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O Limiar da Eternidade

 
Neste episódio, Carl Sagan apresenta diferentes teorias acerca da origem e destino do Universo, desde lendas e crenças à astrofísica. Para tanto, Sagan apresenta noções básicas de Física, explicando a questão das 3 dimensões e a possível quarta dimensão (tentando exibir o que seria um Tesseract), bem como o efeito Doppler e sua repercussão para a teoria do universo em expansão, descoberto através das observações esmeradas de Milton L. Humason.
Qual é a origem do Universo? Qual é o seu destino? Continuará o Universo a expandir-se para sempre ou sofrerá um dia um colapso? Carl Sagan explora o tempo em que as estrelas e galáxias se começaram a formar, e mostra como neste século os seres humanos descobriram a expansão do Universo.
Fala-nos da Via Láctea e do movimento dos seus astros, referindo que o Sol tem mudado frequentemente de posição em relação aos braços em espiral da nossa galáxia.
Diz-nos que o estudo de todo o Universo e a chave da cosmologia, que se revelou um lugar-comum de toda a Natureza e uma experiência da vida diária. E dá-nos exemplos disso.
Fala-nos então do Efeito Doppler que é observado nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que está em movimento com relação ao observador, dizendo-nos que o Efeito Doppler para ondas de luz é a chave para o Cosmos e que a evidência para isso foi-nos dada por um antigo cocheiro com muito poucos estudos, filho de um banqueiro, e de como ele e seus ajudantes descobriram o big-bang.
Explica-nos em seguida as várias dimensões, para nos dizer por último que nós somos criaturas tridimensionais presas em três dimensões. Diz-nos também que podemos apenas imaginar uma quarta dimensão, sem contudo podermos vivenciá-la, para nos dizer no final, que o Universo poderá ser tanto finito, como sem fronteiras.
Fala-nos ainda da expansão do Universo, dizendo-nos que qualquer astrónomo em qualquer galáxia, veria as outras galáxias a afastarem da sua, e quanto mais longe estiver a galáxia, mais rapidamente ela parece mover-se, como se eles tivessem cometido uma terrível gafe social intergaláctica. Foi isso que foi descoberto pelos observadores do grande telescópio de Los Angeles, que chegaram à conclusão que o Universo, nem tem fronteiras, nem centro.
Fala-nos depois de buracos negros e da possibilidade de existiram tuneis cósmicos, especulando em seguida sobre eles, e sobre a possibilidade do Universo ser “aberto” ou “fechado”. São ainda explorados mundos de duas e quatro dimensões antes do Dr. Sagan desaparecer num buraco cósmico.
Mas como é que foi criado o Universo? Muitos acreditam que foi Deus ou deuses que criaram o Universo do nada. Mas se quisermos perseguir esta questão, com coragem, teremos que fazer a pergunta… E quem criou Deus? O melhor será talvez aceitarmos que estes tipos de perguntas são irrespondíveis. Ou se aceitarmos que Deus sempre existiu, o melhor será admitir que o Universo também sempre existiu.
A cosmologia coloca-nos frente a frente, com os mistérios mais profundos e com questões que eram tratadas apenas na religião e no mito. 
Carl Sagan leva-nos em seguida até à India, onde uma velha cerimónia comemora os ciclos da Natureza. Ao tratar do big-bang, faz uma regressão às explicações cosmológicas do hinduísmo, especialmente a "dança cósmica" do deus Shiva, numa escultura do Império Chola, com os símbolos da criação e da destruição, numa espécie de premonição das teorias modernas.
Tal como os modernos astrofísicos, a mitologia Hindu fala de um Universo velho de biliões de anos e da possibilidade de ciclos eternos de morte e renascimento.
No final, Carl Sagan conduz-nos então às planícies do Novo México, onde 27 radiotelescópios gigantes sondam as mais longínquas fronteiras do espaço, e onde os astrónomos conjeturam sobre qual o destino que aguarda o Cosmos: expansão eterna sem limites ou oscilação sem fim…

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=6KOZ-XOtFy0
Mais informações em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Doppler
http://www.carlsagan.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan
http://www.documentarios.org/serie/de ...
http://www.aeroespacial.org.br/educac ...

Ninguém Tem Pena das Pessoas Felizes



…“Em Portugal, a felicidade é reprimida. Não se pode entrar feliz num lugar, resplandecente na cara soalheira que Deus Nosso Senhor nos deu, sem que algum marreco nos venha meter o queixo no sovaco e pergunte: «Então? O que é que aconteceu? Saiu-lhe a sorte grande ou quê?» Se uma mulher, de repente, pega na bainha da saia e se põe a atravessar a rua aos saltinhos, só porque é precisamente assim que lhe apetece atravessá-la, há uma corrida às cabines telefónicas a ver quem é o primeiro a ligar para o Júlio de Matos.

A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os portugueses quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles. Mais precisamente: com a miséria deles. Não lhes passa pela cabeça que se possa ser feliz sem ser à custa de alguém. Acham que as pessoas felizes são esponjas-com-pernas, daquelas de banho, cor-de-laranja, muito alegres, que andam pelas ruas a chupar a felicidade toda às outras pessoas.

Se houvesse um livro de Bernardim Ribeiro que começasse «Menina e moça voltei para casa dos meus pais e desde esse dia nunca mais chorei uma só lágrima», nunca teria arranjado editor. Portugal pode não ser um país triste, mas é decididamente um país infeliz. Em mais nenhuma língua «ser feliz», que deveria ser uma coisa natural, significa também «ter sorte», ser bem sucedido.

Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os Portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais dilacerantes, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são sempre mais interessantes. Nós, os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes. Somos felizes, somos tontaços, não podemos ter graça nem salvação. Muitos felizardos (a própria palavra tem um soar repelente, rimador de «javardo» vêem-se obrigados a fingir a dor que deveras não sentem, só para poderem «brincar» com os outros meninos.

É assim. Chega um infeliz ao pé de nós e diz que não sabe se há-de ir beber uma cerveja ou matar-se. E pergunta, depois de ter feito o inventário das tristezas das últimas 24 horas: «E tu? Sempre bem disposto, não?». O que é que se pode responder? Apetece mentir e dizer que nos morreu uma avó, que nos atraiçoou uma namorada, que nos atropelaram a cadelinha ali na estrada de Sines.

E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de «culpa». Se elas estão felizes, rodeadas de pessoas tristes, é lógico que pensem que há ali qualquer coisa que não bate certo. As infelizes acusam sempre os felizes de terem a culpa. É como a polícia que vai à procura de quem roubou as jóias e chega à taberna e prende o meliante com ar mais bem disposto.

Em Portugal, se alguém se mostra feliz é logo suspeito de tudo e mais alguma coisa. «Julgas que é por acaso que aquele marmanjo anda tão bem disposto?», diz o espertalhão para outro macambúzio. É normal andar muito em baixo, mas há gato se alguém andar nem que seja só um bocadinho «em cima». Pensam logo que é «em cima» de alguém.

Ser feliz no meio de muita gente infeliz é como ser muito rico no meio de um bairro-de-lata. Só sabe bem a quem for perverso.

Infelizmente, a felicidade não é contagiosa. A alegria, sim, e a boa disposição, talvez, mas a felicidade, jamais. Porque a felicidade não pode ser partilhada, não pode ser explicada, não tem propriamente razão. Não se pode rir em Portugal sem que pensem que se está a rir de alguém ou de qualquer coisa. Um sorriso que se sorria a uma pessoa desconhecida, só para desabafar, é imediatamente mal interpretado. Em Portugal, as pessoas felizes sofrem de ser confundidas com as pessoas contentes.

As pessoas contentes, satisfeitas, da palmadinha na barriga, que não querem nada da vida para além do que já têm, é que podem ser suspeitas. As pessoas felizes, coitadas, não. O mais das vezes são criaturas insatisfeitas. Só que não se importam muito com isso. A pessoa contente é aquela que sabe o que se passa e tem tudo o que quer. A pessoa feliz é aquela que, independente do que se tem, não só não sabe o que se passa como também não quer saber. As pessoas felizes não pensam nisso. Pensam tanto como as abelhas. Em vez de viver, zumbem.

As pessoas felizes precisam de se afirmar, de deixar de fingir que também estão permanentemente na fossa. Devia haver emblemas grandes a dizer «EU SOU FELIZ E ESTOU-ME NAS TINTAS» ou «EU SOU FELIZ E NÃO TENHO CULPA». É preciso acabar com subtil racismo dos Portugueses contra a raça dos felizes. As pessoas felizes são tão portuguesas como as outras. Também choram, também sofrem, também se angustiam. Só que menos. (Hi! hi! hi!...)

Está bem, pronto. A revolta começa aqui. As pessoas felizes não sofrem quase nada! Todos agora: Hi! hi! hi!...
Miguel Esteves Cardoso, A Felicidade, in 'Os Meus Problemas' (ASSÍRIO & ALVIM, 11ªedição, páginas 125-127)

Os Desafios da Arte no Mundo Contemporâneo


“Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre o muro – havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.”

Edvard Munch

                                           Skrik de Edvard Munch
Como é que a filosofia nos pode ajudar a enfrentar a crise contemporânea? O que é ser artista? O que é a arte dos dias de hoje?
 
Como é que a arte se expressa numa sociedade como a nossa, que se transforma tão rapidamente, com o avanço da tecnologia, com as descobertas científicas e que ao mesmo tempo, se questiona sobre os seus valores e o seu futuro? O mundo reinventa a arte ou a arte recria o mundo?

Quais são os desafios da arte no mundo contemporâneo? Como é que as artes plásticas, o teatro, a poesia convivem com a tecnologia, e os novos meios?
O lugar do teatro; Os destinos do livro; a computação gráfica; o (des)limite entre as artes; o direito autoral; as expectativas e ansiedades sobre o mundo contemporâneo são aqui debatidas neste episódio do Café Filosófico.
Para este debate, Viviane Mosé (poetisa, filósofa, psicóloga e psicanalista), convida o ator Henrique Diaz e o artista plástico Marcos Chaves, para conversarem em conjunto sobre os desafios da arte no mundo contemporâneo.


Mas também em Portugal este tema foi objeto de análise. Pode a crise contemporânea ser uma fonte de inspiração para quem é artista?

Neste vídeo da SIC Noticias, emitido no dia 27.01.2013, subordinado ao tema: “A Arte da Crise”, podemos ver o jornalista Pedro Mourinho, a conversar com um artista de Art Grafitti, um poeta popular, um escritor brasileiro radicado em Portugal e um cantor de intervenção, que nos mostram como a situação atual do país pode ser, afinal, um motivo para dar largas à criatividade.



Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=plZhcbJLVRk ; http://www.youtube.com/watch?v=MY2OqtPi-eQ
http://raiz-de-pensamentos.blogspot.pt/2009/05/o-grito-de-edvard-munch.htm   

A Vida das Estrelas


“Para do nada fazermos uma tarte de maçã, necessitamos antes de inventar o Universo.”
 


O 9º episódio inicia-se com o fabrico de uma tarte de maçã, que depois de feita é apresentada a Carl Sagan que nos diz como é que os átomos e seus componentes se interligam, levando-nos à ideia da grandeza dos valores numéricos, quando se trabalha numa escala tão pequena.

Desde a época de Demócrito, no séc. V a.C., que sempre se especulou sobre a existência de átomos, mas só agora na nossa época, é que realmente somos capazes de os ver e estudar a sua constituição. Mostra-nos então um filme que mostra o pulsar aleatório dos átomos de urânio, aumentados cem milhões de vezes, dizendo-nos que Demócrito teria adorado vê-lo.  

Leva-nos a um laboratório em Cambridge, onde o reino do muito pequeno, o átomo, e seus componentes foram descobertos. Fala-nos dos elementos químicos naturais e refere que todo o que nos rodeia é feito de ligações harmoniosas destes mesmos elementos, para nos dizer por último, que a maioria dos átomos dos nossos corpos foi feita no interior das estrelas.

Uma vez apresentadas as noções básicas de física e química, Sagan passa aos modelos explicativos a respeito da vida do sol e de outras estrelas, descrevendo estágios como as gigantes vermelhas, anãs brancas e buracos negros, bem como a possível ocorrência da explosão de uma supernova na Antiguidade, representada em pinturas rupestres do povo Anasazi.

Com animação computorizada e espantosa arte astronómica, é-nos mostrado como as estrelas nascem, vivem e morrem. Carl Sagan persegue a origem e a natureza dos buracos negros, objetos com uma gravidade de tal ordem que a luz não consegue sair deles.

A explicação de Carl Sagan recai depois sobre o «último dia perfeito» da Terra, que poderá ocorrer daqui a 5 biliões de anos, após o Sol, entrando na fase vermelha gigante, reduzirá a Terra a cinzas carbonizadas e o fim da vida na Terra. Serão então engolidos pelo sol, todos os planetas do sistema interno. Será o fim do planeta Terra e os nossos descendentes ter-se-ão aventurado já, para um outro lugar…

Leva-nos depois numa viagem pelo Cosmos, a bordo da sua nave interestelar. Testemunhamos a explosão de estrelas distantes que produzem raios cósmicos que provocam mutações nos seres da Terra. No sentido mais profundo, a origem, evolução e destino da vida do nosso planeta estão relacionados com a evolução do Cosmos, por isso o nosso planeta Terra, a nossa sociedade e nós mesmos, somos todos feitos de material estelar.

Leva-nos a um tubo de lava, uma caverna construída pela saída de lava derretida e com o auxílio de um contador Geiger e de um pedaço de urânio, Carl Sagan, para detetar a energia emanada deste elemento e dos raios cósmicos que entram na caverna. Mostra-nos assim, a importância das estrelas na evolução da vida na Terra, uma vez que os raios cósmicos provenientes de supernovas podem ter atuado nas mutações ao longo do processo evolutivo.

Fala-nos depois da força da gravidade e faz uma analogia interessante com a história da Alice no País das Maravilhas, para nos explicar como funciona esta força, quando se altera, explicando-nos em seguida como ela funciona dentro de um buraca negro, e na possibilidade de viajarmos no espaço mais rapidamente, podendo emergir em locais totalmente desconhecidos e exóticos, onde o bom senso da realidade poderá ser seriamente desafiada.

Põe finalmente a hipótese de nós no futuro ou outras civilizações extraterrestres, poderem viajar no espaço, utilizando o expresso da gravidade, colocando a possibilidade do espaço estar cheio de buracos ou tuneis cósmicos, que nos levariam rapidamente de uns lugares para outros.

Este episódio acaba numa viagem pelas estrelas, numa espécie de viagem ao passado, quando nasceu a via láctea, enumerando todos os corpos celestes que podem existir, ou possam ainda a vir a ser descobertos numa galáxia, para nos dizer mais uma vez que pertencemos ao cosmos e somos filhos das estrelas…
 
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=JQAsX4flmN0
 

O mal primordial: o orgulho nosso de cada dia


 “Não era a vaidade que a atraia para o espelho, mas o espanto de descobrir-se.”

Milan Kundera

A vaidade é um sentimento de todos nós. É um sentimento, mais escondido nuns e mais evidente noutros, mas é comum a todos, e é ela que na maioria das vezes, nos impulsiona para a conquista da nossa vida ou mesmo a do mundo. Não quero a última, mas quero sem dúvida a primeira!...


 

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita
  Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
 E quando mais no céu eu vou sonhando,
  E quando mais no alto ando voando,
  Acordo do meu sonho... E não sou nada!
                             
Florbela Espanca, Vaidade, in Sonetos

 
Um dia, o mais belo arcanjo, Lúcifer, disse Eu, em vez de Nós. Surgia o ser individual que se destacava da criação e buscava um lugar de consciência de si, onde antes só havia o coletivo da criação. Iniciava-se a história.
 
Na mitologia religiosa, o mensageiro do Mal preside ao pecado original da soberba e da vaidade.
 
O mundo contemporâneo rebatizou a soberba como autoestima e a necessidade de se amar acima de tudo, como repete o mantra de quase toda a literatura que vende felicidade em drageas nas bancas dos aeroportos.
 
A humildade, o recato e a modéstia, passaram de virtudes a deficiências de lítio.
 
Este encontro de mais um Café Filosófico, trata do mais original e primordial de todos os pecados, o orgulho, capaz de seduzir a todos, especialmente aqueles que se consideram humílimos.
 
De atributo maléfico, o orgulho virou parte do mundo burguês contemporâneo. A virtude/defeito erigiu estátuas, criou biografias e deleites pessoais. Perdida a inocência/humildade original, resta o anseio pelo Nós, rejeitado pelo pai da mentira, ou seja, pelo pai de todos nós.
 
Filhos legítimos do individualismo orgulhoso, lutamos pela adoção de um mundo humilde e voltado ao outro, ou seja, o mundo oposto a todos nós.
 
Apátridas, vagamos fixados na miragem do humilde modelo criado por nós, que insiste em estar além do espelho borgiano. Parte deste Aleph pode ser encontrado ao destrinçar-se o fascinante mundo do orgulho.
 
Esta é mais uma excelente palestra de Leandro Karnal, historiador, doutor em História Social pela USP, professor da UNICAMP e autor de diversos livros.
 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cpxVd5whW9U http://www.citador.pt/
http://www.cpflcultura.com.br/evento/cafe-filosofico-cpfl-o-mal-primordial-o-orgulho-nosso-de-cada-dia-com-leandro-karnal/

Ilusões


                            Desenho a lápis de carvão e cor de Lia Cardoso


Conhece-te e conhecerás o teu poder.
Será que isto passa pela consciência do funcionamento da nossa fisiologia? Há quem diga que o nosso corpo é a casa de Deus, e este não é mais de que o nosso poder, sempre à espera de que demos azo à sua expansão. Como? Pela acreditação nas nossas capacidades. Em linguagem católica chamar-se-ia de Fé. Posso afirmar que o Deus do século XXI está na nossa certeza que este se encontra em nós e não em lugar incerto, cercado de almofadas etéreas a presenciar cantos divinos, e se calhar com o calor que está, a beber uma caipirinha. Acredito que Deus não se rende às ilusões do prazer que os sentidos lhe oferecem. Não bebe a ilusória caipirinha. Quem costuma divertir-se a destruir a sua casa que ponha o dedo no ar! Ora o nosso corpo é o nosso Templo, muito mais de qualquer casa que nos protege os sentidos ingenuamente mimados. Deus é adequadamente sapiente disso. Somos aquilo que comemos. E como o Poder nos habita só o temos de despertar do seu sono, o Matrix.

Costuma-se dizer que os anjos não têm sexo, e para apimentar a coisa, Leonardo Da Vinci aquando da pintura da Última Ceia procurou um jovem de rosto saudável (belo portanto) sem marcas de castigos de fonte interna (o rancor e o ódio refletem-se na nossa fisionomia), como escolheu para retratar Judas. Portanto anjos são habitados de paz dada pelo uso da mente. Uma mente saudável é recheada de amor que se inclui num Templo igualmente resplandecente.

Milhares de pessoas se rendem ao cumprimento de um gelado que lhes diz Olá. O próprio nome da marca de gelados transporta-nos para o grandioso monopólio em que transformou a face da terra, longe daquilo que realmente importa, longe da nossa verdadeira missão - Lutar pela Vida. Rendemo-nos às ilusões como uns ratos que entram na ratoeira a fim de comer o queijo. Trabalhamos para as ilusões, a fim de as consumirmos, seja, vivemos para elas. E destruímo-nos. Destruímos a nossa conduta mais válida, e entramos num ciclo venoso, com Judas a dizer-nos Olá, num já informal cumprimento de tão integrado que está. Tal como nos pusemos de pé, a andar sobre dois membros, podemos também trabalhar os sentidos de forma a que estes sigam uma conduta traçada pela mente, num dialogo interno. Além de possuirmos capacidade de o fazer mais rapidamente - pois estamos providos de consciência e da força de um inconsciente que se rege pelas crenças desta - do que processo de nos erguer-mos em dois membros, estamos a retarda-lo cedendo conscientemente aos sentidos, alimentando-os. Não alimentando o corpo. Compra-se com dificuldade um sofisticado carro pensando que se alimenta o espírito, mas apenas se está a alimentar o instinto. Ilusão.

Lutar pela vida é lutar pelo triunfo do espírito, e suprimir tudo o que lhe seja prejudicial. Deus deu-nos a capacidade de reprodução, não é prova suficiente que tudo o resto foi-nos dado com o mesmo intuito? O de Criar. Fazer Vida. Lutar por esta? Comportemo-nos com Gratidão. O nosso destino é a Perfeição. A procura de Harmonia. E isto passa pela consciência de que os nossos sentidos apenas nos oferecem dados ilusórios. Este chão que piso não é castanho. Simplesmente vejo-o assim. A cadeira que me sento não é preta. Ilusões. Numa procura da Harmonia ficamos cercados de necessidade de praticar um respeito mútuo entre todos os seres criados. Sem vontades supérfluas. Não nos rendemos a irracionais prazeres gustativos que na maioria das vezes nos são prejudiciais. Mera Ilusão gustativa. Infelizmente chegamos a um ponto em que o ser humano nem se considera a si mesmo. Só o seu próprio prazer. Não vê que se autodestrói com muito mais vigor, e com uma inconsciência imperdoável, mais, mas muito mais do que ao próximo. Porque afinal a única desculpa que teria para consumir certas coisas, e desrespeitando o conterrâneo, era o da necessidade de sobreviver, mas há muito que está longe disso. Procure-se a razão no meio de tudo isto!

Somos muito menos do que o olho que vê a mão que toca, a boca que saboreia... Somos Energia! Será que isto é pouco ou muito?

E o mais importante: a Sabedoria nasce connosco, o Poder e Coragem nascem connosco, não se abastecem num posto da Galp.

Um respeitoso Abraço à espera de um apaixonado Brinde. Ergam-se os copos e faça-se o Clic!

 

Lia Cardoso, in ghettodacoabreca.blogspot.com/ (publicado em:  

Sou orgulhosa!...



Ontem estive envolvida numa atividade voluntária e de compromisso, que ainda não acabou e que vai continuar na próxima semana. É a Feira do Livro, que se realiza todos os anos no meu local de trabalho e que já vai na XI edição.

Mas porque é que sou orgulhosa? Porque sempre me orgulhei de estar integrada neste local de trabalho, já vai para 25 anos, e que é repleto de gente criativa e dinâmica.

Tenho orgulho, para começar nos mais novos, no grupo de colegas de Educação Física, por empreenderem múltiplos acontecimentos interessantes e de grande valor para a nossa comunidade educativa.

Tenho orgulho no grupo de colegas de artes que durante todo o ano trabalham afincadamente com os seus alunos, para uma mostra anual de trabalhos belíssimos de pura arte, que ocorre durante a semana cultural, e que como elas sabem estou sempre ansiosamente à espera.

Tenho orgulho dos grupos de Físico-químicas e Ciências Naturais, por na mesma semana realizarem laboratórios abertos em que alunos dos anos mais avançados explicam aos mais novos a importância do conhecimento científico.

Tenho orgulho de ter entre nós, uma colega de História, que é uma belíssima escritora de contos infantis, cujos livros são uma mais-valia para todas as crianças deste Portugal, por ensinarem de forma simples e criativa a história do nosso país, e que não paro de recomendar aos alunos mais novinhos.

Tenho orgulho no nosso grupo de teatro amador, dinamizado por um colega de Matemática, que também é o encenador e que não fica em nada a dever aos grupos de teatro profissionais, muito pelo contrário, e que ao longo do tempo nos tem dado peças maravilhosas. Contudo também não deve ser esquecido o trabalho de bastidores das colegas de artes que também aqui dão o seu melhor.

Não quero esquecer ninguém, mas talvez seja difícil. Orgulho-me da equipa do jornal escolar, do anuário, do baile de finalistas, da filantropia...

Ontem enquanto se faziam os preparos para a Feira do Livro, uma colega de Inglês fazia um ensaio de canto com alunas de anos avançados, e as suas lindas vozes ecoavam por toda a ampla sala de alunos, fazendo com que o nosso trabalho não pesasse.

Por tudo isto, eu me confesso. Sou orgulhosa!...

Viagens no Espaço e no Tempo



Neste oitavo episódio da série Cosmos, Carl Sagan diz-nos que fomos sempre viajantes dentro da Via Láctea e que as raízes do presente estão enterradas no passado.
O Cosmos é imenso sem limites, e nele há mais estrelas que grãos de areia em todas as praias da Terra. As estrelas que vimos são apenas a menor fração das estrelas que realmente existem.
Se conseguíssemos observar os céus durante milhões de anos, as constelações mudariam de forma conforme as estrelas que as compõem e que ao longo dos tempos se vão movendo e evoluindo. Assim, os nossos antepassados distantes viram constelações diferentes das atuais, e os nossos descendentes no futuro, irão ver formatos também diferentes nos agrupamentos estelares.
Com Carl Sagan, circundamos a Ursa Maior para a vermos sob uma nova perspetiva. Se fossemos habitantes de um planeta noutro sistema estelar, veríamos as estrelas agrupadas também de modos diferentes.
Mostra-nos então, a Constelação de Andrómeda, próxima da constelação de Perseu. Na mitologia grega Andrómeda era uma donzela filha de Cefeu, que estando aprisionada por um monstro marinho enviado por Posídon (rei dos mares), foi libertada por Perseu, que com ela casou. Fala-nos da sua estrela Beta Andrómeda, a segunda estrela mais brilhante da constelação, a 75 anos-luz da Terra, dizendo-nos que se esta estrela explodisse amanhã, nós só o saberíamos daqui a 75 anos.
Como viajando numa máquina do tempo, deduz o que sucederia se pudéssemos alterar o passado e em seguida viajamos até aos planetas de outros sistemas estelares e quando voltamos encontramos uma Terra muito mais velha do que aquela de onde havíamos partido.
Mas será que não conseguiremos viajar a uma velocidade maior do que a velocidade da luz? Carl Sagan para iniciar a explicação da Teoria da Relatividade, começa por nos contar como Albert Einstein chegou às conclusões que o levaram a essa teoria.
Leva-nos então à Toscana, no norte de Itália, que é um lugar intemporal e foi nela que em 1895, um jovem alemão excluído de uma escola alemã se fixou, encontrando ali um reino livre para a sua mente explorar.
Foi este jovem que começou a pensar sobre a luz, e sobre como ela viaja rápido. Mas como todos os corpos estão em movimento constante, pois a própria Terra gira a mais de 1600 Km por hora, era difícil para o jovem poder imaginar um padrão absoluto, contra o qual podia medir todos os outros padrões relativos.
Ele tinha ficado fascinado pelo Livro Popular das Ciências Naturais, escrito por Bernstein em 1869. Logo na primeira página do livro ele encontrou uma descrição sobre a assombrosa velocidade da eletricidade pelos fios e da luz pelo espaço.
Refaz assim o sonho de adolescente de Albert Einstein de viajar num feixe de luz, e explica-nos primorosamente a sua Teoria da Relatividade, e as deduções que preveem que a velocidade da luz produziria estranhos efeitos, mas daria aos exploradores espaciais a possibilidade de, numa só vida, irem até ao centro da galáxia. Mas voltariam, contudo, a uma Terra muito mais velha do que aquela de onde haviam partido.
Carl Sagan ainda em Itália, na cidade de Vinci, fala-nos também de Leonardo da Vinci e da sua paixão por poder um dia voar, que desenhou tantas paisagens aéreas e que fez tantos projetos e protótipos para que o homem pudesse voar, mas que nunca resultaram, porque a tecnologia não estava preparada.
Na mesma sala onde estão algumas das réplicas de protótipos de Leonado da Vinci, Carl Sagan mostra-nos projetos de naves espaciais preliminares (Oríon e Dédalo), que nos poderão levar um dia às estrelas. Diz-nos no entanto que este é um objetivo para mais de mil anos e os motores dessas naves teriam de ser do tamanho de pequenos mundos.
Explica-nos em seguida, os efeitos decorrentes da velocidade da luz e as suas implicações em teóricas viagens no tempo ou em viagens interestelares.
Para isso compara a história, com uma multidão complexa de fios profundamente entrelaçados, representando forças biológicas, económicas e sociais, que não se desembaraçam com facilidade.
Diz-nos que os gregos antigos imaginavam que o curso dos eventos humanos eram constituídos por uma espécie de tapeçaria criada por 3 deusas, as Parcas (Nona, Décima e Morta). Factos menores aleatórios geralmente não têm grandes consequências, mas alguns que ocorrem em conjunturas críticas podem alterar a tecedura da história, podendo até haver casos em que mudanças profundas podem ser feitas por ajustes relativamente triviais.
Diz-nos também que quanto mais um facto está no passado, mais poderosa é a sua influência. Por isso para afetar profundamente o futuro, um viajante no tempo teria que escolher, entre a probabilidade de intervir em vários factos que estão selecionados muito cuidadosamente, para poder mudar a tecedura da história.
Parte então a bordo de uma imaginária Máquina do Tempo de Herbert George Wells, para explorar a fantasia dos mundos imaginários que nunca existiram.
Diz-nos que, se, Paulo, o Apostolo ou Pedro, o Grande, ou mesmo Pitágoras não tivessem existido, o mundo seria muito diferente daquilo que é hoje. Pergunta ainda se algumas das luzes do florescimento da ciência, como a dos antigos jónios, não se tivesse apagado, como estaríamos? E outras perguntas são feitas, para concluir que talvez tivéssemos poupado dez ou vinte séculos e já estivesse-mos indo às estrelas.
No final faz uma viagem imaginária para as estrelas e para os mundos à volta delas que permanentemente nos chamam…
Fala-nos então na evolução do universo e a da vida na terra, falando-nos também de nós humanos, dizendo que enfrentamos um ponto de ramificação critico na história.
O que fazemos neste momento na Terra vai-se propagar pelos séculos e afetar a vida dos nossos descendentes. Os erros que cometermos agora irão comprometer a nossa civilização no futuro.
Se nos deixarmos cair na superstição, na ganância ou na estupidez, poderemos mergulhar o nosso mundo numa escuridão mais profunda do que o intervalo de tempo entre o colapso da civilização clássica e o Renascimento italiano.
Mas também somos capazes de usar a nossa compaixão e a nossa inteligência, a nossa tecnologia e riqueza para fazermos uma vida plena e significativa para todos os habitantes deste planeta que é a nossa casa. Para aumentar enormemente o nosso entendimento do Universo e levar-nos às estrelas…


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cqfOU_iRl2U http://pt.wikipedia.org/

A Perda da Amizade no Mundo Contemporâneo


Num momento em que as relações de amizade se fazem de acordo com interesses comuns por vezes bastante dúbios ou mesmo clubísticos, é importante fazer a real diferenciação entre o sentimento de amizade e a mera junção de partes.
Nesta palestra, de mais um Café Filosófico, Olgária Matos fala-nos da perda do sentimento da amizade real no mundo contemporâneo e quais as consequências desse processo.
Começa no entanto, por fazer uma abordagem, a partir dos gregos, dizendo-nos como os laços afetivos eram construídos e quais as consequências da sua rutura, onde a ideia de amizade estava associada diretamente ao espaço público e regia as relações entre iguais, enquanto cidadãos da Pólis.
A essa visão política da amizade, os renascentistas acrescentaram a ideia do divino. Para eles, a amizade é uma experiência sacra e pela amizade o homem se diviniza.
Olgária Matos é filósofa e professora titular de Teoria das Ciências Humanas do Departamento de Filosofia da USP e Autora dos livros, “Os Arcanos do inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução (editora Brasiliense); O Iluminismo Visionário: Walter Benjamin, leitor de Descartes e Kant (editora Brasiliense), entre outros.

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Viver!...


«Eu não sou pessimista nem optimista, entre mim e a vida não há nenhum mal entendido»
Almada Negreiros


 Viver é...

Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo.
Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera.

Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde.
Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. Viver é sempre uma ocasião especial. Uma dádiva de nós para nós mesmos. Os milagres que nos acontecem têm sempre uma impressão digital. A vida é um espaço e um tempo maravilhosos mas não se contenta com a contemplação.

Ela exige reflexão. E exige soluções.
A vida é exigente porque é generosa. É dura porque é terna. É amarga porque é doce. É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. Mas nada disso é um jogo. A vida é a mais séria das coisas divertidas.
 
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
 
Fonte: http://pensamentos.com.sapo.pt/