O
sábado em Mértola acordou
ensolarado. Era o dia destinado à visita, quer da antiga "Mirtolah”
muçulmana
recriada, quer da atual Vila-Museu
de Mértola.
Da
varanda/parque automóvel onde pernoitámos, bem perto do centro histórico, a
calma reinava, embora por vezes fosse entrecortada pela chegada e saída de
veículos. Lá em cima, no morro, a alva Capelinha
de Nossa Senhora das Neves, refletia intensamente o sol, dando-nos os bons
dias e as boas vindas, pelo que do lado de fora da autocaravana, ali ficamos
largos momentos a contempla-la.
Depois
deixámos o espaço de pernoita e caminhando lentamente fomos até à zona da vila
onde ocorria o recriado Souk (mercado), ponto central do Festival Islâmico.
Caminhou-se
então por uma Mértola invadida pela
sua renovada herança mourisca, onde se misturavam mercadores e artesãos
oriundos da bacia do mediterrâneo, numa celebração cultural única.
O
Festival Islâmico de Mértola é sem
dúvida nenhuma uma festa de cor, odores de incensos e ervas aromáticas, os
couros e o seu intenso cheiro, trazidos por gentes que cruzam o Estreito de Gibraltar e invadem durante
estes dias a pacata vila.
Estes
“estrangeiros” que ali se sentem como em casa, ajudam a fazer a recriação, num
regresso de Mértola a uma civilização
que deixou o seu testemunho nas pedras e monumentos da vila, e nestes dias
misturam as suas “djelabas” e o seu “hijad”, com as roupas ocidentais, a
gastronomia e o artesanato, os sabores e os saberes.
Este
encontro com a história de Mértola,
que se refaz de dois em dois anos, resulta numa visita única e exclusiva onde
se mostra o Alentejo que respeita os seus pergaminhos, que resiste aos tempos,
e que ao mesmo tempo se renova.
Mas
esta festa não se faz só no Souk que
se instala no centro histórico. O Festival aposta também em projetos culturais
como, seminários, exposições, concertos, teatro, dança e animação de rua.
É
precisamente esta última que se faz sentir logo à entrada do Souk e por ele a dentro. E
desde logo se vislumbram os cabedais, os perfumes, as djellabas, o incenso, o sândalo, o odor do delicioso chá de menta, que
não pode deixar de se beber enquanto se visita o Souk, bem como as especiarias, os frutos secos e a mistura de
vozes árabes e lusitanas que ali dão cor, aroma e melodia especial às ruas
cobertas de tecidos e esteiras, num refúgio perfeito para a luz do sol.
Esta recriação é acolhida de bom grado pela vila, que está
ansiosa de recordar o passado, que aliás está presente em muitos dos seus vestígios arquitetónicos. Mas
nela há também pedaços de história mais recente, como a que ficou depois da
reconquista cristã. Em Mértola, a
cada passo surge história, e em cada rua há um vestígio do passado.
Do Souk que se vai descobrindo nas ruas que serpenteiam a encosta,
observa-se lá em baixo o majestoso Guadiana.
A vila que se encontra situada numa
elevação na margem direita do rio
Guadiana, imediatamente a montante da confuência da ribeira de Oeiras, tem um inegável interesse panorâmico.
Lá em baixo, o vale profundo por onde correm os rios Guadiana e Chança (seu afluente do lado esquerdo), é um loval aprazivel de
recreio e pesca.
Ali,
junto ao rio Guadiana, a natureza resulta em bonitas e
envolventes paisagens prontas para serem descobertas, mas só alguns viajantes curiosos e audazes é que
tentam descobrir essas verdadeiras belezas naturais.
Fontes: http://www.mertolaonline.com/ ; http://www.cistertour.pt/
http://escape.expresso.sapo.pt/ http://provaoral.blogspot.pt/