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É mentira que seja um combate sem quartel...



Se o conhecimento traz problemas, não é a ignorância que os resolve...

Na luta de classes o filho da puta tenta parecer que está do teu lado. Saltita para administrar os interesses da sua classe. É verdade que Portugal não pode manter todos os privilégios e ineficiências que alimentam tantos filhos da puta. É mentira que seja um combate sem quartel. O nosso quartel é a rua. Amanhã sai de casa. Vem fazer a luta. Rua a rua. Corpo a corpo.

Só os cobardes se movem no escuro...
 


Fonte: http://5dias.net/2011/09/30/como-se-combate-um-filho-da-puta/

Google???... Em jeito de chantagem...



A imprensa europeia está revoltada com a Google, acusando-a de pilhar as suas riquezas sem nada pagar em troca. Esta é uma visão cada vez mais partilhada por governos e empresários da comunicação social europeia.

Começa pelo parlamento alemão, que se prepara para aprovar uma “Lei Google”, com o objetivo de obrigar os motores de busca a pagar pelos conteúdos de informação que apresentam.


Em França, François Hollande acaba de deixar um ultimato claro nas mãos de Eric Achmit, o número dois do Google, dando-lhe apenas 3 meses, para que haja um entendimento com a imprensa francesa. Caso contrário, o governo francês fará aprovar uma lei que atingirá a Google e empresas similares. Uma solução imposta pela dureza dos californianos que recusaram qualquer diálogo.
“Recordo-me ainda do dia em que Carlo d’Asaro, diretor do Google Europe, me disse que jamais pagaria um cêntimo pela informação, pois ela não tinha qualquer valor”, recorda, indignado, Francis Morel, presidente do grupo editorial francês Les Echos.
A informação não tem valor? É precisamente o que repetem os responsáveis do Google, em todos os países, a todos os editores. “A sua tática é simples: dizer a cada um que é o único a queixar-se e que essa atitude não tem nenhuma possibilidade de êxito”, refere o alemão Christoph Keese, responsável pelas relações públicas do colosso editorial alemão Alex Springer.
Há um momento em que a tática de “dividir para reinar” não funciona: é quando os cofres dos jornais ficam vazios, enquanto os do Google transbordam, graças à venda dos seus “links com patrocínios”. Os editores exigem-lhe pois, que partilhe as receitas que os seus artigos geram, mas a resposta da multinacional é sempre negativa.
”Somos a principal fonte de tráfego dos jornais. Damos-lhes 4 milhões de cliques por mês, no planeta. Compete-lhes transformar este tráfego em receitas de publicidade”, dizem os seus porta-vozes, acrescentando que a empresa coloca à disposição dos jornais o poder da sua máquina publicitária, assim como toda a sua experiência. Este discurso exasperou os alemães, que resolveram obrigar a Google News a pagar a sua contribuição. Os dois gigantes locais da informação, a Bertelsmann e a Axel Springer, fizeram causa comum desta luta, desde há quatro anos, e convenceram Angela Merkel a apresentar uma lei. O parlamento alemão vai examiná-la nas próximas semanas, e como é apoiada por ambos os partidos da coligação no poder – CDU e liberais – será improvável um fracasso… apesar da oposição dos socialistas e dos Verdes.
“O que mais nos surpreendeu foi a recusa do Google de negociar o que quer que fosse connosco. Todos os outros agregadores de conteúdos e motores de busca vieram discutir. “Eles não” revela Christoph Keese, que se espanta, igualmente, com a estratégia de uso da força da empresa: “Um pequeno grupo de empresários de Internet apoia-os ruidosamente, falando de liberdade. Descobrimos que eram financiados pelo Google de forma totalmente opaca.” Sente-se hoje aliviado, por os editores franceses terem desencadeado uma ofensiva semelhante à sua: “É a melhor das notícias, pois demonstra que não somos os únicos a pensar assim.”
Em Portugal também se começam a levantar vozes contra os agregadores de conteúdos. Francisco Pinto Balsemão, presidente do conselho de administração do grupo Impresa, ao qual pertencem a VISÃO, a SIC, o Expresso e outros meios de comunicação social, deixou bem clara a sua posição sobre o Google e outras empresas similares. “Os grandes agregadores de conteúdos – eles próprios não produzem conteúdos – não podem continuar a usar e a abusar dos nossos conteúdos, a tirarem-nos a publicidade e a não serem obrigados a recompensar-nos”, disse durante a conferência Media de Futuro, promovida pelo Expresso e pela SIC Notícias. (...)

Claude Soula, in Revista VISÃO, pag. 66/67, de 15 a 21 de novembro de 2012.



Enfim!… Agora, também têm o descaramento de pedir dinheiro aos utentes dos blogues, para que estes possam publicar neles as suas próprias fotos (ficando com a sua publicação impedida em jeito de chantagem - "ou pagas ou não publicas!"), que lhes são dadas de mão beijada, para além de lhes darem a publicação de muitos textos com muita informação, que são resultantes de muitas horas de trabalho totalmente gratuito, usando estes blogues para aplicar publicidade a seu belo prazer. Enfim!...

Para além de tudo isto, ainda usam como prática habitual (pelo menos no que me diz respeito) várias arbitrariedades, como: 1 - Descriminação, exigindo a uns uma retidão a nível cientifico, no que se refere à colocação das referências bibliográficas e web gráficas e descurando muitos outros, senão a maioria, que livremente usam textos na integra, sem qualquer tipo de referência. 2 – Impedimento de consulta de sites (para impedir a verificação correta do link a referir, como aconteceu quando quis retificar o poste, Chegada a Amarante - 3º Dia - Parte III); 3 -Impedimento da publicação normal, obrigando a uma publicação em HTML (quer de texto, quer de imagens, obrigando a um maior dispêndio de tempo na publicação das postagens), durante mais de um ano, o que revela mais uma vez descriminação em relação aos outros blogues; 4 - Impedimento de retificar algumas postagens, só conseguindo fazê-lo depois de ter passado o poste para rascunho e depois publicá-lo em HTML; 5 - Impossibilidade de colocação de imagens no Layout, para impedir não sei bem o quê! (será que só eles querem ter o direito de colocação de publicidade na blogosfera?...)


Ler mais em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-google-contra-os-jornais-europeus-,951635,0.htm

A nova lógica “PRECrisiana”…


“Os ricos que paguem a crise!!!”
Devido à recente crise, este antigo slogan parece estar outra vez na moda!... Esta é talvez a frase mais demagógica e invejosa que pode ser proferida nos dias que vivemos. Por isso quando a ouço de alguém, o carimbo é de invejoso. Ainda mais quando sabemos que vivíamos e ainda vivemos, querendo ser proprietários de alguma coisa. Não foi por isso que as famílias portuguesas se endividaram até à ponta dos cabelos, querendo ter o que não podiam?
Se a memória não me falha, este slogan foi popularizado nos anos 70 pelo então deputado da UDP, o já falecido Acácio Barreiros, na época do PREC, o processo revolucionário então em curso.  
Segundo nos diz o Presidente da APEMIP e julgo que muitos concordam, Num país onde se construiu mais nos últimos 30 anos do que durante os mais de oito séculos da nossa nacionalidade, a propriedade imobiliária deixou de ser um sinal exterior de riqueza”. Mas no entender também de muitos outros, isso só é assim para os devedores desses imóveis.
Para aqueles que realmente os possuem (isto é, que já não os devem), esses são “ricos” e como na época do PREC, os seus bens de preferência deveriam ser “nacionalizados”, devendo os impostos também de preferência só recair sobre esses, porque os outros coitadinhos só podem ir pagando aquilo que devem.
Os outros, os reais proprietários, são para a sociedade em CRISE, “aqueles que devem pagar a crise”. Até porque são uns desalmados, por não partilharem as suas propriedades com os mais pobres, não dando um quartinho ou um anexo de suas casas às famílias que coitadas, por algum motivo perderam as suas casas ou sofreram "desapropriações", por falta de pagamento das prestações do crédito imobiliário. Estes na “nova” lógica “PRECrisiana” são uns verdadeiros malandros, porque guardam aquilo que é seu somente para si.
É nesta lógica que os políticos nunca são punidos por usarem os dinheiros públicos a seu belo prazer, gastando com mordomias o dinheiro dos nossos impostos, não se preocupando em criar riqueza para o seu País. Porque afinal são “os ricos”, que sempre pagaram os seus impostos, que “devem pagar a crise!”

Otária, eu?


Cobaia é um termo que quando aplicado a seres humanos, designa a pessoa que serve de objeto a pesquisas científicas e como é lógico só pode ser como manda a ética, um termo bastante pejorativo.

Olhando o que me rodeia, só posso chegar a uma conclusão, “Eu devo ter mesmo cara de otária”, se não, não haveria à minha volta e há tanto tempo, tantos que me quisessem experimentar. E ainda por cima e na maioria dos casos, pessoas que mal se conhecem a si proprias. É preciso não terem vergonha na cara!

Que diabo será que não têm mais nada para fazer???  E ainda se debate, do ponto de vista ético, o caso das cobaias animais, por não terem escolha livre na participação de uma pesquisa… Arre que é demais!...

Lute e seja Feliz!



É necessário combater quem deixa o país a saque. É urgente fazer a rutura com este caminho! Estas foram as frases com que acordei hoje, lidas na capa da revista da FENPROF, ainda dentro do plástico, em cima da minha mesa-de-cabeceira.
Lendo as notícias da manhã, na internet sobre o dia de ontem, quase todas referem as manifestações contra a austeridade em Portugal e Espanha.
Nas páginas do iInformação (www.ionline.pt), uma das responsáveis pelas manifestações de sábado, dia 13 de outubro, diz-nos que, “No seguimento das manifestações de 15 de setembro, a cultura resolveu também manifestar-se num projeto multicultural que irá reunir a cultura nas suas várias vertentes, desde a representação, música e artes plásticas”. “Com este protesto, os artistas pretendem “dar a cara através da arte”, uma vez que a cultura é importante para a identidade de um país.
No Público com título Manifestações anti-troika em mais de 30 cidades em Portugal”, refere que o protesto teve origem num apelo, divulgado a 27 de Agosto, por um grupo de perto de 30 pessoas de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos, contra as políticas da troika, que acusam de promover “o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida”.
Diário de Noticias refere que os “Manifestantes que permaneceram até ao final do protesto convocado para sábado para a Praça de Espanha, em Lisboa, asseguram que, embora nunca tenham estado "a dormir", "acordaram" para "dizer não à 'troika'". Recorda ainda o emotivo momento simbólico em que o poema cantado "Acordai", de Fernando Lopes Graça, foi interpretado por um coro em seis línguas, dizendo “A canção foi entoada em grego (enquanto uma bandeira da Grécia esvoaçava entre a assistência), espanhol, italiano, alemão, inglês e francês, e posteriormente cantada em português.
Refere ainda a participação do grupo Deolinda, que apelou para estarmos "presentes, ativos e vigilantes" e para as pessoas "deixarem de inventar desculpas", falando-nos de uma manifestante, que depois de ter estado presente na manifestação convocada pela central sindical CGTP em frente à Assembleia da República, também para a tarde de 13 de outubro, decidiu ir até à Praça de Espanha porque "é tempo de as pessoas se manifestarem de forma visível".
No Expresso o título é sugestivo: "Um país sem cultura deixa de ter valores" e podem ler-se mais adiante, muitas frases ditas por cidadãos anónimos que aqui devo registar, uma vez que mostram o descontentamento geral, sobre as arbitrariedades das politicas que já há muito tempo vêm sendo implementadas neste país:
"A forma como estão a ser taxados os impostos às pessoas sem critérios, o trabalho precário, a desvalorização das pessoas, trocando-as por números".
"Um país sem cultura é um país escravo" e, como tal, a manifestação em Lisboa - e todas as que se realizaram no país - são atos de democracia contra o "genocídio social" do atual Governo”.
"Não é normal os artistas juntarem-se assim, sem cachês", e, além disso, os portugueses "estão a ganhar consciência de uma forma cívica e fora dos partidos e dos sindicatos", o que é muito importante”.
“Em luta pelo futuro "que está comprometido", outro cidadão afirmou à Lusa. "Somos diferentes dos gregos, dos espanhóis. Enquanto os gregos partem, nós manifestamo-nos com outra voz, a cultura dá voz ao povo e consegue-se ir mais longe", defendeu.”
Faço votos que estas bonitas manifestações e todas estas frases proferidas, não sejam sol de pouca dura, e que desta feita o povo português vá conquistando aos poucos e na realidade, os valores de quem mais ordena.
 
Não se deve perder a esperança. Deve-se agora relembrar mais do que nunca os valores de Abril e lutar por um Mundo melhor. Ideologias à parte, devemos desejar a felicidade, a liberdade, a justiça, a solidariedade (...). Não se deve perder a esperança porque muito pode e deve ser feito.
Lute e seja feliz!
 

Filhos, melhor não tê-los…

 
No imaginário popular, costuma-se associar a nobreza, a alguma linhagem de ‘sangue azul’. No livro de Sérgio Alberto Feldman,Amantes e Bastardos: As relações conjugais ou extraconjugais na alta nobreza portuguesa no final do século XIV e início do século XV”, fica-se a preceber o quão híbrido pode ser o sangue da nobreza portuguesa, no período tardio da Idade Média.


O casamento era uma aliança política, forjada de acordo com interesses estratégicos do reino, fosse para selar acordos de paz ou agregar terras. Enquanto isso, as relações extraconjugais eram o refúgio para o prazer.


“O verdadeiro amor ocorria fora do casamento e os filhos naturais eram às vezes mais amados pelos seus pais, pois eram o fruto de relações espontâneas e de fundo afetivo e não de meros casamentos cuja motivação era dinástica”, escreve Feldman.


No entanto em todas as sociedades houve sempre filhos legítimos e ilegítimos. Como todos sabemos os filhos legítimos são todos aqueles que nascem dentro do casamento de seus pais. Filiação ilegítima (sendo um termo em alguns países mais evoluídos hoje em desuso) porém designa a prole nascida fora dos laços do matrimónio.


Outros termos utilizados para definir tal relação entre pais e filhos, é bastardia, filiação adulterina ou filiação natural, sendo este último termo do ponto de vista humano, o mais aceitável de todos.


No Brasil, por exemplo, o termo foi posto deliberadamente em desuso na formulação do código civil, em vigor desde 11 de janeiro de 2003, pois é considerado discriminatório. Além disso, a legislação não prevê diferença nos direitos de filhos concebidos dentro ou fora do casamento. Em Portugal esta discriminação foi também abolida pelo artigo 36º, n.º 4 da Constituição da República Portuguesa de 1976, que proíbe a discriminação em relação aos filhos nascidos fora do casamento. Esta proibição originou uma alteração nas leis e consequentemente à consagração do tratamento igual para os filhos, deixando aos olhos da lei de existir filhos “ilegítimos”.


Os direitos e o estatuto legal dos bastardos foi variando em diversas culturas e em diversas épocas e em especial em diversas classes sociais ao longo dos tempos, parecendo ser nas classes mais baixas (por ignorância ou desumanidade), que o estatuto de filho ilegítimo teve sempre maior conotação negativa.


Nas classes mais altas, estes geralmente não tinham direito à herança dos pais ou das mães, mas frequentemente recebiam doações ou honras dos pais ou irmãos legítimos, ou os testamentos dos pais podiam determinar uma herança específica.


Em Portugal porém, desde o início da nossa nacionalidade, a classe dominante nasceu da “ilegitimidade”, uma vez que D. Teresa de Leão era filha ilegítima de D. Afonso VI de Leão e Castela com Ximena Moniz, uma nobre castelhana. Assim o Condado Portucalense foi herdado por uma filha ilegítima e o nosso primeiro rei D. Afonso Henriques, era neto ilegítimo do mesmo soberano castelhano-leonês.


Segundo Isabel de Lencastre, in Bastardos Reais, Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal, dos 32 reis portugueses, seis não tiveram filhos e, dos restantes 26, apenas D. Manuel I, o Venturoso, que se casou três vezes, e D. José, "muitas vezes enganado pela sua mulher", não tiveram filhos fora da alcova nupcial.


Daí que desde sempre as acusações de bastardia serviam sobretudo para retirar rivais do caminho das sucessões ou heranças dos pais. Entre outros casos, Isabel de Castela usou esta arma para afastar Joana de Castela do trono castelhano e Filipe I de Portugal (Filipe II de Espanha), argumentou a ilegitimidade de D. António, Prior do Crato, filho do casamento secreto do Infante D. Luís com a linda e rica cristã-nova, Violante Gomes e neto do rei D. Manuel I, para subir ao trono de Portugal.


Todavia, apesar de não terem regalias oficiais, os bastardos reais tinham deferência e proeminência face a titulares administrativos, militares ou eclesiásticos e desempenharam "posições de relevo na corte e no país", e alguns ascenderam mesmo ao trono, como D. João I (filho bastardo de D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço, uma aristrocrata galega), décimo rei de Portugal que fundou a Dinastia de Avis.


A Casa de Bragança, a que pertence a última dinastia reinante em Portugal, tem ascendência na Casa de Avis, e, portanto também, na Casa fundadora da nação portuguesa - a Casa de Borgonha. D. João I é por isso mesmo um antepassado de D. Duarte Pio de Bragança, atual pretendente ao trono de Portugal e detentor atual do título de duque de Bragança, reivindicando direitos dinásticos sobre os títulos de Príncipe Real de Portugal e Rei de Portugal. Sendo, portanto, o chefe da Casa de Bragança e, por inerência, o chefe da Casa Real Portuguesa.


Porém os filhos bastardos do povo eram (e são ainda hoje) muitas vezes renegados, sedo-lhes negada por vezes a ascensão cultural, como foi no caso do maior génio da história da humanidade, Leonardo da Vinci, filho ilegítimo de um notário, Piero da Vinci, e de uma camponesa, Caterina, em Vinci, a quem foi negada uma educação formal e o estudo do latim.


Ironia do destino é que um grande número de “nomes sonantes” portugueses (ler o livro de Isabel de Lencastre, Bastardos Reais) que têm a pretensão de estar ligados à Casa Real Portuguesa, dizendo dela descender por laços de bastardia, descendam por sua vez de famílias, também elas com filhos naturais, a quem foi negada a todo o custo a sua legitimação.
 
Fonte: http://familia.sapo.pt/ http://cienciahoje.uol.com.br/ http://www.vidaslusofonas.pt/ http://www.infopedia.pt/ http://pt.wikipedia.org/ Isabel de Lencastre, Bastardos Reis, Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal, 1ª Edição, Oficina do Livro, 2012; Sérgio Alberto Feldman, Amantes e Bastardos, As relações conjugais ou extraconjugais na alta nobreza portuguesa no final do século XIV e início do século XV, 2ª Edição, Editora Edufes, 2008.

"Vivo como penso sem pensar como vivo."



“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida.”

Clarice Lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'

 
“A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruína-se. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida.”

Franz Kafka, in 'Conversas com Kafka'

 
“Quando se escreve é não somente para ser compreendido, mas também para não o ser. Um livro não fica diminuído pelo facto de um indivíduo qualquer o achar obscuro: esta obscuridade entrava talvez nas intenções do autor, não queria ser compreendido por qualquer bicho careta. Qualquer espírito um pouco distinto, qualquer gosto um pouco elevado escolhe os seus auditores; ao escolhê-los fecha a porta aos outros. As regras delicadas de um estilo nascem todas daí; são feitas para afastar, para manter a distância, para condenar o «acesso» de uma obra; para impedir alguns de compreender, e para abrir o ouvido aos outros, os tímpanos que nos são parentes.”

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência”

Fonte: O título desta postagem, "Vivo como penso sem pensar como vivo." é de José Adelino Fonte Maltez, in Diário de Notícias / 20080419

Dá-me música para ver se eu gosto!...


"Critica o tolo, e ele te odiará, critica o sábio, e ele te amará."
 
Bíblia Sagrada

A Amizade e o Amor Segundo uma Lógica de Bazar

Desconfia-se do que é dado e pesa-se o que se recebe. A amizade e o amor parecem gerir-se, por vezes, segundo uma lógica de bazar. Já nem é considerado má-educação perguntar quanto é que uma prenda custou. Se esse preço é excessivo chega-se a dizer que não se pode aceitar. Recusar uma dádiva é como chamar interesseiro ao dador. É desconfiar que existe uma segunda intenção. De qualquer forma, só quem tem medo (ou corre o risco) de se vender pode pensar que alguém está a tentar comprá-lo. Quem dá de bom coração merece ser aceite de bom coração. A essência sentimental da dádiva é ultrajada pela frieza da avaliação.

A mania da equitatividade contamina os espíritos justos. É o caso das pessoas que, não desconfiando de uma dádiva, recusam-se a aceitar uma prenda que, pelo seu valor, não sejam capazes de retribuir. Esta atitude, apesar de ser nobre, acaba por ser igualmente destrutiva, pois supõe que existe, ou poderá vir a existir, uma expectativa de retribuição da parte de quem dá. Mas quem dá não dá para ser pago. Dá para ser recebido. Não dá como quem faz um depósito ou investimento. O valor de uma prenda não está na prenda - está na maneira como é prendada.
Hoje em dia, com a filosofia energumenóide e pseudojusta que impera, condensada no ditado ‹‹There is no such thing as a free lunch» é praticamente impossível oferecer um almoço a alguém. Todos os gestos de amor e de amizade são reduzidos ao valor de troca, a uma mera transação em que é tudo avaliado, registado, saldado, pago a meias e de um modo geral discutido e destruído até estar esvaziado de significado.

 Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

Por um dia Portugal acordou


 “…, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico – que só nasce quando o interesse da comunidade prevalece sobre o dos grupos e das pessoas privadas.

Mas não somos livres? O poder que nos governa não é livre e igualmente eleito por todos os cidadãos? Estaremos nós a praticar, de forma perversa, mais uma variedade do queixume?”

José Gil in, Portugal Hoje, O Medo de Existir

 

Vários milhares de pessoas inundaram as ruas em várias cidades do país para protestar contra as medidas de austeridade enquanto os conselheiros de Estado reuniram no Palácio de Belém, no passado dia 15 de setembro.

Tudo começou quando um grupo de pessoas convocou um processo de mobilização e manifestação contra troika e a austeridade em Portugal, para o dia 15 de setembro, às 17h, em Lisboa (Praça José Fontana, Perto de Liceu Camões; Metro Picoas).

 “É preciso fazer qualquer coisa de extraordinário. É preciso tomar as ruas e as praças das cidades e os nossos campos. Juntar as vozes, as mãos. Este silêncio mata-nos. O ruído do sistema mediático dominante ecoa no silêncio, reproduz o silêncio, tece redes de mentiras que nos adormecem e aniquilam o desejo. É preciso fazer qualquer coisa contra a submissão e a resignação, contra o afunilamento das ideias, contra a morte da vontade coletiva.”


O belo texto manifesto que apelava à cidadania fez o resto e muitos se juntaram ao protesto. Já não era sem tempo!...

ideias, contra a morte da vontade colectiva. É preciso convocar de novo as vozes, os braços e as pernas de todas e todos os que sabem que nas ruas se decide o presente e o futuro. É preciso vencer o medo que habilmente foi disseminado e, de uma vez por todas, perceber que já quase nada temos a perder e que o dia chegará de já tudo termos perdido porque nos calámos e, sós, desistimos.

O saque (empréstimo, ajuda, resgate, nomes que lhe vão dando consoante a mentira que nos querem contar) chegou e com ele a aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na segurança social, na educação, na saúde (que se pretende privatizar acabando com o SNS), na cultura e em todos os serviços públicos que servem as populações, para que todo o dinheiro seja canalizado para pagar e enriquecer quem especula sobre as dívidas soberanas. Depois de mais um ano de austeridade sob intervenção externa, as nossas perspectivas, as perspectivas da maioria das pessoas que vivem em Portugal, são cada vez piores.

A austeridade que nos impõem e que nos destrói a dignidade e a vida não funciona e destrói a democracia. Quem se resigna a governar sob o memorando da troika entrega os instrumentos fundamentais para a gestão do país nas mãos dos especuladores e dos tecnocratas, aplicando um modelo económico que se baseia na lei da selva, do mais forte, desprezando os nossos interesses enquanto sociedade, as nossas condições de vida, a nossa dignidade.

Grécia, Espanha, Itália, Irlanda, Portugal, países reféns da Troika e da especulação financeira, perdem a soberania e empobrecem, assim como todos os países a quem se impõe este regime de austeridade.
Contra a inevitabilidade desta morte imposta e anunciada é preciso fazer qualquer coisa de extraordinário.

É necessário construir alternativas, passo a passo, que partam da mobilização das populações destes países e que cidadãs e cidadãos gregos, espanhóis, italianos, irlandeses, portugueses e todas as pessoas se juntem, concertando acções, lutando pelas suas vidas e unindo as suas vozes.

Se nos querem vergar e forçar a aceitar o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida, responderemos com a força da democracia, da liberdade, da mobilização e da luta. Queremos tomar nas nossas mãos as decisões do presente para construir um futuro.

Este é um apelo de um grupo de cidadãos e cidadãs de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos. Dirigimo-nos a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias que concordem com as bases deste apelo para que se juntem na rua no dia 15 de Setembro.

Dividiram-nos para nos oprimir. Juntemo-nos para nos libertarmos!



Mobilizações organizadas (da responsabilidade dos próprios organizadores):

Braga - https://www.facebook.com/events/193208664146461/

Funchal - https://www.facebook.com/events/280028472097234/

Guarda - https://www.facebook.com/events/497094853635387/

Lisboa -https://www.facebook.com/events/402643499798144/

Porto - https://www.facebook.com/events/155261837945257/

Vila Real de Santo António: https://www.facebook.com/events/400097636724084/



ADENDA: A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.
Em nenhum outro momento da democracia portuguesa as canções de Zeca Afonso fizeram tanto sentido como agora!
A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.A manifestação de 15 de Setembro é pacífica. As armas que levamos são as nossas vozes e a nossa presença. Não serão, pois, bem vindos ao protesto ou à página quaisquer apelos à violência. Na impossibilidade de darmos a esta página atenção permanente dada a concentração de esforços em sermos muitos milhares no próximo Sábado, demarcarmo-nos de comentários notoriamente racistas, xenófobos ou fascistas assim como de perfis com o propósito de insultar os participantes.
 

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O mulherio, ainda

O desrespeito é uma forma de discriminação. 

Quando, no início deste mês, li a notícia sobre o afastamento de Dalila Rodrigues da Casa das Histórias de Paula Rego, a segunda coisa que me ocorreu foi: este descarado desrespeito só acontece às mulheres. A primeira foi mais óbvia e menos sexista: mais uma pessoa competente e com provas dadas a ser enxotada, não vá a sua competência fazer sombra a alguém. Num país pequeno por dentro (a grandeza dos países é coisa mental), o sol de um é sempre a sombra dos outros. Eu não gosto de ser sexista e gostava de não ter de responder que sim sempre que me perguntam sobre medidas de discriminação positiva para as mulheres na política. Gastei algum tempo da minha vida, que já vai adiantada para o que ainda quero fazer com ela, a lutar, num movimento de cidadania, por iguais direitos de parentalidade para homens e mulheres, porque me parecia - e continua a parecer, apesar de algumas alterações legais que conseguimos - que a paternidade deve ter exactamente os mesmos direitos que a maternidade. Um pai não é menos importante para o desenvolvimento de uma criança do que uma mãe. Mas a igualdade ainda não entrou na nossa cabeça.

Nas fotografias publicadas na imprensa sobre a tomada de posse do governo, só se viam homens - as cinco ministras ficaram fora do enquadramento. Apareceriam nos dias seguintes artigos biográficos sobre elas, sublinhando-lhes, consoante os casos, a beleza, a delicadeza suspeita ou o sindicalismo excessivo. Há anos que aguardo artigos sobre a beleza e a capacidade de sedução dos ministros de qualquer governo. O fenómeno não é só nacional: antes de Angela Merkel ser eleita pela primeira vez, li muito (em português, mas não só) sobre a sua vida privada, a sua falta de gosto para se vestir e até - inesquecível momento - as marcas de suor visíveis, certa vez, num vestido de gala. Repetiam esses artigos (alguns assinados por mulheres) que, por carência de atributos de sedução, a senhora não tinha carisma. Na Alemanha, já não se escreve nem se pensa assim. O inferno alemão do século XX serviu para alguma coisa, afinal. Os alemães aprenderam a lição que os países com uma história de ditaduras moles e sinuosas, como o nosso, demoram a aprender.

Apesar da coragem das nossas cinco ministras - é preciso coragem para ir contra a cultura instalada do poder dos homens, que se protegem mutuamente na defesa dos seus territórios e prerrogativas -, Portugal perdeu pontos, de 2008 para 2009, no que se refere à igualdade de género. As conclusões do "Global Gender Gap Index 2009", recentemente apresentadas no Fórum Económico Mundial em Nova Iorque, colocam o nosso país em 46º lugar (numa tabela de 134 países), o que representa uma descida de cinco posições em relação a 2008. Portugal sofreu uma quebra na igualdade de salários para a mesma função, bem como no acesso a cargos de topo nas empresas e na justiça. A liderar a tabela estão os países do costume: Islândia, Finlândia e Noruega. Países pioneiros, há muitas décadas, em medidas de discriminação positiva que geraram uma nova mentalidade.

Sempre que a economia entra em crise, a carreira profissional das mulheres é posta em causa: surge imediatamente uma miríade de 'estudos', por esse mundo fora, pretendendo provar que o futuro das crianças depende de terem a mãe em casa, 24 horas, ao seu dispor. Esses 'estudos' nunca se dedicam a contabilizar coisas tão simples e reais como o nível académico e a carreira profissional das mães e dos pais dos delinquentes juvenis - não convém, porque os resultados seriam exactamente opostos aos conseguidos através dos casos exemplares de mulheres que abandonam carreiras de astrofísicas para se dedicarem, abnegadamente, a alimentar o sucesso profissional do marido e o futuro radioso da prole. Uma análise estatística ao ambiente familiar infantil das grandes figuras do século XX, homens e mulheres, seria de extrema utilidade para desfazer o mito da boa mãe. Mas não convém à economia.

As mulheres que regressam a casa não contam nas estatísticas do desemprego. Depois criam-se mais uns 'estudos' declarando que as mulheres hoje se dizem mais infelizes do que na década de 70 do século passado. Claro que esses 'estudos' não contemplam a diferença entre as definições de felicidade de época para época. Quem nada espera menos desespera. O problema é que agora as mulheres têm o direito a ser tão infelizes como os homens. Felizmente.

Inês Pedrosa

Texto publicado na Revista Única, da edição do Expresso de 21 de Novembro de 2009

Ler mais: http://www2.unesp.br/revista/?p=2577 / http://cinemaeoutrasartes.blogspot.pt/2010/10/no-brasil-debate-sobre-questao-de.html http://expresso.sapo.pt/o-mulherio-ainda=f548330 (ler comentários)

Nota final: Haverá sempre descriminação em relação a mulher, pois aos olhos da sociedade existe e parece que existirá sempre um padrão a ser seguido, e quando não é seguido, é considerado inferior ou intolerado. Temos que parar de taxar as pessoas ou, nunca nos veremos livres da discriminação.

Ninguém merece isto. A escola pode ser esta anedota?


Há já cerca de dois anos que aprendi a viver um dia depois do outro, sem olhar para trás. Claro que foi por razões muito menos claras, mas parece que agora, infelizmente tenho muita companhia!... E esta hem!!!
Ler mais em: http://publico.pt/sociedade/adormeceram-professores-e-acordaram-sem-turmas-1555938?all=1

A Inveja em Portugal


"A inveja tem muita força em Portugal porque somos uma sociedade fechada"

José Gil

Portugal, Hoje: o Medo de Existir é o novo livro do José Gil, o filósofo português que foi considerado um dos 25 grandes pensadores do Mundo, pela revista francesa Nouvel Observateur.


José Gil licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne) em 1968. Em 1969, obteve a "maîtrise de Philosophie" e, em 1982, o "doctorat d´Etat de Philosophie". Actualmente é professor catedrático na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. José Gil tem obras publicadas no Brasil e está traduzido nos EUA, França e Itália.

Segundo José Gil, "O livro toca nesses podres em que a população portuguesa atingiu um grau de insuportabilidade. O que o livro provoca em muitos é "vamos fazer qualquer coisa".

Classifica “Portugal como o País da não-inscrição, da negação do conflito e da normalização, dominado pelos medos e pela inveja, herdados do salazarismo, onde não existe um espaço público, lugar ocupado atualmente pelos média. Não se pode continuar assim, não sabendo bem o que fazer. Quando eu falo da não-inscrição é porque nós precisamos de respirar, o que significa criar, fazer, ver, ou seja, ter a noção de que quando nós fazemos, escrevemos, pintamos, compomos, etc., nós temos uma inscrição, afirmamos qualquer coisa que se marca no real, se transforma e cria real".

O filósofo exemplificou: "Se vamos a um espetáculo de um coreógrafo que vem a Portugal, gostamos de dança e descobrimos qualquer coisa de novo, uma parte daquele espetáculo deveria derrubar alguma coisa na nossa vida e mudar a nossa vida, descobrir espaços diferentes, maneiras de falar e de comunicar, etc. mas o que acontece é que tudo isso fica para dentro. Nós gostámos muito, tivemos mesmo em êxtase, mas ao sair do espetáculo voltamos para casa, gostámos, mas não acontece nada... O feed back nos jornais é geralmente uma crítica sempre descritiva porque tem-se medo de inscrever. Não se ousa criticar porque se tem medo".

Relativamente à inveja, José Gil admite que "não é uma característica portuguesa, antes um dos sentimentos mais espalhados pelo mundo. Simplesmente acontece que em Portugal a inveja tem uma força tal porque nós somos uma sociedade fechada. E quando as sociedades se fecham, tudo se concentra, tudo se paralisa, tudo se adensa e não respira. Uma universidade é um antro de inveja em qualquer parte do mundo, seja nos Estados Unidos, em França ou na Inglaterra. Mas vimos cá para fora e respiramos ar puro. Em Portugal não, sai-se cá para dentro e não para fora", refere, defendendo, por isso, que a inveja está em toda a parte no País.

Para o autor, "a inveja, que tem imensas estratégias, não é uma relação puramente psicológica, é mais do que isso: trata-se de um sistema que tem autonomia e vive em meios fechados, que cria entraves àqueles que têm ideias, iniciativas e empreendimentos".

O filósofo argumenta que "se nós nos abrirmos ao exterior mudamos as condições de subjectivização e temos possibilidade de ver florescer a mudança. Para que haja mudança, é preciso que haja desejo de mudança. Nunca uma sociedade é completamente fechada, há sempre fraturas, linhas de fuga. Uma das linhas de fuga pode ser a loucura. Eis alguém que não quis ser moldado. Se há linhas de fuga, então procuremos as linhas de fuga. Elas estão sempre na nossa singularidade. O que me impressiona no Portugal normalizado de hoje é quão pouca diversidade existe na singularidade portuguesa".

Diagnóstico

Há textos que todos deveriam ler, mas isso nunca acontece, talvez porque somos demais no Mundo, e a cultura infelizmente não chega a todos da mesma forma, e também muitas vezes porque os interesses são outros.



Sou desde há muito leitora assídua do blogue, http://belostextos.aaldeia.net onde me deleito com os textos ali publicados. Aqui vos deixo um deles...


Muitos males da nossa época resultam de que não gastamos tempo em estar connosco mesmos, com os outros homens e com a natureza.

Os homens possuem a capacidade de pensar, mas não têm tempo de exercitar o pensamento. Poderiam pesar com sossego no seu coração as palavras, os gestos e os acontecimentos: crescer por dentro. Mas falta-lhes tempo. Seriam capazes de trocar sorrisos e de se ajudarem, de fazerem amigos, mas dedicam-se a outras coisas. Os homens correm…

Talvez suceda que para sobreviver neste género de sociedade se torne necessário correr… Mas ninguém repara em que aquilo que estes homens-que-correm produzem é cada vez menos… humano? (Aliás, mal há um pequeno progresso tecnológico são despedidos muitos deles, porque aquilo que faziam são coisas que uma máquina pode fazer). Acontece que esta descida de nível se nota nas leis, nos livros, nas canções…

Outrora, o homem tinha o seu pequeno reino – talvez pobre – onde era senhor. Crescia por dentro, dono de ser quem era, domando uma terra que lhe resistia, amparando-se em quem tinha ao lado, forjando laços, acariciando cordeiros e oliveiras, ouvindo Deus no vento, aquecendo-se ao fogo do lar.

E fazia canções e danças. E eram cheios de sentido as festas e os Domingos e as palavras.

O homem não é agora de lugar nenhum. Não vive com os outros. Cria e quebra laços com a facilidade resultante de esses laços não terem chegado a ser exatamente laços, por lhes faltar conteúdo. É superficial em tudo. Corre…

É uma peça dentro de uma engrenagem que não é humana. Não tem o seu reino. É, antes, forçado a buscar emprego como quem pede esmola. Será substituído ou eliminado – como agora pretendem com a eutanásia – assim que deixar de ser produtivo.

Trocou o seu senhorio por meia dúzia de atrativas comodidades. Disse qual era o seu preço e vendeu-se.

Esvaziou-se. E ao esvaziar-se perdeu o sentido de todas as coisas. Transformou o Natal em festa da família, e a família em antro de egoísmos. Do amor guardou apenas o prazer, desconhecendo agora que coisa seja amar. E, por ter perdido o amor, olha baralhado para si mesmo e pergunta pelo sentido da vida.

Mas o homem tem a capacidade grande de analisar e de escolher. O homem não é um rio: pode regressar a lugares que ficaram atrás e apanhar do chão qualquer coisa que deixou esquecida à beira da estrada.

Se voltarmos a entrar dentro de nós mesmos, é certo que teremos de novo as cores de antigamente. Não podemos mudar tudo de um dia para o outro, mas há passos que podemos dar. Podemos cortar naquilo que no trabalho é exagerado, prescindir de certas comodidades (depressa compreenderemos que não nos eram necessárias), forçar-nos a tempos de sossego connosco mesmos, com os que amamos, com a natureza. Calar a televisão. Podemos descobrir o silêncio e tudo o que ele tem para nos dar. Podemos ler. E dar um passeio – só com o objetivo de passear – embora nas primeiras vezes nos sintamos a gastar tempo inutilmente.

E podemos experimentar a sério ouvir os outros. Ouvi-los mesmo, com interesse verdadeiro em saber o que têm dentro, como quando namorávamos e cada palavra tinha a importância de um monumento.

Paulo Geraldo