Rocamadour - 23º Dia - Parte I





O terceiro dia em La Roque Gageac era para ser passado a fazer canoagem, descendo o rio. No entanto a falta de provisões e em especial de café na autocaravana, fez com que a partida se antecipasse.

Partimos então a caminho de Rocamadour, o próximo lugar de paragem. Primeiro Saint-Michele, depois Rocamadour, e depois ainda Lourdes, no dia seguinte, numa viagem só, ficavam vistos os três maiores santuários de França.

No caminho parou-se num minimercado, onde comprámos tudo o que precisávamos. Quando foi a pagar, uma jovem que estava na caixa, ouvindo-nos falar português, algo roborizada, olhou para nós, sorriu, e disse-nos que era portuguesa, e ali ficámos um pouco a trocar impressões. O comércio era de seus pais e ela embora nascida em Portugal, fora criada em França.

França sempre foi um lugar de emigração portuguesa. A grande emigração para França deu-se pela primeira vez por volta dos 50 do séc. XX, prolongando-se durante os anos 60, 70 e 80, quando cerca de 1,5 milhão de portugueses emigraram para este país. A maioria destes emigrantes está hoje muito bem integrada na sociedade francesa, tendo uma crescente influência política. No entanto, com a recente crise económica, mais uma vez os portugueses tiveram necessidade de sair do seu país, e este, tal como outros países, mais uma vez se revelou tradicionalmente um país de acolhimento para os portugueses.
 
A distância entre La Roque Gageac e Rocamadouré de apenas 58 quilómetros, mas parece ser muito mais, uma vez que as estradas além de serem secundárias, são sinuosas e estreitas, passando por várias povoações. Numa dessas povoações do caminho, ainda parámos para ver uma corrida de cavalos, num inesperado hipódromo, com uma belíssima pista de corridas.

Já a tarde ia adiantada quando chegámos a Rocamandour. Cá de cima da estrada, num miradouro natural, olha-se para o pequeno santuário situado numa ingreme encosta. A sensação é a de observarmos de longe um lugar divino, onde o horizonte e o céu se inundam de um azul intenso, a terra é sólida e fértil, com florestas de profundo verde. Entre vales e montanhas com vegetação luxuriante à sua volta, encontra-se Rocamandour.

Rocamadour é um dos santuários mais famosos de França, sendo entre os séculos XII e XIV, um dos mais altos lugares de peregrinação no Ocidente cristão. A sua famosa Madona Negra, venerada por seus muitos milagres, encontra-sena Chapelle Notre-Dame (Capela milagrosa de Nossa Senhora), rodeada de um complexo de construções monásticas, e é o tema de uma devoção renovada desde o séc. XIX.

O Santuário de Rocamadour, na encosta escarpada de uma colina calcária é acessível através de duas entradas. De baixo por estrada sinuosa, e de cima, através da Grand Escalier (grande escadaria) que se eleva a partir do centro da pequena cidadela, até ao ponto mais alto da elevação rochosa. Os seus 216 degraus, que os peregrinos muitas vezes ainda hoje sobem de joelhos, são esculpidos na rocha e pressionados contra a encosta escarpada, subindo até a um planalto de calcário, onde se encontra a estrada.

Durante o séc. XII, num espaço estreito e íngreme de um terraço rochoso, a meia encosta, foi iniciada a construção de um mosteiro, sendo ali construídos vários edifícios.

O Santuário de Rocamadour -"roc amatour” = amante das rochas - é hoje um dos pontos turísticos e de peregrinação mais importantes de França, e permite uma bela vista sobre sobre o profundo vale onde corre um subafluente do rio Dordogne, o rio L’ Alzou.

Segundo a tradição, lá viveu o eremita Zaqueu de Jericó, um judeu morto por volta de 70 d.C., com fama de santo e que amava as rochas, tendo ali escavado numa rocha o seu eremitério, para se isolar do mundo.

Reza a história, que Zaqueu de Jericó (aquele que enxugou o rosto de Cristono calvário), foi expulso da atual Palestina e fixou-se nesta região do sudoeste da França, sendo o seu corpo encontrado intacto em 1166. A partir daí o lugar começou a ser um ponto de peregrinação.

A tradição também o refere como responsável por trazer para Rocamadoura a estátua da Virgem Negra, que no entanto é datada do séc. IX. Depois de lhe serem reportados muitos milagres atribuídos em especial ao túmulo de Saint Zaqueu, e ao Santuário da Virgem, muitos peregrinos famosos estiveram em Rocamadour, entre eles, alguns homens santos, bem como muitos reis e rainhas, o que incentivou ainda mais as peregrinações a este lugar.

Na parte de trás do Mosteiro, há um caminho sinuoso com sete paragens, representando as chagas de Cristo e os momentos até à crucificação.

Este Santuário sempre cheio de gente, é também uma das paragens obrigatórias para os peregrinos a caminho de Santiago de Compostela.
 
 
Fonte: http://imigrantes.no.sapo.pt/ http://espacoerrante.blogspot.pt/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Rocamadour http://www.rocamadour.com/fr/ http://navegador-urbano.blogspot.pt/

O medo e suas relações com a violência e a sociedade


Guernica de Pablo Picasso

Não temos, nos nossos registros sociais, atualmente, meios de dissipar e lidar adequadamente com os nossos medos. Quais medos? Todos e quaisquer que se apresentem ao nosso inconsciente ou ao nosso consciente.

No passado, a cultura encarregava-se de nos dar meios suficientes de suportar os medos de todo tipo. Hoje, os nossos medos não têm mais suporte, são medos impossíveis de correção, como o medo do corpo deformado - feio, gordo, magro, impossível de ser aceite - como o medo do futuro, que nos faz querer morrer no presente, como o medo do insucesso, etc.

O medo irremediável gera a impotência que nos oferece dois caminhos: a depressão ou a violência - auto ou heterodirigida. Somente um cuidador afetivo e presente pode dar conta disso.

Ivan Capelatto é psicoterapeuta, psicólogo clínico e professor do curso de pós-graduação em pediatria da Faculdade de Medicina da PUC - Paraná. Autor da obra Diálogos sobre Afetividade - o nosso lugar de Cuidar (2001).



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=myqFpFetUH4

A democracia, a crítica e o sofá de Freud


“Os que invalidam a razão devem pensar seriamente se estão a argumentar contra a razão com razão ou sem ela; se for com razão, estabelecem o princípio de que estão a trabalhar para a destronar; mas se argumentam sem razão (que, para serem coerentes consigo próprios, é o que devem fazer), estão fora do alcance da condenação racional e também não merecem um argumento racional.”

Ethan Allen*, in O Mundo Assombrado Pelos Demônios – A Ciência Vista Como uma Vela no Escuro de Carl Sagan (pág. 327)
 
Polemizar é debater ideias. Do debate brota a síntese, o caminho a seguir, embora haja quem marque passo.

Quem polemiza, justa ou injustamente, fica com travo amargo.

Quem escreve ou fala publicamente não escreve só por escrever, nem fala só por falar. Por diletantismo! Quer transmitir mensagens e ideias. De contrário, escreveria um diário íntimo ou usava um gravador para se ler ou se ouvir, ou mastigava silêncio que é ainda melhor.

Se a escrita ou a fala se dirigem à crítica social ou política vão gerar o tal travo amargo no criticado ou atingido, semeiam odiozinhos, coisas mesquinhas, muito pequeninas! Dissimulados de variadas formas.

Num espaço democrático, a participação cívica e política envolve, quase sempre, uma posição crítica, de discordância, onde se ponderam os dois pratos da balança: o opinador, os destinatários desta, os defensores e os adversários de um e outro.

É a participação cívica e política dos cidadãos na vida e enriquecimento democráticos.

É o “a, b, c” da dialéctica de um mundo democrático que, por isso mesmo, cada vez mais se sente em evolução e participativo.

A crítica pode operar-se com veemência, contundente, mordaz, mas deve ser lida como tal, crítica, modo diferente de ver e encarar as coisas, os problemas, os desafios que se colocam à República, à comunidade e ao indivíduo.

Bate o ponto aqui.

Uma palavra a mais, um dito a menos e infeliz, uma referência mais picante, odiozinhos antigos e dissimulados são erigidos a ofensas gravíssimas à honra e à dignidade.

Se o escriba avança a opinar discordantemente por aí fora, toda a honra fica abalada de dor, sofrimento e sangue.

A ofensa sobe quanto mais certeira foi a imputação!

Falam aí a ausência de poder de encaixe, a incapacidade de aceitação da crítica, a fragilidade das convicções, ao cabo e resto, défice de formação democrática.

O juiz penal é chamado para sarar a honra ofendida!

Se Eça de Queiroz cá voltasse (que jeito nos dava!), não haveria espaço em qualquer majestoso tribunal para arquivar os processos com que teria de alombar, cárcere onde o metessem, conta bancária que suportasse as indemnizações a pagar. Tal era contundente a sua crítica, corrosiva e certeira a ironia.

Mediocridades e pequenez! Convocar o juiz penal porque fulano ou sicrano no comentário ou opinião críticos não foi de destreza literária, causam grande fastio.

Há sábios de barriga a abarrotar de “ciência anónima, com vaga noção de tudo e conhecimento de nada”. Por aí pululam. Os “ressequidos”, Eça dizia. Não beberam uma gota “daquele leite de humana bondade..." de que falava o adorável Charles Dickens.

Atiram a pedra, ocultam a manápula!

Tomem o sofá de Freud!

 
Alberto Pinto Nogueira, Procurador-geral adjunto

in JORNAL O PÚBLICO (20/05/2013)

*Ethan Allen foi o chefe dos Green Mountain Boys, na tomada do Fort Ticonderoga.

Vida, Cultura e Trabalho




A Vida é cultura.
O homem é
Cultura das culturas,
é a cultura existencial.
As culturas são definidas como:
Hábitos,
Costumes,
Estilos de vida,
Arte,
Canção,
Poesia.

As culturas são diversas,
diversos são os povos,
e os povos têm
suas origens culturais.
Cultura exige cuidar,
e no cuidar da vida
ampliaremos o conceito
de cultura.

Se somos frutos de uma cultura,
Pensemos a originalidade que somos.
Se tudo o que fazemos demonstra cuidado,
Olhemos os desastres no universo.


 


Pensar é arte,
e arte é cultura.
A cultura do pensar
transforma o homem e
sua relação com o outro,
resultando em profunda
harmonia.


José Damião Limeira*



Este é mais um dos programas históricos que foram emitidos pela RTP em 1990, que foram gravados quatro anos antes da morte de Agostinho da Silva.

Por vezes críticas, por vezes divertidas, mas sem dúvida sempre abertas, francas e extremamente informativas, as Conversas Vadias mostram-se em muitas ocasiões admiravelmente atuais.
 
Neste episódio, Agostinho da Silva deixa claro que considera que a Educação de hoje está inteiramente comprometida. Sempre assertivo, explica que o problema não é dos alunos, mas sim das imposições de uma sociedade competitiva, que nos leva a considerar o trabalho como uma obrigação e não como uma ocupação de nosso gosto.


*José Damião Limeira, é um Filósofo, Poeta e Escritor brasileiro
Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk http://www.pucrs.br/mj/poema-diversos-826.php

Quem pode salvar a Terra?



No passado dia 21 de maio, comemorou-se o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento.

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2001, mesmo ano em que foi feita a Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultural.

Em 2005, a Assembleia Geral da Organização adotou a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. A convenção foi promulgada no Brasil em 2007 e, até agora, 109 países já ratificaram o documento.

É um dia que serve a causa nobre da aceitação e respeito pela diversidade cultural de cada um de nós, não estabelecendo diferenças entre “povos indígenas”, ou povos ditos “culturalmente evoluídos”.

Este dia deve ser encarado também por todos, como uma chamada de atenção para a forma como nos relacionamos no dia-a-dia, a fim de darmos uma oportunidade para aprofundarmos a compreensão sobre os valores da Diversidade Cultural e para se aprender melhor sobre como “viver juntos” e em harmonia.

Fontes: http://www.cultura.gov.br/¸ http://www.acidi.gov.pt/  

Neste último episódio da série Cosmos, Carl Sagan fala-nos precisamente sobre a necessidade de nos entendermos pacificamente, numa troca de culturas e experiências de vida, como cimento para o bem comum, dizendo-nos que no passado, guerreamo-nos uns aos outros, e raramente apreciámos as semelhanças de todas as culturas e povos da Terra. Mas agora o Mundo encontra-se no meio de uma devastadora revolução de nível mundial, conforme se vai encaminhando para uma única comunidade global, e será necessário um esforço de respeito válido para nos encontrarmos.



“Eu conclamo céu e terra hoje, para testemunharem contra ti, eu coloquei vida e morte perante ti, bênção e maldição, e escolherás vida para que vivas tu e teus descendentes.”

Há mais de 200 anos no Golfo do Alasca, num lugar chamado Baía de Lituya, duas culturas que não se conheciam tiveram um primeiro encontro.

O povo Tlingit vivia mais ou menos como seus ancestrais há milhares de anos, eles eram nómadas viajando sempre de canoa entre inúmeros locais de acampamento, onde pescavam muitos peixes e ostras, trocando-os com as tribos vizinhas.

O criador a que veneravam era o “deus Corvo”, a quem eles representavam como uma enorme ave preta de asas brancas e, num dia de julho de 1786 o deus Corvo apareceu. Os Tlingit ficaram apavorados, eles sabiam que quem olhasse diretamente para o deus, transformar-se-ia em pedra.

Do outro lado do planeta decorria uma expedição liderada pelo explorador francês Jean-François de La Pérouse. Esta foi na verdade a viagem cientifica mais elaboradamente planejada do século XVIII, que foi enviada para circundar o mundo, reunindo conhecimento sobre Geografia, História Natural e povos de terras distantes.

Mas para os Tlingits, cujo mundo estava confinado às ilhas e enseadas do sul do Alasca, esse grande navio só podia ter vindo dos deuses. Entre eles, houve um homem que ousou olhar mais profundamente e de perto a aparição. Era um velho guerreiro que estava quase cego, dizendo que sua vida estava quase no fim, e para o bem comum, ele se aproximaria do corvo para saber se o deus iria realmente transformar seu povo em pedra. Então partiu para sua própria pequena viagem de descoberta, para poder confrontar o fim do mundo. O velho olhou fixamente para o corvo e viu que ele não era um grande pássaro do céu, mas o trabalho de homens como ele mesmo.

Este primeiro encontro revelou-se pacífico, pois os homens da expedição de La Pérouse tinham ordens estritas para tratar com respeito qualquer povo que pudessem descobrir, numa política excecional para sua época e, depois dela, La Pérouse e os Tlingits trocaram bens, e logo após, o estranho navio zarpou para jamais voltar.

Nem todos os encontros entre nações foram tão pacíficos. Antes de 1519, os Astecas do México jamais tinham visto uma arma, e também acreditavam a princípio que seus visitantes tinham vindo do céu. Os espanhóis comandados por Cortez não estavam limitados por nenhuma ordem formal contra a violência, e as suas verdadeiras naturezas e intenções logo ficaram claras.

Ao contrário da expedição de La Pérouse, os conquistadores não buscavam conhecimento, mas ouro. Eles usaram suas armas superiores para pilhar, e matar, e na sua loucura eles destruíram uma civilização. Em nome da devoção, zombando da religião dos conquistados, os espanhóis destruíram totalmente uma sociedade, que tal como nós, tinha obtido o conhecimento artístico, astronómico… e que fazia arquitetura tal como na Europa.

Nós hoje, desprezamos os conquistadores espanhóis por sua crueldade e miopia, por terem preferido escolher a morte, e admiramos La Pérouse e os Tlingit, por sua coragem e sabedoria, por escolherem a vida.

A escolha ainda é nossa, mas a civilização agora em risco, é a humanidade toda. Como os antigos criadores de mitos sabiam, nós somos filhos igualmente da Terra e do céu, e na nossa ocupação deste planeta, nós acumulamos uma bagagem evolutiva perigosa, com grande propensão para agressão como ritual, submissão aos líderes, hostilidades com forasteiros e pessoas diferentes, e tudo isso põe a nossa sobrevivência em dúvida.

Mas nós também adquirimos compaixão pelos outros, amor por nossos filhos, desejo de aprender com a história e com a experiência, e uma grande, elevada e apaixonada inteligência, que são as ferramentas claras para nossa contínua sobrevivência e prosperidade.

Qual o aspeto da nossa natureza que vai prevalecer é incerto, particularmente quando as nossas visões e perspetivas estão presas a uma pequena parte do pequenino planeta Terra. Mas lá em cima no Cosmos, uma perspetiva inevitável aguarda.

As nossas fronteiras nacionais não são evidentes quando observamos a Terra do espaço. As identificações fanáticas, étnicas, religiosas ou nacionais, são um tanto difíceis de apoiar quando vemos o nosso planeta como um frágil crescente azul, encolhendo para se transformar num insignificante ponto de luz contra o bastião e a cidadela das estrelas.

Carl Sagan leva-nos depois a bordo da sua nave interestelar e diz-nos que ainda não há sinais óbvios de inteligência extra terrestre e, isto faz-nos imaginar se civilizações como a nossa correm inevitável e precipitadamente para a destruição, dizendo-nos que sonha com isso… e que às vezes estes são pesadelos…

Diz-nos que todas as pessoas que pensam temem uma guerra nuclear, e que todas as nações tecnológicas a planejam. Todos sabemos que ela é uma loucura, mas todos os países têm uma desculpa.

Sagan conta-nos um dos seus sonhos, e faz em seguida uma série de reflexões acerca da utilização militar da energia atómica, para referir que as máquinas de destruição se tornaram capazes de arrasar a nossa civilização, e talvez, até mesmo a nossa espécie.

No final diz-nos que a promessa de uma grande civilização científica já foi uma vez destruída pela ignorância e pelo medo, quando no séc. V uma multidão de fanáticos destruiu por completo a grande Biblioteca de Alexandria.

Leva-nos de novo à Biblioteca de Alexandria, para nos dizer como o poder centralizado da Igreja teve um papel decisivo na destruição do acervo desta biblioteca, apresentando-nos também e mais uma vez, a vida de uma das últimas grandes filósofas conhecidas da Antiguidade: Hipácia de Alexandria.

Leva-nos a fazer uma viagem pela história da vida no nosso planeta, para nos dizer que como há 400 anos ainda não fazemos ideia do nosso lugar no Universo, e que a longa jornada para esse entendimento só é possível quando houver um respeito absoluto pelos factos e o encanto pelo mundo natural.

Diz-nos ainda todos nós somos descendentes de astrónomos e que o direito hereditário de cada criança, encontrar o Cosmo renovado em cada cultura e cada Idade. Quando isto acontece connosco experimentamos um profundo senso de admiração, e os mais afortunados entre nós, são guiados por professores que através do seu encorajamento e seu exemplo canalizam esta alegria.

Nós nascemos para nos deliciarmos no mundo, e somos ensinados a distinguir os nossos preconceitos da verdade. Então novos mundos são descobertos enquanto estudamos o cosmo.

Mas a nossa sobrevivência não se deve apenas a nós próprios, aos nossos antepassados, ou aos nossos descendentes, mas também a esse Cosmos, antigo e enorme, do qual despontamos.

Termina a série com um vibrante apelo à Paz, em nome da nossa dignidade humana e do respeito ao Universo do qual fazemos parte. 

A não perder!...

Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=xh0RHQzjZKU http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_epis%C3%B3dios_de_Cosmos; http://www.opapagaioabusado.com.br/?p=540
Mais informações em:
http://www.carlsagan.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan
http://www.documentarios.org/serie/de...
http://www.aeroespacial.org.br/educac...

La Roque Gageac - 22º Dia - Parte III





No segundo dia em La Roque Gageac, foi dedicado à exploração da bela aldeia histórica. A partir do sopé, começamos por subir e explorar as ruas que sobem pela encosta escarpada.

As casas da aldeia trepam desde a margem esquerda do rio Dordogne, até a 1/3 da encosta. Já no cimo da aldeia, encontramos a singela Capela de Saint Julien, o lugar de culto das gentes de La Roque Gageac.

Estava calor em La Roque Gageac. Primeiro estranha-se este calor quase tropical, depois entranha-se, e precisamente por isso, para quem a visita não apetece deixá-la com facilidade.

A situação da aldeia, entre um promontório calcário escarpado, a norte e uma colina cheia de vegetação a sul, transforma o lugar num grande solário natural, o que tornou possível a criação de um extraordinário "jardim exótico" na aldeia, ao lado da pequena igreja.

O jardim que se estende até metade do penhasco, muito bem cuidado, foi criado por Gerard Dorin em 1970, e tem-se desenvolvido desde então de forma luxuriante. A grande diversidade de plantas tropicais e subtropicais, bem como mediterrânicas, só é possível porque o penhasco por trás da aldeia a protege dos ventos frios do norte, enquanto a visão mais aberta para o sul, garante o aquecimento necessário à transformação climática sentida no lugar.

Depois procura-se a subida para o Forte Troglodita. No caminho encontra-se a mansão Le Manoir de Tarde, que fica a meia encosta. A partir de meia encosta a subida para o forte é feita através de escadas em madeira, que nos levam até às suas ruinas.

A vista lá de cima é soberba. Dali têm-se a perceção real daquele lugar místico, com o Dordogne entre cavernas e castelos. É uma autêntica vista aérea de La Roque Gageac, da beleza do rio Dordogne, das colinas a sul e dos telhados das casas que trepam pela falésia.

É também dali que nos apetece indagar o porquê da vida troglodita, e pensar na história dos povos que outrora ali se fixaram.

Durante o período galo-romano, a paz encorajou as pessoas a criar assentamentos bastante consideráveis ​​nas encostas suaves, a leste da aldeia, e até mesmo construir uma estrada romana.

No entanto, a partir do ano 850, os perigos apresentados pelas incursões dos Vikings, em particular, levou a população a procurar abrigo e construir fortificações no local mais seguro, entre o precipício e rio.

A Guerra dos Cem Anos, e depois as amargas "Guerras de Religião" da França, fizeram com que La Roque Gageac resolve-se construir uma fortaleza chave, inexpugnável e densamente povoada.
 
La Roque Gageac sempre foi um importante ponto de comércio no rio Dordogne, mas com o tempo, o tráfego do rio tornou-se cada vez mais importante, com um fluxo muito movimentado de transporte de cargas, feito pelos tradicionais "Gabares", à vela e de fundo chato, que percorriam o rio Dordogne, que também eram usados na pesca comercial, que continuou até o início do séc. XX.


Fonte:  http://en.wikipedia.org/ http://fr.wikipedia.org/ http://espacoerrante.blogspot.pt/ http://www.northofthedordogne.com/

La Roque Gageac - 22º Dia - Parte II




No 22º dia desta viagem, descansando numa esplanada à beira do rio Dordogne, encantados com o ambiente tranquilo de La Roque Gageac, foi-nos difícil decidir aproveitar algum do nosso repouso, para fazer uma pequena viagem de barco pelo rio, mas este chamava por nós insistentemente.
 
Ao olhar o rio, enquanto preguiçosamente sentados, observámos as sistemáticas paragens e partidas de duas belas réplicas de “gabares” (barcos à vela de fundo chato), ali sediados para os percursos turísticos, que a cada 30 minutos, se enchiam de turistas.
Pelo que ficámos a saber, estes minicruzeiros, são hoje considerados imperdíveis, por serem realizados em “gabares”, os barcos tradicionais do rio Dordogne, que outrora subiam e desciam o rio com mercadorias.
Este minicruzeiro sai do cais da magnífica vila fortificada de La Roque Gageac. Já a bordo verifica-se que se faz um melhor reconhecimento da aldeia e das suas peculiares encostas, ou mesmo das convidativas margens do Dordogne.
Dali se veem na perfeição o conjunto de suas casas e mansões nobres, que se encontram na margem esquerda do rio.
Uma delas é o Château de la Malartrie, construído em estilo renascentista e que data do séc. XIX. No entanto, segundo reza a história, o lugar onde se ergue o Château de La Malartrie remonta ao séc. XII. In these ancient times La Malartrie was a leper hospital and has been since transformed several times. Nesses tempos antigos La Malartrie foi um hospital de leprosos e com o passar do tempo, os seus vários proprietários foram-no transformando. A residência atual, hoje convertida em hotel, foi reconstruída no final do séc. XIX, pelo Conde de Saint Aulaire, embaixador de França no Reino Unido, transformou o castelo como se apresenta hoje, em estilo renascentista.
Na mesma margem, um pouco mais adiante, em direção a uma ponte de arcos que atravessa o rio, situa-se em cima de um monte escarpado, repleto de vegetação, o Château Lacoste, com uma vista excecional sobre os Châteaux de Beynac e Castelnaud.
No alto do penhasco virado a sul, encontra-se também o Château de Marqueyssac, um belo castelo com uma vista privilegiada para o Vale do Dordogne. Possui belos jardins em estilo francês, atribuídos a um aluno de André Le Nôtre (o maior paisagista do barroco francês e responsável pelos Jardins de Versailles), com terraços e labirintos em buxo e uma bela horta, em redor do castelo.
Do outro lado da margem, os Châteaux de Beynac e Castelnaud, chamam também a nossa atenção. O Château de Castelnaud é um monumento histórico que data de 1966, com vista para o vale do Dordogne e oferece uma vista magnífica sobre o Château  de Beynac e Marqueyssac, bem como de La Roque Gageac. Aberto ao público desde 1985, este castelo é dedicado à arte da guerra na Idade Média. Encerra uma grande coleção de armas e armaduras, bem como um bom conjunto de móveis e engrenagens de guerra.
 
Também no alto do penhasco rochoso o Château de Beynac com sua aparência austera remonta à Idade Média, dominando a cidade e a margem norte do rio Dordogne. O castelo foi construído no séc. XII pelos barões de Beynac (um dos quatro baronatos de Périgord) para fechar o vale. Era um edifício defensivo, que do cimo da falésia desencorajava qualquer agressão do lado este.
 
Mais a oeste, logo abaixo do forte troglodita observa-se outro edifício de referência, Le Manoir de Tarde, uma bela mansão de uma aristocrática família de nome Tarde, também da Renascença, que nos mostra a sua torre redonda e janelas mullion, dominando o coração da aldeia histórica.
 
Além destes, ainda se podem observar outros, na sua maioria do período renascentista, juntamente com os fortes trogloditas no cimo do penhasco, assim como vestígios dos antigos palácios de verão dos Bispos de Sarlat.
No rio, além dos “gabares”, também cruzam as suas águas, a qualquer hora do dia, um grande número de canoas e caiaques, utilizados quer por turistas, quer por adeptos das duas modalidades.
Fonte:  http://en.wikipedia.org/ http://fr.wikipedia.org/ http://www.lamalartrie.com/site.html http://www.castelnaud.com/fr/