundo diferente do Universo? O Mundo chamamos nós áquilo que entendemos do Universo. Como se considerássemos o outro exatamente o antónimo da palavra Mundo, isto é, Imundo."

"Talvez a certa altura surja no mundo alguma coisa de diferente e que se possa rir das ideias que nós tivemos do Futuro."
"Ver o Futuro, não como uma coisa que muita gente vê como impossível de realizar, mas como uma coisa possibilíssima de ultrapassar de tal maneira que nós nem a pudéssemos entender. Há maneiras variadíssimas de ver o mundo. Há coisas por exemplo na matemática que estão fora da nossa dimensão real.
 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=KhEQp-KtAi0http://sitedepoesias.com/poesias/36379

 

Um Pálido Ponto Azul


A famosa fotografia tirada da missão Apollo 8, que mostra a Terra acima da Lua, forçou os humanos a olharem a Terra como apenas uma ínfima parte do Universo.

No espírito desta realização, Carl Sagan pediu para que na Voyager, fosse tirada uma fotografia da Terra de um ponto favorável, quando esta se encontrasse nos confins do Sistema Solar.

A imagem da Terra que retornou da Voyager, a 6.4 bilhões de quilómetros de distância, mostrava o nosso planeta como um "pálido ponto azul".



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=tRjVDOgGJ8Y; http://www.youtube.com/watch?v=PojCw8natEU

Mértola - 1º e 2º Dia - Parte I



A partida a caminho de Mértola foi realizada a uma sexta-feira ao final da tarde e a chegada pelas 21:30 ainda encontrou a cidade bastante animada.

A vila à chegada iluminada e colocada num anfiteatro, trepando pela encosta de um morro acima e virada ao rio Guadiana, é uma visão já de si suficientemente marcante e arrebatadora para qualquer viandante que por ali passe.

No entanto, naquele dia ouvia-se propagado pelo vento, um belo som de música islâmica que lhe dava uma aura verdadeiramente mourisca, que se confirma de forma absoluta à aproximação, com o seu casario branco e ruas estreitas, quando se entra na cidade.

Como já era noite e a cidade se encontrava cheia de gente, fomos logo procurar lugar para a pernoita, seguindo para um parque junto ao rio e do antigo cais, que estava infelizmente ocupado por um palco de onde provinha a música islâmica que se ouvia à chegada.

Daquele lado observavam-se bem conservados, os restos da muralha da antiga "Mirtolah” muçulmana ocupada pelos mouros durante vários séculos, que com a música a condizer fazia o todo, para o imaginário concreto daquelas épocas passadas.

Depois de alguma procura optou-se por ficar dentro da cidade, encontrando-se com alguma sorte um lugar num pequeno parque de estacionamento, situado numa espécie de varanda com vista para o morro onde se encontra a pequena Capela de Nossa Senhora das Neves e junto do Quartel dos Bombeiros de Mértola.

Nestes dias decorriam as festividades relativas ao Festival Islâmico de Mértola, que nós queríamos testemunhar. A Mértola islâmica dos dias do Festival enche-se de uma mistura de sonoridades de cá e de lá, do outro lado do mediterrâneo, pois dali vêm não só muitos animadores, mas também muitos comerciantes que ali também vêm vender os seus produtos artesanais.

A música por estes dias impõe-se ouvindo-se acordes de alaúdes e o batuque das darbukas. As noites do festival são um claro convite à descoberta de novos sons: no cais, no castelo, na praça ou em vários recantos da vila, as noites são feitas de mais música, de música nova, cheia de ritmos ora fulgurantes ora mais intimistas, de artistas que ali vêm de todo o mundo árabe.

Pela música se enaltece, ali, uma comunidade recetiva à diferença, à descoberta, à experimentação, ao diálogo e ao salutar convívio entre todos os que para ali vêm e que interagem com os simpáticos e acolhedores habitantes de Mértola.

Fontes: http://www.festivalislamicodemertola.com/ http://www.radiopax.com/

Ao meu sogro, um amigo que partiu


 
"Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando
chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de
grandes chuvas e das recordações da infância.
Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste
durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo.
Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amigo, para que eu tenha a consciência de que ainda vivo"
Vinícius de Moraes


Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/NDAyNTkx/