O Fascínio de Cannes

Chegámos a Cannes já ao início da noite, e encontrámos o lugar de pernoita junto ao caís a Este da cidade, com vista para a baía, ao lado do Casino Palm Beach. Depois de uma boa noite de descanso e relaxe, no dia seguinte fomos de mota fazer o passeio pela cidade que demorou todo o dia, pelo que só voltámos à autocaravana à noite.

Verdadeiro símbolo de uma geração de estilo e glamour irrepreensíveis, esta serena e pacata vila francesa cedo se tornou no paradigma da boa vida, de momentos vividos no pleno das emoções, terra de sol e cheiro a lavanda que o vento trás, onde cada recanto transpira segundos de eternidade.

Repleta de estrelas e ofuscada por uma beleza quase perfeita, com os seus hotéis e cafés de charme que convidam a jornadas de descanso demorado, Cannes apropria-se de forma perfeita do aglomerado de pequenas casas de pescadores nas doces colinas que serpenteiam pelo Mediterrâneo, dos sorrisos fortes que evidenciam um prazer absoluto, do bronzeado perfeito que evidencia um mar de tentações em permanência.

O seu soberbo passeio maritimo, "La Promenade de La Croisette" enfeitado com palmeiras e jardins, é ladeado por praias de areia fina. Na marginal abundam lojas e hotéis de luxo, como o Carlton, construído em 1907, cujas duas cúpulas teriam sido inspiradas nos seios da Belle Otéro, uma personagem famosa do "demi-monde" de finais do séc. XIX. (Carolina Otero Iglesias, foi uma bailarina espanhola, de muitos e famosos amores, lindíssima, também conhecida como a "sereia do suicídio", que nascida pobre perto de Pontevedra, em 1868, seria considerada a mais famosa bailarina europeia, do início do séc. XX).
Desde a Idade Média até o início do século XIX, Cannes era uma pequena aldeia de agricultores e pescadores, cujo nome "Cannes" tem origem no desembarque de cana-de-açúcar, que nos primórdios era feito no seu porto. Foi totalmente revolucionada no início do século XIX, mais precisamente na década de 1830, quando os aristocratas franceses e até estrangeiros começaram a construir residências de férias nesta região, transformando-a gradualmente numa cidade turística por excelência.

A cidade antiga. no bairro Suquet, aparece nos socalcos sobre as colinas do Mont Chevalier. Parte da antiga muralha rodeia a Place de la Castre, onde fica a igreja de Notre-Dame d'Espérance, em estilo gótico provençal, construída entre os séculos XI e XIV para vigiar os piratas que se aproximavam da costa. Aqui podemos também encontrar a Rue du Suquet, uma ladeira estreita e cheia de restaurantes encantadores, que é sem dúvida uma das ruas mais frequentadas da cidade.

O responsável pelo crescimento de Cannes foi Lord Henry Peter Brougham (1778-1868). Naquela época, Lord Henry Brougham era um respeitado e talentoso político, que descobriu Cannes em 1834. Impedido de ir para Nice devido a um surto de cólera, instalou-se em Cannes, que era na altura um pequeno porto de pesca.

Seduzido pela beleza do local e pelo seu clima ameno, mandou construir uma mansão, encorajando os seus compatriotas a descobrirem também o local. Além disso e após ter comprado terras ao oeste de Suquet, serviu-se dos seus vários contactos com os políticos franceses, para ajudar a desenvolver a Riviera francesa.

Deu-se assim o primeiro passo para uma grande expansão que a tornou num concorrido destino de férias. Actualmente é uma das cidades do Sul de França mais conhecidas devido ao seu famoso festival de cinema que aqui acontece todos os anos em Maio. Nessa altura do ano os cerca de 70 mil habitantes, aprendem a lidar com o buliço que se cria em torno das estrelas que visitam a cidade.

Metrópole do cinema e das festas a um ritmo impossível, Cannes é também um perfeito exemplo de um ambiente descontraído e ligeiro, em que cada amanhecer é eterno e cada azul celeste a memória perfeita a ser retratada na máquina dos sonhos...

Um comentário:

majv disse...

A propósito do local de pernoita em Cannes, gostaria deobter outras informações, todavia, não encontro endereço de mail...
O meu: manuelvitorino@hotmail.com
Obrigado e parabéns pela qualidade das suas narrativas.