A Vida das Estrelas


“Para do nada fazermos uma tarte de maçã, necessitamos antes de inventar o Universo.”
 


O 9º episódio inicia-se com o fabrico de uma tarte de maçã, que depois de feita é apresentada a Carl Sagan que nos diz como é que os átomos e seus componentes se interligam, levando-nos à ideia da grandeza dos valores numéricos, quando se trabalha numa escala tão pequena.

Desde a época de Demócrito, no séc. V a.C., que sempre se especulou sobre a existência de átomos, mas só agora na nossa época, é que realmente somos capazes de os ver e estudar a sua constituição. Mostra-nos então um filme que mostra o pulsar aleatório dos átomos de urânio, aumentados cem milhões de vezes, dizendo-nos que Demócrito teria adorado vê-lo.  

Leva-nos a um laboratório em Cambridge, onde o reino do muito pequeno, o átomo, e seus componentes foram descobertos. Fala-nos dos elementos químicos naturais e refere que todo o que nos rodeia é feito de ligações harmoniosas destes mesmos elementos, para nos dizer por último, que a maioria dos átomos dos nossos corpos foi feita no interior das estrelas.

Uma vez apresentadas as noções básicas de física e química, Sagan passa aos modelos explicativos a respeito da vida do sol e de outras estrelas, descrevendo estágios como as gigantes vermelhas, anãs brancas e buracos negros, bem como a possível ocorrência da explosão de uma supernova na Antiguidade, representada em pinturas rupestres do povo Anasazi.

Com animação computorizada e espantosa arte astronómica, é-nos mostrado como as estrelas nascem, vivem e morrem. Carl Sagan persegue a origem e a natureza dos buracos negros, objetos com uma gravidade de tal ordem que a luz não consegue sair deles.

A explicação de Carl Sagan recai depois sobre o «último dia perfeito» da Terra, que poderá ocorrer daqui a 5 biliões de anos, após o Sol, entrando na fase vermelha gigante, reduzirá a Terra a cinzas carbonizadas e o fim da vida na Terra. Serão então engolidos pelo sol, todos os planetas do sistema interno. Será o fim do planeta Terra e os nossos descendentes ter-se-ão aventurado já, para um outro lugar…

Leva-nos depois numa viagem pelo Cosmos, a bordo da sua nave interestelar. Testemunhamos a explosão de estrelas distantes que produzem raios cósmicos que provocam mutações nos seres da Terra. No sentido mais profundo, a origem, evolução e destino da vida do nosso planeta estão relacionados com a evolução do Cosmos, por isso o nosso planeta Terra, a nossa sociedade e nós mesmos, somos todos feitos de material estelar.

Leva-nos a um tubo de lava, uma caverna construída pela saída de lava derretida e com o auxílio de um contador Geiger e de um pedaço de urânio, Carl Sagan, para detetar a energia emanada deste elemento e dos raios cósmicos que entram na caverna. Mostra-nos assim, a importância das estrelas na evolução da vida na Terra, uma vez que os raios cósmicos provenientes de supernovas podem ter atuado nas mutações ao longo do processo evolutivo.

Fala-nos depois da força da gravidade e faz uma analogia interessante com a história da Alice no País das Maravilhas, para nos explicar como funciona esta força, quando se altera, explicando-nos em seguida como ela funciona dentro de um buraca negro, e na possibilidade de viajarmos no espaço mais rapidamente, podendo emergir em locais totalmente desconhecidos e exóticos, onde o bom senso da realidade poderá ser seriamente desafiada.

Põe finalmente a hipótese de nós no futuro ou outras civilizações extraterrestres, poderem viajar no espaço, utilizando o expresso da gravidade, colocando a possibilidade do espaço estar cheio de buracos ou tuneis cósmicos, que nos levariam rapidamente de uns lugares para outros.

Este episódio acaba numa viagem pelas estrelas, numa espécie de viagem ao passado, quando nasceu a via láctea, enumerando todos os corpos celestes que podem existir, ou possam ainda a vir a ser descobertos numa galáxia, para nos dizer mais uma vez que pertencemos ao cosmos e somos filhos das estrelas…
 
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=JQAsX4flmN0
 

Angers - 18º e 19º Dias - Parte I



Despedimo-nos com pena de Rennes, com a certeza de que a cidade merece muito mais atenção, mas nesta viagem o objetivo era ir dormir a Angers.
Esta última etapa realizada no 18º dia de viagem, foi toda feita já de noite, e chegámos tarde a Angers. Quando lá chegámos fomos direitos à AS, situada num pequeno parque de estacionamento todo vedado por rede e com portaria, mas que aquela hora já se encontrava encerrada, o que não impossibilitou contudo, a utilização da zona de manutenção, construída no lado exterior e a possibilidade de aí pernoitar, num dos lugares de estacionamento reservados aos mais atrasados como nós.

Em Angers estava por nós destinada uma visita ao Château d'Angers, a residência dos Duques de Anjou e dentro dele ansiávamos por ver a famosa Tapeçaria do Apocalipse, a maior tapeçaria que chegou até aos nossos dias.
No dia seguinte, como a AS ainda ficava longe do centro histórico de Angers, resolvemos levar até lá a autocaravana, que depois de estacionada num parque de uma pousada, nos possibilitou com uma breve caminhada a pé, encontrar facilmente o casco histórico.

O Château d'Angers destaca-se com toda a sua magnificência, e é para lá que nos dirigimos. Circunda-se então as suas altas muralhas, onde se destacam vários torreões até à entrada para o interior das muralhas. Por fora a austeridade aparente desta grande fortaleza de xisto e calcário, que o jovem rei Luís IX tinha construído numa das bordas do seu reino, no séc. XIII, contrasta com os edifícios tranquilos do interior das muralhas.
Dentro do Castelo encontra-se a agradável residência dos Duques de Anjou, composta por edifícios construídos no final da época gótica. Para transformar e embelezar o Castelo, a fim de o tornar mais acolhedor e ali sediar o tribunal de Anjou, a edilidade estabeleceu terraços, jardins e galerias no interior das muralhas.

Foi feita uma visita minuciosa à antiga residência dos Duques de Anjou, onde se podem ver várias maquetas, que mostram a evolução arquitetónica da residência ao longo do tempo.
No entanto não é a residência dos Duques de Anjou que é a atração maior no interior dos muros do Château d'Angers, mas sim a famosíssima Tapeçaria do Apocalipse. Com seus 104 metros de comprimento, é a maior tapeçaria medieval chegada até aos nossos dias, em qualquer parte do mundo.

Encomendada no séc. XIV pelo duque Louis d’Anjou, a Tapeçaria do Apocalipse é a mais antiga tapeçaria bíblica, que pretende ilustrar o livro do Apocalipse com a mensagem de salvação do Apóstolo São João, como uma das "coisas que em breve devem acontecer". Foi tecida entre 1377 e 1382, e baseada num desenho do pintor Hennequin de Bruges e tecidas nas oficinas do tecelão Nicolas Bataille, em lã, seda, ouro e prata, tendo sido provavelmente acabada em 1382.
A tapeçaria era a principal forma de expressão artística na Idade Média, surgida a partir de uma técnica desenvolvida no Egito antigo. Diferentes dos tapetes orientais, as peças de lã e seda feitas à mão em ateliês, quer da França, quer na Holanda nunca viam solas de sapatos, sendo feitas para serem colocadas nas paredes.

Esta belíssima Tapeçaria do Apocalipse é gigantesca, levou oito anos a ser tecida e embora tenha estado perdida durante bastante tempo, felizmente foi redescoberta, e classificada como monumento histórico no séc. XIX.
A tapeçaria retrata as visões do Apóstolo São João, registradas no livro do Apocalipse, que fecha o texto da Bíblia. Nela podem ver-se representações de pragas divinas, homens torturados por feras hediondas, uma explicação alegórica do enforcamento, e muito, muito mais… É uma representação de um mundo hermético e misterioso, que espanta qualquer visitante contemporâneo.

Mas a obra também impressiona pelo seu extraordinário tamanho: é constituída por 70 cenas conservadas até hoje, que se revelam ao longo de cerca de 100 metros de comprimento, com 4,50 metros de altura.
Durante a Revolução Francesa, muitas cenas foram cortadas e usadas como cobertores e tapetes. Em 1843, uma grande parte dos fragmentos da tapeçaria foi comprada pelo Bispo de Angers, enquanto outras foram sendo achadas depois duma busca obstinada. No entanto, cerca de um terço das cenas ficou perdido para sempre.

As cores brilhantes originais, segundo o guia da visita, ainda são visíveis na parte de trás, no entanto na parte da frente a tapeçaria tem muitas falhas de cor e fios, uma vez que ao longo do tempo ficou consideravelmente prejudicada. Por este motivo, em 1998, a galeria onde está exposta, passou por algumas modificações, eliminando as grandes janelas que deixavam entrar a luz do sol e da lua, dando lugar a uma galeria agora escura, que mantém uma temperatura especial para proteger e preservar o melhor trabalho de tapeçaria europeu do séc. XIV.




 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=O_tY88TGivM; http://www.youtube.com/; http://pt.wikipedia.org/;  http://www.abestados1000anos.com.br/; http://www.tripadvisor.com/

Rennes - 18º Dia - Parte II


 
Deixámos Fourèges e seguimos viagem com rumo a Angeres, onde iriamos pernoitar, mas no caminho ficava-nos Rennes onde queríamos passar, mais que não fosse para observar as suas ambiências e vida.

Rennes não é frequentemente citada em guias turísticos, e embora seja a maior cidade da Bretanha, é uma cidade de tamanho médio, que vale bem a pena visitar.

Fundada pelos gauleses e colonizada pelos romanos Rennes está estrategicamente situada na confluência dos rios Ille e Vileine. Após a anexação da Bretanha pela França, em 1532, a cidade tornou-se a capital da região.

Em 1720, um incêndio que durou 6 dias destruiu-a quase por completo, tendo restado uma pequena parte da antiga cidade medieval, juntamente com uma série de edifícios do séc. XVIII.

É uma cidade universitária por excelência, e por isso é cheia de jovens, mesmo fora da época escolar, o que dá à cidade uma vida noturna vibrante. É a Fez-noz, que significa em bretão festival da noite, onde as pessoas de todas as gerações se juntam, para ouvir música tradicional, beber cerveja ou chouchen (uma bebida alcoólica bretã) ou até mesmo dançar.

Chegámos à cidade num sábado ao fim da tarde, e por isso, as suas ruas tinham já alguma animação, como por exemplo a animada Rue Saint Michel, por onde é obrigatório passar.

Os habitantes de Rennes chamam à Rue Saint Michel, "la rue de la soif", que significa rua da sede. Um passeio pela Rue Saint Michel numa sexta-feira ou sábado à noite é uma experiência muito interessante. No entanto, para quem na realidade quiser nesta cidade "faire la fête", comemorar ou apenas divertir-se, na "Rue de la Soif" o melhor é ir até ao bar "Jeudi Soir", durante o ano letivo. O Jeudi Soir está praticamente toda a noite aberto e a abarrotar de estudantes.

No entanto, Rennes é ainda mais buliçosa enquanto os estudantes permanecem na cidade, que costuma ficar praticamente vazia após o dia 15 de julho, uma vez que a maioria de seus habitantes migra durante a época de veraneio para o litoral atlântico. No entanto, mais recentemente esta é uma tendência que tem vindo a amenizar-se e as esplanadas e cafés de Rennes estão agora movimentadas durante todo o ano.

Rennes é particularmente agradável no verão, mas segundo os guias turísticos é no início de julho, durante o "Festival des Tombées de la Nuit", que é mais interessante visitar a cidade, uma vez que esta se enche de forasteiros, que vêm apreciar as animações de rua e comer ou beber, nas esplanadas dos restaurantes e cafés.

Embora seja uma cidade moderna, ainda conserva na zona antiga, algumas amostras arquitetônicas e monumentais de toda a sua longa história. Além de edifícios de traça bretã, possui restos de edifícios que remontam ao período de dominação romana.

A viagem no tempo tem como parada inicial os Portões de Mordelles, de 1440, que são o acesso de entrada ao cascovelho da cidade, repleto de lindas construções medievais e renascentistas.

Nos arredores da Place des Lices encontra-se tanto a Catedral de Rennes, construída e restaurada diversas vezes entre os séculos XIII e XIX, em estilos gótico e neoclássico. Possui ainda restos da muralha galo-romana do séc. III.

Vageando pelas ruas que partem da Place des Lices e da Place St-Anne, é facil imaginar como seria a Rennes antes do grande incêndio de 1720.

Na Place de la Marie, encontramos o edifício da idilidade, do séc. XVIII, e perto do Hôtel de Ville, fica a fabulosa Ópera de Rennes, um dos prédios mais belos da cidade, criado em 1836 e que até hoje é palco para concorridos espetáculos de música erudita.


Fonte: http://wikitravel.org/ http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/franca-rennes www.espacoerrante.blogspot.com/ Guia da American Express, França (pág.274)

Mont Saint-Michel e Fougères - 18º Dia - Parte I



A noite em Le Caserne passou com grande tranquilidade. Durante a manhã descansámos e só saímos com a autocaravana após um pequeno-almoço almoçarado.
Como o Mont Saint-Michel tinha só sido visitado à noite, foi para lá que rumámos mais uma vez. Lá chegados estacionámos a autocaravana no parque rebaixado em relação à estrada, em cota abaixo do nível do mar, que àquela hora estava disponível por estar maré baixa, só sendo esperada a maré alta, lá para o final da tarde.
Antes de caminharmos em direção ao Monte, ficámos ali durante algum tempo a olhá-lo, e a tirar fotos de vários ângulos. É um lugar inesquecível e de grande beleza cénica, sendo sem qualquer dúvida, um daqueles locais que uma vez olhados de perto despertam em nós um amor prolongado, que nunca mais se esquece.
Depois foi a vez de revisitar o povoado medieval, deambular pelas ruas apinhadas de gente, ver as lojas, os recuerdos, procurar recantos escondidos… e até subir-se a meia encosta para olhar mais uma vez a baia de areias douradas pelo sol, um misto de beleza Etéria e ao mesmo tempo estéril…
A meio da tarde e depois da visita, deixámos com muita pena nossa o Mont Saint-Michel para trás e iniciámos o caminho de retorno, com rumo a Fougères, a apenas 40 Km de distância e classificada como village de France (Pays Villes et d'Art et d'Histoire), cujo nome bretão é Felger.
Não é por acaso que esta bela cidade medieval se chama “Fougères” (em português, Samambaias). Lembro-me como se fosse hoje, da chegada a Fougères. A cidade é tão verde e emboscada que mais parece um ninho de cucos.
Respira-se um clima de tranquilidade e sossego tão grandes que a cidade parece parada no tempo. É também um lugar que respira história por todos os poros.
Segundo os guias turísticos, a cidade tem como principal atração e interesse monumental o seu famoso Château de Fougères, uma antiga fortaleza medieval, rodeada por muralhas, construída em cima de um monte granítico, que foi outrora propriedade do duque da Bretanha.
O núcleo histórico situado no vale onde corre o rio Nançon é dominado pelo Château de Fougères, dos séculos XI-XV, e ao seu redor desenvolve-se o antigo povoado da época Armórica.
Mas não só do seu castelo vive a cidade. Fougères é de uma beleza rara. Situada numa cova de terreno, cresceu trepando pelas encostas (entre terrenos situados na fronteira entre a Bretanha e a Normandia), culminando estas em dois assentamentos de onde se desfrutam belas vistas do burgo medieval, lá em baixo.
Foi ao cimo de uma dessas encostas, onde chegámos vindos do Mont Saint-Michel. Depois de estacionarmos a autocaravana num pequeno parque de estacionamento situado junto da Place aux Arbres, fomos a pé até à Église St-Leonard, do séc. XVI que se empoleira em lugar privilegiado.
Esta igreja foi construída em 1397, e tem uma importância simbólica para a cidade. Fundada por comerciantes locais, permitiu que pessoas comuns pudessem assistir às missas, o que anteriormente não sucedia, sendo apenas um privilégio do clero e da nobreza.
Há sua volta encontramos um belo jardim, arranjado à maneira francesa, e para oeste, no ponto em que o declive se acentua, encontramos um miradouro que lá do alto, nos mostra a antiga cidade medieval envolta em verde profundo.
Destes jardins que descem pela encosta em socalcos até ao burgo, existem caminhos que nos levam até ao rio Nançon e às casas medievais que circundam a Place du Marchix.
Fougères é historicamente uma cidade de origem galesa, pois foi fundada pelos primeiros colonos chagados à Bretanha e vindos do País de Gales, para a antiga Armórica (que em galês, quer dizer “lugar atingido por mar”), provindo o seu nome da língua galesa, que designava a cidade por Foujerr”.
A cidade esteve envolvida numa célebre rebelião contra a Revolução Francesa em 1793. A escaramuça deu-se perto de Fougères e foi o tema de um quadro do pintor francês Julien Le Blant's (1851-1933), designada Le Carré Bataillon, Affaire de Fougères 1793”, que ganhou uma medalha de ouro na Exposição Universal de 1889.

Também a esta escaramuça Honoré de Balzac faz referência, em “Les Chouans” um romance de 1829, incluído nas “Scènes de la vie militaire” de sua La Comédie humaine, fazendo figurar Fougères e o seu Castelo, como lugar de ação. (podem ler este livro em: http://www.inlibroveritas.net/lire/oeuvre2514.html)





Fonte: http://fr.wikipedia.org/ http://maps.google.pt/ www.espacoerrante.blogspot.com/http://www.youtube.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Les_Chouans

Dia Mundial da Terra



 
Hoje é Dia Mundial da Terra. Os antigos gregos diziam que a Terra era uma entidade Viva, dotada de capacidade de sentir. Chamavam-lhe Gaia, a deusa da Natureza.

Novas evidências científicas mostram, a cada dia, que de facto a Terra é um superorganismo, dotado de autorregulação. Como partes desses sistemas, porém, temos responsabilidade individual em mantê-la viva e saudável para as futuras gerações.


Fonte: http://www.ufpa.br/ http://www.youtube.com/

O mal primordial: o orgulho nosso de cada dia


 “Não era a vaidade que a atraia para o espelho, mas o espanto de descobrir-se.”

Milan Kundera

A vaidade é um sentimento de todos nós. É um sentimento, mais escondido nuns e mais evidente noutros, mas é comum a todos, e é ela que na maioria das vezes, nos impulsiona para a conquista da nossa vida ou mesmo a do mundo. Não quero a última, mas quero sem dúvida a primeira!...


 

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita
  Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
 E quando mais no céu eu vou sonhando,
  E quando mais no alto ando voando,
  Acordo do meu sonho... E não sou nada!
                             
Florbela Espanca, Vaidade, in Sonetos

 
Um dia, o mais belo arcanjo, Lúcifer, disse Eu, em vez de Nós. Surgia o ser individual que se destacava da criação e buscava um lugar de consciência de si, onde antes só havia o coletivo da criação. Iniciava-se a história.
 
Na mitologia religiosa, o mensageiro do Mal preside ao pecado original da soberba e da vaidade.
 
O mundo contemporâneo rebatizou a soberba como autoestima e a necessidade de se amar acima de tudo, como repete o mantra de quase toda a literatura que vende felicidade em drageas nas bancas dos aeroportos.
 
A humildade, o recato e a modéstia, passaram de virtudes a deficiências de lítio.
 
Este encontro de mais um Café Filosófico, trata do mais original e primordial de todos os pecados, o orgulho, capaz de seduzir a todos, especialmente aqueles que se consideram humílimos.
 
De atributo maléfico, o orgulho virou parte do mundo burguês contemporâneo. A virtude/defeito erigiu estátuas, criou biografias e deleites pessoais. Perdida a inocência/humildade original, resta o anseio pelo Nós, rejeitado pelo pai da mentira, ou seja, pelo pai de todos nós.
 
Filhos legítimos do individualismo orgulhoso, lutamos pela adoção de um mundo humilde e voltado ao outro, ou seja, o mundo oposto a todos nós.
 
Apátridas, vagamos fixados na miragem do humilde modelo criado por nós, que insiste em estar além do espelho borgiano. Parte deste Aleph pode ser encontrado ao destrinçar-se o fascinante mundo do orgulho.
 
Esta é mais uma excelente palestra de Leandro Karnal, historiador, doutor em História Social pela USP, professor da UNICAMP e autor de diversos livros.
 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cpxVd5whW9U http://www.citador.pt/
http://www.cpflcultura.com.br/evento/cafe-filosofico-cpfl-o-mal-primordial-o-orgulho-nosso-de-cada-dia-com-leandro-karnal/

Ilusões


                            Desenho a lápis de carvão e cor de Lia Cardoso


Conhece-te e conhecerás o teu poder.
Será que isto passa pela consciência do funcionamento da nossa fisiologia? Há quem diga que o nosso corpo é a casa de Deus, e este não é mais de que o nosso poder, sempre à espera de que demos azo à sua expansão. Como? Pela acreditação nas nossas capacidades. Em linguagem católica chamar-se-ia de Fé. Posso afirmar que o Deus do século XXI está na nossa certeza que este se encontra em nós e não em lugar incerto, cercado de almofadas etéreas a presenciar cantos divinos, e se calhar com o calor que está, a beber uma caipirinha. Acredito que Deus não se rende às ilusões do prazer que os sentidos lhe oferecem. Não bebe a ilusória caipirinha. Quem costuma divertir-se a destruir a sua casa que ponha o dedo no ar! Ora o nosso corpo é o nosso Templo, muito mais de qualquer casa que nos protege os sentidos ingenuamente mimados. Deus é adequadamente sapiente disso. Somos aquilo que comemos. E como o Poder nos habita só o temos de despertar do seu sono, o Matrix.

Costuma-se dizer que os anjos não têm sexo, e para apimentar a coisa, Leonardo Da Vinci aquando da pintura da Última Ceia procurou um jovem de rosto saudável (belo portanto) sem marcas de castigos de fonte interna (o rancor e o ódio refletem-se na nossa fisionomia), como escolheu para retratar Judas. Portanto anjos são habitados de paz dada pelo uso da mente. Uma mente saudável é recheada de amor que se inclui num Templo igualmente resplandecente.

Milhares de pessoas se rendem ao cumprimento de um gelado que lhes diz Olá. O próprio nome da marca de gelados transporta-nos para o grandioso monopólio em que transformou a face da terra, longe daquilo que realmente importa, longe da nossa verdadeira missão - Lutar pela Vida. Rendemo-nos às ilusões como uns ratos que entram na ratoeira a fim de comer o queijo. Trabalhamos para as ilusões, a fim de as consumirmos, seja, vivemos para elas. E destruímo-nos. Destruímos a nossa conduta mais válida, e entramos num ciclo venoso, com Judas a dizer-nos Olá, num já informal cumprimento de tão integrado que está. Tal como nos pusemos de pé, a andar sobre dois membros, podemos também trabalhar os sentidos de forma a que estes sigam uma conduta traçada pela mente, num dialogo interno. Além de possuirmos capacidade de o fazer mais rapidamente - pois estamos providos de consciência e da força de um inconsciente que se rege pelas crenças desta - do que processo de nos erguer-mos em dois membros, estamos a retarda-lo cedendo conscientemente aos sentidos, alimentando-os. Não alimentando o corpo. Compra-se com dificuldade um sofisticado carro pensando que se alimenta o espírito, mas apenas se está a alimentar o instinto. Ilusão.

Lutar pela vida é lutar pelo triunfo do espírito, e suprimir tudo o que lhe seja prejudicial. Deus deu-nos a capacidade de reprodução, não é prova suficiente que tudo o resto foi-nos dado com o mesmo intuito? O de Criar. Fazer Vida. Lutar por esta? Comportemo-nos com Gratidão. O nosso destino é a Perfeição. A procura de Harmonia. E isto passa pela consciência de que os nossos sentidos apenas nos oferecem dados ilusórios. Este chão que piso não é castanho. Simplesmente vejo-o assim. A cadeira que me sento não é preta. Ilusões. Numa procura da Harmonia ficamos cercados de necessidade de praticar um respeito mútuo entre todos os seres criados. Sem vontades supérfluas. Não nos rendemos a irracionais prazeres gustativos que na maioria das vezes nos são prejudiciais. Mera Ilusão gustativa. Infelizmente chegamos a um ponto em que o ser humano nem se considera a si mesmo. Só o seu próprio prazer. Não vê que se autodestrói com muito mais vigor, e com uma inconsciência imperdoável, mais, mas muito mais do que ao próximo. Porque afinal a única desculpa que teria para consumir certas coisas, e desrespeitando o conterrâneo, era o da necessidade de sobreviver, mas há muito que está longe disso. Procure-se a razão no meio de tudo isto!

Somos muito menos do que o olho que vê a mão que toca, a boca que saboreia... Somos Energia! Será que isto é pouco ou muito?

E o mais importante: a Sabedoria nasce connosco, o Poder e Coragem nascem connosco, não se abastecem num posto da Galp.

Um respeitoso Abraço à espera de um apaixonado Brinde. Ergam-se os copos e faça-se o Clic!

 

Lia Cardoso, in ghettodacoabreca.blogspot.com/ (publicado em:  

Sou orgulhosa!...



Ontem estive envolvida numa atividade voluntária e de compromisso, que ainda não acabou e que vai continuar na próxima semana. É a Feira do Livro, que se realiza todos os anos no meu local de trabalho e que já vai na XI edição.

Mas porque é que sou orgulhosa? Porque sempre me orgulhei de estar integrada neste local de trabalho, já vai para 25 anos, e que é repleto de gente criativa e dinâmica.

Tenho orgulho, para começar nos mais novos, no grupo de colegas de Educação Física, por empreenderem múltiplos acontecimentos interessantes e de grande valor para a nossa comunidade educativa.

Tenho orgulho no grupo de colegas de artes que durante todo o ano trabalham afincadamente com os seus alunos, para uma mostra anual de trabalhos belíssimos de pura arte, que ocorre durante a semana cultural, e que como elas sabem estou sempre ansiosamente à espera.

Tenho orgulho dos grupos de Físico-químicas e Ciências Naturais, por na mesma semana realizarem laboratórios abertos em que alunos dos anos mais avançados explicam aos mais novos a importância do conhecimento científico.

Tenho orgulho de ter entre nós, uma colega de História, que é uma belíssima escritora de contos infantis, cujos livros são uma mais-valia para todas as crianças deste Portugal, por ensinarem de forma simples e criativa a história do nosso país, e que não paro de recomendar aos alunos mais novinhos.

Tenho orgulho no nosso grupo de teatro amador, dinamizado por um colega de Matemática, que também é o encenador e que não fica em nada a dever aos grupos de teatro profissionais, muito pelo contrário, e que ao longo do tempo nos tem dado peças maravilhosas. Contudo também não deve ser esquecido o trabalho de bastidores das colegas de artes que também aqui dão o seu melhor.

Não quero esquecer ninguém, mas talvez seja difícil. Orgulho-me da equipa do jornal escolar, do anuário, do baile de finalistas, da filantropia...

Ontem enquanto se faziam os preparos para a Feira do Livro, uma colega de Inglês fazia um ensaio de canto com alunas de anos avançados, e as suas lindas vozes ecoavam por toda a ampla sala de alunos, fazendo com que o nosso trabalho não pesasse.

Por tudo isto, eu me confesso. Sou orgulhosa!...

Viagens no Espaço e no Tempo



Neste oitavo episódio da série Cosmos, Carl Sagan diz-nos que fomos sempre viajantes dentro da Via Láctea e que as raízes do presente estão enterradas no passado.
O Cosmos é imenso sem limites, e nele há mais estrelas que grãos de areia em todas as praias da Terra. As estrelas que vimos são apenas a menor fração das estrelas que realmente existem.
Se conseguíssemos observar os céus durante milhões de anos, as constelações mudariam de forma conforme as estrelas que as compõem e que ao longo dos tempos se vão movendo e evoluindo. Assim, os nossos antepassados distantes viram constelações diferentes das atuais, e os nossos descendentes no futuro, irão ver formatos também diferentes nos agrupamentos estelares.
Com Carl Sagan, circundamos a Ursa Maior para a vermos sob uma nova perspetiva. Se fossemos habitantes de um planeta noutro sistema estelar, veríamos as estrelas agrupadas também de modos diferentes.
Mostra-nos então, a Constelação de Andrómeda, próxima da constelação de Perseu. Na mitologia grega Andrómeda era uma donzela filha de Cefeu, que estando aprisionada por um monstro marinho enviado por Posídon (rei dos mares), foi libertada por Perseu, que com ela casou. Fala-nos da sua estrela Beta Andrómeda, a segunda estrela mais brilhante da constelação, a 75 anos-luz da Terra, dizendo-nos que se esta estrela explodisse amanhã, nós só o saberíamos daqui a 75 anos.
Como viajando numa máquina do tempo, deduz o que sucederia se pudéssemos alterar o passado e em seguida viajamos até aos planetas de outros sistemas estelares e quando voltamos encontramos uma Terra muito mais velha do que aquela de onde havíamos partido.
Mas será que não conseguiremos viajar a uma velocidade maior do que a velocidade da luz? Carl Sagan para iniciar a explicação da Teoria da Relatividade, começa por nos contar como Albert Einstein chegou às conclusões que o levaram a essa teoria.
Leva-nos então à Toscana, no norte de Itália, que é um lugar intemporal e foi nela que em 1895, um jovem alemão excluído de uma escola alemã se fixou, encontrando ali um reino livre para a sua mente explorar.
Foi este jovem que começou a pensar sobre a luz, e sobre como ela viaja rápido. Mas como todos os corpos estão em movimento constante, pois a própria Terra gira a mais de 1600 Km por hora, era difícil para o jovem poder imaginar um padrão absoluto, contra o qual podia medir todos os outros padrões relativos.
Ele tinha ficado fascinado pelo Livro Popular das Ciências Naturais, escrito por Bernstein em 1869. Logo na primeira página do livro ele encontrou uma descrição sobre a assombrosa velocidade da eletricidade pelos fios e da luz pelo espaço.
Refaz assim o sonho de adolescente de Albert Einstein de viajar num feixe de luz, e explica-nos primorosamente a sua Teoria da Relatividade, e as deduções que preveem que a velocidade da luz produziria estranhos efeitos, mas daria aos exploradores espaciais a possibilidade de, numa só vida, irem até ao centro da galáxia. Mas voltariam, contudo, a uma Terra muito mais velha do que aquela de onde haviam partido.
Carl Sagan ainda em Itália, na cidade de Vinci, fala-nos também de Leonardo da Vinci e da sua paixão por poder um dia voar, que desenhou tantas paisagens aéreas e que fez tantos projetos e protótipos para que o homem pudesse voar, mas que nunca resultaram, porque a tecnologia não estava preparada.
Na mesma sala onde estão algumas das réplicas de protótipos de Leonado da Vinci, Carl Sagan mostra-nos projetos de naves espaciais preliminares (Oríon e Dédalo), que nos poderão levar um dia às estrelas. Diz-nos no entanto que este é um objetivo para mais de mil anos e os motores dessas naves teriam de ser do tamanho de pequenos mundos.
Explica-nos em seguida, os efeitos decorrentes da velocidade da luz e as suas implicações em teóricas viagens no tempo ou em viagens interestelares.
Para isso compara a história, com uma multidão complexa de fios profundamente entrelaçados, representando forças biológicas, económicas e sociais, que não se desembaraçam com facilidade.
Diz-nos que os gregos antigos imaginavam que o curso dos eventos humanos eram constituídos por uma espécie de tapeçaria criada por 3 deusas, as Parcas (Nona, Décima e Morta). Factos menores aleatórios geralmente não têm grandes consequências, mas alguns que ocorrem em conjunturas críticas podem alterar a tecedura da história, podendo até haver casos em que mudanças profundas podem ser feitas por ajustes relativamente triviais.
Diz-nos também que quanto mais um facto está no passado, mais poderosa é a sua influência. Por isso para afetar profundamente o futuro, um viajante no tempo teria que escolher, entre a probabilidade de intervir em vários factos que estão selecionados muito cuidadosamente, para poder mudar a tecedura da história.
Parte então a bordo de uma imaginária Máquina do Tempo de Herbert George Wells, para explorar a fantasia dos mundos imaginários que nunca existiram.
Diz-nos que, se, Paulo, o Apostolo ou Pedro, o Grande, ou mesmo Pitágoras não tivessem existido, o mundo seria muito diferente daquilo que é hoje. Pergunta ainda se algumas das luzes do florescimento da ciência, como a dos antigos jónios, não se tivesse apagado, como estaríamos? E outras perguntas são feitas, para concluir que talvez tivéssemos poupado dez ou vinte séculos e já estivesse-mos indo às estrelas.
No final faz uma viagem imaginária para as estrelas e para os mundos à volta delas que permanentemente nos chamam…
Fala-nos então na evolução do universo e a da vida na terra, falando-nos também de nós humanos, dizendo que enfrentamos um ponto de ramificação critico na história.
O que fazemos neste momento na Terra vai-se propagar pelos séculos e afetar a vida dos nossos descendentes. Os erros que cometermos agora irão comprometer a nossa civilização no futuro.
Se nos deixarmos cair na superstição, na ganância ou na estupidez, poderemos mergulhar o nosso mundo numa escuridão mais profunda do que o intervalo de tempo entre o colapso da civilização clássica e o Renascimento italiano.
Mas também somos capazes de usar a nossa compaixão e a nossa inteligência, a nossa tecnologia e riqueza para fazermos uma vida plena e significativa para todos os habitantes deste planeta que é a nossa casa. Para aumentar enormemente o nosso entendimento do Universo e levar-nos às estrelas…


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cqfOU_iRl2U http://pt.wikipedia.org/