Páscoa - Serra da Lousã e Serra do Açor

Nas férias da Páscoa de 2011, por não serem já o que eram, e ainda devido a trabalho do marido e filha, ficámos com apenas 4 dias para viajar. Foram escolhidas desta feita as Serras da Lousã e do Açor, que nos proporcionariam o descanso merecido, em comunhão com a Natureza.

São ambas áreas protegidas e lugares onde a água das ribeiras é uma presença constante, e mesmo que nos afastemos dos seus leitos, o som cantante das suas águas perdura. Talvez por ser um lugar onde as ribeiras tanto são fios mirrados de água, como se transformam em torrentes bravias.
Nestas duas serras encontra-se a vegetação atlântica com a vegetação tipicamente mediterrânica, dando por isso origem a uma vegetação muito rica na sua diversidade, com um belo estrato arbustivo, onde encontramos a urze, o rosmaninho, a carqueja e a giesta, e belas árvores, como o castanheiro, o carvalho, loureiros, medronheiros, azereiros entre outras. Nas orlas da floresta, junto das aldeias surgem os pequenos olivais, as hortas, os cultivos de cereais e os pomares de cerejeiras e outras árvores de fruto.

Na Serra da Lousã, situada entre dois rios, o rio Ceira e o rio Zêzere, podemos encontrar cumeadas redondas como bojos de ânfora, vertentes abruptas, vales encaixados como se fossem obra de violentos golpes de cutelo ou ribeiras vertiginosas que aplainam a rocha.
A Serra do Açor localiza-se entre a Serra da Estrela e a Serra da Lousã, onde os terrenos são basicamente xistosos, que em tempos, foram usados para o cultivo de uma agricultura de subsistência.

Estas duas serras vizinhas formam o elo de uma formidável cadeia de montanhas a que se dá o nome de Cordilheira Central. A Serra da Lousã não é a mais alta nem a maior de todas, mas é sem dúvida uma serra de uma enorme grandeza.
Na Serra da Lousã além de querermos percorrer as suas estradas, que serpenteiam a serrania, queríamos passar uns dias na bela e recatada vila de Góis. Na Serra do Açor iriamos visitar a Fraga da Pena e numa das suas encostas, a lindíssima aldeia do Piódão, que é considerada uma das mais bonitas de Portugal, que está classificada como “Aldeia Histórica de Portugal“.

O percurso escolhido para esta incursão pelas serranias do centro do País foi:

1º Dia: Casa; Serra da Lousâ; Góis;

2º Dia: Góis;

3º Dia: Góis; Serra do Açor; Fraga da Pena; Piodão;

4º Dia: Piodão; Serra do Açor; Casa.

Fonte: http://www.quintadoriodao.com/ Wikipédia.org / http://km stressnet.blogspot.pt/

Esperando novos tempos...



Quem cedo e bem aprende, tarde ou nunca esquece. Quem negligencia as manifestações de amizade, acaba por perder esse sentimento.

William Shakespeare

A Inveja em Portugal


"A inveja tem muita força em Portugal porque somos uma sociedade fechada"

José Gil

Portugal, Hoje: o Medo de Existir é o novo livro do José Gil, o filósofo português que foi considerado um dos 25 grandes pensadores do Mundo, pela revista francesa Nouvel Observateur.


José Gil licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne) em 1968. Em 1969, obteve a "maîtrise de Philosophie" e, em 1982, o "doctorat d´Etat de Philosophie". Actualmente é professor catedrático na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. José Gil tem obras publicadas no Brasil e está traduzido nos EUA, França e Itália.

Segundo José Gil, "O livro toca nesses podres em que a população portuguesa atingiu um grau de insuportabilidade. O que o livro provoca em muitos é "vamos fazer qualquer coisa".

Classifica “Portugal como o País da não-inscrição, da negação do conflito e da normalização, dominado pelos medos e pela inveja, herdados do salazarismo, onde não existe um espaço público, lugar ocupado atualmente pelos média. Não se pode continuar assim, não sabendo bem o que fazer. Quando eu falo da não-inscrição é porque nós precisamos de respirar, o que significa criar, fazer, ver, ou seja, ter a noção de que quando nós fazemos, escrevemos, pintamos, compomos, etc., nós temos uma inscrição, afirmamos qualquer coisa que se marca no real, se transforma e cria real".

O filósofo exemplificou: "Se vamos a um espetáculo de um coreógrafo que vem a Portugal, gostamos de dança e descobrimos qualquer coisa de novo, uma parte daquele espetáculo deveria derrubar alguma coisa na nossa vida e mudar a nossa vida, descobrir espaços diferentes, maneiras de falar e de comunicar, etc. mas o que acontece é que tudo isso fica para dentro. Nós gostámos muito, tivemos mesmo em êxtase, mas ao sair do espetáculo voltamos para casa, gostámos, mas não acontece nada... O feed back nos jornais é geralmente uma crítica sempre descritiva porque tem-se medo de inscrever. Não se ousa criticar porque se tem medo".

Relativamente à inveja, José Gil admite que "não é uma característica portuguesa, antes um dos sentimentos mais espalhados pelo mundo. Simplesmente acontece que em Portugal a inveja tem uma força tal porque nós somos uma sociedade fechada. E quando as sociedades se fecham, tudo se concentra, tudo se paralisa, tudo se adensa e não respira. Uma universidade é um antro de inveja em qualquer parte do mundo, seja nos Estados Unidos, em França ou na Inglaterra. Mas vimos cá para fora e respiramos ar puro. Em Portugal não, sai-se cá para dentro e não para fora", refere, defendendo, por isso, que a inveja está em toda a parte no País.

Para o autor, "a inveja, que tem imensas estratégias, não é uma relação puramente psicológica, é mais do que isso: trata-se de um sistema que tem autonomia e vive em meios fechados, que cria entraves àqueles que têm ideias, iniciativas e empreendimentos".

O filósofo argumenta que "se nós nos abrirmos ao exterior mudamos as condições de subjectivização e temos possibilidade de ver florescer a mudança. Para que haja mudança, é preciso que haja desejo de mudança. Nunca uma sociedade é completamente fechada, há sempre fraturas, linhas de fuga. Uma das linhas de fuga pode ser a loucura. Eis alguém que não quis ser moldado. Se há linhas de fuga, então procuremos as linhas de fuga. Elas estão sempre na nossa singularidade. O que me impressiona no Portugal normalizado de hoje é quão pouca diversidade existe na singularidade portuguesa".

Visita a Mérida - Parte III

Sai-se do portão de entrada para a cerca onde se encontram o Teatro Romano e o Anfiteatro, e caminha-se pela praceta em direção do Museu de Arte Romana, que fica do lado oposto. Em frente do museu para-se um pouco, faz-se um pequeno lanche e só depois se entra. Naquele dia a entrada era gratuita e o museu encontrava-se com muitos visitantes.
O edifício de arquitetura contemporânea foi construído propositadamente para albergar as inúmeras peças expostas, é belíssimo e de uma grandiosidade espantosa, além de ser magnificamente luminoso e arejado, possuindo uma arquitetura fantástica.

O Museu Nacional de Arte Romana de Mérida, é uma obra do prestigiado arquiteto Rafael Moneo e foi inaugurado em 1986. No seu interior conserva peças da antiga civilização romana, que tantas marcas deixou na cidade. Resultantes das escavações junto ao teatro e das casas romanas, entre outros lugares. Contem lápidas funerárias, cerâmica, peças de vidro, moedas, esculturas, pinturas e lindos mosaicos. Na parte inferior do recinto desenrolam-se escavações arqueológicas.
O museu oferece uma síntese da vida numa das principais colónias da Hispânia romana, Augusta Emérita, que foi promovida posteriormente a cidade principal da Lusitânia e que com o passar do tempo, se converteu na primeira capital efetiva da Hispânia.


Alberga os achados encontrados no Conjunto Arqueológico de Mérida, que foi declarado Património Mundial pela UNESCO. A mostra é muito diversificada, sendo as mais emblemáticas os belíssimos mosaicos, as esculturas de onde se destaca o busto do Imperador Augusto, epígrafes e vários documentos, que nos dão uma visão bastante alargada de muitas facetas da vida cotidiana da colónia romana Augusta Emerita, mandada fundar por Augusto depois de um dos episódios das Guerras Cantábricas, que nos põe a par do processo de romanização da antiga Hispânia.

No final da visita ao Museu de Arte Romana, ainda demos uma volta no comboio turístico pela zona antiga da cidade, antes de regressarmos à autocaravana, para ainda naquela noite encetarmos a última etapa da viagem, a caminho de casa.

Fonte: Wikipédia.org / http://www.travelinginspain.com / http://www.españaescultura.es

Visita a Mérida - Parte II

Bem perto do Anfiteatro fica o belo Teatro Romano e para lá nos encaminhamos. O Teatro, foi mandado construir pelo cônsul Marco Vipsânio Agripa e inaugurado, possivelmente, entre os anos 16 - 15 a.C..
O Teatro Romano de Mérida é mesmo em ruinas, belíssimo, sendo um lugar sempre agradável de visitar, que nos transporta com facilidade a épocas distantes, aos seus usoa e custumes e às suas praticas culturais.

É um dos teatros  romanos, mais bem preservados na Península Ibérica. A estrutura que hoje podemos observar, com revestimentos em mármore e com a frente cénica decorada por capitéis coríntios e inúmeras estátuas, não corresponde à edificação original de época augustana. Com efeito, uma inscrição inaugural que se conserva num dos lintéis do aditus maximus (porta principal do teatro) refere Marco Agripa, genro do Imperador Augusto e seu amigo, como o possível ofertante deste espaço à cidade, em 16 a.C..
É um dos mais relevantes monumentos da cidade e desde 1933 alberga o Festival de Teatro Clássico de Mérida, com o qual recupera a sua função original. Está composto por um terraço com capacidade, para 6 000 espectadores, divididos em três zonas, pela orquestra, lugar em que nas representações ocupava o coro, o palco e por último o cenário.

O Teatro sofreu várias remodelações, sendo a mais importante feita em finais do século I, possivelmente na época do Imperador Trajano, quando se levantou a atual frente do palco, e outra grande remodelação entre os anos 330-340.
Na parte de trás do teatro encontra-se o Peristilo, que tinha outrora uma sala de aula com alpendre, jardim e um altar sagrado.  Foi ali que foi encontrada a bela cabeça do Imperador Augusto, que pode ser vista no Museu Arqueológico da cidade, que iriamos visitar em seguida. A cabeça do Imperador Augusto é feita com a famosa pedra mármore de Carrara, vinda da Itália.

Fonte: Wikipédia.org / http://www.travelinginspain.com/ http://globedia.com/teatro-romano-merida

Visita a Mérida - Parte I

A partida ao final da tarde de Almagro com rumo a Mérida, fez-se sob chuva miúda e estradas muito molhadas, fazendo com que a viagem decorre-se mais lenta do que se pretendia e apenas se parou para um pequeno lanche de tapas no caminho.
A chegada a Mérida pela hora de jantar foi o motivo da procura imediata de um parque de autocaravanas para a pernoita. O parque encontrado foi um enorme parque municipal, destinado a todos os veículos situado em zona sossegada, perto da zona monumental da cidade a cerca de 200 m das suas famosas ruínas romanas.
O jantar foi já a hora tardia, como gostam os “nostros hermanos”, no restaurante do Centro de Reception del Turista, situado na portaria do parque de estacionamento. O restaurante encontrava-se a abarrotar, mas a espera mereceu a pena, pois a carne servida era de excelente qualidade, muito macia e saborosa.
Na manhã seguinte, fomos direitos ao Conjunto Arqueológico de Mérida onde estão situadas a maioria das ruínas romanas de Mérida. Já várias vezes visitadas por nós, a visita às ruínas, desta feita era destinada à nossa filha que connosco viajava.
A cidade de Mérida foi fundada em 25 a.C. com o nome de Emerita Augusta, e foi durante a ocupação romana uma das mais importantes cidades da Península Ibérica e a capital da Lusitânia, da qual nós fazíamos parte (zona do rio Douro para sul de Portugal).
Assim sendo Mérida é uma cidade muito rica em vestígios romanos, possuindo vários testemunhos desse passado, tais como o teatro e o anfiteatro romanos, casas senhoriais, um circo romano, entre outros.
Dirigimo-nos ao Anfiteatro e Teatro Romanos, que estão situados ao lado um do outro, tendo sido pensados para fazerem parte de um grande complexo de entretenimento. Naquele dia, o primeiro a ser visitado por nós foi o antigo Anfiteatro Romano.
O Anfiteatro de Mérida, segundo reza a história, foi inaugurado no séc. VIII a.C.. Tem uma forma oval e uma capacidade para 14.000 pessoas. Era destinado a lutas entre gladiadores e a corridas.

O anfiteatro é composto por seis partes principais: a arena (coberta de areia), onde se davam as lutas e corridas; o local destinado às feras e aos apedrejos dos gladiadores; os corredores (passagens); a Spolania, local destinado aos gladiadores; o Podium, onde se recebiam os prémios; os corredores de entrada e saída, que eram destinados a combates de gladiadores.
O Anfiteatro é ainda composto por três anéis, um fosso e as bancadas para os espectadores, nas quais uma parte era reservada às autoridades que patrocinavam os espetáculos e outra às entidades políticas da cidade. Este monumento esteve subterrado durante centenas de anos e só há algumas décadas é que foi descoberto, embora infelizmente tivesse a parte de cima destruída.

Este anfiteatro, bem como todas as ruínas romanas de Mérida, fazem parte de um dos maiores conjuntos arqueológicos de Espanha, que foi declarado Património Mundial pela UNESCO em 1993.
Fonte: Wikipédia.org / http://www.travelinginspain.com/ http://globedia.com/teatro-romano-merida

Visita a Almagro - 2º Dia - Parte VI

Pela Calle de las Dominicas encaminhamo-nos para o Caminho de Calatrava, uma das principais avenidas da cidade de Almagro e pelo caminho encontramos o bairro aristocrático com alguns palácios, que nos trás de volta os séculos mais esplêndidos da cidade.  Aqui podemos admirar muitas casas brasonadas, como El Mayorazgo de los Molina, Los Rosales, La Casa del Prior ou El Caplet de las Bernardes. Como exemplos da arquitetura palaciana de La Mancha (casas de rés-do-chão apalaçadas), existem os palácios de Maestri, dos marqueses de Torremejía ou o Palácio dos Condes de Valparaíso.

Caminha-se para este e quando se chega ao nó de estradas que se cruzam com o Caminho de Calatrava, observa-se ao longe o Convento de la Asunción de Calatrava. É um dos três conventos situados extramuros, fora do que foi o recinto amuralhado da antiga cidade de Almagro, junto do Convento de San Domingo e do Convento de Santa Catalina, todos ali situados bem perto uns dos outros.

Foi fundado pelo Comendador Gutiérrez de Padilla entre 1519 e 1544 para as religiosas da Ordem de Calatrava, sob a proteção da Virgem de la Asunción. Habitado entre 1827 e 1836, pela Ordem de Calatrava, também serviu de quartel depois da sua restauração em 1860, para voltar a ser ocupado por monges Dominicanos em finais do século.

A igreja do convento foi a primeira a ser edificada. Estruturalmente é gótica com elementos renascentistas. Destaca-se ao longe a sua torre retangular, gémea da torre da Igreja de San Domingo.

O seu claustro é a parte mais interessante do conjunto, de planta retangular com duas galerias de pórticos, com colunas jónicas toscanas. O pátio aparece circundado por sete portas e duas janelas com rica talha plateresca. A bela escada possui sólidos corrimões em pedra, trabalhados em estilo gótico.

Convento de la Asunción de Calatrava-Convento de la Asunción de CalaAli perto também se observa o Convento de Santa Catalina, que alberga hoje o Parador Nacional de Turismo. Foi habitado pelos franciscanos a partir de 1612 e o conjunto primitivo foi habilmente reconstruido. O convento foi mandado construir por Jerónimo de Ávila no séc. XVII, segundo a vontade de sua defunta mulher.

Já a caminho da autocaravana para a partida de Almagro pelo Caminho de Calatrava, observa-se num pequeno largo a Iglesia de San Blas. É ali que se encontra sediado o Museu Etnográfico, considerado o museu mais completo da região de Castilla - La Mancha. Este museu nasceu da iniciativa privada de uma família almagreña, com o fim de dar a conhecer as origens da cultura popular espanhola às gerações vindouras.
Fonte: http://www.turismocastillalamancha.com / Wikipédia.org / http://www.donmartinrural.com

Diagnóstico

Há textos que todos deveriam ler, mas isso nunca acontece, talvez porque somos demais no Mundo, e a cultura infelizmente não chega a todos da mesma forma, e também muitas vezes porque os interesses são outros.



Sou desde há muito leitora assídua do blogue, http://belostextos.aaldeia.net onde me deleito com os textos ali publicados. Aqui vos deixo um deles...


Muitos males da nossa época resultam de que não gastamos tempo em estar connosco mesmos, com os outros homens e com a natureza.

Os homens possuem a capacidade de pensar, mas não têm tempo de exercitar o pensamento. Poderiam pesar com sossego no seu coração as palavras, os gestos e os acontecimentos: crescer por dentro. Mas falta-lhes tempo. Seriam capazes de trocar sorrisos e de se ajudarem, de fazerem amigos, mas dedicam-se a outras coisas. Os homens correm…

Talvez suceda que para sobreviver neste género de sociedade se torne necessário correr… Mas ninguém repara em que aquilo que estes homens-que-correm produzem é cada vez menos… humano? (Aliás, mal há um pequeno progresso tecnológico são despedidos muitos deles, porque aquilo que faziam são coisas que uma máquina pode fazer). Acontece que esta descida de nível se nota nas leis, nos livros, nas canções…

Outrora, o homem tinha o seu pequeno reino – talvez pobre – onde era senhor. Crescia por dentro, dono de ser quem era, domando uma terra que lhe resistia, amparando-se em quem tinha ao lado, forjando laços, acariciando cordeiros e oliveiras, ouvindo Deus no vento, aquecendo-se ao fogo do lar.

E fazia canções e danças. E eram cheios de sentido as festas e os Domingos e as palavras.

O homem não é agora de lugar nenhum. Não vive com os outros. Cria e quebra laços com a facilidade resultante de esses laços não terem chegado a ser exatamente laços, por lhes faltar conteúdo. É superficial em tudo. Corre…

É uma peça dentro de uma engrenagem que não é humana. Não tem o seu reino. É, antes, forçado a buscar emprego como quem pede esmola. Será substituído ou eliminado – como agora pretendem com a eutanásia – assim que deixar de ser produtivo.

Trocou o seu senhorio por meia dúzia de atrativas comodidades. Disse qual era o seu preço e vendeu-se.

Esvaziou-se. E ao esvaziar-se perdeu o sentido de todas as coisas. Transformou o Natal em festa da família, e a família em antro de egoísmos. Do amor guardou apenas o prazer, desconhecendo agora que coisa seja amar. E, por ter perdido o amor, olha baralhado para si mesmo e pergunta pelo sentido da vida.

Mas o homem tem a capacidade grande de analisar e de escolher. O homem não é um rio: pode regressar a lugares que ficaram atrás e apanhar do chão qualquer coisa que deixou esquecida à beira da estrada.

Se voltarmos a entrar dentro de nós mesmos, é certo que teremos de novo as cores de antigamente. Não podemos mudar tudo de um dia para o outro, mas há passos que podemos dar. Podemos cortar naquilo que no trabalho é exagerado, prescindir de certas comodidades (depressa compreenderemos que não nos eram necessárias), forçar-nos a tempos de sossego connosco mesmos, com os que amamos, com a natureza. Calar a televisão. Podemos descobrir o silêncio e tudo o que ele tem para nos dar. Podemos ler. E dar um passeio – só com o objetivo de passear – embora nas primeiras vezes nos sintamos a gastar tempo inutilmente.

E podemos experimentar a sério ouvir os outros. Ouvi-los mesmo, com interesse verdadeiro em saber o que têm dentro, como quando namorávamos e cada palavra tinha a importância de um monumento.

Paulo Geraldo

Analisando emoções


A felicidade é um tema filosófico. Muito antes de ter sido reduzida em nossos tempos a uma mercadoria publicitária, a felicidade era um ideal ético. A desvalorização da felicidade no contexto capitalista relaciona-se ao mundo do espetáculo, à banalização do desejo e também do sentido dos afetos em nossas vidas.

Antes de qualquer análise, temos de nos perguntar se ainda podemos falar de felicidade em nossos dias, e de qual felicidade. Não teríamos, hoje, quando vemos a colonização do desejo aniquilar o sentido da convivência e da autodescoberta, que devolver a felicidade ao campo da ética? Ou a ética à felicidade?



Fonte: http://www.youtube.com/ http://www2.camara.gov.br/tv

Ver mais em: As emoções também são herdadas

Visita a Almagro - 2º Dia - Parte V

Saímos do Almacén de los Fugger (Armazém dos Fúscares) e caminhámos através da Calle Diego de Almagro na direção sul da cidade e mais à frente encontrámos a Iglesia de Madre de Dios. Esta igreja bastante simples no exterior, tem um estilo de transição entre o gótico tardio e renascentista. Tradicionalmente la leyenda la une con el recuerdo de Diego de Almagro.Tradicionalmente a lenda liga-a com a memória de Diego de Almagro.

No seu interior é uma “igreja de salão”, muito frequente em toda a região de La Mancha. As naves, amplas e luminosas, estão cobertas por abobadas cruzadas assentes em grossas colunas.

Nas grossas paredes existem altas janelas, formadas por arcos que dão à luz interior um efeito claro em oposição ao que acontece com os vitrais góticos, cuja luz fica colorida, escurecendo o interior. TLa iglesia cuenta con dos portadas barrocas en los lados norte y sur y una torre inconclusa proyectada en el siglo XVII por arquitecto Benito de Soto, vecino de Almagro.em duas portas barrocas no norte e sul e uma torre inacabada, concebida no séc. XVII pelo arquiteto Benito de Soto, um residente de Almagro.
A fachada, com grandes contrafortes, tem uma grande roseta de tijolo datado 1602 que lança uma luz crua sobre o altar. A torre, inacabada e construída no lado direito da fachada é obra de Benito de Soto, Almagro vizinho arquiteto, no séc. XVII.

Esta igreja está localizada no que foi o Hospital de Nossa Senhora, em lotes comprados pela cidade em 1546. Foi uma igreja construída a partir de 1543, graças à ajuda do conquistador Diego de Almagro, com trabalhos liderados por Enrique Egas, o Jovem, mas só foi terminada em 1602, por razões económicas, como está indicado no escudo da fachada.
Ao lado estendem-se os recentemente reaproveitados edifícios do antigo Hospital de S. João de Deus. Este edifício do séc. XVII, era composto outrora por diversas unidades que abrigavam um hospital e convento, que teve grande utilização e desenvolvimento significativo, durante os séculos XVII e XVIII.

Hoje é o Teatro Hospital de S. João de Deus, um espaço renovado para a sua nova função teatral, com um moderno palco ao ar livre, recentemente construído com todos os requisitos técnicos mais modernos, onde normalmente atua a Companhia de Teatro Nacional.
Caminha-se por larga e longa estrada empedrada (Calle Diego de Almagro), com casas baixas caiadas de branco e mais à frente, do lado esquerdo, lança-nos um olhar convidativo, o antigo Convento de la Encarnación. Era um mosteiro que servia de abrigo a mulheres da Ordem Dominicana, viúvas e irmãs ou familiares dos cavaleiros da Ordem de Calatrava.

A sua igreja destaca-se como um elemento importante da arquitetura de Almagro. O seu interior em cruz latina, tem muitos traços maneiristas, acentuados na abside, que é coberta por uma enorme vieira.

A nave é dividida em duas partes e é coberta por uma abóbada de berço com arcos transversais e lunetas. Na primeira seção é decorada com o brasão da Ordem de Calatrava, onde aparece a data de 1597. Las capillas de poca profundidad, se abren entre las pilastras toscanas que componen el muroAs capelas laterais rasas, estão abertas entre as colunas toscanas que compõem a parede. O cruzeiro destaca as telas com pinturas com San Juan Bautista, San Juan Evangelista, San Diego e San José.

La nave dividida en dos tramos, se cubre por bóveda de cañón con arcos fajones y lunetos; el primer tramo se decora con el escudo de la Orden y debajo aparece la fecha de 1597, fecha d edinalización de la Iglesia.Del exterior merece la pena destacar la portada de accO segundo corpo da igreja foi construído no séc. XVIII, quando o Conde de Valdeparaíso foi nomeado padroeiro do Convento, doando dinheiro para a reparação da igreja e construção de um novo altar-mor, que está decorado com o belo casaco usado pelos Condes de Valdeparaíso.

Apenas Silêncio

"Os homens sempre foram donos do pensamento e do discurso. A filosofia é um território de disputas e as mulheres não estavam autorizadas a entrar nesse lugar"

Marcia Tiburi


Não...

"O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo".

George Bernard Shaw


Mas a escrita é um silêncio que se faz ouvir, revelando o mais incompreensível do nosso ser. É a liberdade que não se pode calar.

Perdemos um homem culto e bom

"Um grande homem é aquele que morre duas vezes. Primeiro, como homem; e depois, como grande homem."

Paul Valéry

Esta foi uma das últimas escolhas de Miguel Portas:


“Ensinou-me a nadar, a jogar ténis, a jogar pingue-pongue,  a chegar atrasado, a ter interesse pelo conhecimento, a ser teimoso. Quase tudo o que faço hoje, foi ele que me ensinou. Daria tudo o que tenho por um abraço, por um sinal de vida dele. Por causa dele, quero dedicar a minha vida aos outros.”

(Frederico, filho de Miguel Portas)

“Ambos dávamos ao outro não o preconceito sobre o que o outro pensava, mas o benefício da dúvida sobre o que o outro queria. Adorávamo-nos para além das nossas diferenças. Diria um pouco mais: adorávamo-nos também por causa das nossas diferenças.”

Paulo Portas

“As linhas paralelas não se cruzam só no infinito.” (Francisco Louçã) Na cerimónia evocativa a Miguel Portas as linhas cruzaram-se também nos discursos. Provocaram lágrimas, risos e vozes que fraquejaram de tão comovidas. Miguel Portas, o deputado europeu, o jornalista, o economista, o pai ou o irmão, “fazia de tudo para evitar os excessos de melancolia”. A confidência que Paulo Portas fez no seu discurso de homenagem faz pensar também se as lágrimas dos amigos não o teriam deixado zangado: “O meu irmão não era piegas”, assegurou o irmão mais novo.
(in,  http://www.ionline.pt)

Miguel Portas nasceu no dia 1 de Maio, não foi por certo por acaso!

Ver mais em: http://www.tvi24.iol.pt/politica/miguel-portas-homenagem-paulo-portas-sao-luiz-tvi24-be/1344556-4072.html

Visita a Almagro - 2º Dia - Parte IV

Uma vez mais na Plaza Mayor de Almagro, depois da visita ao Corral de Comedias, fomos até ao edifício do Ayuntamento, onde no rés-do-chão fica situada a Oficina de Turismo da cidade, para recolhermos mais informações sobre os pontos a visitar.
O belo edifício da Câmara Municipal oferece uma elegante fachada de pedra de cantaria, com três portas e janelas gradeadas no piso térreo, com uma varanda principal com cinco aberturas com vergas, tendo ao centro um grande escudo com as armas antigas da cidade, onde não falta a cruz da Ordem de Calatrava. No canto esquerdo, o edifício apresenta uma pequena torre com um relógio e um sino, datada de 1798, que veio do antigo Convento de Santa Catalina de frades franciscanos.
Segundo informação recolhida no turismo, a cidade tinha um castelo mouro, a que chamavam Almagrib, que estava levantado num dos caminhos que iam de Toledo a Córdoba.  E Almagreb era um nome que se referia à argila vermelha característica da área, a cor de Almagro. O ocre é ainda hoje usado para pintar a madeira das suas casas e está presente na coloração da Plaza Mayor e outros edifícios municipais da cidade.
A Plaza Mayor de Almagro está no mesmo local da antiga praça medieval, que passou por uma transformação notável durante o séc. XVI e foi em grande parte construída sob a responsabilidade da família Fugger, os banqueiros de Carlos V de Habsburgo. Dessa época são também os seus edifícios com balcões de cor verde, com arcos de inspiração flamenca suportados por colunas toscanas e feitos à imagem da Europa Central. Por baixo dos pórticos existem bares e lojas de artesanato.
Los Függer (ricos banqueros flamencos traídos por Carlos I) la hicieron a imagen y semejanza de las del centro de Europa.É um lugar com muitas reminiscências de outra época e de uma outra maneira de entender a vida, com lojas já difíceis de se encontrar, onde os artesãos locais nos abrem as portas, com as rendas delicadas, cestaria e produtos regionais, como as suas famosas berenjenas de Almagro (beringelas em calda), que resultam do trabalho realizado desde tempos imemoriais, de homens e mulheres almagreños.
A partir da Câmara Municipal, segue-se à esquerda, pela Calle San Agustín e logo se esbarra na Iglesia de San Agustín, que já se fazia notar à distância, pelas suas duas torres observadas da Plaza Mayor.

A igreja é um edifício barroco do séc. XVIII, encomendada em 1625 emandada construir, como muitos outros em Espanha, por um mandado testamentário de uma família, a família Figueroa. Foi terminada em 1719 e é uma obra-prima do barroco provincial e outrora pertencia a um convento de frades agostinianos já desaparecido. Encontra-se situada no lugar onde outrora se encontrava o palácio da família Fugger. Por se encontrar fechada no momento da nossa visita não pudemos visitá-la por dentro.
Caminha-se para oeste e mais à frente na mesma rua encontramos do lado direito o Teatro Municipal de Almagro, com uma belíssima fachada branca e ocre. Situado a uma curta caminhada da praça central desta cidade encantadora é um teatro/ópera que tem uma agenda movimentada durante todo o ano.
O Teatro Municipal foi construído em 1863 pelo arquiteto Cyril Rod e Soria, que tentou resumir na sua fachada a aparência e ornamentação própria dos valores da burguesia do século XIX. A sua fachada branca e ocre é neoclássica, com três arcos ladeados por duas portas de serviço e duas janelas e possuindo nichos com esculturas. No seu interior o teatro pode acomodar 530 pessoas.
Pela Calle Encomienda, voltamos para a esquerda e segue-se pela Calle Diego de Almagro, a caminho do Almacén de los Fugger (Armazém dos Fúscares), do séc. XVI. No caminho encontra-se também o edifício da Biblioteca Pública Municipal Manoelita Espinosa e um pouco mais à frente aparece-nos o famoso Armacén de los Fugger, um edifício de cor ocre.
O Almacén de los Fugger é realmente um antigo armazém construído no século XVI pelos Fugger, uma família de banqueiros, ou para gerenciar e armazenar o mercúrio das Minas de Almaden e cereais. A fachada é de tijolo burro de barro vermelho e é um edifício rústico observado do lado de fora. No interior, está organizado em torno de um pátio quadrado com galerias da Renascença e arcadas de tijolo apoiadas em colunas de calcário.
O pátio, foi originalmente construído para ser uma espécie de hall de entrada com escadaria para o primeiro andar. É composto de belas arcadas apoiadas em colunas. Após a partida dos Fugger, no final do século XVIII, teve diversas utilizações, sendo adquirido pelo Ayuntamento em 1984. Hoje abriga a Universidade Popular de Almagro e é uma das áreas cénicas do Festival Internacional de Teatro Clássico da cidade.
Fonte: Wikipédia.org / http://www.turismocastillalamancha.com / http://www.turismoalmagro.com/monumentos_sanagustin.htm