Despedimo-nos com pena de Rennes, com a certeza de que a cidade merece muito mais atenção, mas
nesta viagem o objetivo era ir dormir a Angers.
Esta última etapa realizada no 18º dia de viagem, foi toda feita já de noite,
e chegámos tarde a Angers. Quando lá chegámos fomos direitos à AS, situada num pequeno parque de
estacionamento todo vedado por rede e com portaria, mas que aquela hora já se
encontrava encerrada, o que não impossibilitou contudo, a utilização da zona de
manutenção, construída no lado exterior e a possibilidade de aí pernoitar, num
dos lugares de estacionamento reservados aos mais atrasados como nós.
Em Angers estava por nós destinada uma visita ao Château
d'Angers,
a residência dos Duques de Anjou e
dentro dele ansiávamos por ver a famosa Tapeçaria
do Apocalipse, a maior tapeçaria
que chegou até aos nossos dias.
No
dia seguinte, como a AS ainda ficava longe do centro histórico de Angers, resolvemos levar até lá a
autocaravana, que depois de estacionada num parque de uma pousada, nos
possibilitou com uma breve caminhada a pé, encontrar facilmente o casco histórico.
O Château
d'Angers destaca-se com toda a sua magnificência, e é para lá que nos
dirigimos. Circunda-se então as suas altas muralhas, onde se destacam vários
torreões até à entrada para o interior das muralhas. Por fora a austeridade aparente desta grande fortaleza de xisto e
calcário, que o jovem rei Luís IX
tinha construído numa das bordas do seu reino, no séc. XIII, contrasta com os edifícios
tranquilos do interior das muralhas.
Dentro do Castelo encontra-se a agradável residência
dos Duques de Anjou, composta por
edifícios construídos no final da época gótica. Para transformar e embelezar o Castelo,
a fim de o tornar mais acolhedor e ali sediar o tribunal de Anjou, a edilidade estabeleceu
terraços, jardins e galerias no interior das muralhas.
Foi feita uma visita minuciosa à antiga residência
dos Duques de Anjou, onde se podem ver várias maquetas, que mostram a evolução arquitetónica
da residência ao longo do tempo.
No entanto não é a residência dos Duques de Anjou que é a atração maior no interior dos
muros do Château d'Angers, mas sim a
famosíssima Tapeçaria do Apocalipse. Com seus 104 metros de comprimento, é
a maior tapeçaria medieval chegada até aos nossos dias, em qualquer parte do
mundo.
Encomendada no
séc. XIV pelo duque Louis
d’Anjou, a Tapeçaria do Apocalipse
é a mais antiga tapeçaria bíblica, que pretende ilustrar o livro do Apocalipse com a mensagem de salvação do Apóstolo São João, como uma das "coisas que em breve devem
acontecer". Foi tecida entre 1377 e 1382, e baseada num desenho do
pintor Hennequin de Bruges e tecidas
nas oficinas do tecelão Nicolas Bataille,
em lã, seda, ouro e prata, tendo sido provavelmente acabada em 1382.
A tapeçaria era a principal forma de expressão artística na Idade Média,
surgida a partir de uma técnica desenvolvida no Egito antigo. Diferentes dos
tapetes orientais, as peças de lã e seda feitas à mão em ateliês, quer da
França, quer na Holanda nunca viam solas de sapatos, sendo feitas para serem
colocadas nas paredes.
Esta belíssima Tapeçaria do
Apocalipse é gigantesca, levou oito anos a ser tecida e embora tenha estado perdida durante bastante
tempo, felizmente foi redescoberta, e classificada como monumento histórico
no séc. XIX.
A
tapeçaria retrata as visões do Apóstolo
São João, registradas no livro do Apocalipse, que fecha o texto da Bíblia. Nela podem ver-se representações de pragas divinas, homens
torturados por feras hediondas, uma explicação
alegórica do enforcamento, e
muito, muito mais… É uma representação de um mundo hermético
e misterioso, que espanta qualquer visitante contemporâneo.
Mas a obra também impressiona pelo seu extraordinário tamanho: é
constituída por 70 cenas conservadas até hoje, que se revelam ao longo de cerca
de 100 metros de comprimento, com 4,50 metros de altura.
Durante a Revolução Francesa, muitas cenas foram cortadas e usadas como
cobertores e tapetes. Em 1843, uma grande parte dos fragmentos da tapeçaria foi
comprada pelo Bispo de Angers,
enquanto outras foram sendo achadas depois duma busca obstinada. No entanto,
cerca de um terço das cenas ficou perdido para sempre.
As cores brilhantes originais, segundo o guia da visita, ainda são visíveis
na parte de trás, no entanto na parte da frente a tapeçaria tem muitas falhas de cor e
fios, uma vez que ao longo do tempo ficou consideravelmente prejudicada. Por
este motivo, em 1998, a galeria onde está exposta, passou por algumas
modificações, eliminando as grandes janelas que deixavam entrar a luz do sol e
da lua, dando lugar a uma galeria agora escura, que mantém uma temperatura
especial para proteger e preservar o melhor trabalho de tapeçaria europeu do
séc. XIV.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=O_tY88TGivM; http://www.youtube.com/;
http://pt.wikipedia.org/; http://www.abestados1000anos.com.br/;
http://www.tripadvisor.com/
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