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A Razão, o Passado, o Presente e o Futuro


Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça
De astros, sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
buscam a liberdade entre clarões;
e os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
Antero de Quental, Hino à Razão, in "Sonetos”

A ideia da série "Conversas Vadias" era confrontar o Professor Agostinho da Silva com perguntas das mais variadas personalidades da vida nacional. O jornalista e escritor português Manuel António Pina, falecido no ano passado e premiado em 2011 com o Prémio Camões, foi o interlocutor deste programa.

Começando por definir a sua ideia de poeta, "aquele que cria", Agostinho da Silva continua por aí fora, a explanar o seu pensamento.

A ideia de que todos nós devíamos morrer sem matar a criança que existe dentro de nós é outra teoria de Agostinho da Silva. Chega mesmo a fazer um trocadilho de palavras, considerando que ser adulto é ser adulterado.

Fala depois de novo dos homens do século XIII que foram, segundo o Professor, os arautos do futuro.

Com realização de António Marques Pinto, esta entrevista é mais uma interessante lição do Professor Agostinho da Silva.


Fontes: http://www.citador.pt/  
http://www.rtp.pt/programa/tv/p17695/e6;http://www.youtube.com/watch?v=ScQGh-RpD4M&list=PLB1cvCMdrns5lS7HC2nbJRWNNo1EVpKPP

Em Louvor das Crianças

O que se fizer com as crianças hoje, elas farão com a sociedade amanhã.
 
Karl Menninger
 

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição,
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!
Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

Miguel Torga, Brincar 
 
Hoje é Dia Mundial da Criança. É um dos dias mais especiais do ano, inteiramente dedicado aos seres de palmo e meio de todo o mundo.

Relembra a proclamação, pela ONU, da Declaração Universal dos Direitos da Criança.

Mas este dia deve ser sobretudo, para que nós adultos paremos para pensar sobre o presente e o futuro das nossas crianças.

É precisamente por isso que aqui deixo este vídeo, para nos ajudar a refletir sobre a importância de cuidar bem das nossas crianças, que representam o futuro.

De acordo com o educador Mário Sérgio Cortella, nós estamos a gastar o futuro por antecipação. Isto significa que nós estamos a gastar os meios que permitiriam a existência de próximas gerações.

Boa visualização e audição…



Fonte: http://lazer.publico.pt/noticias/320554_dia-mundial-da-crianca https://www.youtube.com/watch?v=t3C-N2gdlxI&list=PL99F0CF7C79524111 http://www.citador.pt/      


Deus, o Universo e Tudo o Resto


“Deus, o Universo e Tudo o Resto” é um colóquio de ensino, na tentativa de descobrir uma grande teoria unificada das leis que governam o Universo.

Este programa esclarecedor aprofunda-se em temas como: a Teoria Unificadora, a Teoria do Big Bang, a Expansão do Universo, o Tempo Imaginário, os Buracos Negros, a Inteligência Extraterrestre, o Conjunto de Mandelbro, as Origens da Criatividade e ainda Marte e Deus.

O documentário, produzido em 1988, revela ainda as esperanças em torno da exploração do espaço, as expectativas quanto ao lançamento do telescópio Hubble e a preocupação com as armas atómicas.

Mas também aqui encontramos três das maiores mentes científicas do planeta - Stephen Hawking, Carl Sagan e Arthur C. Clarke.

Stephen Hawking é um físico teórico britânico, que dedicou grande parte de sua vida a investigar as leis do tempo e do espaço, descrito pela Teoria da Relatividade de Einstein. Stephen Hawking, o genial físico de Cambridge, é considerado o sucessor de Galileu, Newton e Einstein.

Carl Sagan já falecido em 1996, foi como se sabe, um astrónomo norte-americano que desempenhou um papel muito importante no desenvolvimento do programa espacial americano, bem como suas contribuições à ciência planetária. Aqui revemos Carl Sagan no auge de sua saúde e da sua perspicácia intelectual.

Arthur C. Clarke também já falecido em 2008, foi um autor britânico de obras de divulgação científica, como por exemplo, “2001: Uma Odisseia no Espaço” e o premiado Encontro com Rama”, bem como pela sua visão otimista, relativa à possibilidade de exploração da nossa Galáxia.


Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=kebRmXSi_UU; http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_C._Clarke

A democracia, a crítica e o sofá de Freud


“Os que invalidam a razão devem pensar seriamente se estão a argumentar contra a razão com razão ou sem ela; se for com razão, estabelecem o princípio de que estão a trabalhar para a destronar; mas se argumentam sem razão (que, para serem coerentes consigo próprios, é o que devem fazer), estão fora do alcance da condenação racional e também não merecem um argumento racional.”

Ethan Allen*, in O Mundo Assombrado Pelos Demônios – A Ciência Vista Como uma Vela no Escuro de Carl Sagan (pág. 327)
 
Polemizar é debater ideias. Do debate brota a síntese, o caminho a seguir, embora haja quem marque passo.

Quem polemiza, justa ou injustamente, fica com travo amargo.

Quem escreve ou fala publicamente não escreve só por escrever, nem fala só por falar. Por diletantismo! Quer transmitir mensagens e ideias. De contrário, escreveria um diário íntimo ou usava um gravador para se ler ou se ouvir, ou mastigava silêncio que é ainda melhor.

Se a escrita ou a fala se dirigem à crítica social ou política vão gerar o tal travo amargo no criticado ou atingido, semeiam odiozinhos, coisas mesquinhas, muito pequeninas! Dissimulados de variadas formas.

Num espaço democrático, a participação cívica e política envolve, quase sempre, uma posição crítica, de discordância, onde se ponderam os dois pratos da balança: o opinador, os destinatários desta, os defensores e os adversários de um e outro.

É a participação cívica e política dos cidadãos na vida e enriquecimento democráticos.

É o “a, b, c” da dialéctica de um mundo democrático que, por isso mesmo, cada vez mais se sente em evolução e participativo.

A crítica pode operar-se com veemência, contundente, mordaz, mas deve ser lida como tal, crítica, modo diferente de ver e encarar as coisas, os problemas, os desafios que se colocam à República, à comunidade e ao indivíduo.

Bate o ponto aqui.

Uma palavra a mais, um dito a menos e infeliz, uma referência mais picante, odiozinhos antigos e dissimulados são erigidos a ofensas gravíssimas à honra e à dignidade.

Se o escriba avança a opinar discordantemente por aí fora, toda a honra fica abalada de dor, sofrimento e sangue.

A ofensa sobe quanto mais certeira foi a imputação!

Falam aí a ausência de poder de encaixe, a incapacidade de aceitação da crítica, a fragilidade das convicções, ao cabo e resto, défice de formação democrática.

O juiz penal é chamado para sarar a honra ofendida!

Se Eça de Queiroz cá voltasse (que jeito nos dava!), não haveria espaço em qualquer majestoso tribunal para arquivar os processos com que teria de alombar, cárcere onde o metessem, conta bancária que suportasse as indemnizações a pagar. Tal era contundente a sua crítica, corrosiva e certeira a ironia.

Mediocridades e pequenez! Convocar o juiz penal porque fulano ou sicrano no comentário ou opinião críticos não foi de destreza literária, causam grande fastio.

Há sábios de barriga a abarrotar de “ciência anónima, com vaga noção de tudo e conhecimento de nada”. Por aí pululam. Os “ressequidos”, Eça dizia. Não beberam uma gota “daquele leite de humana bondade..." de que falava o adorável Charles Dickens.

Atiram a pedra, ocultam a manápula!

Tomem o sofá de Freud!

 
Alberto Pinto Nogueira, Procurador-geral adjunto

in JORNAL O PÚBLICO (20/05/2013)

*Ethan Allen foi o chefe dos Green Mountain Boys, na tomada do Fort Ticonderoga.

Vida, Cultura e Trabalho




A Vida é cultura.
O homem é
Cultura das culturas,
é a cultura existencial.
As culturas são definidas como:
Hábitos,
Costumes,
Estilos de vida,
Arte,
Canção,
Poesia.

As culturas são diversas,
diversos são os povos,
e os povos têm
suas origens culturais.
Cultura exige cuidar,
e no cuidar da vida
ampliaremos o conceito
de cultura.

Se somos frutos de uma cultura,
Pensemos a originalidade que somos.
Se tudo o que fazemos demonstra cuidado,
Olhemos os desastres no universo.


 


Pensar é arte,
e arte é cultura.
A cultura do pensar
transforma o homem e
sua relação com o outro,
resultando em profunda
harmonia.


José Damião Limeira*



Este é mais um dos programas históricos que foram emitidos pela RTP em 1990, que foram gravados quatro anos antes da morte de Agostinho da Silva.

Por vezes críticas, por vezes divertidas, mas sem dúvida sempre abertas, francas e extremamente informativas, as Conversas Vadias mostram-se em muitas ocasiões admiravelmente atuais.
 
Neste episódio, Agostinho da Silva deixa claro que considera que a Educação de hoje está inteiramente comprometida. Sempre assertivo, explica que o problema não é dos alunos, mas sim das imposições de uma sociedade competitiva, que nos leva a considerar o trabalho como uma obrigação e não como uma ocupação de nosso gosto.


*José Damião Limeira, é um Filósofo, Poeta e Escritor brasileiro
Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk http://www.pucrs.br/mj/poema-diversos-826.php

Hino à Tolerância


Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...

Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.

Antero de Quental, Evolução, in "Sonetos"

  
Jackson Pollock, Moon-Woman cuts the circle (1943)
Já será grande a tua obra se tiveres conseguido levar a tolerância ao espírito dos que vivem em volta; tolerância que não seja feita de indiferença, da cinzenta igualdade que o mundo apresenta aos olhos que não vêem e às mãos que não agem; tolerância que, afirmando o que pensa, ainda nas horas mais perigosas, se coíba de eliminar o adversário e tenha sempre presente a diferença das almas e dos hábitos; dar-lhe-ão, se quiserem, o tom da ironia, para si próprios, para os outros; mas não hão-de cair no cepticismo e no cómodo sorriso superior; quando chegar o proceder, saberão o gosto da energia e das firmes atitudes. Mais a hão-de ter como vencedores do que como vencidos; a tolerância em face do que esmaga não anda longe do temor; então, antes os quero violentos que cobardes.
Mas tu mesmo, Marcos, com que direito és tolerante? Acaso te julgas possuidor da verdade? Em que trono te sentaram para que assim olhes de cima o resto dos humanos e todo o mundo em redor? Por que tão cedo te separas de compreender e de amar? Tens a pena do rico para o pobre, dás-lhe a esmola de lhe não fazer mal; baixaste a suportar o que é divino como tu; e queres que te vejamos superior porque já te não deixas irritar por gestos ou palavras dos irmãos. Mais alto te pretendo e mais humilde; à tolerância que envergonha substitui o cálido interesse pedagógico, o gosto fraternal de aprender e de guiar; não levantes barreiras, mas abate-as; se consideras pior o caminho dos outros vai junto deles, aconselha-os e guia-os; não os deixes errar só porque os dominarias, se quisesses; transforma em forte, viva chama o que a pouco e pouco se dirige a não ser mais que um gelado desdém.

Agostinho da Silva, in 'Considerações'

Fonte: http://bethccruz.blogspot.pt/ http://www.citador.pt/

Solidão, Tolerância, Trabalho e... Poesia!


"Acho graça às homenagens
que me prestam,
excelente sinal de ilusões
que a eles restam;

sou tão humano quanto os outros,
com qualidades e defeitos
e mais as manhas que se escondem
em seus peitos;

[...]

de nós nada mais deixamos
que vãs memórias,
só Deus é grande, só Deus é santo
e o demais histórias"

 Agostinho da Silva, “Uns Poemas de Agostinho”, pp.17-18


"A solidão é uma ocasião extraordinária de diálogo consigo próprio."

"Se a pessoa não fez consigo tudo o que achava necessário para se esquecer de si mesmo, está errada."

"A pessoa deve encontrar-se a si própria e fazer todo o possível para que não haja uma discórdia consigo mesma."

"Tolerar é já marcar uma superioridade."

"Aceitar os outros como eles são é outra coisa. Aceitar vem da palavra capturar, aceitar é tomar para si e tolerar não, é dar licença, com desprezo que o Outro seja assim."

Alice Cruz: "O que é isso de trabalhar por solidariedade?"

"É quando uma pessoa faz algo que não gostaria de fazer e vai fazer."

"O Elogio da Preguiça de Fernando Pessoa é totalmente contraditório em si mesmo.

Provavelmente deu-lhe bastante trabalho a escrever..."

"Tenho tido a grande sorte de só fazer coisas. Tive sempre a grande sorte de só fazer as coisas que tenho gozado."

"A poesia não é coisa que dê grande importância. (...) quando tem que sair, sai e depois durante muito tempo, não sai mais nenhuma."

Agostinho da Silva, Frases da entrevista



Fonte: http://www.citador.pt/ http://arevistaentre.blogspot.pt/ http://www.youtube.com/watch?v=q63Ycb8ZRec

A Liberdade e o Destino


Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, Conquista, in 'Cântico do Homem'


O ideal dos três S: o Sustento, o Saber e a Saúde.

"Na realidade, Liberdade e Destino são duas fantasias nossas, não há nada de real. Sobre as quais podemos constituir belos sistemas filosóficos."

Sobre a Engenharia Genética:

"Não se deve confundir Ciência com aplicação da Ciência"

"Quando o Homem cria uma peça ou máquina tem que decidir logo para que fim a vai usar."

"Se Dostoyevsky tivesse sido curado de sua epilepsia, o que o curaria por exemplo de ter escrito um romance... A pessoa tem que decidir o que é que faz e de que maneira faz. Não creio que a coisa melhor do Homem seja ser normal. Como também não me parece que a melhor fruta do mundo seja normalizada, como aquela que Portugal está aí agora a importar e que a CEE vai continuar a obrigar a importar."

"A pessoa nasce em determinadas circunstâncias, sem se dizer se elas são boas ou más. (...) É um problema esse de dizermos que uma pessoa tem determinados defeitos e qualidades. O que se deve dizer é que as pessoas têm determinadas características e o que nós por vezes verificamos é que são os defeitos que fazem as boas obras e as qualidades aquelas que muitas vezes as abatem.”

"Casos excepcionais é tudo o que há mundo. Cada um de nós é inteiramente excepcional. Não há nenhum Homem igual a nós em todos os biliões que existem, nem fisicamente, nem mentalmente.”

"Se é sua ideia que eu posso ajudar a resolver alguma coisa está inteiramente enganado. Eu posso ajudá-lo em o meu amigo tomar cuidado em não resolver coisa nenhuma. (...) Por dois lados, para não fechar a porta ao Futuro: Toda a pessoa que tomou uma resolução não quer saber de mais nada daquilo que venha depois, pode não se emendar de coisas que seriam mazinhas para a sua vida. Em segundo lugar, porque a pessoa resolveu qualquer coisa, é quase meio passo para estabelecer uma Inquisição qualquer, com a qual quer obrigar todos os outros a serem como ele e a chegarem à mesma verdade."

"Esse muro do Atlântico que travou o Império Romano, quem o foi derrubar? Foi um pequeno povo, quase esquecido, no Ocidente da Península que conseguiu que o muro se derrubasse e que o Império Romano, ou aquilo e que ele se transformara assim o passasse."

Agostinho da Silva, Frases da entrevista


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=q63Ycb8ZRec http://www.citador.pt/poemas/conquista-miguel-torga

A Persistência da Memória


 
O cérebro humano é ponto de embarque de todas as nossas viagens cósmicas. É um repositório de informação, como são os genes que evoluíram muito mais cedo e os livros que despontaram muito mais tarde.

No início deste 11º episódio da série Cosmos, Carl Sagan caminha por um campo, para nos dizer que a superfície da Terra é muito mais bonita e complexa do que qualquer mundo sem vida. É precisamente a grande complexidade de vida na Terra, que se desenvolveu ao longo de 4 biliões de anos de seleção natural, que nos mostra a nossa verdadeira riqueza.

Compara depois uma rocha a um ser vivo, para nos dizer que é preciso muito mais informação para caracterizar uma coisa viva. Fala-nos então do Bit, a menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida, dizendo-nos que com 20 perguntas habilmente escolhidas poderemos obter as informações desejadas e até reduzir o Cosmos a um simples dente de leão.

Em seguida, abordo da sua nave espacial intergaláctica, diz-nos que deveremos fazer as perguntas certas para conhecermos o Cosmos. Mas para desvendarmos a sua ordem básica, não serão apenas necessárias 20 perguntas, mas sim bilhões de perguntas, feitas com um propósito sério, a que se chama Ciência.

Sagan parte da noção de bit e passa para a análise da inteligência na vida marinha, em especial o caso dos cetáceos.

Leva-nos a visitar um possível mundo exótico habitado, com uma extensa superfície composta por um líquido e nele podemos procurar a inteligência dominante existente por baixo da sua superfície liquida. É ai que vemos uma enorme variedade de organismos vivos, que parecem violar a fronteira entre o reino animal e vegetal. Este é o mundo subaquático do planeta Terra, desconhecido por tantos de nós.

Depois, Carl Sagan abordo de um navio de pesquisa oceânica, leva-nos a examinar uma das outras espécies inteligentes que connosco partilham o planeta... as grandes baleias, para constatarmos que com elas temos muito em comum.

Diz-nos que as baleias durante dezenas de bilhões de anos, não tiveram predadores naturais, até que apareceu uma criatura alienígena e mortal, na plácida superfície do oceano, para as chacinar e quase as ameaçar de extinção. Essa criatura é o Homem.

Fala-nos depois das canções das baleias, para nos dizer que elas não têm órgãos manipulativos, não podendo por isso fazer grandes obras de engenharia, mas são criaturas sociais e tal como nós, passeiam, nadam, brincam, caçam, pescam, acasalam, divertem-se e fogem de predadores, e podem como nós, ter muito o que conversar.

Mas somos nós que assassinamos as baleias!... Usamos muitas vezes a palavra monstro para definir animais diferentes, ou maiores do que nós, e por isso para nós assustadores. Mas o que na realidade é um monstro? As baleias, ou os humanos que as dizimaram, levando-as quase à extinção? Andamos interessados em comunicar com inteligência extraterrestre, mas não seria melhor preocupar-nos em comunicar verdadeiramente com os seres terrestres que nos rodeiam?

Carl Sagan fala-nos depois no DNA, a molécula cuja função é armazenar e copiar informação. Na realidade o DNA é linguagem mais antiga que existe, é o idioma da vida.

Leva-nos depois por uma caminhada pelo cérebro humano para que testemunhemos a arquitetura do pensamento. Sagan penetra então na "Biblioteca Cerebral", onde estão armazenados bilhões de bits de informação.

O cérebro humano é ponto de embarque de todas as nossas viagens cósmicas, o córtex cerebral, onde a matéria é transformada em consciência. Aqui, ocupando mais de 2/3 de massa cerebral, é o reino da intuição e da análise critica. É também aqui que temos ideias e inspirações, é aqui que lemos e escrevemos, é aqui que fazemos matemática e música. O córtex regula a nossa vida consciente, ele é a distinção da nossa espécie, o local da nossa humanidade. A arte e a ciência vivem no córtex cerebral e a civilização é um seu produto.

Os lóbulos frontais são os locais onde podemos antecipar factos, onde imaginamos o futuro. Mas se podemos apercebermo-nos de um futuro desagradável, podemos também tomar medidas para o evitarmos. Nos lóbulos frontais poderão estar os meios para assegurarmos a sobrevivência humana, se tivermos sabedoria para prestar atenção.

A informação armazenada no nosso cérebro, reside nos neurónios, onde se faz o repositório de informação. O que sabemos está codificado nos neurónios, conectados entre si, formando uma grande tecelagem encantada. Cada um de nós tem no seu cérebro o mesmo número de neurónios, do que estrelas na nossa galáxia Via Láctea.

O mundo do pensamento é dividido em dois hemisférios. O hemisfério direito do córtex cerebral é o principal responsável pelos padrões de reconhecimento, intuição, sensibilidade, perceções criativas, e o hemisfério esquerdo está destinado ao pensamento racional, analítico e critico. São estes os opostos essenciais que caracterizam o pensamento humano, e à nossa volta, estão os meios para avaliar ideias, como para testar a sua validade.

A criatividade e a análise são os dois elementos essenciais, para conseguirmos entender o mundo, e a paixão pela aprendizagem é a chave para a nossa sobrevivência.

O córtex cerebral é uma liberação, que nos liberta dos padrões de comportamento das outras espécies, relativos ao território, agressão e hierarquias de dominação. Somos largamente responsáveis pelo que é colocado no nosso cérebro, e temos a liberdade de nos mudarmos a nós mesmos.

Carl Sagan faz uma analogia do cérebro com uma grande cidade, uma biblioteca e um computador.

Compara depois o cérebro humano com a cidade de Nova York, explicando-nos o seu crescimento, para nos dizer que o cérebro é muito mais conservador do que a cidade. No entanto, há medida que o conhecimento foi avançando, tivemos que começar a armazenar o conhecimento fora do nosso corpo. Nasceram assim as bibliotecas, e com elas a memória pública.

Diz-nos que escrever talvez seja a maior das invenções humanas, unindo pessoas estranhas que jamais se conheceram, quer em épocas, quer em distâncias. Os livros rompem os grilhões do tempo e são também a prova de que os humanos são capazes de fazer mágica.

Carl Sagan leva-nos a uma sala de biblioteca cheia de livros antigos e mágicos, para nos contar a história da escrita, desde a escrita coniforme até ao tempo atual, unindo genes, cérebros e livros.

A própria informação evolui, alimentada pela informação aberta e pela pesquisa livre. As unidades de informação biológica são os genes, e as unidades de evolução cultural são as ideias, que são transportadas por todo o planeta, e reproduzem-se através da comunicação.

A informação nos últimos anos tem crescido drasticamente devido aos computadores e à Internet. Os computadores podem armazenar e processar uma quantidade imensa de informação de modo extremamente rápido, dando origem a uma grande revolução da informação. É o potencial para poder unir todos os cérebros da Terra, para uma consciência planetária.
 
Diz-nos também que um pouco da informação existente nos nossos genes, nos nossos cérebros e nas nossas bibliotecas, foi enviado a bordo da nave espacial interestelar Voyager, no precioso disco dourado, apresentado como um símbolo do conhecimento acumulado pela humanidade ao longo da sua evolução, e que é dirigido a seres de épocas futuras e até de outros mundos…É uma mensagem na garrafa, vagando no oceano Cósmico...
 
A não perder! 
 
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=1keRNllp94g

Mais informações:

O Ser Humano como Animal em Ruínas


Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.

António Gedeão, Homem, in 'Movimento Perpétuo'

Todas as ciências falam do medo: o homem ao tornar-se consciente ascende à condição de animal que conhece, como nenhum outro, sua inviabilidade biológica.

Seja no ambiente externo onde se move sob a ameaça da lógica implacável do mundo, seja no espaço interno onde habita a sua ruína (a consciência dessa lógica implacável), não há como não perceber a condenação ao fracasso fisiológico final.

O medo é um sinal de que somos continuamente ameaçados pela falta de sentido da vida, pela perceção da deformação final do corpo, pela violência da ciência, pela indiferença do Universo.

Como nossos ancestrais na savana africana, marchamos em direção a um horizonte que não parece ter em seus planos a nossa felicidade. Então, como enfrentar o terror cósmico?



Esta é mais uma palestra do Café Filosófico, realizada por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta brasileiro, que atualmente, é Vice-Diretor e Coordenador de Curso da Faculdade de Comunicação da FAAP; professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e de Filosofia na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
 


Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=2wxBG1kZIZw; http://www.citador.pt/poemas/homem-antonio-gedeao

http://pt.wikipedia.org/

Apenas animais…


“Sem hipocrisia não há civilização, e isso é a prova de que somos desgraçados: precisamos da falta de caráter como cimento da vida coletiva.”
  Luiz Felipe Pondé


A Criação de Adão, de Michelangelo Buonarroti

“Coimbra, 16 de Outubro de 1945 – Uma cobra de água numa poça do choupal, a gozar o resto destes calores, e umas meninas histéricas aos gritinhos, cheias de saber que o bicho era tão inofensivo como uma folha.
Por fidelidade a um mandato profundo, o nosso instinto, diante de certos factos, ainda quer reagir. Mas logo a razão acode, e o uivo do plasma acaba num cacarejo convencional. Todos os tratados e todos os preceptores nos explicaram já quantas espécies de ofídios existem e o soro que neutraliza a mordedura de cada um. Herdamos um mundo já quase decifrado, e sabemos de cor as ervas que não devemos comer e as feras que nos não podem devorar. Vivemos numa paz de animais domésticos, vacinados, com os dentes caninos a trincar pastéis de nata, tendo aos pés, submissos, os antigos pesadelos da nossa ignorância. Passamos pela terra como espectros, indo aos jardins zoológicos e botânicos ver, pacata e sàbiamente, em jaulas e canteiros, o que já foi perigo e mistério. E, por mais que nos custe, não conseguimos captar a alma do brinquedo esventrado. O homem selvagem, que teve de escolher tudo, de separar o trigo do joio, de mondar dos seus reflexos o que era manso e o que era bravo, esse é que possuiu verdadeiramente a vida e o mundo. Diante duma natureza inteira e una, também ele tinha necessariamente de ser inteiro e uno. Sem amigos e sem vizinhos, sozinho contra as árvores e contra as sombras, ele era uma fortaleza em si, tendo na própria pele as ameias. Que totalidade a de um ser que não pode confiar senão em si! Socialmente, seremos assim (e somos, certamente) mais fáceis de conduzir, mais úteis, mais progressivos. Mas, individualmente, a que distância estamos de um homem das cavernas! Que tamanho o dele, a caçar bisões, e que pequenez a nossa, a ganhar taças em torneios de tiro aos pombos!
O nosso gritinho de horror diante de qualquer lesma dá bem a perdição a que chegámos. Civilizámo-nos, mas à custa da nossa mais profunda integridade, dispersando-nos nas coisas que fomos desvendando.
Na cobra de hoje ninguém viu sinceramente veneno ou morte. Vimos todos, sim, o manual que aprendemos no liceu. E o estremecimento das meninas histéricas, eco delido do uivo profundo de pavor e de incerteza dos nossos antepassados, foi dum ridículo tal que respingou outros aspectos e outros recantos da existência. Que espécie de sinceridade profunda, de lealdade incontroversa, haverá, por exemplo, em acreditar em Deus com a bomba atómica na mão?
É bem que o homem faça todas as experiências, inclusivamente consigo. Que liberte a energia das pedras e se liberte também a si de todas as clausuras. Mas os instintos? Poderá, na verdade, ele viver desfalcado dessa força que o fechava como um punho e lhe dava uma coesão igual à dos átomos antes de serem bombardeados? Pelo caminho que levamos, um dia virá em que tudo em nós será consciência, compreensão e sabedoria. Mas nessa mesma hora estaremos desempregados no mundo. Todos saberemos resolver a equação da vida na ardósia negra onde dantes eram as trevas da nossa virgindade criadora, mas talvez já não haja vida, então.” …
Miguel Torga, in "Diário (1945)", vol. IV, 1999, Publicações Dom Quixote, pág.250 e 251

Limites: a formação necessária do Superego


Hoje olhamos, falamos e discutimos muito sobre a violência e as consequências sociais e psicológicas dela decorrentes, mas, o que mais nos assusta e atinge é a indiferença com que o violento se comporta, como não se importasse nem com o seu ato e muito menos com as consequências dele; como se nada do que nos horrorizasse fizesse algum sentido; mas, assim também é com o menino que rouba ou com o jovem que atropela porque bebeu.

São as sequelas da ausência de lucidez, a Aufklãrung de Kant ou a ausência do Superego de Freud, que pode ser adquirido no colo de um cuidador.

Esta é mais uma excelente palestra do Café Filosófico, realizada por Ivan Capelatto, psicoterapeuta, psicólogo clínico e professor do curso de pós-graduação em pediatria da Faculdade de Medicina da PUC do Paraná. Ivan Capelatto é também autor da obra Diálogos sobre Afetividade - o nosso lugar de Cuidar (2001).

No entanto, embora Ivan Capellato aborde com pormenor o assunto, deve aqui ficar feita a diferenciação entre Id, Ego e Superego, para melhor entendimento daquilo que se escutar nesta ótima palestra.

O que é o Id? Id significa identidade. Mas Id também é uma das três estruturas do aparelho psíquico, juntamente com o Ego e o Superego. O Id é responsável pelos instintos, impulsos orgânicos, e os desejos inconscientes. O Id não tem contato com a realidade e pode satisfazer-se na fantasia, mesmo que não realize uma ação concreta referente aquele desejo.

Os psicopatas têm um Id dominante e um superego muito reduzido, o que lhes tolhe o remorso, sobressaindo a falta de consciência moral.

E o que é o Ego? O Ego é a segunda natureza existente na nossa psicologia. É a nossa parte mais grotesca, a nossa parte animal, que infelizmente se constitui em 97% da nossa psicologia. A essência constitui-se apenas em 3%, porém está adormecida, inconsciente... Então a conclusão disto tudo é que passamos a vida toda adormecidos, achando que vivemos em plena consciência.

Vivemos a vida do Ego, com as suas preocupações, preconceitos, rancores, invejas, maledicências, orgulhos, luxúria, vaidades, materialismos, enfim os nossos pecados capitais; ou vivemos de lembranças do passado ou de planos para o futuro, e esquecemos de viver o momento presente, o agora, isto é o exato instante.

Finalmente o que é o Superego? O Superego designa na teoria psicanalítica, uma das três instâncias dinâmicas do aparelho psíquico. É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade.

O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado; e a consciência moral (al. Gewissen), que determina o mal a ser evitado. O Superego tem três objetivos: Inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (consciência moral); Forçar o ego a comportar-se de maneira moral (mesmo que irracional); Conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras (ego ideal).

O Superego forma-se após o Ego, durante o esforço da criança de intrometer os valores recebidos dos pais e da sociedade, a fim de receber amor e afeição.

Segundo o livro de André Luiz (um autor espiritual, que escreve pela mão de Francisco Cândido Chavier), "Num Mundo Maior", o nosso cérebro é como um castelo de três andares. No primeiro andar, o sistema nervoso, é a sede de nossas atividades subconscientes, onde estão arquivadas todas as nossas experiências, desde os menores factos. No segundo andar, na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos a parte do cérebro que sintetiza as energias necessárias para nossas conquistas atuais. É onde reside o consciente. O terceiro andar representa a parte mais nobre deste castelo. É onde fica o superconsciente, e onde estão escritas as leis divinas. As metas superiores estão aí, em forma de embrião à espera para desabrochar...


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Lf7SeEfy_s8

Fontes / Ler mais em: http://www.significados.com.br/id/ http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060710112137AAm7Hnl http://pt.wikipedia.org/wiki/Superego http://espiritismo-br.blogspot.pt/2009/05/limites-formacao-necessaria-do-superego.html