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Collonges-la-Rouge - 21º Dia - Parte V



Após a visita a Turenne, seguimos para Collonges-le-Rouge, a oeste, a apenas 10 quilómetros de distância, e que seria a última aldeia histórica francesa a visitar naquele dia, antes da chegada ao lugar de pernoita.

Collonges-le-Rouge fica situada numa planície silenciosa, entre montanhas e florestas de um verde luxuriante, mostrando-nos logo à chegada uma arquitetura diferente de todas as outras aldeias da região de Limousin. Ela é na realidade uma extraordinária visão medieval: vermelho e rosa.

A aldeia composta pelo seu magnífico casario cor de ocre, faz jus ao seu nome (le-Rouge), e fica situada numa zona de nível inferior, em relação à estrada. É uma vila de visita obrigatória, desde sempre… como evidencia, aliás, a linha de caminho-de-ferro que lá conduz e termina.

Esta Village, de aspeto e cor tão invulgares, mantém até hoje, um carácter essencialmente aristocrático, uma vez que reúne num pequeno espaço, vários palacetes de épocas passadas, que conservam até hoje a sua dignidade e magnificência. Os telhados com lajes de ardósia sobre as casas dos séculos XV e XVI, sobressaem no meio do verde intenso que cerca a village.

No meio da aldeia chama a nossa atenção a torre sineira da Église de Saint Pierre. No seu belo portal principal, está representa a Ascensão de Cristo no registo superior, enquanto a Virgem, humilde e orante, se encontra cercada pelos onze apóstolos, ocupando o registo inferior. Este é um maravilhoso trabalho de artistas de Limousin, nas escolas de Toulouse e Auvergne, e foi realizando em pedra calcária de Nazaré, perto Turenne.

Com todas as construções feitas de blocos de arenito vermelho maciço, a aldeia oferece-se como um lugar recôndito para apaixonados pelo pôr-do-sol, e foi precisamente perto dessa hora que lá chegámos.

Os campos que a cercam, marcam a paisagem em volta de Collonges-la-Rouge, e neles combinam-se nogueiras, vinhas, zimbros, carvalhos e castanheiros, mas também se veem campos de milho.

Em 785, as terras de Collonges, um nome derivado de Colonia Latina, foram doadas pelo Conde de Limoges para financiar parcialmente a construção do Mosteiro Charroux em Poitou.

Depois dos monges construírem o mosteiro, este começou a atrair camponeses, artesãos e comerciantes, que ali perto se começaram a estabelecer, prosperando e desenvolvendo uma povoação em torno das muralhas.

Também ali se fazia o acolhimento dos peregrinos que se dirigiam para Santiago de Compostela, passando a caminho de Rocamadour, que ainda hoje é um santuário de grande importância e peregrinação.

O grande número de peregrinos era uma fonte duradoura de lucro, e em 1308, o Visconde de Turenne concedeu à vila o direito de alta, média e baixa competência, permitindo governar-se a si própria, o que deu origem ao nascimento na cidade de linhagens de promotores, advogados e notários.

Após as guerras religiosas francesas, a sua posse passou para o Visconde de Turenne, recebendo isenções fiscais valiosos, liberdades, franquias, privilégios, imunidades, bem como o direito exercício da justiça, ficando independente da Coroa da França. Foi a partir deste momento que ali se fixam muitos membros da nobreza e daí também a construção de um grande número de impressionantes castelos e mansões.

O séc. XIX foi marcado pelo aparecimento da filoxera, que dizimou os vinhedos da região, dando origem ao êxodo rural que fez com que a village perdesse 40% da sua população.

Fonte: http://www.les-plus-beaux-villages-de-france.org/ http://www.collonges-la-rouge.fr/ http://voyages.fond-ecran-image.com/ wikipédia.org

Turenne - 21º Dia - Parte IV



 
Deixámos Saint-Robert e rumámos para sudeste a caminho de Turenne, a 42 quilómetros de distância.

A bonita vila de Turenne, que data na sua grande parte dos séculos XIII, vê-se ao longe na estrada, descendo de uma encosta de colina voltada a sul, não muito alta, mas ingreme.

É sem dúvida nenhuma uma adorável visão, observada a partir dos campos de Limousin. No topo da colina as ruínas de um antigo Château, rodeado de casario branco com telhados de ardósia, que desce até à estrada, e à sua volta, o profundo verde da floresta.

Lá chegados, deixamos a autocaravana estacionada e caminhamos pela vila. Nas ruas veem-se encantadoras casas de pedra, que na sua grande maioria, datam dos séculos XV e XVII, com destaques individuais, tais como lindas varandas ou torres, que atraem desde logo o nosso interesse.

Turenne deve o nome a um visconde Henri de la Tour d'Auvergne cuja família teve ali durante séculos um pequeno estado soberano. Os primeiros senhores de Turenne surgiram no séc. IX. A cidade tornou-se um verdadeiro estado feudal depois das Cruzadas, sendo um dos grandes feudos da França, no século XIV.

Desde a Idade Média até o séc. XVIII, o visconde de Turenne tinha completa autonomia. O feudo de Turenne ocupava um território delimitado por três províncias e três bispados. Ocupando uma parte do Périgord Noir, o feudo era adjacente à Baixa Limousin e Quercy.

Do passado permanece na parte superior do aglomerado, os restos de três corpos e uma torre quadrada que protegia o castelo. Sobre zonas pavimentadas com pedra irregular, crescem casas construídas em torno de ruas ou pequenas praças, que se sucedem, com muitas e belas formas e feitios.

Depois sobe-se a ingreme encosta. A parte alta da encosta gravita à volta do antigo castelo. O Château arruinado é um lugar de ricos vestígios deixados pelos antigos governantes daquelas terras.

A vista do topo da colina é muito bonita. Olhando para baixo a partir do castelo, é a melhor maneira de apreciar os telhados de Turenne, bem como as torres de algumas casas e seus telhados cónicos.

Mas dali também se veem as florestas e os pastos que rodeiam Turenne, para além das colinas ondulantes de intenso verde. No topo, também se observam as torres de vigia de um pedaço de muralha, agora separadas por um jardim bem cuidado, que são tudo o que resta da sua antiga fortaleza, que ficava neste penhasco por trás da vila.

A encosta é melhor de descer do que de subir. Cá em baixo, a Église Collegiale de Notre-Dame é o monumento religioso mais importante de Turenne. Foi construída no séc. XVII e contém um belo retábulo decorativo.
 
Fonte: http://www.francethisway.com/places/turenne.php ; http://pt.wikipedia.org/wiki/ ; http://en.wikipedia.org/wiki/Turenne,_Corr%C3%A8ze

Saint-Robert - 21º Dia - Parte III



Deixamos a deliciosa e pacata Ségur le Château e seguimos para sul, em direção à aldeia histórica de Saint-Robert, a cerca de 29 quilómetros de distância, também situada na região de Limousin.

A aldeia de Saint-Robert é um pequeno vilarejo também localizado no maciço central francês, no departamento de Corrèze, e fica situada na encruzilhada de três belas regiões, Perigord, Quercy e Limousin.

Saint-Robert fica num planalto onde sobressaí a igreja do século XII, deambulatório para peregrinos de Santiago de Compostela e é, segundo os guias turísticos, uma das mais belas aldeias de França, com as suas casas antigas, estreitas ruas medievais e a Fountain St. Maurice, do séc. XV.

Nas ruas observam-se imponentes casas fortificadas de cantaria, que têm resistido ao passar do tempo, permanecendo intactas desde os tempos medievais, destacando-se ao longe, no meio de uma paisagem montanhosa, na fronteira entre as zonas de Corrèze e Dordogne.

A aldeia é organizada em torno de um Mosteiro beneditino construído pelos seguidores de Saint-Robert e foi palco de confrontos religiosos violentos. No antigo mosteiro destaca-se a Igreja românica do séc. XII, que abriga um Cristo de madeira do séc. XIII.

O Mosteiro e a sua Igreja são dedicados a Saint-Robert, que também deu o nome à aldeia. Saint-Robert é também conhecido na Igreja Católica por Roberto Belarmino, um dos doutores da Igreja, que com a idade de 18 anos, entrou na Companhia recém-formada de Jesus (jesuítas), sendo ordenado em 1569, dez anos depois.

Roberto Belarmino era oriundo de uma grande e rica família italiana da Toscana. Sua mãe Cinthia Cervini era irmã do Cardeal Marcello Cervini, que mais tarde foi o Papa Marcelo II.

Foi um dos mais distintos e competentes teólogos da Contrarreforma, que combinava uma imensa erudição, com uma profunda convicção de que a autoridade da Igreja Católica, tinha que ser sustentada por um rigor e uma disciplina muito maiores por parte do clero, caso se pretendesse ultrapassar o desafio da Reforma.

Distinguiu-se pela sua competência teológica a serviço da defesa da fé católica, escrevendo um Catecismo, Doctrina Christiana breve (1597), mais conhecido por Catecismo de Belarmino e a sua maior obra, Disputationes de controversiis fidei Adversus heréticas, um vasto trabalho em três volumes publicado entre 1581 e 1593, que procurou dar à autoridade doutrinal da Igreja, uma base legal sólida, e que terá sido, porventura, a mais importante e sustentada defesa da Igreja Católica no séc. XVI.

No entanto Roberto Belarmino foi também um inquisidor ativo, participando nos dois ensaios que manchavam a pior reputação da Igreja Católica Romana. Em 1616, por exemplo, segundo ordens do papa Paulo V, obrigou Galileu a renunciar à doutrina coperniciana de que “a Terra girava em torno do Sol.” 

Fonte: O Grande Livro dos Santos (tradução de The Book of Saints), Círculo de Leitores, 2012, página 237; http://fr.wikipedia.org/wiki/Robert_Bellarmino ; http://www.les-plus-beaux-villages-de-france.org/; http://www.france-voyage.com/; http://espacoerrante.blogspot.pt/; http://365rosaries.blogspot.pt/ http://www.map-france.com/

Ségur le Château - 21º Dia - Parte II



Deixamos Magnac-sur-Touvre após um almoço realizado na autocaravana. Os caminhos daquele dia haviam de levar-nos por um périplo por algumas das mais famosas Villages de France.
São caminhos estreitos, caminhos rurais, em terras de Limousin, bordejados de verde tão intenso que o diafragma das máquinas fotográficas, por mais que se feche, recusa a captar em nome da simultânea e intensa luminosidade que nos invade. As paisagens são tão belas que parecem irreais.
No caminho atravessa-se o Parc Naturel Regional du Périgord Limousin que nos oferece paisagens ricas e variadas, convidando-nos a descobrir a sua atmosfera especial.
Só de olhar as variadas paisagens que se nos deparam pelo caminho, quer no coração de uma floresta de castanheiros, quer numa pastagem com restolho seco, ou noutro prado de luzerna pontilhada com orquídeas ou malmequeres selvagens, apetecendo parar e caminhar por trilhos campesinos, que fazem fronteira com as águas cristalinas dos rios.
Já a meio da tarde daquele dia, parou-se na primeira aldeia histórica. Era ela, Ségur le Château, uma pequena povoação atravessada de leste a oeste pelo rio Auvézère e dominada por um castelo em ruínas.
A pequena vila histórica de Ségur, aninhada no verde vale do rio Auvézère, foi originalmente galo-romana e realizou um papel de destaque na história da província, mas também no da França.
Na Época Medieval e durante 600 anos, a cidade de Ségur e o seu feudo pertenceram aos Viscondes de Limoges, que viveram lá regularmente como foi evidenciado pelas muitas mudanças do castelo ao longo deste tempo.
A presença dos viscondes na cidade fez com que nela também se instalassem algumas famílias de cavaleiros retentores e um número significativo de oficiais, encarregados da administração e da justiça.
A cidade foi a sede de um senhorio que se estendia num raio de 15 km, com cerca de uma dúzia de paróquias.
Durante a Guerra dos Cem Anos, a fortaleza de Ségur, após a ocupação pelos britânicos entre 1361 e 1374, foi confiscada pelo rei de França, tornando-se um reduto real, sendo no entanto administrada por capitães, sobre os quais o visconde não tinha autoridade.
Além do velho Château de Ségur, situado no alto de um penedo sobranceiro à cidade e coberto de heras, a cidade oferece ainda um número significativo de casas nobres com torres ou arquitetura em enxaimel, que testemunham o período de opulência vivida na cidade medieval.
Nela é também muito convidativo, o seu parque de merendas, situado junto do rio, possuindo um pequeno café que serve petiscos.
Para descrever a atmosfera desta pequena aldeia, poder-se-á fazê-lo com cinco pequenas palavras/frases: ar fresco, águas cantantes, campo, natureza e história.

Fonte : http://www.parc-naturel-perigord-limousin.fr/ ; http://fr.wikipedia.org/ ; http://www.les-plus-beaux-villages-de-france.org/en/segur-le-chateau

Magnac-sur-Touvre - 21º Dia - Parte I



Saímos do Futuroscope por volta da meia-noite e rumámos para sul, para a região de Perigord, onde queríamos ir conhecer uma série de belíssimas aldeias históricas, situadas numa região encantada, entre arvoredo e montes de calcário escarpados, que acolheram durante centenas de anos, comunidades de povos trogloditas, que escavavam as suas habitações nos macios rochedos.
Foi por volta das duas horas da madrugada que chegámos a Magnac-sur-Touvre, sendo o GPS que nos conduziu à AS, que nos acolheu num gostoso silêncio.

Magnac é um pequeno povoado situado num esplendido vale, junto às margens do rio Touvre (afluente do rio Charente) e a nordeste da cidade de Angoulême.
A pacata cidadezinha de Magnac tem a sorte de ficar numa linda região, muito arborizada e montanhosa, situada no extremo noroeste do Périgord Vert.

O Périgord é uma região natural, situada no maciço central francês, e uma das suas mais antigas províncias do país, que está dividida em quatro regiões, o Périgord Noir (Preto), o Périgord Blanc (branco), o Périgord Vert (verde) e o Périgord Pourpre (roxo).
A geografia e os recursos naturais do Périgord fazem, com que esta seja uma bela e intocada região, rica em história e vida selvagem, onde existe também o recém-criado Parc Naturel Régional Périgord-Limousin.

Esta é uma região muito conhecida quer pela sua culinária, quer ainda e mais particularmente pelos seus produtos relacionados com os coitados patos e gansos, que são obrigados a uma superalimentação, com o fim de serem aproveitados os seus dilatados fígados, para a confeção de foie gras. É também a mais famosa zona de produção de trufas de França, além de possuir excelentes vinhos.
O rio Touvre que a banha Magnac-sur-Touvre é um rio surpreendente que nasce da imersão da água cárstica de dois outros rios, o Tardoire e o Bandiat.

O parque recomendado para autocaravanas ficava mesmo junto do rio Touvre, que nos abria horizontes imediatos de grande beleza cénica, e onde se experimentava o prazer de estar num local refrescante e de grande tranquilidade.  
O acordar foi por isso mesmo muito prazeroso, e da pequena janela do quarto, podíamos apreciar alguns habitantes idosos a jogar a famosa “petanca”, um jogo tradicional francês. Nas margens do rio, patos e gansos passeavam e debicavam, e quando saí da autocaravana, alguns mais afoitos e habituados aos mimos dos visitantes, aproximaram-se amigavelmente como que sugerindo a possibilidade de um bom repasto de pão, que de todo não lhes foi negado.

Antes de seguirmos viagem, demos uma bela passeata matinal tardia, pelas margens do Touvre. No centro da aldeia observa-se a bela Église de Saint-Cybard, uma igreja românica que nos mostra o seu plano de cruz grega e sua torre quadrada. Esta pequena igreja é consagrada a Saint-Cybard, um eremita que permaneceu recluso no séc. VI, numa caverna escavada na parede norte da cidade vizinha de Angoulême.
Surpreendente é o site da Marie (Câmara Municipal) de Magnac-sur-Touvre, que expõe publicamente o orçamento, as contas e a situação financeira da edilidade, que por certo seria uma boa prática a copiar pelos municípios do nosso país.

Fonte: http://www.minube.pt/mapa/  ; http://en.wikipedia.org/ ; http://www.conseil-general.com/ ; http://villagesdefrance.fr/ ; https://commons.wikimedia.org/ http://fr.wikipedia.org/wiki/Abbaye_de_Saint-Cybard

Futuroscope - 20º Dia



Chagámos já tarde ao parque do Futuroscope. Eram já duas da madrugada quando estacionámos ao lado de muitos outros autocaravanistas, numa imensa área de serviço que lhes é dedicada. Depois de nós ainda houve muitos que chegaram...
No dia seguinte, pelas 11:00 da manhã dirigimo-nos para o Futuroscope, a fim de ser iniciada a visita, que duraria até à meia-noite daquele dia, quando acontece a debandada final das gentes que o visitam, depois de se assistir ao seu belíssimo espetáculo de encerramento.
O Futuroscope encontra-se situado a 10 quilómetros de Poitiers, e há vinte e cinco anos, que é o segundo maior parque de diversões da França e um parque temático de destaque, tendo sido o pioneiro em termos de atrações multimédia e 3D.
As atrações do Futuroscope giram em torno de técnicas relacionadas com a cinematografia, multimédia e audiovisuais, além da robótica prevista para o futuro.
O Futuroscope desde a sua inauguração em 1987 tem uma história de sucesso e ao longo do tempo, nunca mais parou de inventar e de se reinventar. O seu arquiteto de origem, Denis Laming, tem ao longo do tempo criado todos os pavilhões do Futuroscope e do Pólo tecnológico adjacente, tornando realidade a admirável “Cidade do Futuro” sonhada desde o seu início.
Entre os pavilhões mais conhecidos, é preciso citar o Pavilhão do Futuroscope, uma grande esfera de arrojada arquitetura que repousa sobre um prisma, ou o Kinémax, um grande edifício em forma de cristal em bruto, que é o mais recente símbolo do Futuroscope, desde 2003.
Possui vários pavilhões de cinema para projeções 3D, em salas de cinema gigantescas, tendo no seu todo, a maior concentração de telas de grande tamanho da Europa.
Estes pavilhões destinados a uma opção pela revelação cénica do "Passado, Presente e Futuro", em magníficas projeções cinematográficas, vão desde a banda desenhada interativa, passando por constatações documentais históricas ou ainda de vida natura, agarrando de forma envolvente e integradora os espectadores, em revelações de abrangência tridimensional.
É absolutamente esmagadora a qualidade das animações 3D, só possível em anfiteatros de geometria cúmplice com a sua projeção. Na realidade e salvo poucas exceções, o Futuroscope é uma miríade de anfiteatros especificamente concebidos para projeções cénicas tridimensionais absolutamente envolventes e de grande realismo.
Das várias projeções em 3D, podem ser destacadas: um passeio sob uma abóboda interativa de 900 m2, que permite redescobrir as obras mais conhecidas do pintor Vincent Van Gogh, uma viagem em 4D pelo universo de Arthur e os Minimoys (baseada no filme de Luc Besson), numa exploração das profundezas do mar da Pré-história. No entanto podem ver-se muitos outros filmes excecionais, como: “A epopéia aeropostal” em 3D de Jean Jacques Annaud, que conta a história do início do correio aéreo; o filme Imax de Jacques Perrin, “Os viajantes do céu e do mar”, ou “Os animais do Futuro”, que leva os visitantes numa viagem de trem em direção a um safari surpreendente, onde nos deparamos com as espécies que poderão povoar a Terra daqui a 5, 100 ou 200 milhões de anos.

No final do dia os visitantes ainda têm a possibilidade de assistir a um mega espetáculo cénico de luz, som e imagem, sobre um espelho de água cheio de belos repuxos... Surpreendente!

No final do espetáculo mal chegámos à autocaravana seguimos viagem até Magnac-sur-Touvre, a cerca de 114 Km para sul, onde iríamos pernoitar.





Fonte: http://www.france.fr/ ; http://www.france.fr/pt/noticias/o-futuroscope-muito-alem-das-atracoes-3d ; http://espacoerrante.blogspot.pt/

Saumur - 19º Dia - Parte IV


Chegámos a Saumur ao anoitecer e fomos direitos ao seu famoso Château de conto de fadas, que se encontra rodeado de vinhedos.
Saumur fica situada na margem esquerda do rio Loire e aquela hora a vista da cidade do outro lado do Loire é absolutamente encantadora!... Foi com alguma impolgação que o visitámos, mas infelizmente só o podemos ver por fora, uma vez que o Castelo aquela hora já se encontrava fechado.
Lá de cima e ao cair da noite a pequena cidade de Saumur, tem mais encanto e deixa alguma pena deixá-la para continuar viagem. No entanto, a gostosa caminhada à volta do Castelo a olhar o crepúsculo a cair sobre a cidade e arredores, tendo como pano de fundo o rio Loire, o céu, e o horizonte que aos poucos se multiplicava num degradê, entre o vermelho, laranja, azul e amarelo, compensou todas as espectativas não realizadas. 
Como se sabe o Vale do Loire possui uma grande coleção de obras-primas da arquitetura da Renascença, que nos trazem à memória a lembrança de episódios épicos e românticos da história de França, sobressaindo e dando ainda maior beleza às paisagens bucólicas, entre o rio, lagos e florestas.
O Château de Saumur não é exceção, com a sua belíssima arquitetura, rodeado por altas muralhas e quatro elegantes torres, domina a cidade do alto de um platô, em situação mais elevada em relação ao resto da cidade.
O Château de Saumur conheceu as suas primeiras fortificações sob as ordens de Teobaldo I de Blois, Conde de Blois, no séc. X. Sofreu muitas remodelações ao longo do tempo, que não lhe trouxeram melhorias, mas sim alguma descaracterização, em especial no que se refere ao seu antigo esplendor.
Em 1026, tornou-se propriedade do Conde de Anjou, o célebre Fulco III de Anjou, o Negro, que o legou aos seus herdeiros Plantagenetas.
Filipe II, rei de França, anexou-o à Coroa. Depois de vários reis passarem pelo poder, quer da linhagem de Valois, quer da linhagem de Anjou, o rei João II transformou Saumur num ducado e entregou-o ao seu segundo filho, Luís.
O Duque Luís I estava ansioso por criar uma residência que fosse comparável aos luxuosos edifícios dos seus irmãos, o rei Carlos V e João, Duque de Berry, tanto na arte como na arquitetura. Para tal, escolheu Saumur e, a partir de 1367, construiu um edifício com quatro alas, reforçadas por torres, em torno dum pátio central, sobre uma fortaleza com 140 anos, tendo substituído as velhas torres redondas por torres octogonais.
A partida para a última etapa, com rumo ao Fluoroscópio, onde queríamos ir pernoitar, foi realizada logo de seguida por estrada alta, agora na margem esquerda do rio Loire, que durante algum tempo o acompanhou.

A noite estava escura e do caminho pouco se vislumbrou, terminando a etapa já bem tarde no parque de autocaravanas do parque temático de Poitiers, onde pernoitámos tranquilamente.

Fonte: http://pt.franceguide.com/ ; http://pt.wikipedia.org/ ; http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Saumur ; http://espacoerrante.blogspot.pt/

De Angers a Saumur - 19º Dia - Parte III





Após a visita à Cathédrale Saint-Maurice, caminha-se para o núcleo medieval da cidade de Angers, que se estende do lado sul da Catedral até às muralhas do Castelo.

Lá de cima e para norte, avista-se o antigo Quai Ligny, um antigo porto, hoje desativado e do outro lado do rio, na margem direita de La Maine, o porto fluvial de Angers.

O núcleo medieval está situado também na zona mais alta do Montée Saint Maurice e é um saltinho da Catedral até ao que resta da velha cidadela.  
Hoje nele, podem ver-se antigas casas em estilo enxaimel, uma técnica de construção que consiste em paredes montadas com hastes de madeira encaixadas entre si em posições horizontais, verticais ou inclinadas, cujos espaços são preenchidos geralmente por pedras ou tijolos. Estas belas casas e outras mais antigas, construídas em pedra podem ser encontradas num autêntico labirinto de ruas e becos que nos levam a uma permanente descoberta do passado da cidadela.

A parte mais alta deste pedaço de Angers gravita à volta da antiga L’Abbatiale Toussaint (Abadia dos Santos), do séc. XIII, construída pela Ordem de Santo Agostinho e restaurada em 1984. A igreja da antiga Abadia que esteve em ruínas durante muitos anos, está hoje com o teto coberto com um telhado em vidro de ousada arquitetura contemporânea e acolhe a obra de um escultor de Angers, Pierre-Jean David, do séc. XIX, mais conhecido por David d'Angers (1788-1856).

Nos edifícios da antiga Abadia ainda estão sediadas duas comunidades religiosas, de frades e freiras, designadas por: Frères Communauté Saint-Maurice e Communauté Filles Charité du Sacré Coeur.
Do outro lado do rio estende-se o bairro La Doutre, que também faz parte da zona antiga da cidade. O seu nome refere-se à sua posição geográfica, uma vez que este bairro está localizado na margem direita do rio Maine. No séc. XIX, era a morada de uma grande parte da burguesia da cidade.

Fecha-se a visita a Angers e parte-se a caminho Saumur, percorrendo a estrada sempre pela margem e com o rio Loire à vista, fazendo a programada incursão no mundo dos Trogloditas. A prodigalidade da Natureza no Vale do Loire permite facilmente compreender que nestas paragens, ser troglodita terá sido muito mais uma opção do que uma condição.

A estrada segue sempre paralela à corrente do rio Loire. Neste caminho aninhado entre as margens do Loire, a vegetação é de um verde estonteante e para-se várias vezes, não só porque a paisagem obriga a uma melhor contemplação, mas também porque as casas trogloditas nos apareciam inesperadamente no caminho, aguçando cada vez mais a nossa curiosidade.

Muitas destas cavernas, serviam como residência à pouco mais de 20 anos, mas hoje, em menos de uma geração, o retorno acontece, com novos membros, descendentes das mesmas famílias de trogloditas, que agora exploram turisticamente a peculiaridade destes lugares, como restaurantes e bares muito concorridos.

É num destes restaurantes que se encontram na estrada que paramos, para fazer um “lanche” ajantarado de escargots, antes de iniciarmos a etapa até Saumur, onde já se chega ao cair da noite.
 
 
Fonte: http://pt.wikipédia.org/ ; https.//maps.google.pt/ ; http://espacoerrante.blogsopt.pt/  

Angers - 19º Dia - Parte II





Angers é a capital histórica de Anjou e foi durante séculos um importante reduto no noroeste da França. É o berço da dinastia Plantageneta e foi durante o reinado de René de Anjou um dos maiores centros intelectuais da Europa.
Angers está situada a sul da confluência de três rios, o Mayenne, o Sarthe, e o Loir, todos vindos do norte, que se juntam para formar o rio Maine, que por sua vez flui para sul, desaguando no rio Loire.
A área metropolitana de Angers é um importante centro económico do oeste da França, e uma cidade particularmente ativa nos setores industrial, hortícola e turistico.
Angers é um belíssimo exemplo de convivência, entre um parque urbano moderno, desenvolvido a partir de um centro marcado pela monumentalidade histórica.
O antigo nome de Angers, Juliomagus, era composto por Julius”, por ser provavelmente dedicada a Júlio César, e “magos”, uma palavra celta que significa "mercado". As cidades dedicadas a imperadores romanos eram comuns quer na Gália Romana (bem como topónimos que mantinham elementos da língua gaulesa, lugar de onde provinham os povos que viviam em torno da cidade), quer nos territórios ocupados noutras regiões da Europa.
Depois da visita ao Château de Angers caminha-se em direção contrária ao caminho feito na vinda. Desceu-se sempre contornando as altas muralhas do château de Angers e já cá em baixo, junto às margens do rio Maine, caminha-se pelo Quai du Roi de Pologne, seguindo pela Promenade Jean Turq, um belo caminho ladeado confinado por pérgulas e rodeado de lindos jardins, situado na margem direita do rio Maine.
A caminhada é longa mas prazerosa levando-nos até ao Quai Ligny, um antigo caís de atraque. É ali que se para, olhando-se cá de baixo a bela e elegante Cathédrale Saint-Maurice d’Ángers. Subindo a comprida e linear escadaria até ao Montée Saint Maurice, depressa se chega à porta da Catedral.
A Cathédrale Saint-Maurice é como o nome indica, dedicada a Saint Maurice (São Maurício) que era o líder da lendária Legião Tebana no séc. III, e um dos santos mais amplamente venerados.
De acordo com a lenda que provem de 443-450 d.C. e contada por Euquério de Lyon, a legião encontrava-se na cidade de Tebas, no Egito, quando o Imperador Maximiano lhes ordenou que marchassem para a Gália para ajudar os romanos contra os rebeldes da Borgonha. A Legião Tebana era comandada durante a sua marcha por três bravos legionários, Maurício, Cândido e Exupério, hoje todos venerados como santos. Quando chegaram à cidade de Agaunum, hoje Saint-Maurice-en-Valais, na Suíça, a legião inteira resolveu recusar fazer sacrifícios pelo Imperador, não atacando os rebeldes, pelo que lhe foi aplicado o Decimatio ("dizimação"), que era uma das mais severas punições aplicadas no exército romano. Tratava-se de uma medida excecional, para casos de extrema covardia ou amotinamento. O decimatio foi aplicado, ou seja, a morte de um em cada dez de seus homens, sendo o processo repetido até não restar ninguém.
A Cathédrale Saint-Maurice possui uma bela arquitetura, que foi sendo realizada ao longo de muitos anos, sendo por isso numa mistura de estilos românico e gótico.
A frente oeste é impressionante por ser extremamente estreita e alta. Possui duas torres gémeas que datam do séc. XV e uma torre central que foi introduzida no séc. XVI. Na base da torre central estão as esculturas de Saint-Maurice e seus companheiros, com uma oração pela paz anteriormente.
O portal oeste possui um alto arco em ogiva, todo trabalhado na arquivolta interior com esculturas dos eleitos e as pessoas de muitas raças e línguas, tendo nas duas arquivoltas exteriores representados os 24 Anciãos do Apocalipse, todas esculturas do séc. XII.
No outro portal de meados do séc. XII, o tímpano mostra-nos um Cristo em Majestade, cercado pelos símbolos dos quatro evangelistas.
Lá dentro a sua grande nave românica, sem corredores laterais, abre-se para um cruzeiro de transição que nos leva ao coro gótico. O interior é iluminado com vitrais datados entre os séculos XII e XVI.
O altar-mor é barroco (1758), projetado por Henri Gervais. Seis colunas monolíticas apoiam o dossel. Diz a lenda que Gervais foi levado até ao altar-mor, enquanto agonizava, para que antes de morrer pudesse dar as últimas instruções sobre a sua conclusão.
Possui ainda um enorme púlpito de madeira datado de 1855, que foi projetado por um sacerdote chamado Choyer. As suas esculturas ilustram o tema da Palavra de Deus, com Moisés do seu lado esquerdo, e São João a receber a sua revelação à direita.
 
Fonte /Ler mais em: http://en.wikipedia.org/Saint_Maurice   http://en.wikipedia.org/wiki/Angers http://fr.wikipedia.org/ http://www.sacreddestinations.com/france/angershttp://www.espacoerrante.blogspot.pt/